A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA GESTÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6632275


Autora:
Ana Paula Mota Castro1
Orientador:
Prof. Me. Patrício Francisco da Silva2.

RESUMO

A farmácia hospitalar presta atividades técnicas e de gestão de medicamentos dentro do âmbito hospitalar, por este motivo é indispensável a presença do farmacêutico dentro da farmácia hospitalar, já que é ele o profissional responsável pelo medicamento que presta assistência farmacêutica aos pacientes, como também para profissionais do hospital. O objetivo da pesquisa foi descrever rotinas e processos realizados dentro da farmácia hospitalar, identificar as competências necessárias no processo de gestão da farmácia dos hospitais, e demonstrar as habilidades do profissional farmacêutico no ambiente hospitalar. Tendo como metodologia uma pesquisa bibliográfica qualitativa, com base em artigos selecionados e mais recentes. Foram utilizadas as seguintes bases de dados para realizar a pesquisa, Mediline, via Pubmed e Scielo. Os resultados encontrados foram que a formação em farmácia garante ao gestor maior afinidade com os processos considerados essenciais para o funcionamento da farmácia hospitalar. Assim, conclui-se que, o profissional farmacêutico possui competência de grande importância para as atividades de gestão da farmácia hospitalar.

Palavras-chave: Gestão farmacêutica. Farmácia hospitalar.

ABSTRACT

The hospital pharmacy provides technical and medication management activities within the hospital environment, the presence of the pharmacist within the hospital pharmacy is essential since he is the professional responsible for the medication and provides pharmaceutical assistance to patients as well as to hospital professionals. The objective of the research was to describe routines and processes carried out within the hospital pharmacy, identify the necessary skills in the hospital pharmacy management process, and demonstrate the skills of the pharmacist in the hospital environment. Having as methodology a qualitative bibliographic research, based on selected and most recent articles. The following databases were used to carry out research, such as Mediline, via Pubmed and Scielo. The results found were that training in pharmacy guarantees the manager greater affinity with the processes considered essential for the operation of the hospital pharmacy. Thus, it is concluded that the pharmaceutical professional has competence of great importance for the management activities of the hospital pharmacy.

  • Keywords: Pharmaceutical management. Hospital pharmacy.

1 INTRODUÇÃO

É indiscutível que a farmácia hospitalar é fundamental nos processos de promoção da saúde nos hospitais. Diante do exposto, surge o seguinte questionamento: Como a presença de um profissional farmacêutico à frente da gestão da farmácia hospitalar pode contribuir para um funcionamento mais assertivo do setor?

Na intenção de responder a esse questionamento, delinearam-se os seguintes objetivos de pesquisa; como objetivo geral pretende-se demonstrar a importância do profissional farmacêutico na gestão da farmácia hospitalar. Mas para ter uma resposta eficiente delinearam-se os seguintes objetivos específicos: Descrever rotinas e processos realizados dentro da farmácia hospitalar. Identificar as competências necessárias no processo de gestão da farmácia hospitalar. E demonstrar as habilidades do profissional farmacêutico no ambiente hospitalar.

O estudo apresenta os resultados da pesquisa bibliográfica que busca compreender como a presença do profissional de farmácia na gestão da farmácia hospitalar pode contribuir para a otimização do serviço fornecido pela unidade clínica, tendo em vista colaborar para um maior entendimento do assunto em questão.

Para a construção do presente trabalho será realizada uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo e exploratório, com a investigação de documentos já produzidos e publicados, como livros e teses que estão disponibilizados de forma virtual. Após o levantamento das obras, pretende-se realizar o estudo e a análise das mesmas a fim de explicar teorias que ajudem a entender como a farmácia hospitalar funciona no desenvolvimento de atividades de promoção da saúde, e quais os benefícios pode-se obter quando o profissional responsável pela gestão desse setor possui a formação em farmácia, uma vez que a formação em farmácia garante ao profissional maior afinidade com os processos considerados essenciais para o funcionamento da farmácia hospitalar.

Dentro do hospital existem diversas unidades clínicas, dentre elas está a farmácia hospitalar, que presta assistência técnica e administrativa de medicamentos dentro do hospital, com a concentração de atividades de grande importância para o funcionamento e manutenção de rotinas hospitalares, como por exemplo: seleção, aquisição, armazenamento e dispensação de medicamentos.

Neste espaço a presença de um farmacêutico é fundamental, uma vez que o profissional de farmácia possui a capacitação adequada para desempenhar as atividades relacionadas à assistência farmacêutica e para orientar pacientes e demais profissionais do hospital quanto ao uso seguro e racional dos medicamentos, sendo também responsável por avaliar e prevenir possíveis erros com fármacos. Contribuindo, desta forma, para uma redução do uso indiscriminado de medicamentos.

O Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio da resolução nº 492, de 26 de novembro de 2008, regulamentou o exercício profissional da categoria no atendimento e gestão da farmácia hospitalar, tornado indispensável a atuação de um profissional farmacêutico na administração desses processos.

O CFE, através da Resolução Nº 568, também define Farmácia Hospitalar como “unidade clínico-administrativa, onde processam atividades relacionadas à assistência farmacêutica, dirigida exclusivamente por Farmacêutico, compondo a estrutura organizacional do hospital e integrada funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente.” Tornando, assim, obrigatório o envolvimento de um profissional farmacêutico na composição das equipes multiprofissionais hospitalares.

O serviço de organização e administração da farmácia hospitalar deve estar em conformidade com a gestão de sua unidade, tanto estrutural como em seu modelo. Atuando de forma que possa garantir a logística necessária, bem como o fornecimento de materiais, medicamentos e os demais elementos indispensáveis ao funcionamento da unidade hospitalar. Garantindo, dessa forma, uma melhor gestão dos recursos.

Por isso, o farmacêutico hospitalar é que deve gerenciar esse serviço, sendo a equipe multidisciplinar, capaz de abranger todas as demais áreas do hospital, de forma interdisciplinar. Além do mais, o profissional de farmácia, no ambiente hospitalar, possui competência para atuar na coordenação técnica, na dispensação racional, na padronização, no atendimento farmacêutico aos pacientes. Além disso, compete ao farmacêutico participar de processos de qualificação e certificação e representar o a farmácia nas reuniões e comissões do hospital.

Sendo assim, o farmacêutico hospitalar deve implementar um sistema de gestão que tenha foco na organização, capacitação da equipe, comunicação entre as equipes multiprofissionais, e na correta dispensação de medicamento, com o intuito de atender a todos os pacientes de forma eficaz e afim de evitar erros nesse processo, tendo como resultado o alcance da promoção da saúde neste ambiente hospitalar.

Partindo dessas premissas, destacamos a importância do profissional farmacêutico, na atuação da gestão administrativa na farmácia hospitalar, pois o mesmo pode minimizar o uso indiscriminado do medicamento, implementar novas ideias com o comitê do hospital, trazendo uma abordagem farmacológica que visa diminuir os custos, melhorar os benefícios e bem-estar dos pacientes através da assistência farmacêutica.

Contudo, é pretendido com o presente trabalho fazer uma descrição das rotinas e processos realizados de forma cotidiana dentro da farmácia hospitalar, identificando as competências necessárias no processo de gestão da farmácia e demonstrar as habilidades que o profissional farmacêutico possui no âmbito hospitalar. Com isso, espera esclarecer que o profissional farmacêutico possui formação, habilidades e competências necessárias para atuar gerindo a farmácia hospitalar e que essa gestão, quando atuada por um profissional da área traz muitos benefícios para o setor.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O Ministério da Saúde define hospital como: Parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente. (BRASIL, 1977 apud. FONTES, 2005).

A farmácia hospitalar é um setor do hospital onde envolve atividades administrativas e econômicas, gerenciada por um profissional farmacêutico ligado diretamente ao hospital, podendo ser ela pública ou privada. (MORAIS; SILVA, 2015 apud. CARVALHO, 2017)

O serviço hospitalar possui um funcionamento com várias funções, entre uma delas é o serviço de farmácia hospitalar. O conselho federal de farmácia, através da Resolução n° 300, de 30 de janeiro de 1997, que regulamenta o exercício profissional em farmácia hospitalar, define a farmácia do hospital como “unidade clínica de assistência técnica e administrativa, dirigida por farmacêutico, integrada funcional e hierarquicamente as atividades hospitalares” e institui que a principal função do farmacêutico é manter a integridade e a saúde por meio do atendimento de alta qualidade ao paciente, uso racional e seguro dos medicamentos. Objetivando um acompanhamento assistencial preventivo e investigativo da assistência farmacêutica hospitalar. (ROSSATO, 2008).

A profissão farmacêutica é bastante fascinante pois traz muitas curiosidades e que possui ampla atuação, de acordo com o decreto n° 85.878 de 7 de abril de 1981 são atribuições privativas dos profissionais farmacêuticos desempenhar funções de dispensação ou manipulação de formulas magistrais e farmacopeicas, quando a serviço do público em geral ou mesmo de natureza privada.

A farmácia hospitalar é dividida em farmácia central e satélites, o objetivo da farmácia central está em receber, armazenar, monitorar o estoque e distribuir os medicamentos e os materiais hospitalares para as farmácias satélites. Em alguns hospitais as farmácias satélites estão em cada andar do prédio, sendo interligadas à farmácia central. (SANTANA; OLIVEIRA; NETO 2014).

Para Gonçalves (1988) a farmácia hospitalar representa uma das principais áreas dentre os serviços técnicos da instituição hospitalar, uma vez que possui comprometimento com a redução dos custos e racionalização da terapia, contribuindo para a qualidade dos insumos utilizados e otimizando o controle das despesas.

Deste modo, a assistência farmacêutica possui importância significativa no setor hospitalar, sendo considerada pelo Conselho Nacional de Saúde, através da Resolução nº 338, de 06 de maio de 2004, artigo 1ª, inciso III, como:

… um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e o seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população (BRASIL, 2004).

Desse modo, é essencial que a gestão da farmácia hospitalar esteja comprometida com a realização das atividades relacionadas à promoção da saúde, sendo o profissional farmacêutico competente para as atribuições necessárias às funções exigidas pelo setor.

2.1 Breve História da Farmácia Hospitalar no Brasil

Para discorrer sobre a farmácia hospitalar e sua função nas unidades de atendimento à saúde, faz-se necessário conhecer um pouco sobre a sua origem e percurso histórico, pois isso proporciona o melhor entendimento de suas atividades e benefícios à sociedade.

A farmácia teve início no Brasil, no período colonial, os medicamentos já existentes, fabricados em sua maioria de forma artesanal, eram encontrados em boticas ou caixas de boticas, material fabricado em madeira que podia ser facilmente transportado, a farmácia hospitalar data da época de gregos e romanos, sendo exercida de forma paralela à medicina na Idade Média.

Conforme é apontado por (PONTES, 2013), “Farmácia Hospitalar data da época de gregos, romanos, árabes, e se sabe que na Idade Média a medicina e a farmácia se desenvolviam de forma paralela sob a responsabilidade de religiosos dos conventos, nas boticas e nos hortos de plantas medicinais”. Desse modo, a farmácia hospitalar existe desde a época dos povos gregos e romanos, desenvolvendo-se na Idade Média com o surgimento de boticários, como eram chamados os indivíduos que fabricavam e comercializavam os medicamentos.

Segundo Dantas (2011), a respeito das farmácias hospitalares no Brasil Colônia:

Historicamente, no Brasil Colônia, havia botica, onde os medicamentos eram preparados e comercializados, num amontoado de prateleiras com balanças e cálices. Nessa ocasião já se conhecia a botica pública, o de hospitais militares e civis (Santas Casas) e a botica dos colégios dos Jesuítas. No século XIX, a botica denominou‑se farmácia e assumiu grande importância nos hospitais da época, já que fornecia todo o medicamento para o tratamento dos pacientes. (DANTAS, 2011).

Na época do Brasil colonial a farmácia já existia, atendendo pelo nome de botica. As boticas eram lugares simples, onde os medicamentos eram fabricados e comercializados. Nesta época não era cobrado dos proprietários ou fabricantes de medicamentos possuir a devida qualificação, essa exigência veio juntamente com o aparecimento de novos produtos químicos através do processo de isolamento dos princípios ativos das substâncias vegetais e minerais.

A partir desse momento, com a descoberta de novos produtos químicos farmacêuticos, orgânicos e inorgânicos, o que proporcionou maior diversidade de matéria-prima para os medicamentos, contribuindo para uma maior potencialização e especialização dos remédios, é que passou a ser cobrado a devida qualificação dos profissionais para fabricação e comercialização dos medicamentos.

Com os avanços de estudos, agora abastecidos com uma maior diversidade de matéria-prima e a devida qualificação dos profissionais, acompanhados do desenvolvimento da engenharia química, solidificou-se a indústria farmacêutica.

Nas décadas de 20 e 30 do século XX, os avanços em engenharia química estabeleceram as bases da moderna indústria farmacêutica; a expansão da produção de remédios determinou o tratamento para doenças até então sem expectativas de cura; como a úlcera péptica e o câncer, e possibilitou o tratamento ambulatorial de outras patologias. (SIMONETTI et al., apud. DANTAS. 2011).

Com isso, as farmácias hospitalares passaram a depositar, guardar e conservar os medicamentos utilizados no tratamento dessas doenças. Logo, a importância das farmácias hospitalares passou a ser indiscutível, tornando o serviço fornecido por elas essencial no funcionamento das unidades de atendimento à saúde.

Como figura relevante para a história da farmácia no Brasil temos o professor José Sylvio Cimino, que em 1973 publicou a primeira obra científica da área em formato de livro e nomeada como Iniciação à Farmácia Hospitalar. O mesmo também cumpriu importante papel dirigindo a Farmácia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, contribuindo para o desenvolvimento da assistência farmacêutica hospitalar.

Apesar da atividade de farmácia ser desempenhada há séculos e ter se desenvolvido no decorrer dos anos, mostrando-se importante e necessária para o tratamento de doenças e cuidados da saúde das pessoas, ainda era raro encontrar profissionais farmacêuticos exercendo a profissão em hospitais, faltava clareza a respeito das atribuições do profissional dentro das instituições. Isso se dava, principalmente, ao fato de não existir ainda a disciplina “Farmácia Hospitalar” nas instituições de ensino superior brasileiras, desse modo cabia aos farmacêuticos escolherem entre aprender suas funções na prática, durante o trabalho, através das observações ou recorrer a cursos fora do país que os proporcionasse aprimoramento das funções.

No ano de 1975 a disciplina de Farmácia Hospitalar foi incluída no curso de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, desde então a disciplina passou a ser incluída em diversas universidades brasileiras, havendo inclusive a implantação de cursos de pós-graduação em Farmácia Hospitalar. (DANTAS 2011).

Em maio de 1995 surgia a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH), associação de caráter profissional com competência para desenvolver eventos científicos, atividades de pesquisas, assessorar, aprimorar e capacitar profissionais da área de farmácia envolvidos em serviços de saúde das unidades hospitalares.

Atualmente, a farmácia hospitalar é uma unidade clínico-assistencial, técnico e administrativo, para o processamento de atividades ligadas à produção e armazenamento de medicamentos, ao controle, dispensação e distribuição de fármacos para os setores do hospital, atendendo aos pacientes internos e ambulatoriais com orientações e esclarecimentos, objetivando a eficácia terapêutica.

2.2 Atribuições da Farmácia Hospitalar

A Sociedade Brasileira De Farmácia Hospitalar E Serviços De Saúde (SBRAFH) reconhece sete grandes grupos de atribuições essenciais da Farmácia Hospitalar, são eles: Gestão; Desenvolvimento de Infraestrutura; Logística Farmacêutica e Preparo de medicamentos; Otimização da terapia medicamentosa; Farmacovigilância e Segurança do Paciente; Informações sobre medicamentos e produtos para saúde; Ensino, educação permanente e pesquisa.

A primeira atribuição essencial da farmácia hospitalar é a gestão, que deve estar focada em prestar assistência farmacêutica em período integral de funcionamento da instituição, formular, implementar e acompanhar o planejamento estratégico, elaborar e revisar o Manual de Procedimentos e Procedimentos Operacionais Diversos, acompanhar o desempenho financeiro e orçamentário, promover os treinamentos necessários para aprimoramento dos servidores do setor, avaliar de forma assídua os serviços, buscando estabelecer uma política de melhoria contínua da qualidade.

O segundo é o desenvolvimento de infraestrutura, trata da garantia da base material necessária à atuação eficiente do profissional de farmácia, para o exercício do serviço e cumprimento de sua missão. Disponibilizando equipamentos e instalações adequadas e compatíveis com o perfil e necessidade da assistência farmacêutica implantada. Disponibilizar recursos para a informação e comunicação, trabalhar a manutenção preventiva de instalações físicas, equipamentos e móveis. (SBRAFH, 2007)

O terceiro diz respeito à logística farmacêutica e preparo de medicamentos. Sendo a farmácia responsável pelo armazenamento, distribuição, dispensação e controle de medicamentos e produtos para a saúde. Para isso, faz-se necessário que o farmacêutico implemente um sistema racional de distribuição com objetivo de garantir maior segurança ao paciente. As prescrições de medicamentos devem ser analisadas pelo farmacêutico antes de serem dispensadas, as dúvidas devem ser resolvidas com o prescritor e as decisões tomadas devem ser registradas. (GOMES; REIS, 2000; SBRAFH, 2007. Apud. DANTAS 2011)

A otimização da terapia medicamentosa está no quarto grupo de atribuição, visando a intervenção terapêutica de forma efetiva, garantindo qualidade da farmacoterapia. O farmacêutico deve selecionar os pacientes que necessitam de monitoramento, como os que têm baixa adesão ao tratamento, em uso de medicamentos potencialmente perigosos, em uso de medicamentos com maior potencial de produzir efeitos adversos, de alto custo, crianças e idosos. (GOMES; REIS, 2000; SBRAFH, 2007. Apud. DANTAS 2011).

No quinto grupo de atribuição está a farmacovigilância e segurança do paciente, que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001) consiste da ciência e das atividades relativas à detecção, avaliação, compreensão, prevenção de efeitos adversos ou quaisquer outros possíveis problemas relacionados a medicamentos.

É de grande importância o serviço de gestão da segurança de medicamentos e de farmacovigilância, pois trata-se de um serviço fundamental na identificação dos riscos associados a medicamentos.

Como aponta a (SBRAFH, 2007)), a farmacovigilância desempenha um papel importante na tomada de decisões em farmacoterapia, nos âmbitos individual, regional, nacional e internacional. Cabendo à farmácia hospitalar implantar a farmacovigilância, respeitando todas as questões relevantes para minimização dos riscos da farmacoterapia, garantindo dessa forma a segurança dos pacientes.

A sexta atribuição essencial da farmácia hospitalar está em informar sobre os medicamentos e produtos para saúde. Sendo a farmácia responsável por manter a equipe da saúde e os pacientes informados sobre a eficácia, segurança, qualidade e custo dos medicamentos. Além disso a farmácia hospitalar é responsável por elaborar e divulgar guias informativos sobre o uso de medicamentos. (GOMES; REIS, 2000; SBRAFH, 2007. Apud. DANTAS 2011).

Por fim, a sétima atribuição diz respeito ao ensino, educação permanente e pesquisa. Pois cabe à farmácia a promoção e participação de ações educativas. Apoiando o ensino e a pesquisa nas suas diversas atividades administrativas, técnicas e clínicas.

Contudo, pode-se perceber que compete à farmácia hospitalar não só a distribuição de medicamentos aos pacientes e demais profissionais do hospital, mas uma ampla lista de serviços voltados para a garantia da saúde e segurança das pessoas. Cabendo ao profissional que vai gerir este setor, assegurar o cumprimento de todas as atribuições essenciais e o comprometimento em garantir, de forma eficiente, a assistência farmacêutica necessária no âmbito hospitalar.

2.3 A assistência Farmacêutica na Unidade Hospitalar

A Assistência Farmacêutica consiste na união de diversas ações direcionadas à proteção, promoção e recuperação da saúde das pessoas, fazendo o uso de medicamentos e visando o consumo destes de forma racional. Os trabalhos envolvidos na assistência farmacêutica vão desde pesquisa, ao desenvolvimento e a produção de medicamentos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia de qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população. (BRASIL, 2004).

O ponto de partida do ciclo da assistência farmacêutica é constituído pelo processo de seleção de medicamentos, sendo considerada um processo dinâmico e ininterrupto, multidisciplinar e participativo. Uma vez que se trata de um processo de escolha que objetiva a elaboração de uma relação de medicamentos, levando em consideração vários fatores como a necessidade, a eficácia, custo e benefício.

É importante que a Comissão de Farmácia Terapêutica (CFT) implemente uma política que trate do uso racional dos medicamentos, pois dessa forma se fará obrigatório a elaboração de uma seleção dos produtos e a garantia de uma padronização. Além disso, o uso racional de medicamentos traz diversos benefícios, que vão desde a diminuição de gastos nas instituições hospitalares até a redução do tempo de hospitalização de pacientes.

Para que a seleção de medicamentos seja feita de forma eficiente é necessário que ela cumpra com algumas etapas, a primeira etapa diz respeito a escolha da comissão de seleção dos medicamentos, seguindo de um levantamento do perfil farmacológico do hospital e da análise do nível assistencial, bem como análise da infraestrutura do hospital e do padrão de medicamentos a serem utilizados, após a conclusão dessas etapas é feito a seleção dos medicamentos e a divulgação de formulário farmacêutico.

No momento de selecionar os medicamentos os profissionais da comissão responsável precisa obedecer aos critérios de padronização dos medicamentos de fornecedores que já tenham passado pela avaliação técnica, que sejam de menor custo de aquisição, considerando a comodidade de administração, faixa etária, facilidade para cálculo de dose, facilidade de fracionamento ou multiplicação de doses e devem evitar associações de medicamentos ou a padronização de forma farmacêutica de liberação prolongada.

É importante que os responsáveis pela CFT tenha em mente que o serviço de seleção deve ser feito de forma minuciosa e respeitando todas as etapas. A seleção de medicamentos, quando feita de forma responsável e atenta aos critérios traz diversas vantagens, desde o aumento da qualidade de farmacoterapia, a redução dos custos, a garantia de segurança na prescrição e na administração de medicamentos, reduz a incidência de reações adversas e facilita a vigilância farmacológica. Além disso, ela também facilita a comunicação entre a equipe médica e equipe de enfermagem com a farmácia.

A programação é planejamento das quantidades a serem adquiridas pela farmácia que atenderão a demanda do serviço por um período definido, evitando a compra desnecessária de medicamentos para a unidade hospitalar. Uma programação inadequada pode impactar diretamente sobre o abastecimento e acesso ao medicamento, por isso faz-se necessário que no processo de programação seja feita uma estimativa reflexiva com relação a real necessidade.

Após o processo de seleção e programação pode se dar continuidade ao ciclo de assistência farmacêutica com a aquisição de medicamentos, essa etapa corresponde ao conjunto de ações que resultam na compra dos medicamentos, sendo imprescindível que o departamento de compras possua pessoal qualificado que contenham cadastro de fornecedores, manual de especificações técnicas dos produtos a serem comprados, um sistema eficiente de informações e gerenciamento de estoque que evite a ausência de medicamentos necessários e a compra excessiva de outros. No mais, todo o processo deve estar de acordo com as quantidades e prazos estabelecidos pelo setor de planejamento.

Concluído o processo de aquisição, é necessário assegurar a qualidade do medicamento e demais insumos utilizados na farmácia, garantindo o armazenamento destes em condições adequadas de estocagem. O armazenamento deve considerar a estocagem dos medicamentos devidamente identificados com códigos de barras interno da instituição, contendo de forma visível o lote e a validade.

O local de estocagem dos medicamentos e insumos deve possuir condições adequadas que preservem a estabilidade e qualidade do medicamento, deve ser um local seguro, evitando furtos e extravios, deve ter a circulação de funcionários restringida, além disso deve estar de acordo com as normas para processos de estocagem, mantendo os medicamentos bem localizados e identificados de forma que facilite na localização, e distribuição dos produtos de maior rotatividade.

Dando continuidade ao ciclo de assistência farmacêutica, após garantir o armazenamento adequado dos produtos a erem utilizados pela equipe médica e enfermeira, é importante que a farmácia hospitalar organize de forma competente o processo de distribuição dos medicamentos, cabendo à farmácia hospitalar a tarefa de assegurar o uso apropriado e seguro dos medicamentos.

Um processo de distribuição adequado garante rapidez na entrega dos medicamentos, de acordo com o cronograma para que não haja atrasos e cheguem ao paciente com qualidade e na quantidade correta, para isso o transporte precisa ter condições adequadas de segurança e passar por um sistema eficiente de informação e controle, garantindo o rastreamento dos produtos e monitoria de todo o processo de distribuição.

Por fim, a dispensação é a última etapa do ciclo da assistência farmacêutica, essa atividade consiste na entrega de forma adequada e racional de medicamentos ao paciente pelo farmacêutico. No processo de dispensação faz-se necessário que o farmacêutico estabeleça uma relação de confiança com o paciente, através de orientações e informações sobre o medicamento e seu uso correto. Portanto é responsabilidade do profissional farmacêutico observar de forma cuidadosa o que foi prescrito, nome do medicamento, forma farmacêutica, concentração e quantidade.

Contudo, é responsabilidade da farmácia hospitalar prestar assistência farmacêutica de qualidade, atuando de forma consciente durante todas as etapas do ciclo assistencial e atendendo com assiduidade, profissionalismo e dedicação. Além disso é necessário que haja comunicação entre os setores através das comissões, de forma que toda a equipe de profissionais do hospital esteja envolvida nos processos, visando sempre o bem-estar dos pacientes e bom funcionamento dos setores.

3 METODOLOGIA

A pesquisa sobre importância do profissional farmacêutico na gestão da farmácia hospitalar foi proposta em outubro de 2021. Bastos e Keller (1995) definem a pesquisa científica como uma investigação de determinado assunto para esclarecer um estudo específico. Para o desenvolvimento do presente trabalho, fez-se uso de pesquisa bibliográfica, cuja finalidade está ligada ao aprimoramento do conhecimento através da investigação de documentos já produzidos e publicados.

Para Andrade (2010) a pesquisa bibliográfica é o primeiro passo que um estudante necessita dar para conseguir desenvolver as atividades acadêmicas, pois todas as outras pesquisas, sejam elas de campo ou de laboratório, necessitam, inicialmente, de pesquisa bibliográfica. Sendo obrigatória para as pesquisas exploratórias. Conforme demonstra o autor:

A pesquisa bibliográfica é habilidade fundamental nos cursos de graduação, uma vez que constitui o primeiro passo para todas as atividades acadêmicas. Uma pesquisa de laboratório ou de campo implica, necessariamente, a pesquisa bibliográfica preliminar. Seminários, painéis, debates, resumos críticos, monográficas não dispensam a pesquisa bibliográfica. Ela é obrigatória nas pesquisas exploratórias, na delimitação do tema de um trabalho ou pesquisa, no desenvolvimento do assunto, nas citações, na apresentação das conclusões. (ANDRADE, 2010).

Portanto esta pesquisa se caracterizou como uma pesquisa bibliográfica, conforme pontua Gil (2002), o objetivo da pesquisa exploratória é fornecer ao pesquisador maior familiaridade com o assunto, tornando-o mais explícito.

O embasamento teórico deu-se pela elaboração de teorias que ajudam a compreender de que maneira a presença de um profissional farmacêutico nas farmácias hospitalares contribui para um funcionamento das mesmas de uma forma mais assertiva, bem como as ações a serem adotadas pela gestão das farmácias, cuja rotina é inteiramente ligada às competências desenvolvidas no processo de formação do farmacêutico. Além disso torna-se importante para a realização da atual pesquisa discorrer sobre as contribuições que um profissional formado em farmácia pode oferecer no ambiente hospitalar, mais especificamente na farmácia, atuando como gestor. Para isso tomou-se como estudo os textos produzidos por Felipe Dias Carvalho, Helaine Carneiro Capucho, Marcelo Polacow, Angela Erna Rossato, entre outros.

Inicialmente foram realizados estudos acerca do tema proposto e posteriormente levantado a relação de obras a serem estudadas para melhor compreensão do assunto. Durante o mês de outubro os materiais de estudo foram organizados, e iniciou-se a elaboração do pré-projeto a ser apresentado.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho tem como tema “A importância do profissional farmacêutico na gestão da farmácia hospitalar” e tem como base o estudo e análise de obras para a elaboração teórica acerca da atuação do farmacêutico e sua contribuição no processo de assistência farmacêutica dentro nas unidades hospitalares, atuando diretamente na administração, gestão e manutenção do serviço de farmácia fornecido nos hospitais.

A pesquisa realizada sobre a importância do farmacêutico atuando na gestão da farmácia hospitalar possui grande relevância e enriquecimento da vida acadêmica, pois evidencia a possibilidade do garantir a valorização devida ao profissional, uma vez que o curso de farmácia capacita adequadamente o profissional para esta finalidade.

Através do levantamento teórico realizado, percebeu-se que as atividades exercidas pelo profissional de farmácia são indispensáveis no cotidiano dos hospitais, auxiliando nas atividades de cuidados ao paciente através da assistência farmacêutica adequada. Uma vez que compete à farmácia hospitalar certificar-se de que a seleção de medicamentos, programação e aquisição estarão de acordo com os padrões de medicamentos a serem distribuídos e dispensados nas farmácias para o tratamento das doenças dos pacientes que se encontram hospitalizados.

Durante o processo de pesquisa desse trabalho, foi possível perceber que nem todos os profissionais do setor possuem os mesmos conhecimentos sobre o tema abordado, observando, dessa forma, a necessidade de novos estudos a respeito de como a gestão da farmácia hospitalar exercida por um profissional de farmácia traz benefícios ao contexto hospitalar e como esse assunto precisa ser discutido nas formações dos alunos do curso de farmácia. Diante do exposto é importante que haja a conscientização de que o profissional farmacêutico possui competência para atuar na gestão da farmácia hospitalar, trazendo benefícios ao hospital.

Contudo, espera-se que esta pesquisa possa ser uma fonte inspiradora para outros estudantes e pesquisadores que se sintam atraídos por este tema. Pois a conclusão desse trabalho não deseja findar o assunto, mas fazer uma pequena contribuição e abrir espaço para uma discussão mais aprofundada. O presente trabalho possui muita importância para os conhecimentos da área do curso de Farmácia, uma vez que os conhecimentos adquiridos durante o processo de pesquisa do mesmo servem como suporte para o pensamento e indução da prática do profissional de farmácia atuando na gestão das farmácias hospitalares.

Por fim, o estudo realizado proporciona conhecer mais sobre o assunto, principalmente àqueles que estão em processo de formação acadêmica.

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1Acadêmica do 10° período do curso de Farmácia da Faculdade de Imperatriz – FACIMP WYDEN, e-mail: annaa-c@hotmail.com
2Orientador, Professor do curso de Farmácia da Faculdade de Imperatriz – FACIMP WYDEN, e-mail: pratrício.fsilva@hotmail.com