A IMPORTANCIA DOS SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO NO SERVIÇO PÚBLICO

THE IMPORTANCE OF ENTERPRISE RESOURCE PLANNING IN PUBLIC SERVICE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202505111838


André Luis Bradacz¹


Resumo

O objetivo deste estudo é refletir sobre a importância dos sistemas integrados de gestão no serviço público, sistemas estes que foram adotadas na iniciativa privada já há algum tempo e que aos poucos tem sido empregados nos serviço público. Este artigo tem como objetivo analisar a importância dos softwares integrados de gestão no serviço público como uma forma de melhorar o controle, agilizar processos e tornar o serviço público mais eficiente e eficaz. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como SOUZA (2000), BRETERNITZ (2004), Padilha (2004),SCHIMITT(2004), CAIÇARA (2015), entre outros, procurando enfatizar a importância deste tipo de programa para gestores, servidores e usuários em geral dos serviços públicos. Concluiu-se que é importante que no serviço público se adote sistemas integrados de gestão para dar mais agilidade e transparência ao serviço público, de modo a garantir que os processos sejam prestados de forma mais eficiente e eficaz.

Palavras-chave: Sistemas ERP. Serviço Público. ERP no Serviço Público. Sistemas Integrados de Gestão.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como tema a importância dos sistemas integrados de gestão para o serviço público, analisando a sua importância, identificando as suas dificuldades e benefícios no uso deste tipo de sistema.

Nesta perspectiva, construíram-se questões que nortearam este artigo:

  • Quais as vantagens que os sistemas integrados de gestão podem trazer para o serviço público?
  • Quais as dificuldades que os sistemas integrados de gestão podem trazer para o serviço público?
  • Qual a importância dos sistemas integrados de gestão para o serviço público?

A importância de se investigar o uso dos sistemas integrados de gestão no serviço público está no fato que atualmente tem-se buscado implantar sistemas ERP no serviço público em busca de benefícios, mas trazendo também alguns problemas e dificuldades.

Desta forma, segundo Senna e Guarnieri (2015) a análise do uso de
sistemas ERP no serviço público é apropriada, haja vista que existe
uma tendência que a instalação destes softwares se torne corriqueira em instituições governamentais.

Ainda segundo Senna e Guarnieri (2015) a literatura ainda é bastante escassa sobre o uso de sistemas ERP no serviço público, existindo a necessidade de mais estudos voltados à área pública, relacionados aos benefícios e dificuldades desse processo, principalmente quando se considera que as instituições públicas tendem a se especializar adotando novas práticas e tecnologias a fim de atender as expectativas dos usuários cidadãos que estão cada vez mais exigentes.

Neste contexto, o objetivo primordial deste estudo é Identificar quais melhorias os usos de sistema ERP podem trazer para uma instituição pública, identificando suas vantagens e desvantagens.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

As empresas para se tornarem mais competitivas no mercado, estreitaram os seus laços com clientes e fornecedores para terem reduções nos custos de aquisição dos insumos e entrega dos produtos ou serviços. A necessidade por produtos estava aumentando tanto em relação a variedade como na rapidez no atendimento, entretanto não adiantava uma empresa se preocupar em estreitar laços com seus parceiros externos se, internamente, ela não estivesse devidamente estruturada (SCHIMITT, 2004).

Os departamentos de Tecnologia da informação das empresas, pela ausência do enfoque em processos e por pressões de soluções locais eram responsáveis pelo desenvolvimento de sistemas nas empresas de forma isolada. As empresas acabavam dependentes de sistemas diferentes que não se comunicavam entre si, com interfaces que dependiam do trabalho manual, sujeitas a erros, tornando-as incapazes de fornecer informações de qualidade da empresa como um todo (CAIÇARA, 2012).

O ERP é um sistema que surgiu para integrar vários sistemas em um só em uma organização. É um sistema que viabilizou a operação com diversos sistemas operacionais, banco de dados e plataformas de hardware. Com o uso destes sistemas, é possível a visualização completa das transações efetuadas por uma empresa. Esses sistemas oferecem às organizações a capacidade de modelar todo o panorama de informações que possui e de integrá-lo de acordo com suas funções operacionais (CANUTO; GIUZIO, 2009).

Segundo Padilha (2004), os sistemas ERP, também conhecidos no Brasil como Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, são responsáveis por controlar e fornecer suporte a quaisquer processos operacionais, produtivos, administrativos e comerciais desenvolvidos por uma empresa. Por outro lado, o seguinte conceito é usado por Breternitz (2004, p. 58),

[…] tecnologia capaz de organizar e integrar as informações armazenadas nos computadores de uma organização, de forma a eliminar dados redundantes ou desnecessários, racionalizar processos e distribuir a informação online pelas várias áreas da mesma, de forma estruturada e aceita como fidedigna por todas elas. Pode ser entendido como a espinha dorsal (backbone) de TI na empresa, dentro da filosofia de centralizar a complexidade e distribuir a informação.

Nos anos noventa houve a adoção de sistemas ERP por grandes corporações industriais. As empresas perceberam a necessidade de adoção de sistemas ERP pelas pressões competitivas sofridas por empresas concorrentes que as obrigaram a buscar alternativas para a redução de custos e diferenciação de produtos e serviços, forçando essas empresas a reverem seus processos e maneiras de trabalhar. As empresas perceberam que precisavam melhor coordenar as atividades de suas cadeias de valores, desta forma eliminando desperdícios de recursos, reduzindo custos e melhorando o tempo para responder as mudanças das necessidades de mercado (CAIÇARA, 2012).

Segundo Schimitt (2004, p. 1),

A implantação de sistemas de gestão empresarial, cujo objetivo é a gestão dos recursos de uma empresa de forma eficiente e integrada, assume um papel fundamental. Hoje, um dos principais desafios dos executivos é a busca por ferramentas e metodologias capazes de auxiliá-los no processo de tomada de decisão para o alcance das suas metas: individuais, departamentais e empresariais.

Um sistema ERP pode ser considerado de uso genérico, ou seja, pode ser implantado em qualquer tipo de empresa ou instituição pública, independente do seu segmento e atuação, mas normalmente as empresas ou instituições públicas apresentam características muito especificas em algumas áreas, sendo muito importante a etapa de escolha do sistema bem como da forma de implantação. (CAIÇARA, 2012).

2.1 Ciclo de Vida de um Sistema ERP

Segundo Souza e Zwicker (2000) O ciclo de vida representa as diversas etapas pelas quais passa um projeto de desenvolvimento e utilização de sistemas de informação. Em sua forma tradicional o ciclo de vida inclui as etapas de levantamento de requisitos do sistema, definição de escopo do projeto, análise de alternativas, projeto do sistema, codificação, testes, conversão de dados e manutenção.

Para Caiçara (2015) existem inúmeras metodologias para o desenvolvimento de sistemas de informação e um modelo aceito consiste em seis fases: levantamento das necessidades, análise de alternativas, projeto, desenvolvimento, implementação e manutenção.

Souza e Zwicker (2000) consideram que os sistemas ERP apresentam diferenças em seu ciclo de vida em relação a um projeto tradicional de sistemas de informação, consideram que o ciclo de vida de um ERP se inicia com a etapa de decisão e seleção, depois se tem a etapa de Implementação e por fim a de utilização, conforme figura 1.

Figura 1-Modelo Inicial do Ciclo de Vida dos Sistemas ERP

Fonte: Souza e Zwicker (2000)

Na etapa de decisão e seleção a empresa decide implementar um sistema ERP como solução de informática e escolhe o fornecedor (SOUZA; ZWICKER, 2000). Segundo Müller e Rafalsky (2013) a escolha do software correto é um ponto fundamental para o sucesso ou fracasso de um projeto de implantação de um ERP na empresa, pois não sendo condizente com a estrutura da mesma pode causar mais problemas do que criar soluções.

A implementação constitui a segunda etapa do ciclo de vida de sistemas ERP e pode ser definida como o processo pelo qual os módulos do sistema são colocados em funcionamento em uma empresa (SOUZA; ZWICKER, 2000). Nesta fase aparecem os primeiros problemas decorrentes de falhas de operação, usuários não adaptados, falhas em treinamentos, falhas e instabilidades no sistema, bem como testes malsucedidos (MÜLLER; RAFALSKY, 2013).

Para Souza e Zwicker (2000) na etapa de utilização o sistema passa a fazer parte do dia-a-dia das operações da empresa. Nesta etapa podem ocorrer problemas e o sistemas não estar de acordo com as necessidades, nestes casos ocorre a realimentação da etapa de implementação com novas possibilidades e necessidades e que podem ser resolvidas através de novos módulos, pela parametrização ou pela customização.

2.2 Tipos e Formas de Implantação de Sistema ERP

Ao se implantar um sistema ERP uma organização necessita fazer uma análise e reorientação das unidades da organização. Em muitos casos a empresa se vê obrigada a desenvolver um trabalho de reengenharia de seus processos de negócio, o que pode tornar-se um catalisador e agente de mudanças. Dessa forma, benefícios podem vir na forma de mudanças no negócio da empresa com o ERP (SANTOS, 2013).

Segundo Canuto e Giuzio (2009) um sistema ERP pode ser implementado por etapas modulares ou simplesmente em um único momento. Antes da implementação, é necessário preparar um plano de contingência relacionado às funções básicas e primordiais da empresa e, em último caso, podendo retornar ao sistema anterior. O dia do inicio do uso do sistema tem que ser realmente bem programado e ter toda a estrutura e equipe prontas para efetuar eventuais correções ou pequenas customizações que devem ser desenvolvidas instantaneamente.

Existem três modos básicos de início de operação de um sistema ERP; o big-bang, o small-bang e o modo de fases. No modo big-bang todos os módulos entram em funcionamento em toda a organização. No modo small-bang, ocorre a entrada em funcionamento por módulo em cada departamento. Por fim no modo de fases, os módulos vão sendo implementados em etapas em toda a instituição (FERREIRA et al., 2012).

Segundo Santos (2013) a implantação pelo método big-bang requer um planejamento bem feito e bem executado, pois é bastante ambicioso implantar o ERP num só esforço com toda a funcionalidade requerida por uma organização sem que ocorram problema graves.

Para Caiçara (2012) em uma implantação big–bang existe o risco de que as operações da empresa sofram uma paralisação causada pela entrada em produção dos módulos do ERP de uma única vez. Como todos os processos inseridos no ERP passarão a ser nele executados, de um dia para o outro, problemas certamente ocorrerão e logo ajustes no sistema serão necessários.

Segundo Santos (2013), para a implantação em forma de fases é preciso elaborar um plano de ação de como o produto pode ser implantado com o uso de módulos com derivação mínima do padrão estabelecido, e o acréscimo de possíveis funções deve ocorrer gradualmente, uma vez que o sistema esteja em operação e os usuários familiarizados com o software.

Para Caiçara (2012) na implantação por fases há um risco menor de que paralisações que afetem o sistema como um todo ocorram, já que os módulos são colocados em produção gradativamente, até que todo o escopo seja implantado. Dessa forma caso sejam necessários ajustes quando o sistema entrar em funcionamento pela primeira vez, a provável paralisação ocorrerá em escala significativamente menor do que quando se usa um método big–bang.

2.3 Benefícios da Implantação de Sistemas ERP

Os ERPs são sistemas responsáveis por cobrir uma grande área das necessidades da empresa, como Produção, Finanças, Recursos Humanos, entre outras. Com o seu uso fica mais fácil a utilização de ferramentas para análise e também termos maior facilidade em se fazer backup, ajuste fino (tuning) do sistema e outras atividades de manutenção (BRETERNITZ, 2004).

Segundo Canuto e Giuzio (2009), as organizações que utilizam sistemas ERP como base para a sua gestão empresarial tem menos problemas com as questões da integração, tendo em vista que os fornecedores de pacote de gestão tem como desenvolver interfaces robustas, além de fornecer, dentro do seu próprio pacote, os principais aplicativos necessários para o sistema de gestão da empresa.

Segundo Souza (2000, p. 2), no que se refere à TI propriamente dita, os sistemas ERP representam uma mudança no modelo de desenvolvimento de sistemas, por meio da terceirização da análise e desenvolvimento. Ao invés de contar com equipes de analistas de sistemas e programadores que fazem o trabalho de levantamento de requisitos com os usuários e o desenvolvimento dos sistemas, compra-se o sistema pronto, já desenvolvido. Além do foco no negócio principal, esta alternativa traz a vantagem da redução do tempo de desenvolvimento (análise e programação), a redução do backlog de aplicações (fila para o desenvolvimento) e a possibilidade de redução de custos de informática. A redução de custos de informática pode ser resultado da troca de plataformas de hardware mais caras por plataformas mais modernas (um processo conhecido como downsizing) e da redução do número de funcionários do departamento de informática.

A principal diferença entre sistemas ERP em relação a outros sistemas está na integração dos dados. Esta integração significa que a empresa terá um único dado referente a: itens estocados, vendas, custos, entre outros, num determinado momento. Desta forma, não importa qual o setor da empresa a ser questionado, nem a época em que a pergunta é realizada, uma vez que todos fornecerão, a qualquer tempo, a mesma informação (CAIÇARA, 2012).

Segundo Santos (2013), os principais benefícios da implantação de um sistema ERP estão: na qualidade e disponibilização de informações on-line, no controle que pode ser exercido sobre as tarefas e na eliminação de erros e ineficiências que podem estar escondidos em departamentos.

2.4 Dificuldades na Implantação de Sistemas ERP

A implantação de sistemas ERP, na maioria dos casos, exige um amplo consenso dentro da organização. No caso de softwares específicos para cada área da empresa, estes podem ser implantados de forma menos traumática, menos trabalhosa. Já nos ERPs, geralmente a modelagem é mais complexa, por abranger, senão todas, quase todas as áreas da empresa (BRETERNITZ, 2004).

Para Amorim e Sério (2009) um fator que pode aumentar as dificuldades para uma organização implementar um ERP está na comunicação, os problemas de comunicação vem da existência de grupos de profissionais possuindo diferentes visões acerca da realidade, a qual se estabelece em função de sua formação e do lugar que ocupam na estrutura organizacional. Por esta razão, a informação pode não ter o mesmo sentido para os diferentes grupos de pessoas que formam a organização.

Segundo Santos (2013), o principal risco oriundo da utilização dos sistemas ERP vem quando a empresa que os está implementando, desconsidera os impactos dos modelos de negócio que vem embutido no pacote. Empresas que têm como filosofia a operação descentralizada, por exemplo, podem não obter os benefícios de um sistema cuja filosofia é a completa integração da empresa.

Segundo Schimitt (2004),

[…] mesmo com a implantação de ERP, as empresas não estão livres dos problemas de integração, uma vez que os pacotes não são completos e desta forma existem módulos de diferentes fabricantes ou mesmo alguns sistemas legados, específicos da empresa, que não são atendidos por nenhum pacote, no mercado.

3 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se como metodologia, a pesquisa bibliográfica, realizada a partir da análise de materiais já publicados na literatura como livros e artigos científicos divulgados no meio eletrônico.

O texto final utilizou como fonte conceitos e entendimentos de autores como: Souza (2000), Breternitz (2004), Padilha (2004), Schimitt (2004), Caiçara (2015), Senna e Guarnieri (2015), Santos (2013), Canuto e Giuzio (2009), Bahia e Blattman (2011), Tricate (2014), Ferreira et al. (2012).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Os ERP são sistemas responsáveis por cobrir uma grande área das necessidades de empresas e órgãos públicos, entre elas, Produção, Finanças, Recursos Humanos, entre outras. Com o seu uso fica mais fácil a utilização de ferramentas para análise e também maior facilidade em se fazer backup, ajuste fino (tuning) do sistema e outras atividades de manutenção (BRETERNITZ, 2004).

Segundo Padilha (2004), os sistemas ERP, também conhecidos no Brasil como Sistemas Integrados de Gestão, são responsáveis por controlar e fornecer suporte a quaisquer processos operacionais, produtivos, administrativos e comerciais desenvolvidos por uma empresa ou órgão público.

A principal diferença entre sistemas ERP em relação a outros sistemas está na integração dos dados. Esta integração significa que a empresa ou órgão público terá um único dado referente aos itens estocados, a vendas, entre outros dados, num determinado momento. Desta forma, não importa qual o setor da empresa a ser questionado, nem a época em que a pergunta é realizada, uma vez que todos fornecerão, a qualquer tempo, a mesma informação (SCHIMITT, 2004).

Segundo Souza (2000), os principais benefícios da implantação de um sistema ERP estão na qualidade e na disponibilização de informações on-line, o controle que pode ser exercido sobre as tarefas e a eliminação de erros e ineficiências que podem ficar escondidos em departamentos.

Os sistemas ERP têm sido bastante utilizados em empresas e no serviço público como forma de aumento de controle, diminuição das atividades burocráticas, simplificação de busca de informações, redução da redundância de informações, entre outros objetivos. Apesar destas possíveis vantagens, um fator muito importante para o seu sucesso é a fase de implantação, que é uma etapa que apresenta alguns riscos e dificuldades (CAIÇARA 2015).

No serviço público tem-se buscado também benefícios que os sistemas ERP podem trazer para uma organização. No entanto, segundo Souza (2000), é necessário analisar com cuidado os benefícios e vantagens propostos pelos sistemas ERP, procurando-se diferenciar o que pode e o que não pode ser obtido com o uso desses sistemas e quais são os problemas e obstáculos que podem ocorrer quando se decide utilizá-los.

Ainda segundo Souza (2000) existem inúmeros benefícios na implementação de um sistema ERP, mas é importante se observar que a adoção desse sistema é muito mais complexa do que a instalação de um novo software na empresa.

Ao se implantar um sistema ERP uma organização necessita fazer uma análise e reorientação das unidades da organização. Em muitos casos a empresa ou órgão público se vê obrigada a desenvolver um trabalho de reengenharia de seus processos de negócio, o que pode tornar-se um catalisador e agente de mudanças. (SANTOS, 2013).

A implantação de sistemas ERP, na maioria dos casos, exige um amplo consenso dentro da organização. No caso de softwares específicos para cada área da empresa ou órgão público, estes podem ser implantados de forma menos traumática, menos trabalhosa. Já nos ERPs, geralmente a modelagem é mais complexa, por abranger, senão todas, quase todas as áreas da empresa (BRETERNITZ, 2004).

Segundo Souza (2000), o principal risco oriundo da utilização dos sistemas ERP vem quando a empresa ou órgão público que os está implantando, desconsidera os impactos dos modelos de negócio que vem embutido no pacote. Organizações que têm como filosofia a operação descentralizada, por exemplo, podem não obter os benefícios de um sistema cuja filosofia é a completa integração da organização.

Segundo Canuto e Giuzio (2009) um sistema ERP pode ser implantado por etapas modulares ou simplesmente em um único momento. Antes da implantação, é necessário preparar um plano de contingência relacionado às funções básicas e primordiais da empresa ou órgão público, em último caso, podendo retornar ao sistema anterior. O dia do inicio do uso do sistema tem que ser realmente bem programado e ter toda a estrutura e equipe prontas para efetuar eventuais correções ou pequenas customizações que devem ser desenvolvidas instantaneamente.

Tricate (2014) defende o uso de sistemas ERP na administração pública como forma de se repensar e adequar os processos. Coloca como grande diferencial que o sistema pode trazer um alto grau de integração entre as diversas funções eliminando várias etapas de retrabalho ou reanálise, ao mesmo tempo em que garante a qualidade das informações. Outro ponto defendido pelo autor está relacionado à visibilidade nos processo, nesse caso na administração pública em que os cidadãos têm direito ao acesso as informações tem-se no uso de um ERP formas de garantir essa visibilidade.

Senna e Guarnieiri (2015) em seu artigo intitulado “Enterprise Resource Planning governamental: a percepção dos servidores atuantes no Projeto Ciclo do Ministério da Justiça quanto à implementação”, tiveram como objetivo identificar a percepção dos usuários quanto ao processo de implementação de sistemas integrados de gestão trazendo como resultado a importância do sistema ERP na tomada de decisão, do papel importante que os usuários tiveram no processo de implementação e que a tecnologia da informação (TI) foi fundamental para obterem melhorias nos processos executados.

Ferreira et al. (2012) em seu artigo, intitulado “Implementação de um ERP em uma Instituição Pública de Ensino Superior: uma investigação sobre o ciclo de vida do sistema”,  teve como objetivo descrever a implementação do sistema ERP na Universidade Federal do Maranhão. Os resultados encontrados possibilitaram identificar como benefícios que o ciclo operacional da divisão tornou-se mais rápido, melhorando a eficiência das ações executadas. Como dificuldades encontraram a não elaboração de apostilas de treinamento adaptadas aos usuários e o excesso de centralização de ações nos coordenadores.

Bahia e Blattman (2011) no seu artigo, intitulado “Conviver o momento da transição: Universidade Federal de Santa Catarina – sem papel”, analisou o projeto “UFSC sem papel” cujo objetivo foi a análise de uma implementação de um sistema de gestão integrado na instituição que tinha como um dos objetivos eliminarem ou em casos que não fosse possível, diminuir drasticamente, o uso de papéis nos processos internos da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Dentre os outros objetivos o Sistema Digital de Gestão Integrada além da economia de papel também contribuiu para a transparência da gestão, qualificação do serviço público e como mencionado anteriormente para a sustentabilidade.

Segundo Queiroz (2017) a falta de planejamento para uma mudança de sistema na secretaria de saúde do município de Natal/RN trouxe sérios riscos para o sucesso da implantação do sistema. Ele recomenda aos tomadores de decisão, que tenham em mente realizar todo o planejamento para efetuar uma mudança. Também comenta que os maiores problemas observados durante esta mudança foram realaciolnados a perda de informações do antigo sistema e a falta de um melhor acompanhamento da direção em relação as necessidades dos colaboradores.

Analisando os casos e conteúdos relacionados ao tema pode-se observar que o uso de sistemas integrados de gestão no serviço público tem sido cada vez mais difundido, sendo importante que para a obtenção dos benefícios do uso de um sistema ERP que se saiba contornar os problemas e dificuldades que possam vir com a implantação e uso desse sistema.

Que a implantação deva envolver o usuário final observando suas sugestões e que o software possa ser customisado as rotinas de trabalho, na medida do possível, bem como que a implantação seja feita de forma gradativa e de forma planejada, levando-se em conta possíveis problemas que possam surgir e que a solução seja feita da forma o mais ágil possível.

Observadas essas questões o uso do sistema pode vir a ser uma ótima forma de se melhorar os processos e o controle. Agilizando rotinas e melhorando a integração de setores que necessitam se comunicar de forma melhor através de um único sistema. 

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tem-se buscado no serviço público formas de agilizar os processos, melhorar o controle e integrar sistemas. Dessa forma, o uso de um sistema ERP pode ser uma solução para resolver esses problemas, algo que tem se buscado implantar em vários setores públicos. Exemplo disto é a implantação de um sistema ERP no Ministério da Justiça como demonstram Senna e Guarnieiri (2015) em seu estudo, como também outros trabalhos citados anteriormente.

Um sistema integrado de gestão trás vantagens para o serviço público como: Melhora da comunicação interna, agilidade nos processos e disponibilidade de informações online, contudo é importante saber que podem ocorrer problemas em sua implantação e uso. Problemas relacionados a necessidade de customizações e consertos de bugs por exemplo.

Percebe-se que a implantação de um sistema ERP necessita de um bom planejamento e que os gestores precisam estar preparados para eventuais problemas e dificuldades que a sua implantação pode acarretar, sendo importante que se tenha a idéia que a adoção deste tipo de sistema não é simplesmente a colocação de um novo software em funcionamento.

Desta forma, os sistemas integrados de gestão são bastante importantes para o serviço público e com o seu uso, contornando os problemas, o serviço público tende a se qualificar para atender aos cidadãos de forma muito melhor, com mais agilidade, prestando seus serviços de forma mais eficiente e eficaz.

REFERÊNCIAS

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BRETERNITZ, Vivaldo José. A Seleção de Sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) para Pequenas e Médias Empresas. Revista das Faculdades de Tecnologia e de Ciências Econômicas, Contábeis e de Administração de Empresas Padre Anchieta, Jundiai, Ano V, N. 10, Ago/2004.

PADILHA, Thais Cássia Cabral; et AL. Tempo de Implantação de Sistemas ERP: Análise da Influência de Fatores e Aplicação de Técnicas de Gerenciamento de Projetos, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2004000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 22 de novembro de 2018.

SCHIMITT, Carlos Alberto. Sistemas Integrados de Gestão Empresarial: Uma Contribuição no Estudo do Comportamento Organizacional e dos Usuários na Implantação de Sistemas ERP, 2004. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/86941/202544.pdf?seque>. . Acesso em: 22 de novembro de 2018.

SOUZA, Cesar Alexandre de. Sistemas Integrados de Gestão Empresarial: Estudos de Casos de Implementação de Sistemas ERP, 2000. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12133/tde-19012002-123639/pt-br.php>. Acesso em: 20 de novembro de 2018.

CAIÇARA, Cícero Jr. Sistemas integrados de gestão ERP: uma abordagem gerencial. 2 ed. Curitiba: Intersaberes, 2015.

SANTOS, Aldemar de Araújo. ERP e Sistemas de Informações Gerenciais. São Paulo: Atlas, 2013.

CANUTO, Simone; GIUZIO Roberto Jr. Implementando ERP: Principais passos para a aquisição e implementação de um sistema de gestão empresarial. São Paulo: LCTE, 2009.

TRICATE, Heloísa. A gestão integrada na administração pública. Revista Dinâmica Pública, São Paulo, v. 1, n. 4, p. 74-75, 2014. Disponível em: <www.dinamicapublica.com.br/Artigos/artigo_dinamica12.pdf>. Acesso em: 15outubro 2018.

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BAHIA, Eliana Maria Dos Santos; BLATTMANN, Úrsula. Conviver o momento da transição: Universidade Federal de Santa Catarina – sem papel. 2011. Disponível em: <http://www.seer.furg.br/biblos/article/view/2683>. Acesso em: 01de novembro de 2018.


¹Discente do Curso de Superior de Sistemas de Informação da UNISINOS e-mail: andrebradacz@gmail.com