A IMPORTÂNCIA DO EXAME GINECOLÓGICO DE ROTINA PARA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO

THE IMPORTANCE OF ROUTINE GYNECOLOGICAL EXAMINATION FOR CERVICAL CANCER PREVENTION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10054314


Tainara Guedes Silva 1
Talita Amanda Pereira Madeira Lopes2
José William3


RESUMO

O câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical, é uma das enfermidades malignas mais prevalentes entre as mulheres em todo o mundo. Este tipo de câncer representa uma ameaça significativa à saúde feminina, com impactos devastadores tanto para as pacientes quanto para suas famílias. Objetivo: O objetivo geral deste estudo é analisar a importância do exame ginecológico de rotina na prevenção do câncer de colo de útero, com ênfase na sua eficácia na detecção precoce e redução da incidência dessa doença. Método: Para a revisão bibliográfica deste artigo foram usados artigos científicos encontrados nas bases de dados do Scielo, Google Acadêmico e PubMed entre 2018 até 2023. Para a escolha dos artigos, procedeu-se à leitura dos títulos, conclusões e resumos. Conclusão: Este artigo demonstrou que o exame ginecológico de rotina não apenas desempenha um papel fundamental na preservação da saúde feminina, mas também contribui para a redução do ônus econômico e emocional associado ao tratamento do câncer de colo de útero. Além disso, enfatizou a importância de promover o acesso a serviços de saúde e a conscientização sobre os fatores de risco, especialmente entre as populações mais vulneráveis.

Palavras-chave: Exame Ginecológico; Prevenção; Câncer; Colo de Útero.

ABSTRACT

Cervical cancer, also known as cervical cancer, is one of the most prevalent malignant diseases among women worldwide. This type of cancer poses a significant threat to women’s health, with devastating impacts on both patients and their families. Objective: The general objective of this study is to analyze the importance of routine gynecological examination in the prevention of cervical cancer, with emphasis on its effectiveness in early detection and reduction of the incidence of this disease. Method: For the bibliographic review of this article, scientific articles found in the databases of Scielo, Google Scholar and PubMed between 2018 and 2023 were used. To choose the articles, the titles, conclusions, and abstracts were read. Conclusion: This article demonstrated that routine gynecological examination not only plays a key role in preserving women’s health, but also contributes to reducing the economic and emotional burden associated with cervical cancer treatment. In addition, it emphasized the importance of promoting access to health services and awareness of risk factors, especially among the most vulnerable populations.

Keywords: Gynecological Examination; Prevention; Cancer; Cervix.

1. INTRODUÇÃO

O câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical, é uma das enfermidades malignas mais prevalentes entre as mulheres em todo o mundo. Este tipo de câncer representa uma ameaça significativa à saúde feminina, com impactos devastadores tanto para as pacientes quanto para suas famílias. No entanto, é importante ressaltar que o câncer de colo de útero é, em grande parte, evitável e passível de diagnóstico precoce por meio de exames ginecológicos de rotina. Neste contexto, a importância do exame ginecológico de rotina como medida eficaz de prevenção e detecção precoce deste câncer torna-se um tema de suma relevância para a saúde pública e para a qualidade de vida das mulheres.

Diante da gravidade do câncer de colo de útero, faz-se necessário compreender em profundidade como o exame ginecológico de rotina contribui para a prevenção e diagnóstico precoce desta doença. O problema de pesquisa que se coloca é: Qual é a importância do exame ginecológico de rotina na prevenção do câncer de colo de útero e como ele pode impactar positivamente a saúde das mulheres?

A hipótese que norteia este estudo é a seguinte: A realização regular de exames ginecológicos de rotina, como o Papanicolau, está positivamente associada à redução da incidência e mortalidade por câncer de colo de útero, contribuindo de forma significativa para a prevenção e detecção precoce dessa doença entre as mulheres.

O objetivo geral deste estudo é analisar a importância do exame ginecológico de rotina na prevenção do câncer de colo de útero, com ênfase na sua eficácia na detecção precoce e redução da incidência dessa doença. E os objetivos específicos são: Investigar os fatores de risco associados ao câncer de colo de útero; avaliar a eficácia dos exames ginecológicos de rotina, como o Papanicolau, na detecção precoce de lesões cervicais e analisar as estratégias de prevenção e conscientização da população feminina sobre a importância dos exames ginecológicos regulares.

Este estudo se justifica pela relevância do câncer de colo de útero como um problema de saúde pública, que afeta milhões de mulheres em todo o mundo. A realização de exames ginecológicos de rotina, como o Papanicolau, é uma estratégia comprovadamente eficaz na prevenção e detecção precoce dessa doença. No entanto, a adesão a esses exames ainda é insuficiente em muitas regiões, o que ressalta a necessidade de investigar e promover a conscientização sobre a importância desses procedimentos.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Na metodologia, está a natureza do estudo, a caracterização da pesquisa, que ferramentas, instrumentos e procedimentos, Como métodos e técnicas de pesquisa, que auxiliam na busca da solução do problema encontrado.

Após a aplicação dos instrumentos e a correspondente coleta dos dados, parte-se para a análise desses resultados e Segundo Carvalho, Pimenta e Oliveira (2018) a metodologia engloba um conjunto de operações, onde tem objetivos a serem resolvidos a partir da sistemática utilizada para a construção do quadro teórico.

Como bem ressalta Gil (2002, p. 17), a metodologia “desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados”

Para o presente trabalho, foi feita uma revisão bibliográfica. A pesquisa bibliográfica procura resolver um problema através de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica.

De acordo com Andrade (2020), este tipo de pesquisa tem como objetivo possibilitar maior ligação com o problema, com a finalidade de torná-lo mais compreensível. Sendo também uma pesquisa de natureza qualitativa.

Os métodos qualitativos procuram explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não qualificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados não são métricos e se valem de diferentes abordagens (ANDRADE, 2020).

Para a revisão bibliográfica deste artigo foram usados artigos científicos encontrados nas bases de dados do Scielo, Google Acadêmico e PubMed entre 2018 até 2023, usando as palavras-chave: Exame Ginecológico; Prevenção, Câncer; e Colo de Útero. Para a escolha dos artigos, procedeu-se à leitura dos títulos, conclusões e resumos.

3. DESENVOLVIMENTO

3.1. Câncer de Colo de Útero

O câncer de colo de útero representa um desafio significativo para a saúde pública global, com aproximadamente 530 mil casos e 256 mil mortes por ano em todo o mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020. No Brasil, excluindo o câncer de pele não melanoma, ele é classificado como a terceira neoplasia primária mais comum entre as mulheres, apresentando uma taxa estimada de incidência de 17,11 casos a cada 100 mil mulheres, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) em 2019.

O câncer de colo de útero é caracterizado pelo crescimento descontrolado do epitélio que reveste o órgão, resultando na deterioração da estrutura do tecido e na capacidade de invadir tecidos e órgãos adjacentes ou distantes. Existem duas principais categorias de carcinoma invasivo do colo uterino, dependendo do tipo de epitélio afetado: o carcinoma epidermóide, que é a forma mais prevalente, atingindo o epitélio escamoso e representando cerca de 80% dos casos, e o adenocarcinoma, que é uma forma mais rara que afeta o epitélio glandular (TAQUARY et. al., 2018).

Embora muitas vezes seja assintomático, essa condição pode apresentar sinais como sangramento vaginal durante a atividade sexual, secreção vaginal de cor escura e odor desagradável. Em estágios avançados, o câncer cervical pode resultar em hemorragia, obstrução das vias urinárias e intestinais (SILVA et. al., 2020).

Conforme destacado por Brito et. al. (2019), o câncer de colo do útero é uma neoplasia maligna que afeta o epitélio da cérvice uterina, originada a partir de alterações celulares que, inicialmente, progridem de maneira discreta. No entanto, com o tempo, essas alterações podem evoluir para um estágio de carcinoma cervical invasor, um processo que pode levar de uma a duas décadas para se desenvolver completamente. O câncer de colo do útero segue um curso clínico com estágios distintos, caracterizados por sua evolução lenta.

Silva et.al. (2021), enfatizam que essa patologia apresenta um processo de evolução gradual, podendo transcorrer aproximadamente três anos após a confirmação de displasia até o surgimento efetivo do tumor. A partir desse ponto, o tumor continua a se desenvolver ao longo de cerca de seis anos, durante os quais começa a invadir a mucosa do útero. Nessa fase, o tumor é categorizado como carcinoma invasor.

Esses estudos ressaltam a importância de compreender a progressão gradual do câncer de colo do útero e a necessidade de identificar as fases específicas desse processo para um diagnóstico precoce e intervenção adequada.

O principal fator de risco associado ao desenvolvimento dessa doença é a exposição ao Papilomavírus Humano (HPV), que infecta a pele e é transmitido principalmente por meio de relações sexuais. Além disso, fatores ambientais e predisposição genética também desempenham um papel significativo no surgimento do câncer cervical (MIYASAKI; BRITO, 2021).

De acordo com os autores Maia, Silveira e Carvalho (2018), a idade é outro elemento de grande relevância, como indicado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) em 2019, visto que a frequência do câncer de colo do útero é mais elevada em mulheres com idades entre 40 e 50 anos. Essa faixa etária corresponde ao período em que a maioria das mulheres passa pelo climatério, que marca a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo, culminando na menopausa, que é a última menstruação.

O período do climatério é caracterizado por uma série de alterações nas funções físicas, hormonais e imunológicas, o que resulta em um aumento do risco de desenvolvimento de neoplasias. Mulheres que entram na pós-menopausa têm uma tendência maior a ter relações sexuais desprotegidas, tornando o climatério uma fase da vida em que o risco de câncer de colo de útero é mais elevado (Cavalcante et.al.,2023).

Segundo as pesquisas de Silva et.al. (2019), o câncer de colo de útero é o segundo tipo mais comum de neoplasia maligna em mulheres em todo o mundo, sendo a terceira causa mais frequente no Brasil. Notavelmente, o climatério é a faixa etária que registra o maior número de casos, apresentando uma maior predisposição ao desenvolvimento de neoplasias (INCA, 2019). Além disso, é durante o climatério que muitas mulheres iniciam a terapia de reposição hormonal devido à diminuição dos níveis hormonais, o que aumenta o risco de câncer cervical.

O câncer de colo do útero têm um desenvolvimento que passa por uma fase prolongada de lesões pré-invasivas, que geralmente não apresentam sintomas e podem ser tratadas com sucesso quando diagnosticadas e tratadas adequadamente. Essas lesões pré-invasivas são conhecidas como neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC) e são classificadas em graus I, II e III. As neoplasias de alto grau, como a NIC II e a NIC III, têm uma probabilidade maior de progredir para câncer invasivo. Por outro lado, a NIC I reflete principalmente uma alteração citomorfológica associada à infecção pelo HPV e tem uma alta probabilidade de regredir. Atualmente, a NIC I não é considerada uma lesão precursora do câncer cervical (LOPES; RIBEIRO, 2019).

Segundo Andrade et.al. (2019), o câncer de colo de útero é um tipo de câncer que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura, chegando a taxas de quase 100% quando detectado precocemente. Isso se deve ao seu desenvolvimento gradual, que passa por estágios detectáveis e tratáveis. Devido à sua natureza de progressão lenta, existem várias intervenções que podem ser realizadas para interromper a propagação da doença. As lesões cervicais iniciais levam cerca de vinte anos para progredir para estágios invasivos, o que ressalta a importância das práticas preventivas para modificar o curso dessa patologia.

Conforme observado por Brito et.al. (2018), em mulheres saudáveis, o uso de contraceptivos orais não parece influenciar o desenvolvimento de lesões cervicais. No entanto, em mulheres infectadas pelo Papilomavírus Humano (HPV), há um aumento na suscetibilidade ao desenvolvimento de lesões cervicais de alto grau. Por outro lado, Gomes et.al. (2020), destacam que o início precoce da atividade sexual, antes dos 15 anos, é um fator de risco devido à falta de maturidade completa do colo uterino nessa faixa etária. Além disso, a prática de relações sexuais com múltiplos parceiros também está associada a um aumento na exposição ao HPV e, como consequência, ao aumento da probabilidade de infecção e transmissão do vírus.

Guimarães (2019) acrescenta que os grupos de maior risco para o câncer de colo do útero geralmente enfrentam desafios relacionados à falta de educação formal, bem como dificuldades na detecção precoce da doença. Além disso, questões como vergonha, ansiedade e acesso limitado aos serviços de saúde afetam principalmente aqueles em situação de maior vulnerabilidade social. Essas barreiras de acesso costumam estar associadas a dificuldades econômicas e geográficas, tornando a detecção e o tratamento do câncer de colo do útero um desafio particularmente relevante para esses grupos.

3.2. EXAMES GINECOLÓGICOS DE ROTINA: TIPOS E IMPORTÂNCIA

De acordo com o autor Figueiredo (2021), os exames ginecológicos de rotina são fundamentais para a detecção precoce do câncer de colo de útero, uma vez que este tipo de câncer, quando diagnosticado em estágios iniciais, é altamente tratável e curável.

3.2.1. Papanicolau

O exame de Papanicolau (figura 1), também conhecido como citologia cervical, desempenha um papel fundamental na detecção precoce e no diagnóstico do câncer de colo de útero, uma das doenças que afetam significativamente a saúde das mulheres em todo o mundo. Este exame é uma ferramenta essencial na prevenção e no controle do câncer cervical (Rocha et.al., 2020).

Figura 1 – Exame de Papanicolau

Fonte: Rocha et.al., 2020.

De acordo com os estudos de Silva et.al. (2021), o câncer de colo de útero é causado principalmente pelo Papilomavírus Humano (HPV), que é transmitido por meio de relações sexuais. O exame de Papanicolau consiste na coleta de células do colo do útero para posterior análise laboratorial. Durante o procedimento, o médico realiza a raspagem suave do colo do útero para obter uma amostra das células da região.

A importância do Papanicolau reside na detecção precoce de lesões pré-cancerígenas e de células cancerosas em estágios iniciais de desenvolvimento. Isso é crucial porque, quando diagnosticado em estágios iniciais, o câncer cervical é altamente tratável e as chances de cura são muito maiores. Além disso, o exame também pode identificar outras condições ginecológicas, como infecções e inflamações, que podem exigir tratamento.

A frequência recomendada para a realização do Papanicolau pode variar de acordo com as diretrizes médicas e o histórico individual da paciente. Geralmente, inicia-se o exame a partir dos 21 anos e, em caso de resultados normais, a frequência pode ser a cada três anos. No entanto, mulheres com fatores de risco adicionais, como histórico familiar de câncer cervical ou infecção prévia por HPV, podem precisar de avaliações mais frequentes (Silva et.al., 2021).

Segundo Gurgel et.al. (2019), em casos de resultados anormais no Papanicolau, pode ser necessária a realização de uma colposcopia, um exame mais detalhado do colo do útero, para avaliar as áreas suspeitas. Se confirmadas as anormalidades, podem ser realizadas biópsias para diagnóstico definitivo.

3.2.2. COLPOSCOPIA

De acordo com as autoras Rocha e Rosal (2018), a colposcopia (figura 2) é um exame importante e complementar no diagnóstico e acompanhamento das lesões no colo do útero. Ela desempenha um papel crucial na detecção de lesões vaginais e uterinas que geralmente não são visíveis a olho nu e que podem não ser identificadas por meio de métodos de rotina. Esse exame é frequentemente solicitado quando o exame de citologia oncológica (como o Papanicolau) identifica células cervicais alteradas ou quando a paciente já apresentou lesões causadas pelo vírus HPV (Papilomavírus Humano).

Figura 2 – Exame Colposcopia

Fonte: Rocha e Rochal, 2018.

O que torna a colposcopia valiosa é a sua capacidade de fornecer uma visualização ampliada e detalhada do colo do útero, permitindo ao médico examinar minuciosamente a área em busca de alterações. Além disso, quando necessário, podem ser realizadas biópsias durante o procedimento para coletar amostras de tecido do colo do útero. Essas amostras são posteriormente analisadas em laboratório (histologia) para confirmar a presença de lesões pré-cancerígenas ou cancerosas (ROQUE, 2020).

O uso combinado da colposcopia, citologia e histologia formam o que é chamado de “tripé diagnóstico”, proporcionando maior segurança e precisão no diagnóstico de condições do colo do útero. Isso é particularmente importante para determinar se as alterações celulares identificadas nos exames citológicos são realmente indicativas de lesões ou câncer, ou se são resultados de outras causas, como inflamação ou infecções (SILVA et.al.,2021).

Portanto, de acordo ainda com os autores Silva et.al. (2021), a colposcopia desempenha um papel crucial na confirmação de um diagnóstico positivo ou negativo obtido por meio de métodos citológicos e histológicos, contribuindo para um acompanhamento adequado e para o início precoce do tratamento, quando necessário, das neoplasias cervicais. É um procedimento fundamental para a saúde ginecológica das mulheres e na prevenção do câncer de colo do útero.

3.2.3. HISTEROSCOPIA

A histeroscopia (figura 3) é um procedimento ginecológico que possibilita a visualização interna do útero, facilitando a identificação e tratamento de possíveis anormalidades, tais como pólipos, miomas, sangramentos uterinos anormais e questões anatômicas (SANTOS et.al., 2019).

Figura 3 – Histeroscopia diagnóstica

Fonte: Santos et.al.,2019.

Esse exame é conduzido com o auxílio de um dispositivo chamado histeroscópio, que possui aproximadamente 10 milímetros de diâmetro e é equipado com uma microcâmera em sua extremidade. De acordo ainda com Santos et.al. (2019), é importante destacar que a histeroscopia deve ser realizada pelo ginecologista preferencialmente na primeira metade do ciclo menstrual, quando a mulher já não está menstruada. Além disso, não é indicada durante a gravidez ou em casos de infecções vaginais ativas, a fim de garantir resultados precisos e segurança para a paciente.

3.3. A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO E DETECÇÃO PRECOCE DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO

A prevenção primária do câncer de colo do útero está diretamente relacionada à redução do risco de infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). A transmissão dessa infecção ocorre principalmente por meio de atividade sexual, presumivelmente através de pequenas abrasões na mucosa ou na pele da região anogenital. Como resultado, o uso de preservativos (camisinha) durante as relações sexuais com penetração oferece uma proteção parcial contra a contaminação pelo HPV. É importante salientar que o HPV também pode ser transmitido pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal (BRASIL, 2016). A principal estratégia de prevenção, no entanto, é a utilização da vacina contra o HPV. O Ministério da Saúde introduziu no calendário de vacinação, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas e, em 2017, para meninos. Essa vacina oferece proteção contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros subtipos estão associados a verrugas genitais, enquanto os dois últimos são responsáveis por aproximadamente 70% dos casos de câncer de colo do útero (BRASIL, 2016).

Atualmente, o foco da vacinação abrange meninas e meninos com idade entre 9 e 14 anos, visto que a eficácia da vacina é mais significativa quando administrada antes do início da atividade sexual. O esquema de vacinação consiste em duas doses, com um intervalo de seis meses entre elas. Grupos especiais, como indivíduos com imunodeficiência relacionada ao HIV, devem seguir diretrizes específicas. Além disso, a vacina é recomendada para mulheres com imunossupressão, que vivem com HIV/Aids, que passaram por transplante ou que são portadoras de câncer, até os 45 anos de idade (BRASIL, 2016).

De acordo com as pesquisas de Connoly, Hughes e Berner (2020), a meta estabelecida é vacinar pelo menos 80% da população-alvo, com o intuito de reduzir a incidência do câncer de colo do útero nas próximas décadas no país. A vacinação, quando associada ao exame preventivo (Papanicolaou), complementa as estratégias de prevenção deste câncer. Mesmo para as mulheres que receberam a vacina, é essencial que, ao atingirem a idade recomendada, continuem realizando o exame preventivo, uma vez que a vacina não oferece proteção contra todos os subtipos oncogênicos do HPV. Portanto, a combinação dessas medidas é fundamental para uma prevenção eficaz do câncer de colo do útero.

Dessa forma, a detecção precoce desempenha um papel crucial na redução da mortalidade por câncer de colo de útero. Os exames de rotina, como o Papanicolau, têm o potencial de identificar lesões pré-cancerígenas ou cancerosas em seus estágios iniciais, antes que se tornem um problema mais sério. Isso não apenas aumenta a probabilidade de tratamento bem-sucedido, mas também reduz a necessidade de tratamentos invasivos e agressivos, que podem ter impactos significativos na qualidade de vida das mulheres (FREITAS et.al.,2019).

CONCLUSÃO

Concluímos que, o exame ginecológico de rotina desempenha um papel crucial na prevenção do câncer de colo de útero. Este tipo de câncer, que afeta predominantemente as mulheres, é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. No entanto, é também um dos tipos de câncer mais evitáveis e tratáveis quando detectado precocemente.

Os exames de rotina, como o Papanicolau, oferecem a oportunidade de identificar lesões pré-cancerígenas ou cancerosas em seus estágios iniciais, permitindo intervenções adequadas antes que a doença se torne mais grave. Além disso, a conscientização sobre a importância da prevenção e da detecção precoce do câncer de colo de útero, juntamente com a vacinação contra o HPV, é essencial para reduzir a incidência dessa doença.

Este artigo demonstrou que o exame ginecológico de rotina não apenas desempenha um papel fundamental na preservação da saúde feminina, mas também contribui para a redução do ônus econômico e emocional associado ao tratamento do câncer de colo de útero. Além disso, enfatizou a importância de promover o acesso a serviços de saúde e a conscientização sobre os fatores de risco, especialmente entre as populações mais vulneráveis.

Portanto, a realização regular de exames ginecológicos de rotina é uma medida simples, porém poderosa, que pode salvar vidas e melhorar a qualidade de vida das mulheres. Ao reconhecer a importância desses exames e ao promover políticas de saúde que incentivem sua realização, estamos dando passos significativos em direção a um futuro em que o câncer de colo de útero seja uma doença cada vez menos ameaçadora.

REFERÊNCIAS

ANDRADE AOYAMA, Elisângela et al. Assistência de enfermagem na prevenção do câncer de colo do útero. BrazilianJournalofHealthReview, v. 2, n. 1, p. 162-170, 2019.

BRASIL. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero.

2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016.

BRITO, Isabele Eufrásio de et al. Prevenção do câncer do colo do útero: quem realiza?. 2019.

BRITO PITILIN, Érica et al. Sensibilizando enfermeiros no controle do câncer do colo do útero. Revista Ciência em Extensão, v. 14, n. 3, p. 90-101, 2018.

CAVALCANTE, Alan Rodrigues et al. Caracterização do perfil epidemiológico de pacientes com câncer do colo do útero no Ceará durante o período de 2013 a 2022. Revista de Pesquisas Básicas e Clínicas, v. 1, n. 1, p. 1-9, 2023.

CONNOLLY, Reitor; HUGHES, Xan; BERNER, Alison. Barreiras e facilitadores para o rastreamento do câncer cervical entre homens transgêneros e pessoas não-binárias com colo do útero: uma revisão narrativa sistemática. Medicina preventiva, v. 135, p. 106071, 2020.

FIGUEIREDO, Cesar Patez. A IMPORTÂNCIA DA REALIZAÇÂO DE EXAMES GINECOLÓGICOS PERIÓDICOS. 2021.

FREITAS LIMA, Hilderlânia et al. Fatores de risco para o câncer do colo uterino: revisão de literatura. EncontrodeExtensão,DocênciaeIniciação Científica (EEDIC), v. 5, n. 1, 2019.

GOMES, Giovanna et al. Perfil do câncer do colo uterino e lesões precursoras em um ambulatório de especialidades médicas/Profile of uterine cervical and precursing injuries in an ambulatory of medical specialties/Perfil de cáncer cervical y lesiones precursivas en un ambulatorio de especialidades médicas. Journal Health NPEPS, v. 5, n. 2, 2020.

GUIMARÃES, Rafaella Feitosa. Câncer de Colo do Útero: abordagem teórica sobre avanços da doença, prevenção e controle. Trabalho de Conclusão de Curso.

Pós-Graduação em Citologia Clínica. Instituto de ensino superior e pesquisa–INESP. Centro de capacitação educacional. Recife, 2019.

GURGEL, Lucineide Coqueiro et al. Percepção de mulheres sobre o exame de prevenção de colo de útero Papanicolau: Uma Revisão Integrativa da Literatura/Perception of women on uterine cervix prevention Papanicolau: An Integrative Review of Literature. IDonline.Revistadepsicologia, v. 13, n. 46, p. 434-445, 2019.

INCA – INSTITUTO NACIONAL DO CANCER, Ministério da Saúde. Câncer do colo do útero, 2019. Disponível em: www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/colo-do-utero. Acesso em 01 de out. de 2023.

LOPES, Viviane Aparecida Siqueira; RIBEIRO, José Mendes. Fatores limitadores e facilitadores para o controle do câncer de colo de útero: uma revisão de literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p. 3431-3442, 2019.

MAIA, Rafaela Cristina Bandeira; SILVEIRA, Bruna Letícia; DE CARVALHO, Mariana Ferreira Alvez. Câncer do colo do útero: papel do enfermeiro na estratégia e saúde da família. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente, v. 9, n. 1, p. 348-372, 2018.

MIYASAKI, Marcelo Takio Almeida; DE BRITO JUNIOR, Lacy Cardoso. A importância do diagnóstico primário de lesões sugestivas de efeito citopático compatível com HPV em colo uterino–Uma breve revisão. BrazilianJournal of Development, v. 7, n. 7, p. 70922-70933, 2021.

ROCHA, Marceli Diana Helfenstein Albeirice et al. Prevenção do câncer de colo de útero na consulta de enfermagem: para além do Papanicolau. Revista Cereus, v. 12, n. 1, p. 50-63, 2020.

ROCHA, Suele Santos; ROSAL, Marta Alves. Análise comparativa entre citologia, colposcopia e histopatologia do colo uterino em serviço de ginecologia de um hospital universitário. Jornal de Ciências da Saúde do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí, v. 1, n. 1, p. 69-75, 2018.

ROQUE, JULIANO AGUIAR. CITOLOGIA, COLPOSCOPIA E HISTOLOGIA: UM ESTUDO NA UNIDADE DE ANATOMIA PATOLÓGICA E CITOLOGIA DO MUNICÍPIO DE PALMAS-TO. Revista de Patologia do Tocantins, v. 9, n. 3, p. 47-50, 2022.

SANTOS ROCHA, Lívia Laura et al. Linfonodo sentinela no câncer de endométrio: Revisão narrativa. RevistaEletrônicaAcervoSaúde, v. 11, n. 5, p. e302-e302, 2019.

SILVA, Matheus Moura et al. Evidências contemporâneas sobre o uso da terapia de reposição hormonal. Brazilian journal of health review, v. 2, n. 2, p. 925-969, 2019.

SILVA, João Felipe Tinto et al. A percepção de mulheres diante da prevenção do câncer de colo de útero e a realização do exame Papanicolau. Research,Society and Development, v. 10, n. 12, p. e368101220525-e368101220525, 2021.

SILVA, Laura Gomes et al. A importância da prevenção do câncer do colo do útero: revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 10, n. 15, p. e533101523334-e533101523334, 2021.

SILVA, Mayra Alencar et al. Câncer de colo de útero em Alagoas: um estudo descritivo retrospectivo. [TESTE] Revista Portal: Saúde e Sociedade, v. 6, p. 02106010, 2021.

SILVA, Mikaela Luz et al. Conhecimento de mulheres sobre câncer de colo do útero: Uma revisão integrativa. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 4, p. 7263-7275, 2020.

TAQUARY, Laura Rohlfs et al. Fatores de risco associados ao Papiloma vírus Humano (HPV) e o desenvolvimento de lesões carcinogênicas no colo do útero: uma breve revisão. CIPEEX, v. 2, p. 855-859, 2018.