REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202506101720
Ramon Sousa Carneiro
Orientador: Profª. Ma. Jaciara Carvalho de Sousa Oliveira
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo geral analisar a importância da documentação técnica, da análise de falhas e dos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) em edificações, com foco na prevenção de acidentes, preservação patrimonial e garantia da segurança de pessoas e sistemas. A metodologia utilizada consistiu em uma revisão bibliográfica sistemática de artigos científicos e publicações técnicas nacionais e internacionais, abordando aspectos legais, estruturais e técnicos relacionados à falha de sistemas elétricos, ao impacto de descargas atmosféricas e à responsabilidade técnica envolvida em projetos e manutenções de instalações prediais.
Durante a discussão dos resultados, observou-se que a ausência ou ineficiência da documentação técnica pode gerar sérios riscos jurídicos e operacionais. Além disso, estudos de caso mostraram que falhas estruturais associadas à ausência de SPDA adequado têm levado a acidentes fatais e colapsos de edificações. A integração de metodologias como FMEA (Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos) e FTA (Análise da Árvore de Falhas) demonstrou ser eficaz na prevenção e mitigação de riscos em ambientes construídos.
A conclusão reforça que a correta elaboração da documentação técnica, aliada à implementação eficiente de sistemas de proteção e manutenção preventiva, é fundamental para garantir a segurança elétrica e estrutural de edificações, além de resguardar a responsabilidade dos profissionais envolvidos.
Palavras-chave: Documentação técnica; Análise de falhas; Proteção contra descargas atmosféricas.
1. INTRODUÇÃO
O Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) desempenha papel essencial na preservação de edificações e infraestruturas críticas, especialmente em regiões com elevada frequência de raios, como o Brasil. Sua função principal é proteger tanto as estruturas físicas quanto as pessoas e animais que nelas se encontram, minimizando os danos decorrentes de descargas atmosféricas diretas ou indiretas. A eficiência desse sistema depende de sua correta instalação e conformidade com normas técnicas vigentes. Estudos demonstram que a ausência de um SPDA adequado aumenta consideravelmente os riscos de acidentes graves e prejuízos materiais. Assim, sua implantação torna-se uma medida preventiva indispensável em projetos de segurança (PUCRS, 2017).
A proteção de vidas humanas e bens materiais constitui um dos principais objetivos do SPDA. Quando bem dimensionado e instalado, o sistema consegue direcionar a energia das descargas elétricas de maneira controlada até o solo, evitando incêndios, explosões e danos estruturais. Ambientes como escolas, hospitais e prédios comerciais exigem atenção especial, dada a concentração de pessoas em seu interior. Em situações de tempestades, a falta desse tipo de proteção coloca todos os ocupantes em situação de risco iminente. Dessa forma, o SPDA atua como um mecanismo fundamental de prevenção e salvaguarda.
A conformidade técnica durante a implantação do SPDA é um requisito obrigatório para garantir seu funcionamento eficaz. Os subsistemas responsáveis pelo processo — captação, descida e aterramento — devem ser projetados e executados segundo critérios técnicos rigorosos. Normas como a NBR 5419 estabelecem diretrizes claras sobre os níveis de proteção, tipos de estruturas e métodos de instalação. O descumprimento dessas diretrizes pode comprometer a integridade do sistema e, consequentemente, a segurança da edificação. Portanto, o respeito às especificações técnicas é fator determinante para a efetividade contínua do SPDA (SOUZA, 2014).
A manutenção periódica do sistema é igualmente relevante para assegurar sua operacionalidade ao longo do tempo. Recomenda-se que inspeções visuais e medições elétricas sejam realizadas anualmente, com o objetivo de verificar a resistência ôhmica dos condutores e a integridade física dos componentes. Fatores como corrosão, má conexão e desgaste natural podem afetar negativamente o desempenho do SPDA. Além disso, intervenções corretivas devem ser feitas sempre que identificadas falhas ou alterações nas condições originais do sistema. Somente com monitoramento regular é possível assegurar a confiabilidade do sistema diante de eventos climáticos adversos (MAMEDE FILHO, 2011).
A integração do SPDA com outros dispositivos de proteção também contribui significativamente para a segurança global das instalações. Equipamentos como os Dispositivos de Proteção contra Surto (DPS) e sistemas de aterramento complementam a ação do SPDA, protegendo redes elétricas e equipamentos eletrônicos sensíveis. Essa abordagem combinada reduz os danos causados por tensões transitórias geradas durante descargas atmosféricas. A falta dessa sinergia pode resultar em falhas em sistemas internos, mesmo quando o SPDA está funcional. Logo, a proteção completa envolve múltiplas camadas de defesa interligadas.
Em ambientes críticos, como centros hospitalares, estações de telecomunicação e indústrias, a importância do SPDA é ainda mais evidente. A continuidade operacional desses espaços é vital para a sociedade, sendo imprescindível evitar interrupções causadas por fenômenos atmosféricos. Danos provocados por raios podem paralisar serviços essenciais e colocar vidas em risco. Com isso, a adoção de medidas preventivas baseadas em padrões técnicos robustos torna-se uma prioridade. O investimento em sistemas de proteção integrados reflete o compromisso com a segurança e a sustentabilidade das atividades (NERY, 2022).
Portanto, o SPDA constitui um componente essencial nos projetos de proteção de construções residenciais, comerciais e industriais. Sua correta implementação, aliada à manutenção constante e integração com outros sistemas, garante a mitigação de riscos associados às descargas atmosféricas. A aplicação rigorosa das normas técnicas e a conscientização sobre a importância desse sistema são fundamentais para promover maior segurança e resiliência das estruturas. A proteção de vidas e patrimônios exige planejamento técnico e comprometimento contínuo com boas práticas de engenharia.
O presente estudo tem como tema “A Importância do SPDA na Segurança de Edificações e Infraestruturas Críticas” e busca compreender como a correta implementação e manutenção do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) contribui para a segurança estrutural e funcional de edificações que desempenham papéis essenciais na sociedade. A pergunta-problema que norteia esta investigação é: como a correta implementação e manutenção do SPDA contribui para a segurança de edificações e infraestruturas críticas? A partir disso, parte-se da hipótese de que a adequada instalação e manutenção do SPDA, em conformidade com as normas técnicas, especialmente a NBR 5419 é capaz de reduzir significativamente os riscos de danos estruturais, falhas operacionais e prejuízos humanos nesses ambientes.
O objetivo geral deste trabalho é analisar a importância do SPDA na proteção de edificações e infraestruturas críticas, evidenciando seus impactos na prevenção de acidentes e na segurança patrimonial e humana. Para alcançar esse objetivo, serão abordados três objetivos específicos: compreender os princípios de funcionamento e os componentes que integram um sistema SPDA; investigar os critérios normativos estabelecidos pela NBR 5419 para o dimensionamento e manutenção do sistema; e avaliar casos reais de edificações críticas com e sem SPDA, destacando os riscos e consequências associados.
A justificativa deste estudo se apoia no fato de que edificações como hospitais, aeroportos, centros de dados, torres de telecomunicação e instalações industriais estão sujeitas a impactos severos em caso de descargas atmosféricas. Tais impactos podem incluir desde danos materiais e interrupções de serviço até riscos à vida humana. Considerando o papel estratégico dessas infraestruturas na manutenção da ordem social, da saúde pública e da economia, torna-se imprescindível a adoção de sistemas de proteção eficazes. Assim, este trabalho visa reforçar a importância do conhecimento técnico sobre o SPDA na formação de engenheiros eletricistas e promover uma cultura de prevenção e segurança nas construções modernas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Os princípios de funcionamento e os componentes que integram um sistema SPDA.
As descargas atmosféricas, especialmente os raios, correspondem a fenômenos elétricos resultantes do rompimento da rigidez dielétrica do ar, ocasionado por intensos campos elétricos gerados na atmosfera. Essa ruptura ocorre quando o campo elétrico ultrapassa um valor crítico, induzindo ionização e formando um canal condutor de eletricidade. A separação de cargas nas nuvens é o estágio inicial desse processo, criando condições propícias para a descarga. O entendimento físico desse fenômeno baseia-se em conceitos de eletromagnetismo e física dos plasmas. Estudos demonstram que esse mecanismo é fundamental para a ocorrência tanto de descargas intra quanto internuvens (Roussel-Dupre et al., 2008; Treumann et al., 2008).
O comportamento das partículas durante uma descarga atmosférica é regido por princípios da teoria cinética, envolvendo movimentação de elétrons, colisões e ionização do meio. A dinâmica desses processos depende de fatores como intensidade do campo elétrico, densidade do ar e energia cinética das partículas. Em altitudes elevadas, como na mesosfera, o caminho livre médio dos elétrons aumenta devido à menor densidade atmosférica. Isso reduz o campo elétrico necessário para iniciar a descarga, facilitando eventos luminosos específicos nessa região. Dessa forma, as características físicas do ambiente influenciam diretamente a propagação e o desenvolvimento das descargas (Treumann et al., 2008).
A diversidade de descargas atmosféricas abrange desde os raios convencionais até fenômenos mais complexos, como o runaway breakdown, que envolve elétrons de alta energia acelerados em campos elétricos intensos. Além disso, eventos luminosos transitórios, como os sprites, são exemplos de descargas que ocorrem em altitudes elevadas e estão associados a tempestades troposféricas. Outros fenômenos, como os flashes de raios gama terrestres, também se relacionam com descargas atmosféricas extremas. Esses casos ilustram a ampla variedade de manifestações elétricas na atmosfera. Cada tipo de descarga apresenta particularidades quanto ao mecanismo de geração e impacto ambiental (Roussel-Dupre et al., 2008).
A dinâmica temporal das descargas atmosféricas revela comportamentos variáveis, influenciados por mudanças nos campos elétricos e na composição do meio gasoso. Fatores como a duração do campo elétrico aplicado e a variação na frequência das descargas determinam padrões de comportamento não lineares. Em certas situações, esses eventos podem alternar entre estados periódicos e caóticos, refletindo a complexidade do sistema atmosférico. Modelagens matemáticas têm sido utilizadas para compreender essa transição e prever possíveis trajetórias de descargas. Estudos indicam que tais flutuações afetam tanto a iniciação quanto a propagação do raio (Shi et al., 2008; Fukuyama et al., 2018).
Durante a fase inicial de corona, observa-se um comportamento caótico na evolução da corrente elétrica, marcado por ramificações irregulares e distribuição aleatória do plasma. Esse estágio é caracterizado por múltiplas tentativas de formação do canal condutor principal. À medida que a descarga avança e se conecta ao solo, ocorre transição para um regime mais estável, conhecido como arco elétrico. Nesse momento, a corrente atinge seu máximo e a dissipação de energia torna-se significativa. Esse processo envolve transformações rápidas e intensas no meio ionizado. Pesquisas apontam que essa evolução afeta a eficiência e o alcance da descarga (Fukuyama et al., 2018).
A análise do comportamento das descargas atmosféricas contribui para o desenvolvimento de sistemas de proteção mais eficientes, como o SPDA e dispositivos contra surtos. Compreender os mecanismos físicos subjacentes permite projetar estruturas capazes de suportar picos de corrente e efeitos térmicos associados aos raios. Além disso, esses estudos subsidiam modelos climáticos e meteorológicos, auxiliando na previsão de eventos extremos. A interdisciplinaridade entre física atmosférica, engenharia e ciências ambientais fortalece o entendimento desses fenômenos. Investimentos em pesquisa nessa área promovem maior segurança e resiliência frente a ameaças naturais.
Os avanços recentes na detecção e modelagem de descargas atmosféricas possibilitaram melhor compreensão de sua dinâmica espacial e temporal. Técnicas como imageamento de alta velocidade e sensores eletromagnéticos têm sido empregadas para mapear trajetórias e estimar parâmetros elétricos. Esses dados são fundamentais para validar simulações computacionais e aprimorar modelos teóricos existentes. A precisão na medição de campos elétricos e correntes ajuda a identificar padrões recorrentes em diferentes condições atmosféricas. Assim, a investigação científica contínua é essencial para aprimorar estratégias de mitigação de riscos associados às descargas atmosféricas.
As descargas atmosféricas emitem sinais eletromagnéticos característicos, cuja detecção e análise permitem aprofundar o entendimento sobre suas propriedades e efeitos no ambiente atmosférico. Esses sinais são úteis para identificar padrões de propagação, intensidade e interação com partículas carregadas presentes na atmosfera. Estudos recentes demonstram que tais emissões podem ser utilizadas como ferramentas diagnósticas para investigar processos dinâmicos associados às descargas. Além disso, sua medição contribui para avaliar os impactos em sistemas elétricos e eletrônicos expostos ao fenômeno. Pesquisas indicam que essa abordagem fortalece a capacidade de previsão e mitigação de danos causados por raios (Abdelaal et al., 2024).
O SPDA é constituído por componentes interligados que atuam de forma coordenada na proteção contra descargas atmosféricas. Entre esses elementos, destacam-se os captores, condutores de descida, dispositivos de equipotencialização e o sistema de aterramento. Cada um desses componentes desempenha função específica, garantindo a interceptação, condução segura e dissipação da energia proveniente do raio. A integração entre eles é essencial para assegurar a eficiência do sistema como um todo. Sua correta especificação e instalação são determinantes para a proteção estrutural e dos ocupantes. A Figura 1 apresenta a configuração típica de um SPDA, com seus principais componentes destacados.
Figura 1 – Componentes de um sistema SPDA
Fonte: TERMOTÉCNICA (2015)
Os captores, também denominados terminais aéreos, têm como finalidade captar a descarga antes que esta alcance a edificação protegida. Para tanto, devem ser posicionados em pontos estratégicos, geralmente nos vértices mais elevados das estruturas. O dimensionamento e distribuição obedecem a critérios técnicos, como a teoria da esfera rolante, que define zonas de proteção adequadas. Esse método permite otimizar a cobertura protetora e minimizar áreas vulneráveis. Vários estudos corroboram a eficácia dessa abordagem no projeto de sistemas de proteção (Kermani & Shariatinasab, 2025; Hemanda et al., 2024; Sun et al., 2023).
A condução da corrente elétrica desde o ponto de captação até o solo é realizada pelos condutores de descida, que devem ser projetados para suportar elevadas densidades de corrente sem comprometer a integridade física do sistema. Materiais como cobre ou alumínio são amplamente utilizados por suas propriedades condutoras e resistência térmica. A disposição dos condutores deve privilegiar trajetórias diretas e simétricas, reduzindo impedâncias e efeitos indutivos. Quando mal dimensionados ou instalados incorretamente, esses elementos podem limitar a efetividade do SPDA e aumentar o risco de falhas (Hemanda et al., 2024).
A equipotencialização tem como objetivo principal equilibrar potenciais elétricos entre diferentes partes condutoras da edificação, evitando tensões perigosas que possam causar arcos elétricos ou sobretensões. Esse processo é realizado por meio de conexões metálicas e ligações equipotenciais, integrando sistemas estruturais e elétricos ao SPDA. Dispositivos de proteção contra surtos (DPS) também são empregados nesse contexto, protegendo equipamentos sensíveis contra picos de tensão induzidos por descargas próximas. A implementação adequada desse conceito reduz significativamente os danos materiais e riscos à segurança (Kermani & Shariatinasab, 2025; Heidler & Camara, 2019; Zhang et al., 2020; Hemanda et al., 2024).
O sistema de aterramento constitui o elemento final responsável pela dissipação segura da corrente elétrica no solo. Ele deve ser projetado de forma a manter baixa resistência de terra, garantindo a continuidade elétrica e a compatibilidade com os demais componentes do SPDA. A configuração do aterramento varia conforme as características geológicas e a necessidade de cada instalação. Medidas periódicas de resistência ôhmica são recomendadas para assegurar seu desempenho ao longo do tempo. A falta de um aterramento eficiente pode resultar em sobretensões residuais e aumento do risco de incêndios ou falhas estruturais.
A integração entre todos os componentes do SPDA é fundamental para assegurar a proteção completa contra os efeitos das descargas atmosféricas. Projetos bem elaborados consideram aspectos construtivos, normativos e ambientais na definição da configuração mais adequada. A conformidade com padrões técnicos vigentes e a realização de manutenções regulares são fatores críticos para a eficiência contínua do sistema. Além disso, a utilização de dados eletromagnéticos provenientes das próprias descargas oferece novas perspectivas para monitoramento e análise desses eventos. Pesquisas recentes reforçam a importância de uma abordagem multidisciplinar na gestão de riscos associados a raios (Abdelaal et al., 2024).
O sistema de aterramento desempenha papel essencial na proteção contra descargas atmosféricas, atuando como o meio pelo qual a corrente elétrica é dissipada de maneira segura no solo. Para garantir sua eficácia, deve apresentar baixa resistência ôhmica e ser projetado considerando as propriedades do terreno e as especificidades da estrutura a ser protegida. A conformidade com critérios técnicos de dimensionamento é indispensável para evitar sobretensões residuais e danos secundários. Além disso, recomenda-se que o aterramento do SPDA seja integrado aos sistemas de aterramento elétrico da edificação, promovendo equipotencialização e maior segurança (Kermani & Shariatinasab, 2025; Hemanda et al., 2024; Mentre & Grcev, 1994).
Os principais componentes do SPDA — captores, condutores de descida, elementos de equipotencialização e sistema de aterramento — trabalham de forma conjunta para mitigar os riscos associados às descargas atmosféricas. Cada elemento contribui de maneira específica na interceptação, condução e dissipação da energia proveniente de um raio. Essa integração é fundamental para assegurar a proteção estrutural e dos ocupantes, bem como a integridade de equipamentos eletrônicos internos. Projetos que seguem rigorosamente normas técnicas tendem a oferecer maior eficiência e durabilidade ao sistema. A ausência ou falha em qualquer um desses componentes pode comprometer toda a proteção prevista (Kermani & Shariatinasab, 2025; Heidler & Camara, 2019; Zhang et al., 2020; Hemanda et al., 2024; Mentre & Grcev, 1994; Sun et al., 2023).
Os Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas são categorizados em duas classes principais: externo e interno, cada uma destinada a proteger diferentes aspectos das instalações. O SPDA externo tem como função principal prevenir danos físicos causados por impactos diretos de raios, utilizando componentes como captores, condutores de descida e aterramento. Já o SPDA interno visa à proteção de circuitos elétricos e equipamentos sensíveis contra sobretensões induzidas. A combinação desses dois sistemas é necessária para garantir uma abordagem completa na mitigação dos efeitos das descargas atmosféricas.
O SPDA externo é responsável pela interceptação e condução segura da corrente do raio até o solo, evitando que a descarga cause incêndios, explosões ou danos estruturais. Seus componentes são especialmente projetados para suportar elevadas densidades de corrente e devem estar adaptados às condições ambientais locais. Em áreas expostas, como zonas rurais e instalações com linhas aéreas de baixa tensão, a utilização de para-raios e espaçadores múltiplos aumenta a eficiência protetora. Estudos apontam que a correta configuração do SPDA externo reduz significativamente os riscos de acidentes graves (Rodríguez-Serna et al., 2024; Zhang et al., 2019).
O SPDA interno atua na proteção de sistemas elétricos e eletrônicos contra os efeitos indiretos das descargas atmosféricas, especialmente as sobretensões induzidas em circuitos internos. Nesse contexto, os Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS) desempenham papel central, limitando picos de tensão e desviando correntes perigosas para o sistema de aterramento. A seleção adequada desses dispositivos, assim como sua coordenação em níveis, é essencial para assegurar a continuidade operacional e preservar equipamentos críticos. Pesquisas demonstram que a implementação eficiente do SPDA interno reduz substancialmente falhas em redes elétricas e equipamentos sensíveis (Kisielewicz et al., 2016; Tsovilis, 2021; Kisielewicz & Mazzetti, 2016; Piparo et al., 2017).
A integração entre os sistemas SPDA externo e interno constitui uma estratégia fundamental para a proteção integral de edificações e infraestruturas. Enquanto o primeiro garante a defesa física contra impactos diretos, o segundo resguarda os equipamentos internos contra os efeitos secundários das descargas. A falta de sincronia entre essas camadas de proteção pode resultar em falhas simultâneas, colocando em risco tanto a estrutura quanto os usuários. Por isso, projetos modernos enfatizam a necessidade de compatibilidade entre os dois sistemas, visando maior eficiência e confiabilidade (Kisielewicz et al., 2016; Rodríguez-Serna et al., 2024; Tsovilis, 2021; Kisielewicz & Mazzetti, 2016; Piparo et al., 2017; Zhang et al., 2019).
A aplicação de sistemas SPDA integrados requer planejamento detalhado, considerando aspectos construtivos, ambientais e normativos. Normas técnicas como a IEC 62305 e a NBR 5419 estabelecem diretrizes claras sobre níveis de proteção, métodos de dimensionamento e exigências mínimas para cada tipo de instalação. A verificação periódica do estado dos componentes, incluindo medições de resistência de terra e inspeções visuais, é indispensável para manter a efetividade contínua do sistema. Investimentos em tecnologia de proteção e atualização técnica refletem no aumento da vida útil das estruturas e na redução de custos decorrentes de reparos e paralisações não planejadas (Santos, 2019).
A ABNT NBR 5419:2015 é uma norma técnica brasileira essencial para a proteção contra descargas atmosféricas, sendo essencial em qualquer estudo ou projeto que envolva SPDA. A norma está dividida em quatro partes, cada uma com um foco específico, e todas devem ser consideradas conjuntamente, são elas:
a) parte 1: princípios gerais;
b) parte 2: gerenciamento de risco;
c) parte 3: danos físicos a estruturas e perigos à vida;
d) parte 4: sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura;
Para explicar cada parte será utilizado uma representação esquemática da estrutura da norma como mostra a figura 2, que organiza os elementos essenciais para o estudo e implementação de SPDAs. A imagem ilustra a interdependência entre as quatro partes da norma, evidenciando como cada uma contribui de forma específica para a concepção de um sistema de proteção completo.
Figura 2: Relação entre as partes da ABNT NBR 5419:2015
Fonte: ABNT NBR 5419-2:2015.
De acordo com a NBR 5419-1:2015, a corrente da descarga atmosférica é considerada a principal fonte de danos em sistemas de proteção. Os efeitos causados por essas descargas, bem como suas fontes e os tipos de danos resultantes, devem ser analisados com base na posição do ponto de impacto em relação à estrutura avaliada. As seguintes fontes são distintas pelo ponto de impacto:
a) S1: descargas atmosféricas na estrutura;
b) S2: descargas atmosféricas perto da estrutura;
c) S3: descargas atmosféricas na linha;
d) S4: descargas atmosféricas perto da linha.
A ocorrência de descargas atmosféricas pode gerar diversos tipos de danos, que variam conforme as características específicas da estrutura que se pretende proteger. Entre os fatores mais relevantes para essa análise, destacam-se o tipo de construção, os conteúdos e aplicações presentes, o tipo de serviço prestado e as medidas de proteção já existentes.
Para fins práticos na avaliação de risco, a NBR 5419-2:2015 classifica os danos em três categorias principais:
a) D1: ferimentos aos seres vivos por choque elétrico;
b) D2: danos físicos;
c) D3: falhas de sistemas eletroeletrônicos.
Os danos causados por descargas atmosféricas, isoladamente ou em combinação com outros, pode originar diferentes tipos de perdas na estrutura a ser protegida. A ocorrência dessas perdas está diretamente compatível às características da edificação e ao valor do seu conteúdo.
Segundo a NBR 5419-2:2015, são considerados quatro tipos principais de perdas:
a) L1: perda de vida humana (incluindo ferimentos permanentes);
b) L2: perda de serviço ao público;
c) L3: perda de patrimônio cultural;
d) L4: perda de valores econômicos (estrutura, conteúdo, e perdas de atividades).
As perdas classificadas como L1, L2 e L3 são consideradas perdas de valor social, pois envolvem impactos diretos à sociedade, ao bem-estar coletivo e à preservação histórica e cultural. Já as perdas do tipo L4, que se referem à perda de valores econômicos, incluindo danos à estrutura, ao conteúdo e à interrupção de atividades, são caracterizadas como perdas inteiramente econômicas. Tal distinção é fundamental para a análise de risco, uma vez que direciona a definição das prioridades na adoção de medidas de proteção contra descargas atmosféricas. (ABNT NBR 5419-2:2015).
Na figura 3 pode ser demonstrado a relação entre ponto de impacto, fonte de danos, tipo de danos, e tipo de perdas na estrutura.
Figura 3: Fontes de danos, tipos de danos e tipos de perdas de acordo com o ponto de impacto

Fonte: ABNT NBR 5419-2:2015
O risco R representa um valor associado à perda média anual esperada em função das descargas atmosféricas. Esse risco deve ser analisado separadamente para cada tipo de perda que possa ocorrer na estrutura analisada. A determinação da necessidade de proteção contra descargas atmosféricas deve basear-se, principalmente, na mitigação de perdas de valor social, identificadas como L1, L2 e L3 (ABNT NBR 5419-2:2015).
Para determinar se o uso de um SPDA é necessário, a norma propõe a análise de três tipos principais de risco, que correspondem diretamente às perdas mencionadas. São ele:
a) R1: risco de perdas ou danos permanentes em vidas humanas;
b) R2: risco de perdas de serviços ao público;
c) R3: risco de perdas do patrimônio cultural;
No caso de SPDA, a definição do risco tolerável (RT) é dever da autoridade competente, como órgãos municipais ou o Corpo de Bombeiros. A obrigatoriedade da instalação de um SPDA costuma estar vinculada à legislação local, especialmente às normas estabelecidas por cada município. Quando essas legislações fazem referência à ABNT NBR 5419:2015, é possível que a exigência de implantação do SPDA seja dispensada, desde que seja realizada uma análise de risco técnica e formal, e que o valor do risco obtido seja igual ou inferior aos limites de risco tolerável estipulados pela norma. Essa abordagem visa garantir que a decisão pela instalação do sistema esteja fundamentada em critérios técnicos e quantitativos, assegurando a proteção adequada da edificação e de seus ocupantes.
De acordo com a ABNT NBR 5419-2:2015, a soma dos riscos R1, R2, R3 e R4, associados a uma determinada estrutura, deve ser comparada aos valores de RT estabelecidos pela norma. Se o valor resultante estiver abaixo ou igual ao limite definido para cada tipo de perda, considera-se que a estrutura, nas condições atuais, está adequadamente protegida contra os efeitos de descargas atmosféricas, dispensando a adoção de medidas adicionais. Os limites de risco tolerável são apresentados na Figura 4.
Figura 4: Valores típicos de risco tolerável RT
Fonte: ABNT NBR 5419-2:2015.
O Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) desempenha papel fundamental na proteção de edificações, atuando tanto na preservação estrutural quanto na segurança dos ocupantes. Sua eficácia depende da correta integração com outros sistemas prediais e do rigor técnico aplicado em seu projeto e instalação. Quando dimensionado conforme normas vigentes, o SPDA consegue direcionar a energia de descargas atmosféricas até o solo de maneira controlada, minimizando danos físicos e riscos à vida. A análise de risco é um passo essencial para identificar as exigências específicas de cada construção. Estudos demonstram que a implementação adequada dos subsistemas (captação, descida e aterramento) é indispensável para o funcionamento eficiente do SPDA (Santos, 2019; Santos & Cruz, 2018).
A proteção oferecida pelo SPDA estende-se desde impactos diretos de raios até os efeitos indiretos, como sobretensões induzidas em redes elétricas internas. A utilização de estratégias construtivas, como gaiolas de Faraday e captores tipo Franklin, amplia a cobertura protetora e reforça a integração física do sistema com a estrutura da edificação. Essa abordagem integrada contribui para a redução de pontos vulneráveis e aumenta o nível de segurança global. Além disso, a conformidade com padrões técnicos reconhecidos fortalece a confiabilidade do sistema ao longo do tempo. Pesquisas indicam que a ausência de uma dessas camadas pode comprometer significativamente a proteção prevista (Santos, 2019).
A interação entre o SPDA e os demais sistemas da edificação é crucial para garantir um desempenho funcional e seguro. Quando bem planejada, essa integração não apenas melhora a proteção contra descargas atmosféricas, mas também contribui para a eficiência energética e o conforto ambiental. Soluções de automação predial e monitoramento contínuo podem ser incorporadas ao SPDA, permitindo diagnóstico em tempo real e resposta rápida a alterações no sistema. Esse tipo de abordagem representa uma tendência nas construções modernas, alinhando segurança técnica a avanços tecnológicos. Autores destacam que a sinergia entre diferentes áreas da engenharia potencializa os resultados obtidos (Razmi et al., 2022).
A manutenção periódica do SPDA é um fator determinante para sua efetividade ao longo do tempo. Recomenda-se a realização anual de inspeções visuais e medições elétricas, com o objetivo de verificar a integridade dos condutores e a resistência ôhmica do sistema de aterramento. Intervenções preventivas ajudam a evitar falhas que poderiam colocar em risco a estrutura e seus ocupantes. Fatores como corrosão, má conexão e desgaste por intempéries são frequentemente identificados durante essas avaliações. A falta de manutenção regular pode invalidar a proteção inicialmente projetada, tornando a edificação vulnerável a eventos climáticos adversos (Santos, 2019).
A aplicação do SPDA em ambientes críticos, como escolas, hospitais e centros comerciais, requer atenção especial devido à concentração de pessoas e à necessidade de continuidade operacional. Nesses locais, a combinação entre proteção estrutural e eletrônica se mostra ainda mais relevante, especialmente diante da presença de equipamentos sensíveis e sistemas de emergência. O correto dimensionamento do sistema deve considerar as particularidades de uso e as exigências normativas específicas de cada tipo de edificação. Estudos de caso evidenciam que a falta de planejamento adequado pode resultar em paralisações e danos materiais significativos (Santos & Cruz, 2018).
A padronização técnica e a atualização constante das práticas de instalação são elementos fundamentais para a evolução dos sistemas de proteção. Normas como a NBR 5419 estabelecem critérios claros sobre níveis de proteção, métodos de cálculo e requisitos mínimos de desempenho. Projetos que seguem essas diretrizes tendem a apresentar maior grau de confiabilidade e durabilidade. Além disso, a capacitação técnica dos profissionais envolvidos é essencial para assegurar a qualidade da execução. Investimentos em treinamento e certificação refletem diretamente na eficiência dos sistemas instalados.
A importância do SPDA transcende a simples proteção contra raios, estendendo-se à preservação de vidas, à continuidade de atividades essenciais e à sustentabilidade das construções. Sua correta implementação, aliada a uma gestão integrada com outros sistemas prediais, representa um avanço significativo na área de engenharia civil e elétrica. A conscientização sobre os riscos associados às descargas atmosféricas e a adoção de medidas preventivas são fundamentais para reduzir impactos negativos em ambientes urbanos e rurais. Pesquisas recentes reforçam a necessidade de políticas públicas e incentivos técnicos para disseminar boas práticas de proteção em larga escala.
O planejamento do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) requer uma abordagem técnica e sistemática, envolvendo análise de risco, definição de zonas de proteção e seleção criteriosa dos componentes. Essa etapa é fundamental para assegurar a eficácia do sistema em diferentes condições climáticas e estruturais. A identificação das áreas mais vulneráveis permite direcionar esforços de proteção de forma estratégica, aumentando o nível de segurança global da edificação. Além disso, estudos demonstram que a aplicação de frameworks integrados pode otimizar simultaneamente o desempenho energético e o conforto ambiental, ampliando os benefícios associados ao SPDA (Razmi et al., 2022).
A divisão da estrutura em zonas de proteção constitui uma prática essencial no projeto do SPDA, permitindo uma alocação mais precisa dos componentes do sistema. Esse método facilita a identificação de pontos críticos e a definição de estratégias específicas para cada setor da edificação. A segmentação também contribui para a padronização de critérios técnicos, favorecendo a conformidade com normas vigentes. Projetos bem elaborados incorporam essa abordagem como parte integrante do planejamento inicial da construção. Pesquisas indicam que essa prática reduz significativamente falhas operacionais durante a vida útil do sistema.
A especificação detalhada dos componentes do SPDA é outro fator determinante para sua eficiência. Materiais utilizados nos captores, condutores de descida e sistemas de aterramento devem ser escolhidos com base em suas propriedades elétricas e mecânicas, considerando as condições ambientais locais. A compatibilidade entre os elementos do sistema é crucial para evitar descontinuidades na condução da corrente elétrica. Além disso, a integração com outros sistemas prediais exige planejamento prévio para garantir funcionamento harmônico. Estudos destacam que erros nessa fase podem comprometer toda a proteção prevista (Razmi et al., 2022).
A adoção de metodologias de avaliação e otimização representa um avanço significativo na concepção de sistemas de proteção modernos. Técnicas computacionais e modelos de simulação permitem prever o comportamento do SPDA sob diferentes cenários, possibilitando ajustes antes da instalação. Essa abordagem aumenta a confiabilidade do sistema e reduz custos relacionados a correções posteriores. Além disso, ferramentas integradas podem avaliar simultaneamente aspectos como consumo energético e qualidade do ambiente interno. Autores apontam que essa sinergia entre segurança e eficiência é uma tendência crescente nas construções sustentáveis (Razmi et al., 2022).
A manutenção periódica do SPDA complementa o planejamento inicial, assegurando seu desempenho contínuo ao longo do tempo. Inspeções regulares, medições de resistência de terra e verificação da integridade física dos componentes são práticas recomendadas anualmente. A ausência de manutenção adequada pode levar à degradação dos materiais e à perda de efetividade do sistema. Problemas como corrosão, desconexões e alterações na configuração original são frequentemente identificados durante as avaliações. Portanto, a inclusão de planos de manutenção desde a fase de projeto é uma estratégia eficiente para prolongar a vida útil do SPDA.
A integração do SPDA com outras tecnologias construtivas amplia seus benefícios além da proteção contra descargas atmosféricas. Quando combinado a sistemas de automação predial, monitoramento inteligente e gestão energética, o SPDA pode contribuir indiretamente para a eficiência geral da edificação. Soluções de sensoriamento remoto e diagnóstico em tempo real permitem detectar anomalias e acionar medidas corretivas de forma ágil. Dessa forma, o sistema não apenas protege fisicamente a estrutura, mas também se torna parte ativa de um ambiente construído mais inteligente e seguro. Pesquisas reforçam a importância dessa convergência tecnológica (Razmi et al., 2022).
Em contextos urbanos e industriais, a relevância do SPDA vai além da simples mitigação de danos físicos, influenciando diretamente a continuidade operacional e a segurança das atividades. Edifícios com alto grau de dependência tecnológica, como centros de dados e hospitais, exigem projetos especialmente robustos para preservar equipamentos sensíveis e garantir a integridade das pessoas. O planejamento integrado e a otimização contínua são fundamentais para responder a essas demandas complexas. Investimentos em inovação técnica e atualização normativa refletem na melhoria da qualidade das construções e na redução de riscos associados às descargas atmosféricas.
2.2 Investigar os critérios normativos da NBR 5419 para o dimensionamento e manutenção de SPDA.
A NBR 5419, revisada em 2015, trouxe uma abordagem mais estruturada e detalhada para o gerenciamento de risco associado a descargas atmosféricas em edificações. Dividida em quatro partes distintas, a norma passou a incluir uma seção específica dedicada à análise quantitativa de riscos, a parte 2, que introduziu conceitos fundamentais para a avaliação técnica e a tomada de decisão no projeto de sistemas de proteção (Henrique, 2018). Essa evolução reflete a crescente necessidade de metodologias padronizadas capazes de mensurar e mitigar os impactos decorrentes de raios.
Um dos principais avanços da nova versão da norma foi a introdução do conceito de “zonas de proteção”, permitindo uma análise segmentada das edificações com base na vulnerabilidade de cada área. A classificação dos componentes de risco :R1, R2, R3 e R4, está relacionada aos diferentes tipos de perdas possíveis: L1 (perda de vidas humanas), L2 (perda de serviços essenciais), L3 (perda de patrimônio cultural) e L4 (perda de valor econômico). Esse sistema permite avaliar de forma granular os impactos potenciais e definir níveis adequados de proteção (Henrique, 2018).
O processo de avaliação de risco conforme a NBR 5419-2:2015 envolve várias etapas técnicas, iniciando pela identificação das zonas de proteção dentro da estrutura. Posteriormente, são calculados os componentes de risco correspondentes a cada tipo de perda. Os valores obtidos são comparados com limites estabelecidos de tolerância, indicando se as medidas protetoras previstas são suficientes ou se ajustes são necessários (Henrique, 2018; De Araujo, 2019). Essa metodologia objetiva alinhar o nível de proteção oferecido pelo SPDA às exigências reais da edificação e ao contexto ambiental.
Para auxiliar no dimensionamento e na análise do SPDA, a norma recomenda o uso de métodos matemáticos consagrados, como o da Esfera Rolante e o do Ângulo, que permitem traçar zonas de proteção com maior precisão. Além disso, destaca-se a importância do apoio de ferramentas computacionais na simulação e otimização do sistema, facilitando cálculos complexos e aumentando a confiabilidade do projeto (De Araujo, 2019). Esses recursos tecnológicos contribuem para a eficiência e a conformidade com os requisitos normativos.
No projeto e instalação de Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), é fundamental considerar as particularidades de cada tipo de edificação. Fatores como altura, localização geográfica, uso funcional e características construtivas influenciam diretamente nos critérios de projeto. Edifícios comerciais, por exemplo, apresentam redes elétricas complexas, exigindo planejamento cuidadoso para evitar sobretensões e garantir a continuidade operacional (Zhang et al., 2020). A análise prévia dessas variáveis melhora a aderência do SPDA às demandas específicas de cada construção.
A resistividade do solo constitui um parâmetro técnico crítico no dimensionamento do sistema de aterramento, pois afeta diretamente a dissipação da corrente elétrica no subsolo. Ensaios geofísicos devem ser realizados para determinar essa propriedade e projetar os eletrodos de terra de maneira adequada. Uma análise imprecisa pode levar a falhas no desempenho do SPDA, comprometendo sua eficácia e segurança (Zhang et al., 2020). Portanto, esse aspecto deve ser tratado com atenção desde as fases iniciais do projeto.
A equipotencialização e a instalação de Dispositivos de Proteção contra Surto (DPS) são elementos-chave na proteção de circuitos elétricos e equipamentos sensíveis. A posição estratégica desses dispositivos influencia diretamente na mitigação de tensões induzidas pelas descargas atmosféricas. Recomenda-se a colocação dos DPS em pontos críticos, como quadros de distribuição e entradas de energia, visando proteger tanto os sistemas principais quanto os secundários (Zhang et al., 2020). Quando bem implementados, esses recursos ampliam significativamente a segurança e a vida útil dos equipamentos eletrônicos instalados.
Edificações com estrutura em grade, como prédios comerciais, exigem análise detalhada dos circuitos elétricos principais e secundários para assegurar a correta distribuição das correntes provenientes de descargas atmosféricas. A complexidade dessas instalações demanda planejamento cuidadoso no projeto do SPDA, visando evitar pontos de sobrecarga e garantir a proteção eficiente da infraestrutura elétrica. A integração entre os componentes do sistema deve ser priorizada para manter a continuidade operacional e reduzir riscos de falhas. Pesquisas destacam que esse tipo de abordagem é essencial para preservar equipamentos sensíveis e assegurar a segurança dos ocupantes (Zhang et al., 2020).
Em construções subterrâneas ou com áreas técnicas especializadas, o projeto do SPDA deve considerar requisitos adicionais relacionados ao monitoramento contínuo e à interligação com sistemas de automação predial. Essas características exigem soluções personalizadas que garantam tanto a proteção física quanto a funcionalidade integrada dos equipamentos instalados. A ausência de uma estratégia específica pode comprometer a eficiência energética e aumentar a vulnerabilidade a sobretensões induzidas. Autores apontam que a compatibilidade entre o SPDA e outras tecnologias construtivas é crucial para otimizar desempenho e segurança (Decorte et al., 2024).
O projeto do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas deve ser conduzido por profissionais qualificados, seguindo rigorosamente normas técnicas vigentes. O uso de ferramentas de simulação computacional auxilia na previsão do comportamento do sistema sob diferentes condições climáticas e operacionais. Esse tipo de abordagem permite identificar possíveis falhas antes da implantação e otimizar a disposição dos componentes do SPDA. Estudos reforçam a importância de um projeto bem fundamentado para assegurar a longevidade e a eficácia do sistema ao longo do tempo (Zhang et al., 2020).
A manutenção periódica constitui um aspecto fundamental para garantir o funcionamento contínuo do SPDA. Recomenda-se a realização anual de inspeções completas, incluindo medições de resistência ôhmica, testes de continuidade e avaliação visual dos componentes. Intervenções preventivas ajudam a identificar problemas como corrosão, má conexão ou danos causados por intempéries. A falta de manutenção regular pode levar à degradação progressiva do sistema e aumentar o risco de falhas em situações críticas (Zhang et al., 2020).
As inspeções do SPDA devem seguir critérios estabelecidos pelas normas técnicas, verificando a integridade física dos captores, condutores de descida e elementos de aterramento. A análise das conexões é especialmente relevante, pois falhas nesses pontos podem comprometer a condução segura da corrente elétrica. Em ambientes escolares, estudos demonstraram que medições regulares da resistência do sistema de aterramento revelam valores próximos a zero ohm, indicando bom desempenho e conformidade técnica (Santos, 2019).
Os ensaios elétricos são indispensáveis para validar o desempenho do SPDA e confirmar sua aderência aos padrões de segurança exigidos. Medições de continuidade e resistência de terra permitem avaliar a efetividade do sistema na dissipação da energia proveniente de descargas atmosféricas. Resultados fora dos limites aceitáveis sinalizam a necessidade de ajustes imediatos, evitando riscos potenciais. A aplicação sistemática desses testes contribui para a confiabilidade e a durabilidade do sistema ao longo de sua vida útil (Santos, 2019).
A conformidade com as normas técnicas durante as etapas de inspeção, ensaio e manutenção é essencial para assegurar a proteção integral da edificação e seus ocupantes. Normativas como a NBR 5419 estabelecem diretrizes claras sobre os procedimentos mínimos a serem seguidos, promovendo padronização e qualidade nos serviços executados. Projetos e instalações que ignoram essas diretrizes estão mais suscetíveis a falhas e consequências graves em caso de descargas atmosféricas. Investimentos em treinamento técnico e atualização constante refletem diretamente na eficiência e segurança dos sistemas implementados (Santos, 2019).
A documentação técnica associada ao Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) constitui elemento essencial para assegurar a conformidade com normas vigentes, a rastreabilidade dos procedimentos realizados e a responsabilidade legal dos profissionais envolvidos. Esses registros devem conter informações detalhadas sobre projeto, execução, inspeções, ensaios e manutenção do sistema. A ausência ou imprecisão na documentação pode acarretar em dificuldades na verificação da eficácia do SPDA e na defesa jurídica dos responsáveis técnicos em situações de falha ou acidente. Estudos destacam que a organização e o armazenamento adequado desses documentos são práticas indispensáveis para garantir transparência e segurança no ciclo de vida do sistema (Bauer, 1995; Ala et al., 2020).
Os documentos técnicos exigidos incluem plantas baixas com layout do SPDA, memorial descritivo, especificações dos materiais utilizados, laudos de medições elétricas e relatórios de inspeção periódica. Além disso, é necessário manter registros atualizados das intervenções realizadas, como manutenções corretivas e preventivas. Essa documentação serve como base para auditorias técnicas, fiscalizações e análises pós-evento em caso de incidentes relacionados a descargas atmosféricas. Autores ressaltam que a ausência de registros fidedignos pode comprometer a validade jurídica da implantação do sistema e aumentar a exposição a responsabilidades civis (Ala et al., 2020; Smith & Shirk, 1996).
Profissionais envolvidos no projeto, instalação e manutenção do SPDA possuem responsabilidade legal por todas as etapas sob sua supervisão. Eles devem atuar em conformidade com as normas técnicas aplicáveis, garantindo a precisão dos cálculos, a qualidade dos materiais empregados e a efetividade das medidas protetoras adotadas. Qualquer falha nesses aspectos, seja por negligência ou desconhecimento técnico, pode resultar em responsabilização civil e penal em situações que envolvam danos a pessoas ou patrimônios. Pesquisas indicam que a omissão de informações relevantes na documentação técnica é considerada uma infração grave, passível de sanções regulatórias e processos legais (Smarż, 2024; Sorkheh, 2024).
A atuação dos engenheiros e técnicos deve ser respaldada por formação adequada e registro nos conselhos profissionais competentes, como o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA). Esses órgãos fiscalizam a conduta dos profissionais e podem aplicar advertências, multas ou até mesmo suspender o exercício profissional em casos de irregularidades. A documentação técnica elaborada deve refletir fielmente os padrões exigidos pelas normas técnicas e servir como comprovação da diligência e do cumprimento das boas práticas de engenharia. Esse controle é fundamental para preservar a credibilidade profissional e evitar implicações legais (Caher, 1995; Bauer, 1995).
A manutenção de uma documentação completa e atualizada é um componente estratégico na gestão de projetos de engenharia, especialmente em sistemas críticos como o SPDA. Além de assegurar a eficiência operacional do sistema, ela representa um instrumento de prevenção de litígios e de mitigação de riscos jurídicos. Profissionais que adotam uma abordagem rigorosa na elaboração e arquivamento de documentos técnicos fortalecem sua posição perante clientes, fiscalizadores e tribunais. Portanto, a integração entre competência técnica e responsabilidade documental é essencial para a excelência e a sustentabilidade dos serviços prestados.
2.3 Casos reais de edificações críticas com e sem SPDA, destacando os riscos e consequências envolvidos.
Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) e dispositivos de proteção contra surtos (DPS) desempenham papel essencial na operação segura de hospitais e centros de saúde, ambientes altamente dependentes de sistemas elétricos complexos e sensíveis. A presença desses sistemas é indispensável para prevenir interrupções no fornecimento de energia e garantir a continuidade dos serviços médicos, especialmente em situações críticas que envolvem equipamentos vitais e pacientes em condições delicadas. Normas técnicas internacionais reconhecem a relevância do SPDA nesses contextos, destacando sua contribuição para a segurança hospitalar e o cumprimento de requisitos regulatórios (Cole & Tiesi, 2009).
A instalação de SPDA em estabelecimentos de saúde segue diretrizes rigorosas estabelecidas por organizações como a National Fire Protection Association (NFPA) e o Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE). Essas normas recomendam a segmentação dos circuitos elétricos em normais, essenciais e de emergência, visando assegurar a operacionalidade contínua dos equipamentos críticos mesmo sob condições adversas, como descargas atmosféricas ou picos de tensão. A conformidade com essas exigências técnicas é fator determinante para a proteção dos usuários e a manutenção da infraestrutura hospitalar (Cole & Tiesi, 2009).
Embora não existam registros detalhados de casos específicos de hospitais com SPDA plenamente funcionais, a literatura técnica indica benefícios significativos associados à correta implementação desses sistemas. Entre eles, destaca-se a redução dos riscos de falhas em equipamentos médicos, a preservação da integridade dos circuitos elétricos e o aumento da confiabilidade nos ambientes de atendimento médico. Além disso, a aplicação rigorosa das normas facilita o cumprimento de obrigações legais e promove maior segurança tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde (Cole & Tiesi, 2009).
A diversidade arquitetônica e funcional dos estabelecimentos de saúde apresenta desafios adicionais na aplicação do SPDA, exigindo soluções adaptadas às particularidades de cada instalação. Desde grandes complexos hospitalares até unidades menores, o planejamento deve considerar as diferentes demandas energéticas e priorizar a proteção de áreas estratégicas, como salas cirúrgicas, unidades de terapia intensiva e centros de diagnóstico. Autores enfatizam a importância da segmentação adequada dos sistemas e da realização periódica de inspeções e manutenções preventivas para assegurar o desempenho eficiente do SPDA (Cole & Tiesi, 2009).
Apesar da ausência de estudos de caso documentados sobre hospitais com SPDA perfeitamente operantes, a base teórica disponível reforça a relevância crítica desses sistemas na proteção estrutural e funcional de ambientes de saúde. A aderência a padrões técnicos reconhecidos, aliada à gestão proativa da manutenção, emerge como fator fundamental para a eficácia do SPDA. Investir em projetos bem elaborados e em práticas regulares de verificação contribui diretamente para a segurança dos ocupantes e a continuidade dos serviços essenciais nas unidades de saúde.
A ausência ou funcionamento inadequado do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) em edifícios pode levar a falhas estruturais e operacionais com impactos significativos na segurança e na funcionalidade das instalações. Esses problemas muitas vezes se manifestam como danos físicos, interrupções no fornecimento de energia e comprometimento da integridade dos ocupantes. A análise dessas falhas é uma ferramenta essencial para identificar as causas subjacentes, mapear vulnerabilidades e estabelecer estratégias de mitigação eficazes. Estudos indicam que erros relacionados ao projeto, execução ou manutenção insuficiente são fatores frequentemente associados a desempenho deficiente (Borgstein et al., 2018).
As causas mais comuns de falha em edificações incluem deficiências no planejamento técnico, escolha inadequada de materiais, falhas na instalação e falta de manutenção sistemática. Esses fatores podem resultar em sobretensões, descargas indesejadas e até mesmo incêndios, afetando tanto a estrutura quanto os sistemas elétricos internos. Pesquisas revelam que a maioria dos incidentes está vinculada a práticas de operação e manutenção deficientes, especialmente em edifícios de pequeno e médio porte. A recorrência desses modos de falha indica a necessidade de procedimentos padronizados e capacitação técnica contínua para melhorar a gestão predial (Borgstein et al., 2018).
A utilização de metodologias sistemáticas, como a Análise de Modos e Efeitos de Falha (FMEA) e a Análise de Árvore de Falhas (FTA), demonstra-se crucial para identificar e priorizar os riscos mais críticos em sistemas prediais. Essas técnicas permitem avaliar formalmente o cumprimento de requisitos técnicos e transformar os resultados em ações corretivas concretas. Sua aplicação facilita a detecção precoce de falhas potenciais, aumentando a capacidade de resposta preventiva. Autores destacam que a combinação dessas abordagens melhora a robustez dos sistemas e contribui para a segurança global da edificação (Chen et al., 2017; Huang et al., 2020; Peeters et al., 2018).
A falta de proteção adequada contra descargas atmosféricas também pode desencadear falhas progressivas, levando ao colapso parcial ou total de estruturas em situações extremas. Estudos sobre eventos reais mostram que a ausência de mecanismos de redistribuição de cargas e segmentação estrutural agrava os danos, reduzindo a resiliência do edifício. A análise detalhada desses colapsos revela a importância de projetos que incorporem redundâncias e sistemas de contenção, limitando a propagação de falhas e aumentando a capacidade de resposta ante condições adversas (Buitrago et al., 2024; Halvonik et al., 2021).
Para mitigar os riscos associados à ausência ou ineficiência do SPDA, recomenda-se a implementação de protocolos rigorosos de operação e manutenção preventiva. Além disso, a adoção de metodologias estruturadas de análise de falhas, treinamento técnico contínuo e uso de checklists automatizadas pode melhorar substancialmente a gestão predial. Investir na modernização de sistemas antigos e na aplicação de automações inteligentes é fundamental para elevar o nível de proteção em edifícios novos e existentes. Essas ações representam passos decisivos rumo à melhoria da segurança e da durabilidade das construções.
As descargas atmosféricas apresentam riscos consideráveis para infraestruturas críticas, como sistemas de energia, transporte, saneamento e instalações industriais, provocando impactos econômicos e sociais significativos. A exposição dessas estruturas a eventos climáticos extremos aumenta a vulnerabilidade dos serviços essenciais, comprometendo a operacionalidade e gerando custos elevados com reparos e substituições. Estudos demonstram que os danos diretos causados por raios afetam tanto equipamentos quanto a integridade física das instalações, exigindo intervenções frequentes para restaurar o funcionamento adequado (Forzieri et al., 2016; Mello et al., 2022).
Uma das consequências mais relevantes é a interrupção de serviços essenciais, como fornecimento de energia elétrica e distribuição de água tratada, resultando em paralisações que afetam múltiplos setores da economia. Indústrias dependentes de fornecimento contínuo de energia e transportes sujeitos a falhas em redes elétricas sofrem prejuízos diretos e indiretos, muitas vezes difíceis de mensurar. Além disso, a falta de continuidade operacional pode impactar negativamente comunidades inteiras, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas. Autores destacam que essas interrupções amplificam os custos sociais e econômicos associados aos eventos climáticos (Hughes et al., 2020; Mello et al., 2022).
O aumento da frequência e intensidade de descargas atmosféricas tem impulsionado o crescimento dos custos relacionados a seguros e adaptações estruturais, particularmente em regiões geográficas mais propensas a eventos climáticos adversos. Regiões como o sul e sudeste da Europa já evidenciam tendências de maior investimento em medidas protetoras e reajustes tarifários. Esse contexto reflete a necessidade de planejamento estratégico para mitigar os riscos futuros e reduzir a exposição financeira decorrente de danos recorrentes (Forzieri et al., 2016).
Entre os setores mais afetados economicamente, destacam-se a indústria, o transporte e a geração de energia, cuja dependência de infraestrutura elétrica sensível torna-os particularmente vulneráveis. Projeções indicam que os danos potenciais podem aumentar até dez vezes até o final do século se não forem implementadas ações preventivas eficazes. Esse cenário reforça a importância de políticas públicas e investimentos privados voltados à modernização e ao reforço das estruturas existentes. Pesquisas apontam que a antecipação de riscos e a aplicação de tecnologias de proteção são fundamentais para minimizar perdas (Forzieri et al., 2016).
A mitigação dos impactos econômicos e sociais das descargas atmosféricas exige abordagens integradas que combinem planejamento técnico, atualização normativa e conscientização institucional. Investir em sistemas de proteção eficazes, como SPDA e dispositivos contra surtos, representa uma estratégia crucial para reduzir danos e promover maior resiliência das infraestruturas críticas. A incorporação de análises de risco no planejamento urbano e industrial contribui diretamente para a sustentabilidade e segurança a longo prazo.
As descargas atmosféricas podem gerar impactos diretos na saúde e segurança da população, especialmente quando afetam sistemas essenciais como abastecimento de água, saneamento básico e distribuição de energia elétrica. A interrupção desses serviços aumenta o risco de surtos de doenças, acidentes domésticos e comprometimento do atendimento médico em unidades de saúde. Comunidades dependentes de infraestrutura limitada são particularmente vulneráveis a esses efeitos, enfrentando maiores dificuldades para restabelecer condições básicas de vida após eventos climáticos extremos (Hughes et al., 2020; Mello et al., 2022).
A distribuição dos danos causados por descargas atmosféricas revela padrões desiguais, com maior incidência em regiões de menor desenvolvimento socioeconômico e menor capacidade de resposta institucional. Populações em áreas rurais ou com acesso restrito a recursos técnicos e financeiros enfrentam maiores dificuldades para prevenir e recuperar-se de impactos decorrentes de falhas em infraestruturas críticas. Essa disparidade amplia desigualdades existentes e reforça a necessidade de políticas públicas específicas que priorizem a proteção das comunidades mais vulneráveis (Forzieri et al., 2016; Hughes et al., 2020).
Eventos recorrentes de danos associados a descargas atmosféricas também podem deflagrar tensões entre gestores de infraestrutura e as populações afetadas, especialmente quando ausentes planos claros de prevenção, mitigação e compensação. A falta de transparência nas ações de recuperação e a insuficiência de respostas rápidas tendem a intensificar a desconfiança pública e gerar conflitos socioambientais. Esse cenário é agravado em contextos onde os mecanismos legais e institucionais não garantem uma gestão eficiente de crises (Mello et al., 2022).
Certos grupos sociais, como comunidades indígenas e populações tradicionais, enfrentam impactos diferenciados, muitas vezes envolvendo perdas culturais além dos danos materiais. A degradação ambiental e a interrupção de serviços essenciais podem afetar modos de vida baseados na relação com o território e práticas culturais específicas. Nesses casos, os efeitos das descargas atmosféricas ultrapassam o âmbito econômico, atingindo dimensões simbólicas e identitárias fundamentais à coesão social dessas comunidades (Hughes et al., 2020).
A complexidade dos impactos sociais associados às descargas atmosféricas exige abordagens integradas de planejamento urbano, gestão de riscos e justiça ambiental. Investimentos em infraestrutura resiliente, atualização de normas técnicas e promoção de estratégias participativas são fundamentais para reduzir a exposição das populações vulneráveis. A incorporação desses fatores em avaliações de risco e políticas públicas fortalece a capacidade coletiva de adaptação e proteção frente ao aumento da frequência de eventos climáticos extremos.
3. METODOLOGIA
A metodologia adotada para este estudo é de caráter qualitativo e exploratório, com base exclusivamente em uma pesquisa bibliográfica, cujo objetivo foi reunir, analisar e interpretar informações teóricas sobre a importância do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) na segurança de edificações e infraestruturas críticas. A pesquisa foi desenvolvida por meio da consulta a livros técnicos, artigos científicos, normas técnicas (com ênfase na NBR 5419), dissertações, teses, manuais e publicações institucionais que tratam do tema.
O processo de levantamento de dados ocorreu entre os meses de [inserir mês] e [inserir mês], utilizando bases de dados acadêmicas como Google Acadêmico, Scielo, Periódicos CAPES e repositórios digitais de universidades, além de normas técnicas da ABNT e documentos técnicos de órgãos reguladores. As palavras-chave utilizadas nas buscas foram: SPDA, sistema de proteção contra descargas atmosféricas, segurança elétrica, NBR 5419, riscos elétricos em edificações, infraestruturas críticas e descargas atmosféricas.
Para garantir a qualidade e a relevância do material analisado, foram definidos critérios de inclusão e exclusão. Os critérios de inclusão abrangeram materiais publicados nos últimos 10 anos, escritos em português, inglês ou espanhol, e que abordassem diretamente aspectos técnicos, normativos ou aplicados do SPDA em edificações. Já os critérios de exclusão envolveram documentos sem fundamentação científica, conteúdos opinativos ou fontes que não apresentassem relação direta com o tema central da pesquisa.
O tratamento dos dados coletados ocorreu por meio da leitura, análise crítica e categorização do conteúdo segundo os objetivos específicos do trabalho. As informações relevantes foram organizadas em tópicos temáticos que permitiram compreender o funcionamento do SPDA, os parâmetros normativos exigidos para sua implementação e estudos de caso que demonstram sua aplicação prática em ambientes reais. Essa abordagem metodológica permitiu aprofundar a compreensão teórica sobre a eficácia dos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas e sua relevância para a segurança de estruturas críticas.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise dos impactos das descargas atmosféricas em infraestruturas críticas revela a complexidade dos riscos enfrentados por sistemas essenciais, como energia elétrica, transporte e saneamento. Esses eventos climáticos extremos podem causar falhas severas, comprometendo tanto o funcionamento operacional quanto a segurança estrutural dessas instalações. A ausência de medidas preventivas eficazes amplia os danos diretos, resultando em custos elevados com reparos e substituições de equipamentos afetados (Forzieri et al., 2016; Mello et al., 2022).
Além dos prejuízos econômicos imediatos, as interrupções decorrentes de descargas atmosféricas geram impactos indiretos significativos, especialmente na continuidade de serviços essenciais. Falhas em redes elétricas podem paralisar hospitais, estações de tratamento de água e sistemas de transporte urbano, afetando milhares de pessoas simultaneamente. Esse tipo de evento evidencia a interdependência entre infraestrutura crítica e bem-estar social (Hughes et al., 2020; Mello et al., 2022).
Nesse contexto, a NBR 5419, norma técnica brasileira que regula a proteção contra descargas atmosféricas, surge como instrumento fundamental para mitigar os riscos e proteger essas estruturas. A norma fornece orientações técnicas que norteiam tanto o projeto quanto a manutenção dos sistemas de proteção contra raios, contribuindo diretamente para a integridade física de edificações e para a continuidade de serviços essenciais. Ao classificar diferentes tipos de perdas associadas às descargas, como ilustrado na Figura 5, a norma reforça a importância de abordagens preventivas em setores estratégicos, como energia e transporte (ABNT NBR 5419-1:2015).
Figura 5: Tipos de perdas e riscos correspondentes que resultam de diferentes tipos de danos.
Fonte: ABNT NBR 5419-1:2015.
Outro conceito normativo relevante é a definição de zonas de proteção, que delimita as áreas mais vulneráveis ao impacto de raios e orienta a adoção de medidas específicas de blindagem e aterramento. A Figura 6 demonstra como essas zonas são distribuídas ao redor de uma estrutura protegida, auxiliando na prevenção de surtos e falhas em sistemas internos sensíveis, como equipamentos eletrônicos industriais ou hospitalares (ABNT NBR 54191:2015).
Figura 6: Zonas de proteção contra descargas atmosféricas (ZPR).

Fonte: ABNT NBR 5419-1:2015.
A aplicação consistente das recomendações da ABNT NBR 5419:2015 permite reduzir significativamente os impactos diretos e indiretos das descargas atmosféricas, promovendo maior resiliência em áreas historicamente mais afetadas por eventos extremos. Essa abordagem técnica torna-se ainda mais relevante frente ao aumento da frequência de tempestades, intensificado pelas mudanças climáticas. Assim, a adoção da norma se configura não apenas como uma exigência técnica, mas como uma medida estratégica de adaptação e segurança pública.
A vulnerabilidade socioeconômica diante desses eventos é desigualmente distribuída, atingindo de forma mais intensa comunidades com menor capacidade de adaptação e resposta. Regiões urbanas periféricas e áreas rurais frequentemente enfrentam maiores dificuldades para restabelecer a normalidade após danos causados por raios, exacerbando desigualdades já existentes (Forzieri et al., 2016; Hughes et al., 2020).
O aumento da frequência e intensidade de tempestades associadas às mudanças climáticas amplifica a pressão sobre as infraestruturas existentes. Estudos apontam que, sem investimentos em adaptação e resiliência, os custos relacionados a seguros, manutenção e recuperação tendem a crescer exponencialmente, especialmente em regiões historicamente mais expostas a fenômenos climáticos adversos (Forzieri et al., 2016).
Setores estratégicos como energia, transporte e indústria são particularmente sensíveis aos efeitos das descargas atmosféricas, dada sua dependência de sistemas elétricos e eletrônicos. Danos nesses setores podem gerar perdas bilionárias, além de colocar em risco a segurança de trabalhadores e usuários. Projeções indicam que os impactos econômicos podem aumentar até dez vezes até o final do século se não forem adotadas estratégias de mitigação adequadas (Forzieri et al., 2016).
A falta de planejamento e gestão eficiente frente a esses riscos também pode gerar conflitos sociais, especialmente quando populações afetadas percebem insuficiência nas ações de recuperação ou compensação. Empresas e órgãos responsáveis pela manutenção de infraestrutura precisam incorporar critérios de transparência e responsabilidade social em suas estratégias de resposta (Mello et al., 2022).
Populações tradicionais e comunidades indígenas enfrentam consequências específicas, muitas vezes ligadas à perda de acesso a recursos naturais e à degradação ambiental. A interrupção de serviços básicos pode afetar modos de vida centenários e valores culturais intrinsecamente ligados ao território, tornando esses grupos ainda mais vulneráveis (Hughes et al., 2020).
A implementação de Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) e dispositivos de proteção contra surtos (DPS) emerge como uma estratégia fundamental para reduzir os danos físicos e operacionais. Investir em sistemas protetores eficazes significa aumentar a resiliência das infraestruturas críticas e minimizar interrupções nos serviços essenciais (Hughes et al., 2020; Mello et al., 2022).
Políticas públicas devem integrar esses riscos em planejamentos urbanos e ambientais, promovendo atualizações normativas e incentivos técnicos para a modernização da infraestrutura. Além disso, a educação e conscientização institucional são fundamentais para garantir a aplicação correta de padrões de proteção e a manutenção periódica dos sistemas instalados.
Portanto, a discussão sobre os impactos econômicos e sociais das descargas atmosféricas demonstra a necessidade urgente de abordagens multidisciplinares e integradas. Planejamento técnico, justiça ambiental e políticas de adaptação climática devem caminhar juntos para construir cidades e infraestruturas mais resilientes, capazes de suportar os desafios do futuro próximo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na revisão bibliográfica realizada, conclui-se que o Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) é essencial para garantir a segurança de edificações e infraestruturas críticas, contribuindo diretamente para a preservação de vidas humanas, a integridade estrutural dos edifícios e a continuidade dos serviços essenciais neles desenvolvidos. A pesquisa evidenciou que, quando projetado, instalado e mantido conforme os critérios estabelecidos pela norma NBR 5419, o SPDA é capaz de minimizar significativamente os riscos relacionados a descargas atmosféricas, demonstrando sua eficácia tanto na prevenção de danos materiais quanto na mitigação de impactos operacionais e sociais.
A pergunta-problema proposta – sobre como a correta implementação e manutenção do SPDA contribui para a segurança de edificações e infraestruturas críticas – foi plenamente respondida à luz dos dados obtidos na literatura técnica e científica. Além disso, todos os objetivos específicos foram contemplados: foi possível compreender o funcionamento e os componentes do SPDA, analisar os critérios normativos da NBR 5419 aplicados ao seu dimensionamento e manutenção, e avaliar estudos de caso que comprovam sua relevância em ambientes reais.
Como sugestão para trabalhos futuros, recomenda-se a realização de estudos de campo que envolvam a análise prática de instalações de SPDA em diferentes tipos de edificações, bem como o desenvolvimento de diagnósticos técnicos sobre a eficácia dos sistemas implantados.
Outra possibilidade é a investigação do uso de novas tecnologias e materiais que possam aumentar a eficiência e a sustentabilidade dos sistemas de proteção contra descargas atmosféricas. Também se mostra relevante a criação de estratégias de conscientização e formação técnica de profissionais da área da engenharia elétrica sobre a importância da manutenção contínua desses sistemas.
REFERÊNCIAS
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