REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11531726
Fernanda Da Silva Andrade
RESUMO
Nas últimas décadas, a pesquisa tem se concentrado profundamente na eficácia dos programas de intervenção destinados a crianças autistas na primeira infância. Os princípios teóricos da neuroplasticidade e abordagens centradas no desenvolvimento destacam a importância do tratamento precoce e intensivo para esse grupo de indivíduos. Nesse contexto, estudos indicam a importância de incluir crianças com menos de cinco anos de idade em programas de intervenção com uma carga horária mínima de 25 horas por semana. O ensino infantil surge como um campo educacional altamente promissor para implementar práticas de intervenção voltadas para essa faixa etária. Além de atender crianças de 0 a 5 anos, em regime de horário integral ou parcial, o ensino infantil tem como objetivo fundamental promover o desenvolvimento abrangente das crianças, abordando aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais. Este artigo tem como propósito principal descrever os fundamentos da intervenção precoce, com um foco especial nas melhores práticas direcionadas às populações de crianças com autismo. Além disso, explora a importância dessa modalidade de atendimento no contexto da educação infantil no cenário nacional.
Palavras-chave: Autismo.Ensino Avaliação.
INTRODUÇÃO
A relação entre autismo e educação é um tema de crescente relevância e interesse tanto para educadores quanto para pesquisadores, pais e profissionais de saúde. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurobiológica que afeta a maneira como as pessoas percebem o mundo, interagem socialmente e processam informações. À medida que a conscientização sobre o autismo aumentou nas últimas décadas, a compreensão de como melhor apoiar a educação de indivíduos autistas também evoluiu significativamente.
A educação desempenha um papel crucial na vida de todas as crianças, mas para aquelas com TEA, essa importância é ainda mais acentuada. A educação é o meio pelo qual as crianças autistas podem adquirir habilidades, desenvolver sua autonomia, e integrar-se na sociedade. Portanto, o desafio é proporcionar uma educação que atenda às necessidades específicas de cada aluno, reconhecendo a ampla variação de características e habilidades dentro do espectro autista. Ao decorrer do artigo, será explorado a interseção entre autismo e educação, destacando a importância da inclusão, adaptação curricular, métodos de ensino personalizados e a formação de professores para criar ambientes educacionais mais inclusivos e eficazes. Também discutiremos o papel crucial dos pais e da colaboração entre escolas, famílias e profissionais de saúde no apoio ao desenvolvimento e sucesso acadêmico de crianças autistas. Em última análise, este conjunto de conhecimentos é essencial para promover uma educação inclusiva e equitativa que permita que todas as crianças alcancem seu pleno potencial, independentemente de estarem no espectro autista.
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO CAPACITADO PARA CRIANÇAS COM AUTISMO.
O ensino capacitado para crianças com autismo desempenha um papel crucial no desenvolvimento e no bem-estar dessas crianças. Aqui estão algumas das principais razões pelas quais isso é tão importante:
– Inclusão social: O ensino capacitado promove a inclusão de crianças com autismo na sociedade, permitindo que elas interajam e participem ativamente na comunidade.
– Desenvolvimento de habilidades sociais: Oferece oportunidades para as crianças com autismo aprenderem e praticarem habilidades sociais essenciais, como comunicação e interação social.
– Apoio às necessidades individuais: O ensino capacitado é adaptado para atender às necessidades específicas de cada criança com autismo, considerando suas habilidades e desafios únicos.
– Melhoria da qualidade de vida: Ajuda a melhorar a qualidade de vida das crianças com autismo, proporcionando-lhes as ferramentas necessárias para funcionar de forma mais independente.
1. Desenvolvimento cognitivo: Estimula o desenvolvimento cognitivo, promovendo o aprendizado e a aquisição de novos conhecimentos.
2. Redução de comportamentos desafiadores: O ensino capacitado pode ajudar a reduzir comportamentos desafiadores, proporcionando às crianças estratégias para lidar com suas emoções e frustrações.
3. Preparação para o futuro: Prepara as crianças com autismo para uma transição mais suave para a vida adulta, equipando-as com habilidades necessárias para o trabalho e a vida independente.
4. Apoio às famílias: Oferece suporte às famílias, fornecendo orientação e recursos para ajudá-las a compreender e apoiar melhor seus filhos com autismo.
5. Promoção da igualdade: Contribui para a promoção da igualdade, garantindo que todas as crianças, independentemente de suas diferenças, tenham acesso a uma educação de qualidade.
6. Desenvolvimento emocional: Ajuda as crianças com autismo a desenvolverem habilidades emocionais e a compreenderem e expressarem suas próprias emoções.
7. Comunicação eficaz: Foca na melhoria da comunicação, permitindo que as crianças com autismo se expressem e compreendam melhor o mundo ao seu redor.
8. Empoderamento: Capacita as crianças com autismo, aumentando sua autoestima e confiança, à medida que conquistam novas habilidades e alcançam metas educacionais.
9. Redução do estigma: O ensino capacitado também desempenha um papel importante na redução do estigma em relação ao autismo, aumentando a compreensão e a aceitação na sociedade.
Portanto, o ensino capacitado para crianças com autismo é essencial para garantir que elas tenham oportunidades justas e adequadas para crescer, aprender e se desenvolver plenamente. Isso não apenas beneficia as crianças em questão, mas também enriquece nossa sociedade como um todo.
2. A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO AUTISTA
A escola oferece oportunidades valiosas para interações sociais, permitindo que os alunos autistas aprendam a se relacionar com colegas e desenvolvam habilidades sociais cruciais. Assim como, a escola promove a inclusão, ajudando a integrar alunos autistas na sociedade e a construir comunidades mais diversas e compreensivas. A sala de aula é um ambiente onde os alunos têm acesso a uma variedade de conhecimentos e habilidades, preparando-os para enfrentar desafios acadêmicos futuros. Como também ajuda a promover a independência, permitindo que os alunos autistas desenvolvam habilidades de autocuidado e tomada de decisão. A interação com colegas e professores na escola pode contribuir significativamente para o desenvolvimento da linguagem e comunicação. A presença de alunos autistas na escola pode aumentar a conscientização e promover a aceitação da neurodiversidade entre os colegas, oferecendo a oportunidade de explorar uma variedade de interesses e talentos, permitindo que os alunos autistas descubram suas paixões, incentivando a definição de metas educacionais e pessoais, capacitando os alunos a alcançarem seus objetivos. Por isso, os educadores podem adaptar estratégias de ensino para atender às necessidades individuais dos alunos autistas, promovendo um aprendizado mais eficaz com equipes multidisciplinares que incluem psicólogos, terapeutas e especialistas em educação especial para fornecer um suporte abrangente. Com isso, a escola enriquece a experiência de vida dos alunos autistas, expondo-os a diferentes perspectivas e culturas. Sendo através da educação que os alunos autistas podem se sentir mais empoderados, confiantes e capazes de enfrentar os desafios da vida, com uma preparação na participação cívica, sobre cidadania e responsabilidade social, capacitando-os a se tornarem membros ativos da comunidade, tornando-se um onde os alunos podem fazer amizades duradouras e construir relacionamentos significativos. Em resumo, a escola desempenha um papel crucial na formação de alunos autistas, oferecendo não apenas conhecimento acadêmico, mas também oportunidades vitais de desenvolvimento social, emocional e pessoal. Ela desempenha um papel importante na criação de indivíduos capacitados e contribui para uma sociedade mais inclusiva e diversificada.
3. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO
Jussara Hoffmann, renomada educadora e autora de best-sellers na área da educação, argumenta que as tradicionais provas são predominantemente utilizadas como um instrumento classificatório, carecendo da capacidade necessária para medir adequadamente o conhecimento adquirido pelo aluno. Segundo Hoffmann (2011), por muito tempo, a prática classificatória serviu como meio para estimular o engajamento dos alunos, pois criava-se uma necessidade artificial de aprender baseada na importância burocrática das avaliações. A simples atribuição de notas parecia suficiente para motivar os alunos a se dedicarem às atividades escolares.
De acordo com Jussara, a inclusão pode, paradoxalmente, resultar em exclusão quando a avaliação é usada para fins de classificação em vez de promoção do aprendizado. Isso acontece quando as decisões de avaliação se baseiam em critérios comparativos, em vez de levar em consideração as necessidades individuais de cada aluno e o princípio de proporcionar igualdade de oportunidades de aprendizagem e integração na sociedade, com igualdade de condições educativas. Essa igualdade não está relacionada à abordagem padronizada da avaliação, que exige que os alunos se igualem aos colegas ou atendam às expectativas de um grupo fixo ou de um professor. Ela está relacionada à necessidade de desenvolver abordagens de aprendizagem personalizadas e formar educadores capazes de criar ambientes educacionais inclusivos e adequados às diversas necessidades das crianças e jovens brasileiros.
Por outro lado, Iana Horta, pedagoga especializada em Educação Especial, salienta que as crianças autistas frequentemente experimentam oscilações comportamentais, sendo sensíveis a pequenas alterações em sua rotina, o que pode levá-las a manifestar agressividade, impaciência e irritação.
A pedagoga também enfatiza que as avaliações tradicionais não conseguem medir adequadamente o conhecimento dos estudantes, uma vez que são influenciadas pelo estado de ânimo e bem-estar dos alunos no dia da avaliação.
As pessoas possuem estilos de aprendizagem distintos, o que significa que a forma como absorvem informações pode variar consideravelmente. Enquanto algumas pessoas preferem a leitura como principal meio de adquirir conhecimento, outras acham que ferramentas visuais, como desenhos, filmes e quadrinhos, são muito mais eficazes.
Essa diversidade de estilos de aprendizagem também se estende à maneira como os indivíduos expressam o que aprenderam. Enquanto alguns alunos podem se destacar em avaliações tradicionais, como provas escritas, outros podem encontrar sua voz e demonstrar seu conhecimento de maneira mais eficaz por meio de apresentações orais ou trabalhos práticos.
Portanto, é imperativo que os educadores não se limitem a métodos de ensino e avaliação padronizados, especialmente ao trabalhar com alunos que têm diagnósticos como Transtorno do Espectro Autista (TEA), dislexia, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e outros. A inclusão e a promoção da aprendizagem desses alunos exigem abordagens flexíveis e diversas.
Com o objetivo de oferecer avaliações que atendam às necessidades de todos os alunos de maneira inclusiva, apresentam-se algumas sugestões:
∙ Atividades de Aperfeiçoamento: Propor atividades destinadas a aprimorar e avaliar o conhecimento do aluno, sem a atribuição de notas finais. Essas atividades devem ser cuidadosamente adaptadas para alunos com TEA, usando textos claros e perguntas objetivas, evitando metáforas.
Essas estratégias reconhecem a individualidade dos alunos e garantem que todos tenham a oportunidade de aprender e demonstrar seu conhecimento da melhor maneira possível. Ao adotar abordagens inclusivas, os educadores podem promover um ambiente de aprendizado mais eficaz e equitativo.
Atividades em grupo podem ser realizadas de várias maneiras, como por meio de brincadeiras, jogos, seminários ou dinâmicas em grupo. Essa abordagem de avaliação oferece à criança ou adolescente a oportunidade de demonstrar seus conhecimentos de forma lúdica, ao mesmo tempo em que aprimora suas habilidades sociais e de comunicação.
Atividades manuais e artísticas constituem uma forma criativa de avaliar o entendimento dos alunos sobre determinados temas. Por exemplo, após a apresentação da estrutura de uma célula animal, os alunos podem ser desafiados a construir uma maquete representando essa célula. Essa abordagem é particularmente eficaz para abordar conceitos abstratos e desenvolver a coordenação motora. Outra opção seria avaliar a compreensão de textos, incentivando os alunos a recontar uma história lida em sala de aula por meio de desenhos, sequências de fotos ou apresentações teatrais.
Entrevistar o profissional de apoio ou mediador que acompanha os alunos neuro diversos durante o período letivo é uma estratégia valiosa. Esse profissional está em contato diário com o aluno, oferecendo suporte, respondendo dúvidas e auxiliando nas atividades. Sua perspectiva pode fornecer insights valiosos sobre as habilidades, desafios e níveis de desenvolvimento do aluno em diferentes matérias. Essas informações podem enriquecer o processo de avaliação e ajudar a adaptar o ensino para atender às necessidades específicas de cada aluno.
Essas abordagens diversificadas de avaliação reconhecem a singularidade de cada aluno e incentivam a expressão do conhecimento de maneiras variadas, promovendo uma aprendizagem mais eficaz e inclusiva.
4. AUTISMO NA CONTEMPORANEIDADE:
O Jade EDU é um software educacional projetado para estimular o desenvolvimento cognitivo de alunos com diversas habilidades, tanto típicos quanto atípicos. Ele complementa o processo de aprendizado de maneira envolvente, até mesmo fora do ambiente de sala de aula, e permite que os professores acompanhem de perto o progresso acadêmico de seus alunos.
Enquanto as crianças se divertem com os jogos interativos disponíveis no aplicativo, a plataforma avalia seu desempenho, identifica áreas de desafio e pontos fortes e fornece relatórios detalhados aos professores. Essas informações são valiosas para a criação de estratégias de ensino personalizadas, resultando em uma sala de aula mais inclusiva e adaptada às necessidades individuais dos alunos.
Nosso objetivo transcende a simples promoção de alunos para o próximo ano letivo. Almejamos oferecer ferramentas que capacitem as escolas a proporcionar educação de forma inclusiva, onde o conhecimento seja acessível a todos, independentemente de suas habilidades ou diferenças. O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é uma condição neurodesenvolvimental que afeta a maneira como uma pessoa pensa, se comporta e interage com os outros. Os aspectos cognitivos do autismo podem variar amplamente de pessoa para pessoa, mas geralmente envolvem diferenças no processamento de informações sensoriais, na comunicação e na interação social.
Aqui estão alguns dos principais aspectos cognitivos associados ao autismo:
1. Processamento sensorial: Muitas pessoas com autismo têm diferenças no processamento sensorial. Isso significa que podem ser hiper ou hipo reativos a estímulos sensoriais como luzes, sons, texturas e sabores. Essas sensibilidades sensoriais podem afetar a forma como uma pessoa com autismo percebe e interage com o ambiente ao seu redor.
2. Comunicação: A comunicação é uma área-chave afetada pelo autismo. Alguns indivíduos podem ter dificuldades na comunicação verbal e preferir a comunicação não-verbal, como gestos ou comunicação através de dispositivos de comunicação assistiva. Além disso, alguns podem ter dificuldades em entender e interpretar a comunicação social, como expressões faciais e tom de voz.
3. Interação social: As pessoas com autismo podem enfrentar desafios na interação social. Isso pode incluir dificuldades em estabelecer conexões emocionais, entender e responder a pistas sociais sutis, como o olhar nos olhos, e em participar de conversas e atividades sociais de maneira típica.
4. Padrões de comportamento repetitivos: Muitas pessoas com autismo exibem padrões de comportamento repetitivos ou interesses restritos. Isso pode incluir a repetição de movimentos, como balançar as mãos, ou o foco intenso em tópicos específicos de interesse.
No entanto, é importante notar que o autismo é altamente heterogêneo, e cada indivíduo é único. Algumas pessoas com autismo têm habilidades excepcionais em áreas específicas, como matemática, música ou arte. O apoio e a intervenção precoces podem desempenhar um papel crucial no desenvolvimento das habilidades cognitivas e sociais de uma pessoa com autismo.
As abordagens terapêuticas, como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), a Terapia de Comunicação Aprimorada (AAC) e a Terapia Ocupacional, podem ser usadas para ajudar indivíduos com autismo a desenvolverem suas habilidades cognitivas e melhorar sua qualidade de vida. Além disso, a conscientização e a aceitação do autismo desempenham um papel fundamental na promoção da inclusão e do apoio às pessoas com autismo em suas comunidades.
O papel do professor desempenha um papel fundamental no aprendizado e no desenvolvimento de estudantes autistas. A educação inclusiva, que visa atender às necessidades de todos os alunos, incluindo aqueles com autismo, exige que os professores desempenhem um papel ativo e adaptativo. Aqui estão algumas considerações importantes sobre o papel do professor no aprendizado de estudantes autistas:
1. Conhecimento sobre o autismo: Professores devem buscar entender o autismo, suas características e como ele pode afetar o aprendizado e o comportamento dos estudantes. Isso envolve aprender sobre as diferenças sensoriais, de comunicação e sociais comuns em pessoas com autismo.
2. Individualização do ensino: Cada aluno autista é único, portanto, os professores precisam adaptar suas abordagens de ensino para atender às necessidades individuais. Isso pode incluir a personalização do currículo, a modificação de atividades e a oferta de apoios específicos, como comunicação alternativa ou estratégias de gerenciamento de comportamento.
3. Comunicação eficaz: Professores devem ser proficientes em comunicação eficaz, o que pode incluir o uso de comunicação visual, clara e direta. Eles também devem estar cientes das preferências de comunicação de cada aluno autista e estar dispostos a utilizar métodos alternativos, como a comunicação por meio de dispositivos de comunicação assistiva.
4. Ambiente de aprendizado inclusivo: O ambiente de sala de aula deve ser acolhedor e inclusivo. Isso pode envolver a organização do espaço de maneira a minimizar estímulos sensoriais aversivos, proporcionando áreas de descanso sensorial, e incentivando a interação social positiva entre os alunos.
5. Colaboração com especialistas: Professores frequentemente trabalham em equipe com terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e outros profissionais que têm experiência em autismo. Essa colaboração é crucial para desenvolver estratégias eficazes de ensino e apoio.
6. Estabelecimento de rotinas: Muitos alunos autistas se beneficiam de rotinas estruturadas e previsíveis. Os professores podem ajudar a estabelecer rotinas diárias claras e consistentes, fornecendo aos alunos um senso de segurança e previsibilidade.
7. Prática de empatia e aceitação: Professores devem promover um ambiente de aceitação e empatia, tanto entre os alunos quanto entre os colegas. Isso ajuda a reduzir o estigma e a promover a compreensão e o respeito pelas diferenças.
8. Avaliação contínua: Professores devem monitorar o progresso dos alunos autistas de forma contínua e ajustar suas abordagens de ensino conforme necessário. Isso pode envolver a coleta de dados sobre o comportamento e o desempenho acadêmico e a revisão regular dos planos de ensino.
Em resumo, o papel do professor no aprendizado de estudantes autistas é essencial para garantir que esses alunos tenham acesso a uma educação de qualidade e sejam apoiados em seu desenvolvimento. Isso exige compreensão, adaptação e um compromisso contínuo com a criação de ambientes inclusivos e de apoio.
A terapia ocupacional desempenha um papel importante no tratamento e no desenvolvimento de habilidades em crianças autistas. Essa forma de terapia visa ajudar as crianças a melhorar seu funcionamento e independência em atividades diárias (ocupações) que são essenciais para suas vidas, incluindo tarefas de autocuidado, habilidades sociais, brincadeiras e participação na escola.
Aqui estão alguns aspectos importantes da terapia ocupacional em crianças autistas:
1. Avaliação: O processo de terapia ocupacional geralmente começa com uma avaliação abrangente das necessidades da criança. O terapeuta ocupacional observa e avalia as habilidades motoras, sensoriais, cognitivas e sociais da criança para determinar áreas de dificuldade e identificar metas terapêuticas.
2. Intervenção baseada em metas: Com base na avaliação, o terapeuta ocupacional desenvolve um plano de intervenção individualizado que inclui metas específicas a serem alcançadas. Essas metas podem se concentrar em habilidades motoras finas e grossas, habilidades de coordenação, regulação sensorial, habilidades sociais e de comunicação, entre outras.
3. Terapia sensorial: Muitas crianças autistas têm sensibilidades sensoriais incomuns, como hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos sensoriais. A terapia ocupacional pode incluir técnicas de integração sensorial para ajudar a criança a regular e processar informações sensoriais de maneira mais eficaz.
4. Habilidades de coordenação motora: A terapia ocupacional ajuda as crianças a desenvolverem habilidades motoras finas, como escrever, recortar, amarrar sapatos e comer com utensílios. Também pode incluir atividades para melhorar a coordenação motora grossa, como correr, pular e equilibrar-se.
5. Autocuidado e habilidades de vida diária: Ensinar habilidades de autocuidado, como vestir-se, escovar os dentes, tomar banho e usar o banheiro de forma independente, é um componente importante da terapia ocupacional para crianças autistas.
6. Habilidades sociais e de comunicação: A terapia ocupacional também pode abordar habilidades sociais e de comunicação, ajudando as crianças a desenvolverem a capacidade de interagir com os outros, compreender pistas sociais, fazer amizades e expressar suas necessidades de forma eficaz.
7. Treinamento de pais e cuidadores: Os terapeutas ocupacionais frequentemente trabalham em estreita colaboração com os pais e cuidadores para ajudá-los a entender e apoiar as metas terapêuticas da criança em casa e em outros ambientes.
8. Abordagem centrada na criança: A terapia ocupacional para crianças autistas é altamente individualizada e adaptada às necessidades específicas de cada criança. Os terapeutas ocupacionais usam uma abordagem centrada na criança, adaptando as atividades terapêuticas para envolver a criança de maneira motivadora e eficaz.
É importante notar que a terapia ocupacional não é uma abordagem única para o tratamento do autismo, mas pode ser parte de um plano de intervenção abrangente que inclui outras terapias, como terapia fonoaudiológica e terapia comportamental, dependendo das necessidades da criança. O objetivo geral da terapia ocupacional é melhorar a qualidade de vida da criança, promovendo sua independência, autoestima e participação ativa na sociedade.
CONCLUSÃO.
Para que a avaliação educacional desempenhe um papel fundamental em todo o processo de ensino-aprendizagem de crianças neuro divergentes, é imperativo que o educador assuma uma abordagem responsável e cuidadosa em sua prática pedagógica. É crucial que haja adaptações nos planos de aula para esses indivíduos, levando em consideração não apenas seus desafios, mas também suas habilidades e talentos individuais. Isso não implica em ignorar os desafios, pelo contrário, eles representam os obstáculos reais que essas crianças enfrentam e precisam ser compreendidos e abordados de maneira individualizada. Por meio do uso de ferramentas apropriadas e direcionamentos adequados, esses desafios podem ser enfrentados de forma mais eficaz e menos conflituosa para as crianças neuro divergentes. No entanto, é fundamental que os educadores recebam apoio, tanto de profissionais especializados quanto de médicos, para criar um ambiente de aprendizado verdadeiramente inclusivo.
Para concluir, gostaria de compartilhar a reflexão da autora Jussara Hoffmann sobre o ensino inclusivo e personalizado:
“Em relação às práticas de avaliação, quero enfatizar que qualquer abordagem que se baseie estritamente no coletivo, no que ‘serve para todos’, pode deixar muitos alunos no anonimato. Os objetivos alcançados pela maioria, as tarefas realizadas pela maioria, o interesse demonstrado pela maioria, o livro lido por quase todos. Pelo contrário, o caminho da aprendizagem deve ser sempre considerado como algo único e singular, assim como a vida de cada indivíduo. É necessário exercitar a habilidade de ‘aprender a olhar’ cada aluno, conhecendo sua experiência de vida, suas iniciativas, suas realizações, suas emoções e desafios, suas diferenças, e o inesperado que frequentemente ocorre.” (HOFFMANN, 2011, p.15)
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