THE IMPORTANCE OF NURSING CARE PROTOCOLS FOR TRAUMA PATIENTS IN THE AEROSPACE ENVIRONMENT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10962789
Adriete Malato Ferreira Cordovil dos Santos1; Giuliana Denise Rodrigues de Andrade2; Joubert Fontenelle Souza Leite3; Eduarda Lisboa Vanderley4; Isabella Evelin Rabelo Castilho5; Felipe Renato de Castro Rodrigues6; Laiza Souza Costa7; Jaqueline dos Santos de Jesus8; Suzane Kelly Gomes Rodrigues9; Ariany Palheta de Araújo10
Resumo: Introdução: O transporte aeromédico em aeronaves de asa fixa ou rotativa, equipadas com pessoal médico treinado para fornecer cuidados médicos durante o voo, possui agilidade, segurança e eficácia, sendo essas algumas das principais vantagens do socorro aéreo, atividade que registra mais de sete mil ocorrências no Brasil por ano, salvando milhares de vidas seja no resgate em situações de risco ou no deslocamento de pacientes em estado grave, o advento e o crescimento da medicina aeroespacial passaram a exigir maior prática profissional na busca pela excelência e por profissionais especializados para a atuação junto a equipe multiprofissional de bordo, composta por enfermeiro, médico e piloto. Tendo vista o profissional da enfermagem como membro da equipe multiprofissional, é de extrema importância a participação do mesmo nesta equipe, em virtude das suas atribuições inerentes a profissão da enfermagem. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo descrever a importância dos protocolos de cuidados de enfermagem no ambiente aeromédico, direcionados ao paciente vítima de trauma, dando ênfase aos cuidados no momento pré, durante e pós voo, além do protocolo específico utilizado na abordagem de pacientes traumatizados. Metodologia: O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica de natureza descritiva elaborada em 5 etapas. Resultados e Discussões: É necessário que o profissional enfermeiro tenha o conhecimento de fatores riscos relacionados aos transporte aeromédico, como agentes tóxicos, linhas de energia derrubadas, coleções de água nas proximidades e as pás das aeronaves em movimento, Diante deste contexto, é de suma importância o conhecimento a cerca das características do trauma para que o atendimento seja conduzido de forma adequada, salienta-se também a necessidade sobre a compreensão da cinemática do trauma, haja vista que, conforme o tipo de movimentação provocada pelo acidente, será traçado o rumo da assistência, Tendo isso em vista, O Atendimento Pré-hospitalar ao Traumatizado PHTLS (Prehospital Trauma Life Support) como já citado anteriormente, é reconhecido em todo o mundo como o principal programa de educação continuada para o atendimento pré-hospitalar de trauma, desenvolvido pela National Association of Emergency Medical Technicians em cooperação com o American College of Surgeons Committee on Trauma, no ano de 1981,tendo como objetivo a melhora do atendimento ao traumatizado mediante detecção precoce das alterações fisiológicas que colocam o paciente em risco Considerações Finais: Os achados na literatura evidenciaram a importância do papel indispensável do enfermeiro durante o resgate aeromédico na sobrevida de pacientes traumatizados e assistência efetiva. Consequentemente, a compreensão a cerca do ambiente aéreo, a utilização de protocolos, conhecimento sobre a fisiologias do voo e comportamentos de assistência para um transporte correto e seguro são de extrema importância, visto que, suas atividades desempenhadas dentro deste contexto serão repletas de percalços e desafios.
Palavras-chave: Cuidados de enfermagem; Protocolo; Trauma.
Abstract: Introduction: Aeromedical transportation in fixed or rotary wing aircraft, equipped with trained medical personnel to provide medical care during the flight, has agility, safety and effectiveness, these being some of the main advantages of air rescue, an activity that registers more than seven thousand occurrences in Brazil per year, The advent and growth of aerospace medicine has demanded greater professional practice in the search for excellence and specialized professionals to work with the multi-professional team on board, made up of nurses, doctors and pilots. Given that the nursing professional is a member of the multi-professional team, their participation in this team is extremely important, due to their duties inherent to the nursing profession. Objective: This study aims to describe the importance of nursing care protocols in the aeromedical environment, aimed at trauma patients, emphasizing care before, during and after the flight, as well as the specific protocol used to approach trauma patients. Methodology: This study is a descriptive literature review in five stages. Results and Discussions: It is necessary for nurses to be aware of the risk factors related to aeromedical transport, such as In this context, it is of the utmost importance to know about the characteristics of trauma so that care can be carried out properly. It is also important to understand the kinematics of trauma, since depending on the type of movement caused by the accident, the course of care will be determined, PHTLS (Prehospital Trauma Life Support), as mentioned above, is recognized throughout the world as the main continuing education program for prehospital trauma care, developed by the National Association of Emergency Medical Technicians in cooperation with the American College of Surgeons Committee on Trauma in 1981, with the aim of improving trauma care through early detection of physiological changes that put the patient at risk. final considerations: The findings in the literature showed the importance of the indispensable role of nurses during aeromedical rescue in the survival of traumatized patients and effective assistance. Consequently, understanding the aerial environment, the use of protocols, knowledge about the physiology of flight and assistance behaviors for correct and safe transport are of extreme importance, since their activities performed within the aeromedical environment are of the utmost importance.
Keywords: Nursing care; Protocol; Trauma.
1 INTRODUÇÃO
O Atendimento Pré-Hospitalar constitui-se por ser oferecido por profissionais devidamente treinados e qualificados a uma vítima, em situação de emergência, fora do âmbito hospitalar, englobando unidades móveis e equipes multidisciplinares, onde o paciente será avaliado, estabilizado e transportado a um hospital de referência. Em vista da importância do tempo de atendimento e transporte a um serviço de referência no desfecho e prognóstico de pacientes em emergências, sejam essas traumáticas ou clínicas, as unidades se fazem presentes no meio terrestre, aéreo e aquático, com a presença de uma equipe devidamente treinada para a oferta de suporte aos pacientes de forma rápida e segura (Santos,2023).
Diante disso, ressalta-se a utilização de veículos aéreos para o transporte de pacientes feridos, sendo está uma tecnologia quem surgiu em 1870, durante a Guerra Franco-Prussiana, período em foram relatados os primeiros casos de remoção aérea, quando 160 feridos foram resgatados em balões de ar quente. O atendimento aos pacientes no contexto do resgate aéreo tem como objetivo manter a saúde, segurança e a performance das pessoas que trabalham no ambiente aéreo, evoluiu e desenvolveu-se atrelada a evolução tecnológica dos vetores aeronáuticos trazendo novas possibilidades da assistência médica a pacientes graves (Borges, et al., 2022).
O transporte aeromédico em aeronaves de asa fixa ou rotativa, equipadas com pessoal médico treinado para fornecer cuidados médicos durante o voo, possui agilidade, segurança e eficácia, sendo essas algumas das principais vantagens do socorro aéreo, atividade que registra mais de sete mil ocorrências no Brasil por ano, salvando milhares de vidas seja no resgate em situações de risco ou no deslocamento de pacientes em estado grave. O transporte aeromédico, em casos graves, como traumas severos, infarto agudo do miocárdio, o atendimento pré-hospitalar reduz de forma significativa a mortalidade do paciente (Lima; Júnior; Lima,2023).
O advento e o crescimento da medicina aeroespacial passaram a exigir maior prática profissional na busca pela excelência e por profissionais especializados para a atuação junto a equipe multiprofissional de bordo, composta por enfermeiro, médico e piloto. Tendo vista o profissional da enfermagem como membro da equipe multiprofissional, é de extrema importância a participação do mesmo nesta equipe, em virtude das suas atribuições inerentes a profissão da enfermagem, que além de ser capacitado especificamente para este tipo de atendimento, necessita de larga experiência em pacientes quem necessitam cuidados intensivos; prática esta regulamentada no Brasil pela Lei nº 7.498/86, que estabelece sobre o Exercício Profissional da Enfermagem, onde diz ser atividade privativa do enfermeiro a organização e direção da assistência direta ao paciente crítico e onde sejam executadas atividades de maior complexidade técnica (Araujo, et al., 2023).
Diante deste contexto, levando-se em consideração o atual cenário sobre os protocolos de cuidados de enfermagem ao paciente vítima de trauma no ambiente aeroespacial, a presente pesquisa justifica-se pelas especificidades relacionadas aos conhecimentos exigidos, para a execução da assistência ao paciente traumatizado pela enfermagem.
Dessa forma, entende-se que construção e implementação de protocolos de cuidados devem ser compreendidos como uma ferramenta de apoio teórico-prático, que contribuem para o planejamento e a avaliação durante a assistência e, consequentemente, para a qualidade do cuidado. A adoção de protocolos respaldados e definidos por meio de evidências científicas no contexto do atendimento do APH, contribuem de modo a elevar as chances de sobrevivência da vítima atendida (Schweitzer, et al.,2020).
Portanto, a cerca do panorama exposto, o presente estudo tem como objetivo descrever a importância dos protocolos de cuidados de enfermagem no ambiente aeromédico, direcionados ao paciente vítima de trauma, dando ênfase aos cuidados no momento pré, durante e pós voo, além do protocolo específico utilizado na abordagem de pacientes traumatizados.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 O TRANSPORTE AEROMÉDICO
Através do protocolo de referência N° 7 da ANVISA, é disposto sobre adequação dos veículos utilizados no transporte de viajantes enfermos ou suspeitos, sendo as aeronaves de transporte médico, enquadradas na categoria tipo E, e caracterizadas como transporte aéreo de asa fixa ou rotativa utilizados para transporte inter-hospitalar de pacientes, e aeronaves de asa rotativa para ações de resgate, dotadas de equipamentos médicos homologados pelo Departamento de Aviação Civil – DAC.
Diante da sua utilidade e características previstas pelo protocolo de referência da agência nacional de vigilância sanitária, salienta-se a necessidade de compreensão sobre a origem da utilização do transporte aéreo no cenário médico. O transporte aeromédico teve início no ano de 1870, no campo militar, durante a Guerra Franco Prussiana, onde 160 soldados e civis feridos foram retirados por balões de ar quente. O evidente sucesso sobre a utilização do transporte aéreo na remoção de pacientes feridos tornou-se evidente a ponto de despertar o interesse de vários países em adotar a nova modalidade de transporte de emergência, no intuito de otimizar assistência à saúde promovendo rapidez no deslocamento utilizando o transporte aéreo possibilitando o resgate imediato de soldados durante guerra (Lima; júnior; Lima, 2023).
No cenário Brasileiro, o transporte aeromédico tem seu início datado no ano de 1950, através do Serviço de Busca e Salvamento (SAR) com sede na capital paraense Belém – PA, onde objetivou-se o rastreio de aeronaves e embarcações desaparecidas nos locais resguardados por esse setor, surtindo efeitos sobre a minimização sobre os riscos no resgate de vítimas de acidentes aéreos marítimos. Ao longo dos anos, entre o fim da década de 80 e início da década de 90, empresas privadas deram início aos serviços de resgate aeromédico devido à alta demanda de pacientes com a necessidade de remoção imediata em busca de melhores recursos (Mendes,2022).
Diante do contexto histórico sobre a origem do transporte aeromédico, torna-se evidente as vantagens acerca dessa modalidade de transporte de emergência, onde ocorre atendimento de socorro em tempo oportuno em virtude da redução de tempo pela rapidez das aeronaves; otimização no atendimento de diversas ocorrências; maior conforto para as vítimas ausentando possíveis transtornos causados pelas condições de estradas e trânsitos; além da redução significativa de na taxa de mortalidade de feridos e doentes atendidos pelo transporte aeromédico (Araujo,et al.,2023).
2.2 FISIOLOGIA DO VOO
O transporte aeromédico apresenta riscos que devem ser conhecidos e dominados pelos profissionais de saúde que atuam na área, haja vista que, os riscos que cercam esse tipo de transporte, mostram-se como fatores que podem influenciar na piora do quadro clínico do paciente. Além disso, é necessário também levar-se em consideração a altitude, e o tipo de aeronave em que o transporte está sendo realizado, observando se a mesma é do tipo pressurizada e climatizada por exemplo, em virtude da possibilidade do transporte desencadear alterações na pressão atmosférica, na umidade, na pressão parcial de oxigênio e na temperatura, ocasionando possíveis agravos a vítima. Outro ponto a ser considerado, são as adversidades relacionadas as vibrações, ruídos, luzes, a aceleração e a desaceleração que podem interferir no cuidado com o paciente durante o voo (Santos,2023).
No que se refere aos entendimentos a respeito da fisiologia do voo, destaca-se a importância sobre a compreensão a cerca da altitude. A medida em que a aeronave ganha altitude, vai ocorrendo uma redução significativa na pressão atmosférica, resultando na diminuição da densidade do ar, e consequentemente afetando a respiração podendo levar a um quadro de hipóxia. A mudança de pressão atmosférica nas altitudes elevadas, gera baixa pressão de oxigênio levando a um quadro de tontura, confusão e, em casos graves, perda de consciência. Diante disso, a pressurização da cabine é de extrema importância para a manutenção dos níveis adequados de oxigênio durante o voo. Além disso, a ausência de pressão do ar aliada a baixa umidade na cabine pode ressecar as mucosas e causar maior desconforto respiratório representando um grande transtorno para pacientes com problemas respiratórios (Lima; júnior; Lima, 2021).
Outro ponto em relação as altitudes elevadas e a gravidade reduzida, são as possibilidades do desencadeamento de problemas na circulação, principalmente no que diz respeito as extremidades do corpo, potencializando desse forma, os riscos para a ocorrência de trombose venosa profunda. Dessa modo, Medidas como movimentação regular das pernas e o uso de meias de compressão são recomendadas como formas preventivas à TVP. Além disso, a ansiedade de voo é um problema comum entre os pacientes, podendo variar de leves preocupações a ataques de pânico. Estratégias executadas pelos profissionais envolvidos na equipe responsável pelo transporte aeromédico, de gerenciamento de estresse e exposição gradual ao voo, podem ajudar a superar esse problema (Lima; júnior; Lima,2021).
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica de natureza descritiva caracterizada pelo uso e análise de documentos de domínio científico; sem recorrer diretamente aos fatos empíricos utilizando-se de fontes secundárias obtidas por meio das contribuições de autores sobre determinado tema (Cavalcante e Oliveira,2020). O levantamento de dados foi elaborado em 5 etapas: delimitação do tema; recorte temporal; pesquisa bibliográfica; seleção dos estudos a partir dos critérios de inclusão e exclusão; análise e síntese dos resultados.
Os critérios de inclusão foram: trabalhos dentro do eixo temático publicados entre 2014 e 2024 e que estivessem disponíveis na língua portuguesa. Foram excluídas produções fora do tema abordado, recorte temporal e disponibilizados somente na língua estrangeira.
A pesquisa bibliográfica foi executada dentro do sitio da biblioteca virtual em saúde (BVS), onde foram utilizadas pesquisas indexadas nas bases de dados LILACS, MEDLINE E BDENF para a elaboração teórica do presente trabalho. Além disso, também foi realizado um levantamento de dados dentro plataforma google acadêmico obtendo-se trabalhos científicos utilizados para composição do corpo teórico da pesquisa em questão.
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Conforme a aplicação da metodologia de pesquisa proposta, foi obtido dentro dos seus resultados um total de 12 pesquisas cientificas que estavam de acordo com os critérios de seleção. Em seguida, os trabalhos foram utilizados para a composição do corpo teórico da presente pesquisa, além da sua utilização para a elaboração das discussões sobre os resultados que foram divididos por tópicos, dando ênfase aos protocolos de cuidados e enfermagem no ambiente aeromédico e ao protocolo PHTLS, amplamente utilizado na abordagem aos pacientes vítimas de traumas em escala mundial.
5. DISCUSSÃO SOBRE OS RESULTADOS
5.1 PROTOCOLOS DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO MOMENTO PRÉ, DURANTE E APÓS O VOO
Em primeiro plano, dentro do contexto do transporte aeromédico, a atuação do profissional enfermeiro é regulamentada pela resolução 551/2017 do COFEN. O documento normatizador em questão determina que a assistência de enfermagem no atendimento pré-hospitalar no ambiente aeroespacial, caracteriza-se como uma atividade privativa do enfermeiro, além de estabelecer pré-requisitos ao profissional para estar atuando neste tipo de transporte (Schweitzer, et al.,2020)
Diante da atuação prevista pelo COFEN, ressalta-se a importância da presença do enfermeiro frente a execução dos protocolos de cuidados de enfermagem durante toda assistência, tendo em vista, a exigência dos conhecimentos específicos relacionados ao atendimento aeromédico, além das competências inerentes a enfermagem, que contribuem de forma significativa na manutenção do bem-estar do paciente em todos os momentos durante percusso do voo (Silva e Fernandes,2020).
Desse modo, assim como nas demais assistências no âmbito da saúde, o atendimento a vitíma no cenário do transporte aeromédico, deve-se nortear pelas diretrizes do programa nacional de segurança do paciente, que foi instituída através da portaria 523/2013. Haja vista que, não há como oferecer uma boa assistência sem os alicerces da segurança do paciente, uma vez que, o atendimento realizado sem esses princípios, podem desencadear incidentes e efeitos adversos durante o momento do atendimento a ocorrência (Santos; Guedes; Aguiar,2014).
Tendo esse panorama em vista, é necessário que o profissional enfermeiro tenha o conhecimento de fatores riscos relacionados aos transporte aeromédico, como agentes tóxicos, linhas de energia derrubadas, coleções de água nas proximidades e as pás das aeronaves em movimento. Além disso, fatores relacionados aos estressares de voo como, hipóxia, disbarismos, umidade do ar, temperatura, vibrações, ruído, forças acelerativas e gravitacional, luminosidade, sobrecargas musculoesqueléticas, fadiga de voo e fusos horários, também precisam ser levados em consideração, em decorrencia do seu potencial em causar danos ao bem-estar da vítima (Silva e Fernandes,2020).
Em síntese, o enfermeiro atuante no atendimento pré-hospitalar aéreo necessariamente deve atentar-se no desempenho de cuidados no momento pré-voo, durante o voo e pós-voo. O quadro 1 a seguir lista de forma esquematizada as atribuições que o profissional enfermeiro deve desempenhar em cada momento durante o transporte aeromédico.
Quadro 1- atribuições do enfermeiro na remoção aeromédico.
MOMENTO DO TRANSPORTE: | ATRIBUIÇÕES DESEMPENHADAS: |
MOMENTO PRÉ-VOO | – Conhecer os equipamentos e realizar manobras de extração manual de vítimas; – Planejar a requisição e controle dos materiais e equipamentos utilizados nos procedimentos previstos; – Preparar a aeronave com materiais e equipamentos, de acordo com o quadro do paciente a ser atendido; – Instalar os equipamentos dentro da aeronave; – Verificar e testar a funcionalidade de cada aparelho; – Obter informações no prontuário e com a equipe médica a respeito da história clínica do paciente; – Organizar em conjunto com o médico os equipamentos, materiais e medicamentos, estabelecendo sua disposição na aeronave, visando oferecer uma remoção segura ao paciente verificar a existência de doenças ou condições capazes de afetar o quadro clínico do paciente durante o voo; – Inteirar-se do tempo previsto de voo, para planejamento adequado da assistência. |
MOMENTO DURANTE O VOO | -Garantir assistência integral de enfermagem ao paciente, zelando pela sua integridade física e psíquica; – Administrar medicamentos prescritos ou constantes nos protocolos institucionais; – Auxílio nos procedimentos realizados pelo médico; – Avaliar e sistematizar as prioridades do paciente; – Realizar o registro de enfermagem de forma objetiva, precisa e clara |
MOMENTO PÓS-VOO | – Encaminhar o paciente para a equipe de destino, registrando em prontuário e fornecendo as informações necessárias à continuidade da assistência de enfermagem; – Certificar e assegurar a reposição de insumos e equipamentos utilizados, conforme protocolo institucional; – Assegurar a limpeza e desinfecção do interior da aeronave onde ocorre a assistência ao paciente e aos equipamentos, de acordo com o protocolo institucional; – Fazer relatório sobre gastos de material e medicamentos, bem como de possíveis intercorrência |
Fonte: Lima; Júnior; Lima,2023, Schweitzer et al., 2019
5.2 ASPECTOS SOBRE O TRAUMA E APLICABILIDADE DO PROTOCOLO PHTLS NO CENÉRIO AROMÉDICO
O atendimento ás vítimas de traumatizadas apresenta-se como uma das principais causas de acionamento do serviço aermédico em virtude da sua agilidade, e consequentemente, a sua contribuição no aumento do tempo de sobrevida do paciente. Em sua maioria, durante a ocorrência, costuma-se encontrar no corpo das vítimas, lesões graves e ameaçadoras, tornando essencial a presença da equipe em cena (Flavio, et al.,2021).
Diante deste contexto, é de suma importância o conhecimento a cerca das características do trauma para que o atendimento seja conduzido de forma adequada. O trauma caracteriza-se por ser uma lesão produzida por uma ação violenta, física ou química, externa ao organismo. Pode causar lesões graves e simultâneas em diversos órgãos e, se não for tratado adequadamente desde o início, leva a sequelas e até mesmo à morte em curto período de tempo. As lesões traumáticas classificam-se em penetrante ( quando há rompimento e laceração da pele, como perfurações por armas de fogo e fraturas expostas) contusos (quando não há perfuração da pele, como no caso de pancadas ou escorregões), e mistos (uma combinação dos dois tipos) (Schweitzer, et al.,2020)
Tendo em vista os conhecimentos necessários relacionados aos aspectos básicos do trauma, salienta-se também a necessidade sobre a compreensão da cinemática do trauma, haja vista que, conforme o tipo de movimentação provocada pelo acidente, será traçado o rumo da assistência. Além disso, é fundamental que a equipe prestadora do atendimento, possua domínio sobre os equipamentos utilizados para a ocorrência, objetivando-se a garantia da segurança, sem causar agravos ao quadro clínico da vítima (Feitosa, et al.,2020).
Ainda no que se refere ao atendimento do paciente traumatizado, diversos protocolos de abordagem são utilizados com intuito de promover otimização e maior tempo de sobrevida durante a assistência a este tipo de ocorrência, todavia, na presente pesquisa, será dado ênfase ao protocolo PHTLS, que é amplamente utilizado e difundido a nível mundial. Tendo isso em vista, O Atendimento Pré-hospitalar ao Traumatizado PHTLS (Prehospital Trauma Life Support) como já citado anteriormente, é reconhecido em todo o mundo como o principal programa de educação continuada para o atendimento pré-hospitalar de trauma, desenvolvido pela National Association of Emergency Medical Technicians em cooperação com o American College of Surgeons Committee on Trauma, no ano de 1981,tendo como objetivo a melhora do atendimento ao traumatizado mediante detecção precoce das alterações fisiológicas que colocam o paciente em risco (Gomes;Machado;Machado,2021).
Em 2019, foi publicada a mais recente edição do PHTLS (9ª edição), trazendo em sua última versão a introdução do “X” (controle de hemorragia exsanguinante) no início do seu mnemônico de avaliação primária do trauma, seguido de A (airways) vias aéreas com controle da coluna cervical; B (breathing) respiração e ventilação; C (circulation) circulação com controle da hemorragia; D (disability) estado neurológico; E (exposure) exposição e controle da temperatura (PHTLS, 2019).
A seguir, estão descritas as etapas do atendimento e as ações previstas no PHTLS 9ª edição.
X – Controle de Sangramento Exsanguinante:
Caracterizada como a 1°etapa do atendimento PHTLS, inserido em sua 9° edição, o mesmo enfatiza a necessidade de identificação e gerenciamento imediato da hemorragia externa ao decorrer da avaliação primária de um paciente com trauma, apresentando risco eminente a vida. Se a hemorragia externa exsanguinante estiver presente, deve-se controla-la antes da avaliação da via aérea, ou simultaneamente, caso haja assistência adequada presente no local da ocorrência, ou antes da realização de outras intervenções. Este tipo de sangramento envolve em sua maioria o sangramento arterial de uma extremidade. É de extrema importância que o controle da hemorragia externa seja identificada e controlada na pesquisa primária, pois, se a hemorragia grave não for controlada o mais rápido possível, o potencial para o paciente evoluir a morte eleva-se consideravelmente (Farias,2020).
A – (airways) Tratamento das vias aéreas com estabilização da coluna cervical:
A via aérea da vítima precisa ser rapidamente examinada para garantir que esteja permeável e que não haja perigo de obstrução. Caso a via aérea esteja comprometida, a mesma deverá ser aberta, inicialmente por métodos manuais com remoção de sangue, substâncias orgânicas e corpos estranhos em caso de necessidade. A oxigenação adequada em todas as fases do atendimento é o ponto mais importante nos pacientes gravemente enfermos a fim de se evitarem danos secundários. O controle das vias aéreas tem a maior influência no prognóstico tardio e é o principal fator para evitar as mortes preveníveis. Com relação a estabilização da coluna cervical, até que se prove o contrário, a possibilidade de presença da lesão medular deve ser considerada em todo paciente traumatizado. Portanto, ao manusear a via aérea, deve-se realizar o manejo do paciente com a técnica adequada, para que em caso de lesão grave na coluna, o mesmo não tenha seu prognóstico agravado (Farias,2020).
B – (breathing) Ventilação:
Dentro desta fase, o 1° passo é ofertar de forma eficaz oxigênio para os pulmões do doente para ajudar a manter o processo metabólico aeróbico. A hipóxia é resultante da ventilação inadequada dos pulmões e pode conduzir à ausência de oxigenação tecidual do doente. Uma vez que a via aérea do doente está permeável, a qualidade e a quantidade da ventilação devem ser avaliadas em duas etapas .verificar se o doente está ventilando, caso contrário, iniciar imediatamente o procedimento de ventilação assistida com dispositivo de máscara com válvula e balão e suplementação de oxigênio antes de prosseguir com avaliação; logo depois verificar se a via aérea do doente está desobstruída, prosseguindo com a ventilação assistida e preparação para supraglótico, intubação, ou outros meios de proteção mecânica da vida aérea (Farias,2020).
C – (circulation) Circulação e hemorragia:
Os aspectos do sistema circulatório da vítima podem ser avaliado ao verificar o pulso e a cor, temperatura e umidade da pele. A avaliação de perfusão poderá apresentar dificuldades em pacientes idosos ou pediátricos, atletas ou naqueles que recebem certas medicações. O pulso é avaliado quando à presença, qualidade e regularidade. A presença de pulso periférico palpável também fornece uma estimativa de pressão arterial. Essa rápida verificação revela se o paciente apresenta taquicardia, bradicardia ou ritmo cardíaco irregular. Também pode revelar informações sobre a pressão arterial sistólica. Se o pulso radial não for palpável em uma extremidade sem lesões, provavelmente o doente encontra-se na fase descompensada de choque, um sinal tardio da sua condição grave (Farias,2020).
D - (disability) estado neurológico:
Esta etapa tem como objetivo a determinação sobre o nível de consciência da vítima, e verificar a possibilidade para hipoxia. O profissional pode inferir que um doente confuso, combativo ou não cooperativo está em hipóxia, até que se prove o contrário. Para a avaliação, utiliza-se a pontuação da Escala de Coma de Glasgow, sendo esta uma ferramenta utilizada para determinar o nível de consciência, mostrando-se como um método rápido e simples para determinar a função cerebral, sendo preditivo do desfecho clínico do paciente, especialmente o componente melhor resposta motora. Também fornece uma referência da função cerebral basal para avaliações neurológicas seriadas. A pontuação da GCS está dividida em três componentes: abertura ocular, melhor resposta verbal , melhor resposta motora e reatividade pupilar (Farias,2020).
E – (exposure) exposição e controle da temperatura:
Inicialmente, nesta etapa do processo de avaliação, é necessário remover as roupas da vítima traumatizada, pois sua exposição é essencial para identificar todas as lesões. Após a examinação todo o corpo do paciente, o socorrista deve cobri-lo novamente para conservar o calor do corpo, todavia, embora seja importante expor o corpo para completar a avaliação com eficácia, a hipotermia é um problema grave no tratamento do doente traumatizado, devendo ser antecipada e adotada medidas para preveni-la, e expondo em ambiente externo, apenas as partes necessárias da vítima (Farias,2020).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao decorrer da pesquisa, pode-se observar que o transporte aeromédico contribui para uma melhor assistência à população e consequentemente, para o aumento da sobrevida de vítimas de traumas e agravos à saúde, ofertando um tempo de atendimento mais rápido e ágil, principalmente à longas distâncias.
Outro achado na literatura foi a importância do papel indispensável do enfermeiro durante o resgate aeromédico na sobrevida de pacientes traumatizados, o que requer treinamento especial e assistência efetiva. Consequentemente, a compreensão a cerca do ambiente aéreo, a utilização de protocolos, conhecimento sobre a fisiologias do voo e comportamentos de assistência para um transporte correto e seguro são de extrema importância, visto que, suas atividades desempenhadas dentro deste contexto serão repletas de percalços e desafios.
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1Email: adria.cordovil@gmail.com
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