A IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NA ORIENTAÇÃO E ADESÃO FARMACOLÓGICA EM PORTADORES DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

THE IMPORTANCE OF THE PHARMACIST IN PHARMACOLOGICAL GUIDANCE AND ADHERENCE IN INDIVIDUALS WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202501131421


NASCIMENTO, Ana Luisa Reis1; FERREIRA, Luziânia Oliveira1; ROCHA, Rayane de Abreu1; SILVA, Maria Mercês Gonçalves1; SIRQUEIRA, Laise Silva1; ANDRADE, Valéria Farias2; FIGUEIREDO, Flávio Junior Barbosa2; PEREIRA, Nayara Gonçalves2; PINHEIRO, Thaisa de Almeida2; PINHEIRO, Thales de Almeida2;  RUAS, Luis Paulo Ribeiro2; GUIMARÃES, Talita Antunes2.


Resumo

Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) se configura como um distúrbio neurobiológico complexo que afeta a comunicação e o comportamento social. Embora não exista cura para o autismo, diversos medicamentos podem ser utilizados para auxiliar no controle de sintomas específicos, como ansiedade, hiperatividade e distúrbios do sono. As intervenções farmacológicas no autismo são desafiadoras devido à heterogeneidade etiológica e clínica. Apesar de não possuir cura, o manejo adequado, incluindo a atenção farmacêutica, é crucial para promover a qualidade de vida dos indivíduos com TEA. Objetivo: compreender a importância da assistência farmacêutica exercida pelo farmacêutico na orientação e adesão aos tratamentos medicamentosos por parte dos pacientes portadores do transtorno do espectro autista. Metodologia: o presente estudo foi realizado com base em um levantamento bibliográfico de artigos nos últimos 6 anos, acerca do tema proposto, a fim de se enfatizar a relevância da assistência farmacêutica no âmbito social. Resultados e discussão: a partir das buscas realizadas nas bases de dados eletrônicos Scielo, Google Acadêmico e BVS, realizou-se uma análise qualitativa, onde 6 artigos foram selecionados e descritos conforme título e conclusão de cada estudo. Conclusão: pode-se afirmar que a presença do farmacêutico no acompanhamento dos portadores de TEA é de grande importância, no que diz respeito à adesão ao tratamento e orientações específicas e gerais quanto às terapias medicamentosas propostas: efeitos colaterais e adversos, interações medicamentosas, posologias e outros aspectos relevantes, mitigando baixa adesão e possíveis falhas no tratamento.

Palavras-chave: Assistência farmacêutica. TEA. Autismo. Adesão terapêutica.

Abstract

Introduction: Autism Spectrum Disorder (ASD) is configured as a complex neurobiological disorder that affects communication and social behavior. Since there is no cure for autism, various medications can be used to help control specific symptoms, such as anxiety, hyperactivity, and sleep disturbances. Pharmacological interventions in autism are challenging due to etiological and clinical heterogeneity. Although there is no cure or adequate management, including pharmaceutical care, it is crucial to promote the quality of life of individuals with ASD. Objective: to understand the importance of pharmaceutical assistance exercised by pharmacists in the orientation and administration of medication treatments by two patients with autism spectrum disorder. Methodology: This study was carried out based on a bibliographic survey of articles in the last 5 years, regarding the proposed topic, in order to emphasize the relevance of pharmaceutical assistance in the social sphere. Results and discussion: from the searches carried out in the databases of electronic data Scielo, Google Academic and BVS,  a qualitative analysis was carried out, where 6 foramed articles were selected and described according to the title and conclusion of each study. Conclusion: it can be affirmed that the presence of a pharmacist not accompanying two ASD carriers is of great importance, not that it says respect for the treatment and specific guidance and management regarding the proposed drug therapies: side effects and adverse effects, drug interactions, dosages and other relevant aspects, mitigating low adesão and possible failures in treatment.

Keywords: Pharmaceutical assistance. ASD. Autism. Therapeutic adherencey

1 INTRODUÇÃO

O autismo, também chamado Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio de cunho neurológico, que afeta e prejudica o funcionamento ordenado do cérebro no que diz respeito aos pensamentos, sentimentos e emoções. Em decorrência desta condição, algumas características que se pode perceber no indivíduo que possui o TEA é a dificuldade na comunicação e na socialização, falta do domínio da linguagem, dificuldade de socialização, comportamento limitado e repetitivo, dentre outros. Os sinais de alerta estão presentes desde os primeiros meses de vida, no entanto a confirmação do diagnóstico costuma ocorrer entre dois e três anos de idade, como idade mínima (VARELLA, 2023).

Segundo estudos científicos, o TEA acomete 1 em cada 54 pessoas no mundo sendo mais comum em meninos do que em meninas, sendo que esta condição já se faz presente desde o nascimento da criança. Entretanto, devido ao pouco conhecimento e condições de seus cuidadores, muitas vezes o diagnóstico pode ser tardio e a flexibilidade de tratamentos podem ser menores. É de extrema importância o diagnóstico precoce e a intervenção multidisciplinar para melhora do prognóstico e qualidade de vida das pessoas com autismo (VIEIRA, 2019).

Os tratamentos farmacológicos podem incluir psicoestimuladores, antipsicóticos atípicos, antidepressivos, dentre outros, condicionais ao grau de comprometimento neurológico do transtorno no indivíduo. Estes medicamentos são utilizados a fim de fornecer um alívio sintomático dos principais sintomas do TEA e/ou gerenciar os sintomas de outras comorbidades. Outros métodos de tratamento também podem ser indicados, como suplementos vitamínicos, remédios fitoterápicos e tratamentos comportamentais para auxílio na melhora dos sintomas (SHARMA; GONDA; TARAZI, 2018).

Tendo em vista este panorama, a assistência farmacêutica pode exercer papel importante na saúde dos pacientes, uma vez que se trata de uma atividade dinâmica e multidisciplinar que tem como propósito essencial assegurar o acesso da população a medicamentos essenciais, de qualidade, de forma segura e racional. É papel do profissional que exerce a atenção farmacêutica zelar pelo bom entendimento dos efeitos e sintomas que a terapia medicamentosa pode causar em seus usuários, bem como auxiliar para que os objetivos propostos sejam alcançados da melhor forma, com foco sempre na melhora da saúde e conforto do paciente frente às situações que podem vir a acometer (KITAOKA et al, 2020; COSTA et al, 2021; PAULA; CAMPOS; SOUZA, 2021).

O autismo vem sendo um tema amplamente discutido na área da saúde, no que tange a importância do seu diagnóstico precoce, o grau de comprometimento do transtorno e métodos de tratamento (tanto terapias medicamentosas quanto terapias multidisciplinares com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas e outras competências), considerando que o diagnostico tardio engloba consequências na vida cotidiana. Entretanto, pouco ainda se discute sobre a positiva colaboração do farmacêutico no tratamento destes indivíduos.

Diante deste panorama, o problema desta pesquisa caracteriza-se em: Como o farmacêutico pode auxiliar no desenvolvimento e desempenho do portador de autismo nas atividades de movimento humano, orientação e adesão ao tratamento farmacológico? O artigo teve como objetivo determinar a importância do farmacêutico na orientação e adesão farmacológica em portadores do transtorno do espectro autista (TEA). Sendo assim, demonstrou-se a importância da assistência farmacêutica no tratamento de indivíduos portadores do Transtorno do Espectro Autista, visto que são profissionais que trabalham diretamente com os medicamentos que auxiliam no processo de recuperação e melhora dos sintomas, assim como, os benefícios do uso correto e bem assistido dos medicamentos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Transtorno do Espectro Autista

O autismo é definido como distúrbios do neurodesenvolvimento, que tem por característica principal a deficiência na interação com a sociedade e comunicação. Esta condição pode apresentar grau mais leve em algumas crianças e em outras nem tanto: há crianças que além de muito agitadas tem comportamento agressivo e/ou outros transtornos associados, necessitando tratamento com medicação (SOUZA, 2021).

O principal sintoma do transtorno do espectro autista (TEA) é a dificuldade nas habilidades sociais. Um grande esforço é requerido por parte do indivíduo para que ele consiga interpretar o significado de determinados sinais sociais, como figuras de linguagem, ditados e outras situações subjetivas, fazendo com que a sua relação interpessoal e com o ambiente que o cerca seja afetada. Percebe-se também um comportamento repetitivo, sempre tendendo a manter uma rotina de atividades diárias, sem demonstrar interesse em uma mudança (SOUZA, 2021).

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças(CDC, 2022), estima-se que o Brasil possua cerca de 2 milhões de autistas, sendo mais de 300 mil ocorrências só no Estado de São Paulo. Ainda não se tem convicção das condições que causam o autismo, no entanto há evidências que sugerem uma série de fatores ambientais e genéticos que podem estar entre as possíveis causas. Uma recente análise genética que combinou várias grandes fontes de base populacional (mais de 38.000 indivíduos) encontrou ligações genéticas entre esse transtorno e variações típicas no comportamento social e no funcionamento adaptativo (COSTA; ABREU, 2021).

No tratamento do TEA, quanto mais rápido o diagnóstico e  maior a intervenção, maiores as chances de promover o desenvolvimento social, cognitivo, linguístico e físico em uma variedade de atividades que, além de diversão também tem objetivos educacionais, terapêuticos e de desenvolvimento. Os tipos de intervenções dependem das experiências dos profissionais, dos pais e indivíduos autistas envolvidos (SOUZA, 2021).

Não é raro o paciente com TEA receber múltiplas medicações. Por vezes, os medicamentos são acrescentados conforme surgem novos sintomas ou problemas. Em outros casos uma segunda medicação pode ser acrescentada para controlar os efeitos colaterais da primeira. Outros profissionais da área médica também podem prescrever medicamentos como os odontologistas, e é importante que o provedor de cuidados primários se mantenha informado sobre essa farmacoterapia (VOLKMAR; WIESNER, 2019).

Segundo Dias (2019), é muito comum que no tratamento de crianças com TEA tenhase uma farmacoterapia extensa que precisa ser cuidadosamente administrada, considerando que na maioria dos casos os pacientes são crianças. Assim, os medicamentos são frequentemente administrados por terceiros, o que pode resultar em erros e comprometer o resultado da terapia.

2.2 Atenção Farmacêutica

A Atenção Farmacêutica na Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF) é definida como ação dentro da assistência farmacêutica, considerada um modelo de prática realizada pelo farmacêutico. Na política, o modo de agir inclui a atuação direta do farmacêutico com o paciente, com o objetivo de fornecer uma farmacoterapia racional e obter resultados clínicos estipulados e determináveis, além de conceber essa atividade como importante para a plenitude das ações de saúde (SILVA, ALMEIDA, ABREU, 2022)

Os farmacêuticos devem garantir que o paciente e/ou pais ou cuidadores entendam a importância de cada medicamento, seu uso e potenciais efeitos colaterais e/ou interações, educando-os sobre como intervir caso seja necessário. Estes podem ainda servir para fornecer informações sobre os medicamentos, pesquisando e avaliando os dados disponíveis a fim de auxiliar os pacientes/pais/cuidadores na tomada de decisões (SOUZA, 2021).

Nesse sentido é percebido que a maior dificuldade que o usuário enfrenta, dentro deste contexto, é o acesso ao serviço. A inclusão do farmacêutico em equipes multidisciplinares, especializadas no tratamento de pacientes com a patologia torna-se de extrema importância, uma vez que este se dedicará a aprimorar o tratamento terapêutico, colaborando de maneira significativa para o sistema de saúde especializado e visando as necessidades individuais dos pacientes (FERREIRA; SILVA Jr.; BATISTA, 2024).

2.3 Contribuição do farmacêutico ao tratamento de portadores de TEA

Diante a importância de reconhecer os primeiros sinais de autismo para aplicar imediatamente intervenções essenciais, torna-se necessário destacar o papel do farmacêutico na rede de assistência à saúde. O Farmacêutico da Atenção Básica é um profissional cuja integração com a rede de assistência à saúde é fundamental, desempenhando um papel essencial na configuração dos serviços farmacêuticos nesse contexto (BRASIL. CONASEMS, 2021).

O acompanhamento farmacêutico contribui para a otimização da terapia medicamentosa, monitoramento de efeitos adversos e interações medicamentosas, além de fornecer suporte e educação aos pacientes e cuidadores de pessoas com TEA.

O farmacêutico é o profissional que mantém um contato direto com o paciente ou seu cuidador, além de sua expertise técnico-científica e seu domínio nas áreas biológicas e exatas.Ele é o mais habilitado para fornecer orientações aos pacientes sobre possíveis interações medicamentosas, efeitos adversos, dosagem adequada e posologia, visando a obtenção de resultados que promovam a melhoria da qualidade de vida e o uso responsável da farmacoterapia (CARVALHO, 2021; NICOLETTI; HONDA, 2021)

A inclusão do farmacêutico na equipe de cuidado visa proporcionar uma abordagem mais personalizada e eficaz. Um exemplo desta boa prática é o fato de que os farmacêuticos podem ajustar o regime de tratamento baseado nas respostas individuais dos pacientes e nas interações entre os medicamentos, aumentando a probabilidade de sucesso terapêutico. Além disso, vale ressaltar que, este apoio e a educação contínua junto aos cuidadores são fundamentais para garantir a adesão ao tratamento e mitigar erros na administração dos medicamentos. Sendo assim, um farmacêutico não apenas otimiza a eficácia do tratamento, como também fornece um suporte de extrema relevância aos cuidadores, atuando na redução da carga emocional e prática do manejo do TEA (SOUZA, 2021).

3 METODOLOGIA

Para a construção do referencial teórico, foram utilizados descritores do DeCS, que é amplamente reconhecido na indexação de literatura científica na saúde.

Considerando a relevância do tema abordado, bem como a lacuna existente na identificação dos pacientes com TEA, optou-se por realizar uma revisão bibliográfica retrospectiva de cunho descritivo, com abordagem qualitativa. Com base nos dados extraídos de artigos, teses, livros, revistas e outros trabalhos científicos, a técnica escolhida foi a revisão integrativa, a qual visa compilar informações publicadas por diversos autores especializados sobre o tema deste presente artigo.

Ao que concerne os critérios de inclusão, utilizou-se materiais publicados nos últimos seis (06)  anos, relacionados ao tema proposto. Os critérios de exclusão serão aqueles que não se enquadram nos critérios e na temática delimitada para execução do estudo. Na elaboração da pesquisa utilizou-se descritores que facilitaram o processo do estudo bibliográfico, tais como: Assistência Farmacêutica no Autismo, Farmacêutico e Portadores de Transtorno Espectro Autista/TEA/Autismo.

A busca pelos artigos científicos com os descritores citados acima,foirealizada nas plataformas Google Acadêmico, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scielo.Em um primeiro momento, as buscas utilizando os recortes temporais resultaram em 5810 estudos. Desses, 5774 foram encontrados na plataforma Google Acadêmico, 36 na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e 0 na Scielo. A partir disso, foi feita a leitura dos títulos dos trabalhos das primeiras 50 fontes bibliográficas do Google Acadêmico para cada descritores de todos os trabalhos encontrados na BVS que serviram para a seleção de 83 artigos, dentre eles artigos em inglês e português. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão,ou seja, a leitura superficial dos artigos com objetivo de garantir a melhor síntese dos achados e posterior categorização qualitativa, foram selecionados 18 artigos e após leitura mais aprofundada na busca por estudos relevantes para o tema abordado, foram selecionados 6 artigos finais para serem tratados neste estudo (Figura 1).

Figura 1: Elaborado pelos autores (2024).

Todos os artigos selecionados são de origem brasileira (DIAS, 2019; SOUZA; 2021; SILVA; ALMEIDA; ABREU, 2022; COUTINHO; PERIM; SANTILIANO, 2023; GOMES, et al., 2023; FERREIRA; SILVA Jr., BATISTA, 2024).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa foi realizada entre os meses de Abril a Outubro de 2024. Foram encontrados 83 artigos que se mostraram, superficialmente, relacionados ao tema deste estudo. Uma seleção foi realizada com base nos critérios definidos para realização das buscas e de acordo com a finalidade do tema proposto, entre trabalhos em inglês e português, seis artigos brasileiros foram selecionados, separados e organizados pelos respectivos descritores, permitindo uma análise qualitativa dos principais elementos presentes neste estudo. Os artigos são apresentados de forma resumida no Quadro 1.

Quadro 1 – Artigos selecionados e títulos

AutoresPaísTítulo
DIAS, 2019BrasilTranstorno do espectro autista (TEA): a doença, diagnóstico, tratamento e a importância do farmacêutico
SOUZA, 2021.BrasilCuidado farmacêutico à pessoas com autismo (TEA)
SILVA; ALMEIDA; ABREU, 2022.BrasilA importância da atenção farmacêutica nos cuidados a pacientes portadores do transtorno do espectro autista (TEA)
COUTINHO; PERIM; SANTILIANO, 2023.BrasilPsicofarmacoterapia no acompanhamento de portador do Transtorno do espectro autista
GOMES, et al., 2023.BrasilDificuldades Encontradas por pais e cuidadores para o desenvolvimento de crianças autistas: uma revisão da literatura
FERREIRA; SILVA Jr., BATISTA, 2024BrasilAtenção farmacêutica e sua importância nos cuidados em crianças com transtorno do espectro autista (TEA)

Quadro 2 – Artigos selecionados e suas considerações

AutoresObjetivoConsiderações
DIAS, 2019Entender a importância do farmacêutico para os pacientes diagnosticados com TEA.Destaca a importância do papel do farmacêutico no tratamento de portadores do TEA, dando foco na necessidade de desenvolver planos terapêuticos, orientar sobre medicamentos e seus efeitos colaterais, e promover ações educativas. Aborda também a variedade de medicamentos utilizados no tratamento do TEA e ressalta a importância das políticas públicas para garantir direitos e acesso a tratamentos para pessoas com autismo.
SOUZA, 2021.Compreender o papel do profissional em farmácia para atender as necessidades e dificuldades marcantes da pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo.O autismo está incluso em um quadro de alta complexidade que requer uma atenção redobrada aos portadores da doença, visando não só a questão da inclusão de pessoas na sociedade, mas sim englobando uma série de fatores, desde a família, aos profissionais, médicos, farmacêuticos esses que poderão estar ao lado de seus pacientes desde o início de sua jornada, sendo assim, nas atividades multiprofissional desempenhando a busca de melhorias na farmacoterapia, contribuindo para a evolução clínica do portador e sua melhoria na qualidade de vida.
SILVA; ALMEIDA; ABREU, 2022.Descrever a importância do profissional farmacêutico no tratamento dos pacientes com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).O farmacêutico tem um papel de extrema importância para o acompanhamento do paciente e notificação de possíveis interações medicamentosas, pois é na atenção farmacêutica ao portador do TEA que ele pode intervir neste acompanhamento com orientações, com o uso adequado dos medicamentos, harmonização terapêutica, revisão, monitoramento e dosagem.
COUTINHO; PERIM; SANTILIANO, 2023.Elucidar o caso clínico de uma criança com TEA, em associação diagnóstica com TDAH e epilepsia focal (EF), baseando-se no acompanhamento psicofarmacológico.A adoção de tratamentos farmacológicos deve resultar no acompanhamento farmacêutico para uma melhor conciliação medicamentosa.
GOMES, et al., 2023.Analisar, por meio de bases científicas, as dificuldades encontradas por pais e cuidadores para o desenvolvimento de crianças autistas.É importante reconhecer que, com o apoio adequado, essas crianças podem alcançar marcos significativos em seu desenvolvimento. À medida que a sociedade se torna mais consciente e inclusiva, a esperança é que o futuro reserve oportunidades ainda maiores para crianças autistas e seus cuidadores.
FERREIRA; SILVA Jr., BATISTA, 2024Revisar a literatura recente sobre a importância da atenção farmacêutica nos cuidados de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).A assistência farmacêutica desempenha um papel importante na gestão de medicamentos e na melhoria da saúde e bem-estar de crianças com transtorno do espectro autista. Através da avaliação dos aspectos epidemiológicos, sintomas distintivos e diagnóstico do TEA, percebe-se a complexidade do transtorno e a importância de   uma   abordagem   terapêutica   precisa   para   amenizar   comportamentos indesejáveis significativos.

Ainda existem poucos estudos a respeito deste transtorno, apesar de estar sendo muito difundido na atualidade. No entanto, pacientes e profissionais da saúde esperam por melhores tratamentos medicamentosos, não apenas como tratamento paliativo dos sintomas, mas como esperança de cura da doença. Considerando todas as nuances que englobam o TEA, etiologias e mecanismos fisiopatológicos, deve-se considerar possibilidade de intervenções educacionais e programas de políticas públicas para aumentar a conscientização e conhecimento dos farmacêuticos sobre o autismo (SOUZA, 2021). É importante ressaltar que não apenas cuidadores e profissionais da saúde, mas a população em geral precisa de mais conhecimento a respeito desta doença, para que seja possível uma inclusão social de forma mais abrangente e não apenas no nível familiar e terapêutico.

A importância do diagnóstico precoce é abordada por Dias (2019)  a fim de determinar o nível do transtorno, podendo assim contribuir positivamente para uma maior eficiência nos planos terapêuticos e tratamentos relacionados. O estudo conclui ainda sobre a importância do papel do farmacêutico no tratamento do portador de TEA, com a finalidade de desenvolver um plano adequado, acompanhamento, orientações quanto a posologia, interações medicamentosas e possíveis efeitos colaterais para um melhor resultado e adesão do paciente e seus cuidadores ao tratamento proposto.

O TEA é um transtorno complexo que necessita de cuidados multidisciplinares para gerenciamento da doença e melhores resultados e, o papel do farmacêutico é essencial na gestão do tratamento e na definição da melhor abordagem terapêutica, de modo a melhorar a qualidade de vida do indivíduo que possui este transtorno, indo ao encontro com o estudo apresentado por Silva, Almeida, Abreu (2022). O autor traz ainda sobre o tratamento individualizado do paciente de acordo com as particularidades da sua doença e o quanto esta abordagem pode atenuar os sintomas ao longo da vida, promovendo melhor qualidade de vida para o indivíduo, seus cuidadores e família.

Coutinho, Perim e Santiliano (2023)  corroboram com os estudos demonstrados acima, defendendo a importância de um acompanhamento com consultas regulares e orientações sendo prestadas em cada passo da elaboração e adequação dos tratamentos propostos, visando sempre o benefício do paciente e de sua estrutura familiar e social com a melhora na adesão e execução dos tratamentos propostos.

Apesar de todos os esforços, é sabido que o caminho para o desenvolvimento dos portadores de autismo apresenta muitos desafios para os cuidadores, pais, professores e todos aqueles que fazem parte do convívio social do indivíduo. É preciso dedicação e paciência, uma vez que se trata de um transtorno neurológico e o portador também “sofre” com esta situação. Entretanto, não se pode deixar de destacar o quanto este esforço é eficiente, levando o indivíduo a alcançar marcos significativos no seu desenvolvimento (NASCIMENTO, et al., 2023).

Por último e não menos importante, tem-se a visão de Ferreira, Silva Jr. E Batista (2024) a respeito desta temática. A atenção farmacêutica tem papel muito importante na gestão dos medicamentos, orientações e adesão ao tratamento, proporcionando melhoria no bem-estar tanto físico/biológico quanto social do portador de TEA. A adesão aos tratamentos de forma correta e bem orientada só tende a beneficiar a população que necessita ser assistida quanto ao uso das terapias medicamentosas no tratamento do autismo. As muitas possibilidades de combinações medicamentosas, diante da vasta variedade de sintomas e outras comorbidades que podem acometer os indivíduos, as discussões sobre este assunto ainda são poucas, porém importantes.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, conclui-se o quão importante é a presença do farmacêutico a fim de orientar, guiar, explicar os mais diversos aspectos que compõem a terapia medicamentosa na saúde do paciente e todos os benefícios que podem trazer. O TEA é ainda uma doença de alta complexidade de entendimento com diversas possíveis combinações de tratamentos, sendo relevante a presença do farmacêutico na equipe multidisciplinar de tratamento do transtorno, a fim de se fazer entender todo o tratamento e os desdobramentos que este pode acarretar, visando sempre a melhora do bem-estar e da saúde neurológica/física do indivíduo.

Sendo assim, pode-se afirmar que a presença do farmacêutico no acompanhamento do tratamento de portadores do transtorno do espectro autista é de grande importância, no que diz respeito à adesão ao tratamento, abordando também orientações específicas e gerais as terapias medicamentosas propostas: efeitos colaterais e adversos, interações medicamentosas, posologias e outros aspectos relevantes.

REFERÊNCIAS

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DIAS, Amanda Cristina Barbosa.Transtorno do espectro autista (TEA):  a doença, diagnóstico, tratamento e a importância do farmacêutico.2019.  30 f.  TCC (Graduação) Curso de Farmácia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/208366. Acesso em 08 de outubro de 2024.

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VOLKMAR, Fred R.; WIESNER, Lisa A. Autismo: guia essencial para compreensão etratamento; Tradução: Sandra Maria Mallmann da Rosa; Porto Alegre: Artmed.2019.


¹Discente do Curso Superior de Farmácia do Centro Universitário FIPMOC – UNIFiPMoc, e-mail: anarno21@gmail.com
²Docente do Curso Superior de Farmácia do Centro Universitário FIPMOC – UNIFiPMoc, e-mail: talita.guimaraes@unifipmoc.edu.br