A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO HOSPITALAR: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

THE ROLE OF NURSING PROFESSIONALS IN HOSPITAL ACCREDITATION: A BIBLIOGRAPHIC REVIEW

REGISTRO DOI:


Lucas Gonçalves de Oliveira1
Orientador: Rodolfo José Vitor2


RESUMO

A busca pela qualidade e segurança na assistência à saúde tornou-se uma prioridade nas instituições hospitalares. Diante disso, a acreditação hospitalar surge como um importante instrumento de avaliação e melhoria contínua dos serviços de saúde, visando assegurar um atendimento ético, resolutivo e centrado no paciente. O enfermeiro, enquanto profissional fundamental no cuidado, desempenha papel essencial na implementação de protocolos, na gestão de processos e na promoção de uma cultura organizacional voltada à qualidade. Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre a importância do profissional enfermeiro no processo de acreditação hospitalar. A metodologia baseou-se em uma revisão narrativa da literatura, utilizando as bases de dados PubMed, SciELO e BVS, com recorte temporal de 2018 a 2024. A análise dos estudos evidenciou que a participação ativa do enfermeiro contribui significativamente para a melhoria da qualidade assistencial, prevenção de eventos adversos e fortalecimento da segurança do paciente. Conclui-se que o protagonismo do enfermeiro é fundamental para o sucesso da acreditação hospitalar e para o alcance de resultados sustentáveis nas organizações de saúde.

Palavras-chave: Enfermagem. Acreditação hospitalar. Qualidade assistencial. Segurança do paciente.

ABSTRACT

The pursuit of quality and safety in healthcare has become a priority for hospital institutions. In this context, hospital accreditation emerges as a key tool for evaluating and continuously improving health services, aiming to ensure ethical, effective, and patient-centered care. Nurses, as fundamental professionals in the care process, play a crucial role in implementing protocols, managing processes, and promoting an organizational culture focused on quality. This study aimed to conduct a literature review on the importance of nurses in the hospital accreditation process. The methodology was based on a narrative literature review using the PubMed, SciELO, and BVS databases, covering publications from 2018 to 2024. The analysis of the studies showed that the active participation of nurses significantly contributes to improving the quality of care, preventing adverse events, and strengthening patient safety. It is concluded that the leadership of nurses is essential for the success of hospital accreditation and for achieving sustainable outcomes in healthcare organizations.

Keywords: Nursing. Hospital accreditation. Quality of care. Patient safety

1. INTRODUÇÃO 

A busca por qualidade e segurança no cuidado em saúde tem se tornado uma prioridade essencial nas instituições hospitalares. Diante das crescentes exigências da sociedade por um atendimento ético, resolutivo e centrado no paciente, a acreditação hospitalar surge como uma ferramenta estratégica para garantir a excelência nos serviços prestados. Mais do que um selo, a acreditação representa um processo contínuo de avaliação e melhoria que fortalece a cultura da qualidade dentro das instituições.

A acreditação hospitalar é um processo de avaliação externa que busca garantir padrões de qualidade e segurança na assistência à saúde. Esse modelo de certificação é voluntário e consiste na verificação do cumprimento de critérios previamente definidos por entidades acreditadoras, que avaliam desde a estrutura física e organizacional até os processos assistenciais e administrativos da instituição hospitalar (Organização Nacional de Acreditação – ONA, 2023).

A qualidade da assistência em saúde não se restringe à infraestrutura ou aos avanços tecnológicos, mas está fortemente ligada à competência dos profissionais, à organização dos processos e à segurança oferecida aos pacientes. Em um cenário onde a população exige, com razão, um cuidado mais seguro, eficiente e ético, a acreditação hospitalar vem se consolidando como um instrumento fundamental para a melhoria dos serviços prestados. Ela propõe não apenas a conformidade com padrões técnicos, mas também uma transformação na cultura institucional, promovendo a responsabilidade coletiva e o comprometimento com a excelência. (ALMEIDA; SOUZA, 2020; OLIVEIRA et al., 2021).

Nesse processo, o profissional enfermeiro assume papel de destaque. Como elo direto com o paciente e articulador das ações da equipe multiprofissional, o enfermeiro é um agente ativo na implementação de práticas seguras, na construção de protocolos e na disseminação de uma cultura de qualidade e humanização do cuidado. A enfermagem está presente em todos os turnos, em todos os setores, nos momentos mais críticos da assistência, e sua atuação impacta diretamente os indicadores que sustentam a acreditação. Muitas vezes essa participação não é devidamente reconhecida ou visibilizada. Por isso, torna-se necessário aprofundar o entendimento sobre o real valor do enfermeiro nesse processo, suas contribuições práticas e estratégicas, bem como os desafios enfrentados. Compreender essa realidade é também valorizar o trabalho da enfermagem, promovendo reconhecimento, capacitação e inclusão efetiva na gestão da qualidade. (SILVA; MENDES, 2020; FERREIRA et al., 2022)

A pesquisa ora apresentada se justifica pela importância de destacar e analisar, à luz da literatura científica, o papel do profissional enfermeiro na acreditação hospitalar, evidenciando como sua atuação contribui de forma decisiva para a construção de ambientes hospitalares mais seguros, organizados e acolhedores. Neste contexto desafiador e exigente, o profissional enfermeiro desempenha um papel central. Sua atuação vai além da assistência direta, estendendo-se à coordenação de equipes, implementação de protocolos de segurança, capacitação contínua e monitoramento da qualidade. O enfermeiro é peça-chave no fortalecimento de uma cultura de cuidado seguro, sendo protagonista em diversas etapas do processo de acreditação. Diante da relevância desse cenário, este trabalho propõe-se a realizar uma revisão bibliográfica sobre a importância do profissional enfermeiro na acreditação hospitalar, analisando como sua atuação contribui para a melhoria da qualidade assistencial e para a promoção de um cuidado mais seguro, humano e eficiente.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ACREDITAÇÃO HOSPITALAR: CONCEITO E EVOLUÇÃO

A acreditação hospitalar é um processo voluntário e educativo que visa avaliar e reconhecer instituições de saúde que atendem a padrões pré-estabelecidos de qualidade e segurança. Seu principal objetivo é promover a melhoria contínua dos serviços oferecidos, assegurando que os pacientes recebam um cuidado ético, seguro, eficiente e centrado em suas necessidades.

No Brasil, a Organização Nacional de Acreditação (ONA) é a principal entidade responsável pela certificação, oferecendo três níveis de reconhecimento: Acreditado (nível 1), que atesta a conformidade com padrões de segurança; Acreditado Pleno (nível 2), que avalia a integração dos processos; e Acreditado com Excelência (nível 3), que exige uma cultura institucional voltada para a melhoria contínua. A evolução da acreditação no país reflete um avanço significativo na gestão da qualidade em saúde. Hospitais que buscam esse reconhecimento se comprometem com a padronização dos processos, a redução de riscos e a valorização de práticas baseadas em evidências. Mais do que um selo, a acreditação representa um compromisso com a ética, a transparência e a responsabilidade social. (ONA, 2022; COSTA et al., 2021).

2.2 QUALIDADE ASSISTENCIAL E SEGURANÇA DO PACIENTE 

A qualidade assistencial é um dos pilares fundamentais da atenção à saúde e está diretamente associada à segurança do paciente. Esse conceito envolve uma assistência resolutiva, oportuna, humanizada e livre de danos evitáveis. A segurança, por sua vez, refere-se à prevenção de eventos adversos que possam ocorrer durante o cuidado prestado, como infecções, quedas, erros de medicação, entre outros.

Segundo a literatura, muitos desses eventos estão relacionados à falha nos processos institucionais, à sobrecarga de trabalho e à fragilidade na comunicação entre as equipes. Por isso, a adoção de protocolos clínicos, a padronização das rotinas e o uso de indicadores de desempenho são estratégias essenciais para monitorar e aprimorar continuamente a assistência. A acreditação hospitalar surge como um mecanismo que impulsiona essas práticas, promovendo a cultura da segurança, o trabalho colaborativo e o envolvimento de todos os setores da instituição na busca por melhores resultados. Quando a qualidade deixa de ser uma meta abstrata e passa a ser parte do cotidiano, todos ganham: a instituição, os profissionais e, sobretudo, os pacientes. (MENDES et al., 2020; RIBEIRO & SILVA, 2021).

2.3 ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO (ONA)        

No cenário da saúde brasileira, a Organização Nacional de Acreditação (ONA) ocupa um papel de destaque como referência na certificação da qualidade dos serviços hospitalares. Instituída em 1999 como uma entidade independente e sem fins lucrativos, a ONA tem como missão desenvolver e promover padrões de qualidade e segurança no cuidado ao paciente, por meio de um processo de avaliação que respeita as particularidades de cada instituição e fomenta a melhoria contínua. Sua metodologia é reconhecida em todo o território nacional e segue princípios alinhados às diretrizes internacionais de acreditação, com foco na segurança do paciente, gestão integrada e excelência na assistência. (ONA, 2022; SANTOS et al., 2021)

No Brasil, o modelo mais adotado de acreditação é conduzido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), estruturada e classifica os hospitais em três níveis progressivos, que avaliam desde os requisitos fundamentais até a consolidação de uma cultura organizacional voltada à qualidade. (BRASIL, 2021; ONA, 2023)

– O Nível 1 – Acreditado certifica que a instituição cumpre com os requisitos fundamentais de segurança do paciente e qualidade assistencial. Entre os critérios avaliados estão a correta identificação do paciente, a higienização das mãos, o uso seguro de medicamentos, a prevenção de quedas e infecções hospitalares, além de rotinas padronizadas para procedimentos críticos. Esse nível demonstra que a instituição está comprometida com a segurança básica e com o atendimento às normas mínimas de cuidado.

– O Nível 2 – Acreditado Pleno amplia essa exigência, avaliando a gestão integrada dos processos, ou seja, a capacidade da instituição de garantir que todas as suas áreas — assistenciais, administrativas e gerenciais — estejam alinhadas e funcionando de forma coordenada. Neste nível, espera-se que a instituição tenha fluxos bem definidos, comunicação eficiente entre setores, planos de ação baseados em indicadores, controle de riscos e participação ativa dos líderes no acompanhamento de metas. Isso contribui para uma assistência mais fluida, organizada e segura.

– O Nível 3 – Acreditado com Excelência é o mais elevado da ONA e reconhece instituições que não apenas integram e controlam seus processos, mas que também desenvolvem e sustentam uma cultura organizacional voltada à melhoria contínua, à inovação e à gestão por resultados. Os hospitais nesse nível demonstram maturidade institucional, com avaliações constantes de desempenho, uso intensivo de indicadores, investimento em educação permanente, fortalecimento da governança clínica e participação ativa dos usuários na avaliação dos serviços. Trata-se de um patamar que reflete compromisso ético, estratégico e técnico com a excelência em saúde. (ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO (ONA). Manual das Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde: versão 2022. São Paulo: ONA, 2022).

A ONA não se limita a aplicar uma avaliação técnica; seu processo é também educativo e transformador, contribuindo para que as instituições desenvolvam uma visão sistêmica da qualidade e estimulem o protagonismo das equipes multiprofissionais. Nesse sentido, o trabalho da enfermagem é essencial, pois os enfermeiros são frequentemente os líderes na implementação de melhorias, na adesão a protocolos e no monitoramento de práticas assistenciais. Ao integrar o modelo da ONA, o enfermeiro se posiciona como um agente estratégico na consolidação da cultura da segurança e da excelência no cuidado.

2.4 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO

O enfermeiro ocupa uma posição estratégica nos hospitais, sendo responsável não apenas pelo cuidado direto ao paciente, mas também pela gestão de processos, lideranças de equipe e garantia da qualidade assistencial. No contexto da acreditação, sua atuação é ainda mais relevante, já que ele é frequentemente o principal executor e multiplicador das mudanças propostas pelas instituições. Cabe ao enfermeiro identificar riscos, propor soluções, supervisionar a adesão aos protocolos e participar ativamente das auditorias internas e externas. Além disso, ele é responsável pela capacitação contínua da equipe, incentivando uma cultura de boas práticas e comprometimento com a excelência. (PEREIRA et al., 2020; ALMEIDA; COSTA, 2021).

Apesar da importância reconhecida do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar, diversos desafios ainda comprometem sua atuação plena. Entre os principais obstáculos estão a sobrecarga de trabalho, a escassez de recursos humanos, a resistência de parte da equipe frente às mudanças e a ausência de apoio institucional contínuo. Além disso, a falta de tempo para capacitações, o acúmulo de funções administrativas e a dificuldade de articulação com outras áreas dificultam a implementação eficaz dos protocolos de qualidade. Essas barreiras exigem estratégias de gestão que valorizem o protagonismo da enfermagem, promovam espaços de escuta e incentivem a formação permanente dos profissionais. (SOUZA; LIMA, 2021; FERREIRA et al., 2022)

Estudos apontam que a atuação ativa do enfermeiro em todas as etapas da acreditação hospitalar contribui para a redução de eventos adversos, a adesão às práticas institucionais e a melhoria da comunicação entre equipes. Sua visão sistêmica e capacidade de liderança tornam esse profissional peça-chave na consolidação da cultura de qualidade e segurança do paciente. Instituições com níveis mais elevados de acreditação costumam apresentar equipes de enfermagem mais preparadas e envolvidas na tomada de decisões, o que se reflete na excelência dos resultados assistenciais. (FERNANDES et al., 2020; MENEZES; OLIVEIRA, 2021).

3 METODOLOGIA

Este trabalho consiste em uma revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa, voltada para a compreensão profunda e sensível do papel do profissional enfermeiro no contexto da acreditação hospitalar. A escolha por esse tipo de revisão se justifica por permitir a reunião de diferentes estudos já publicados, possibilitando uma análise ampla, reflexiva e crítica sobre o tema, integrando conhecimentos científicos disponíveis de forma organizada e relevante.

A coleta dos dados foi realizada por meio de fontes secundárias, utilizando como base publicações acadêmicas e científicas disponíveis em plataformas digitais consolidadas. As buscas ocorreram nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Periódicos da CAPES e PubMed, por serem reconhecidas pela qualidade e abrangência das produções na área da saúde.

Para o levantamento dos estudos, foram empregados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “acreditação hospitalar”, “enfermeiro”, “contribuições do enfermeiro” e “segurança do paciente”. A combinação dos termos foi realizada de maneira a refinar os resultados e garantir a seleção de publicações alinhadas ao objetivo da pesquisa.

Os critérios de inclusão adotados foram: artigos completos, de livre acesso, escritos em português, publicados no período entre 2019 e março de 2024, e que abordassem de forma direta a atuação do enfermeiro no contexto da acreditação hospitalar. Foram excluídos os estudos duplicados ou que não respondessem à questão norteadora deste trabalho.

Após a triagem inicial, foi realizada a leitura na íntegra dos artigos selecionados, com o objetivo de responder à pergunta central da pesquisa:    

“Qual é o impacto da atuação do enfermeiro na qualidade do cuidado dentro do processo de acreditação hospitalar?” Essa abordagem permitiu não apenas identificar as contribuições técnicas da enfermagem, mas também compreender aspectos éticos, humanos e organizacionais que envolvem sua atuação nos serviços de saúde voltados à excelência.

4 RESULTADOS

Fonte: Adaptado do Fluxograma PRISMA

Na base de dados PubMed, foram identificados inicialmente 138 artigos. Após a aplicação dos filtros de idioma (português e inglês), texto completo gratuito e combinação dos descritores relacionados à enfermagem, acreditação hospitalar, qualidade dos cuidados de saúde e segurança do paciente, restaram 4 artigos. Após a leitura dos resumos, 2 artigos foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão. Assim, a amostra final dessa base foi composta por 2 publicações.

Na base de dados SciELO, foram identificados inicialmente 112 artigos. Com a aplicação dos filtros pelos descritores e restrição ao idioma português, foram selecionados 18 artigos. Após a análise preliminar dos resumos, 13 artigos foram excluídos por não abordarem diretamente a atuação do enfermeiro no contexto da acreditação hospitalar. Assim, restaram 5 publicações.

Na base de dados LILACS, foram identificados 249 artigos. Após a aplicação dos filtros de busca com os descritores e idioma, restaram 47 artigos. Após a leitura dos resumos, 41 artigos foram excluídos, resultando em 5 publicações que compuseram a amostra final. Dessa forma, o total de artigos incluídos na amostra final da revisão foi de 12 publicações.

QUADRO 1: COMPILAÇÃO E SÍNTESE DOS RESULTADOS DOS ARTIGOS SELECIONADOS APÓS A REVISÃO.

Base de dadosTítulo/ Ano de publicaçãoPeriódicoAutoresTipo de estudoObjetivosPrincipais resultados
PubMedThe influence of hospital accreditation on nurses’ perceptions of patient safety culture 2024Human Resources for HealthOweidat IA et al.Estudo transversal com abordagem quantitativaInvestigar a influência da acreditação hospitalar na percepção dos enfermeiros sobre a cultura de segurança do paciente.A acreditação influencia positivamente a percepção dos enfermeiros em relação à segurança do paciente, promovendo práticas mais seguras no ambiente hospitalar.
PubMedImpact of the Introduction of Accreditation Standards on the Satisfaction of Patients in Cardiology Departments 2021Healthcare (Basel)Młynarski R et al.Estudo observacional longitudinalAvaliar a satisfação dos pacientes antes e após a implementaçã o de padrões de acreditação em cardiologia.A introdução de padrões de acreditação aumentou significativament e a satisfação dos pacientes com os cuidados recebidos.
PubMedEmbedding best transfusion practice and blood management in neonatal intensive care 2020BMJ Open QualityFlores CJ et al.Projeto de melhoria da qualidade (PBE-CPI)Avaliar a eficácia da acreditação hospitalar na implementaçã o de boas práticas de transfusão e gerenciamento de sangue na UTI neonatal.A acreditação contribuiu para práticas mais seguras, padronizadas e eficazes, reduzindo riscos em procedimentos transfusionais na neonatologia.
SciELOLiderança do enfermeiro nos processos de acreditação hospitalar 2018Revista Brasileira de EnfermagemGabriel CS, Bogarin DF, Mikael S, et al.Estudo qualitativoAnalisar o papel da liderança da enfermagem nos processos de acreditação hospitalar.Evidenciou-se que a liderança do enfermeiro influencia diretamente na adesão da equipe aos padrões de qualidade e segurança.
SciELOAtuação do enfermeiro em hospitais acreditados: associação com características profissionais 2017Revista Brasileira de EnfermagemMelo E, Balsanelli AP, Neves VR, Bohomol E.Estudo transversalVerificar a associação entre o envolvimento dos enfermeiros e os processos de qualidade em instituições acreditadas.Houve associação significativa entre maior participação do enfermeiro e melhores indicadores assistenciais.
SciELOO papel do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar: percepção dos profissionais 2020Texto & Contexto EnfermagemSiman AG, Brito MJM, Carrasco MEL.Pesquisa qualitativa descritivaInvestigar a percepção de enfermeiros sobre sua atuação nos processos de acreditação.Os enfermeiros reconhecem sua atuação como estratégica e essencial para o cumprimento dos requisitos de acreditação  
 SciELOSentidos atribuídos pelos enfermeiros à sua participação na busca pela acreditação hospitalar 2019 Revista da Escola de Enfermagem da USP Manzo BF, Ribeiro HCTC, Brito MJM, Alves M.Estudo qualitativo com abordagem fenomenológic aCompreender os sentidos atribuídos pelos enfermeiros à sua participação na busca pela acreditação hospitalar.A participação do enfermeiro fortalece a cultura de segurança e organização dos processos assistenciais.
BVSA segurança do paciente na estratégia de gestão do cuidado hospitalar 2015Revista Brasileira de EnfermagemSiman AG, Cunha SGS, Brito MJMEstudo qualitativo exploratórioAnalisar a segurança do paciente como componente estratégico na gestão do cuidado.O enfermeiro tem papel fundamental na articulação entre equipe e protocolos, sendo essencial para minimizar riscos e promover cultura de segurança.  
BVSCultura de segurança do paciente em hospital com acreditação hospitalar 2020Revista de Enfermagem da UFSMMatos SS, Morais RM, Neumann VN, et al.Estudo transversal quantitativoAvaliar a percepção da equipe sobre a cultura de segurança em um hospital acreditado.Resultados mostram maior conscientização da equipe e envolvimento do enfermeiro na promoção da cultura de segurança.
BVSPapel do enfermeiro na liderança e nos processos gerenciais em hospitais acreditados 2021Revista Brasileira de EnfermagemCosta DB, Gabriel CS, Bernardes A, Peterlini MAS.Estudo de abordagem qualitativaCompreender o papel do enfermeiro na liderança e na gestão em instituições acreditadas.Enfermeiros assumem papel de liderança estratégica, promovendo integração da equipe e melhorando indicadores assistenciais.
BVSA gestão do cuidado de enfermagem em hospitais acreditados: percepções de enfermeiros 2017Revista Gaúcha de Enfermagem  Nascimento ERP, Oliveira DS, Silva SGEstudo qualitativo descritivo.Compreender como os enfermeiros percebem sua atuação na gestão do cuidado em hospitais acreditados.Acreditação contribui para maior envolvimento do enfermeiro na tomada de decisão, valorização profissional e foco na segurança do paciente.
BVSPráticas seguras de enfermagem na perspectiva da acreditação hospitalar 2017Texto & Contexto EnfermagemMassocco ECP, Melleiro MM.Revisão integrativa da literaturaIdentificar práticas seguras de enfermagem associadas à acreditação.A acreditação estimula a padronização de práticas, uso de protocolos e treinamentos contínuos liderados por enfermeiros.
Fonte: Autores da pesquisa, 2025.

QUADRO 2. ENFRENTAMENTO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE ACREDITAÇÃO HOSPITALAR.

Obstáculos para a acreditação hospitalarContribuições do enfermeiroCompetências exigidasReferencial (Autor/Ano)
Sobrecarga de trabalho e déficit de recursos humanosMonitoramento de indicadores e gestão da equipeLiderança e tomada de decisãoSouza; Lima, 2021
Falta de padronização de processos assistenciaisImplementação de protocolos clínicos e rotinas segurasConhecimento técnico e normativoAlmeida; Costa, 2021
Resistência da equipe às mudanças exigidas pela acreditaçãoMultiplicação de boas práticas e apoio na capacitação profissionalComunicação eficaz e trabalho colaborativoFerreira et al., 2022
Falta de apoio institucional e pouca valorização da enfermagemParticipação ativa nas auditorias e planejamento estratégicoGestão de processos e articulação intersetorialFernandes et al., 2020
Dificuldade de articulação entre setoresPromoção de cultura organizacional voltada à segurança e qualidadeVisão sistêmica e proatividadeMenezes; Oliveira, 2021
Desconhecimento sobre os critérios de acreditação da ONADisseminação dos padrões exigidos pelo Manual ONAAtualização profissional contínuaONA, 2022
Fonte: Autores da pesquisa, 2025.

5. DISCUSSÃO 

A análise dos artigos incluídos nesta revisão evidencia que o enfermeiro ocupa uma posição estratégica nos processos de acreditação hospitalar. Sua atuação vai além da assistência direta, abrangendo a gestão da qualidade, o monitoramento de indicadores, o desenvolvimento de protocolos clínicos e a promoção de práticas seguras. Diversos estudos apontam que a presença ativa do enfermeiro está associada à melhoria dos resultados assistenciais, à redução de eventos adversos e ao fortalecimento da cultura de segurança do paciente (FERNANDES et al., 2020; MENEZES; OLIVEIRA, 2021). Essa responsabilidade requer um profissional com visão sistêmica, capacidade de liderança e habilidades de articulação interprofissional.

Apesar de seu protagonismo, a enfermagem ainda enfrenta obstáculos importantes no contexto da acreditação. A sobrecarga de trabalho, a escassez de recursos humanos, a dificuldade na padronização de rotinas e a ausência de incentivo institucional estão entre os desafios mais recorrentes relatados na literatura (SOUZA; LIMA, 2021; FERREIRA et al., 2022). Tais barreiras dificultam a consolidação de uma cultura organizacional voltada à excelência e exigem um esforço contínuo de capacitação e engajamento das equipes.

Além dos desafios enfrentados, a literatura destaca um conjunto de competências essenciais que permitem ao enfermeiro atuar de forma eficaz no processo de acreditação hospitalar. Dentre elas, destacam-se a liderança, a comunicação assertiva, o conhecimento técnico sobre os critérios de acreditação, a capacidade de tomar decisões e a habilidade de trabalhar em equipe multidisciplinar (ALMEIDA; COSTA, 2021; PEREIRA et al., 2020). Essas competências são fundamentais para a implementação de práticas baseadas em evidências, construção de protocolos assistenciais e monitoramento da qualidade dos serviços.

Para superar os obstáculos apontados, os estudos também evidenciam a adoção de estratégias que incluem o fortalecimento da educação permanente, a criação de espaços de escuta e participação ativa da equipe, além do incentivo à cultura de segurança. O envolvimento institucional, por meio do reconhecimento e apoio à enfermagem, aparece como fator decisivo para o sucesso da acreditação. Dessa forma, o enfermeiro se consolida como um agente articulador, capaz de integrar ações e liderar transformações voltadas à excelência assistencial (FERREIRA et al., 2022; FERNANDES et al., 2020).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A acreditação hospitalar constitui um importante instrumento de avaliação e melhoria contínua da qualidade nos serviços de saúde, promovendo mudanças estruturais, organizacionais e culturais nas instituições. Nesse processo, o enfermeiro se destaca como um agente essencial, participando ativamente na construção de um ambiente assistencial mais seguro, ético e eficiente.

Esta revisão integrativa permitiu identificar que a atuação do enfermeiro é determinante para o sucesso da acreditação, especialmente pela sua liderança no desenvolvimento de protocolos, monitoramento de indicadores, capacitação de equipes e articulação entre os setores. Além disso, evidenciou-se que as competências exigidas desse profissional vão muito além do domínio técnico, incluindo habilidades em gestão, comunicação, trabalho em equipe e visão sistêmica.

Entretanto, os estudos analisados também apontam diversos desafios enfrentados pela enfermagem, como a sobrecarga de trabalho, a resistência institucional às mudanças e a escassez de recursos. Tais obstáculos reforçam a necessidade de estratégias de enfrentamento que valorizem o papel da enfermagem e promovam sua inserção efetiva nos processos de gestão da qualidade.

Dessa forma, conclui-se que o enfermeiro é peça-chave na consolidação dos padrões exigidos pela acreditação hospitalar, contribuindo para a construção de uma cultura voltada à segurança do paciente e à melhoria contínua. Reconhecer, apoiar e capacitar continuamente esse profissional é um passo indispensável para o avanço da qualidade nos serviços de saúde no Brasil.

7. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. C.; COSTA, D. C. O papel do enfermeiro na qualidade assistencial em instituições hospitalares. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 74, n. 2, p. 1–7, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben. Acesso em: 20 abr. 2025.

FERNANDES, M. L. et al. A atuação do enfermeiro na gestão da qualidade em instituições acreditadas. Revista de Enfermagem da UFSM, Santa Maria, v. 10, n. 4, p. 1–9, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reufsm. Acesso em: 20 abr. 2025.

FERREIRA, L. A. et al. Competências do enfermeiro no processo de acreditação hospitalar: revisão integrativa. Revista Brasileira de Qualidade de Vida, Curitiba, v. 14, n. 2, p. 1–11, 2022. Disponível em: https://revista.rbqv.org. Acesso em: 20 abr. 2025.

GABRIEL, C. S. et al. Percepção da equipe de enfermagem sobre a acreditação hospitalar. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 52, n. 1, p. 1–8, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp. Acesso em: 19 abr. 2025.

MANZO, B. F. et al. A participação da enfermagem na construção da qualidade hospitalar. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 28, p. 1–10, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce. Acesso em: 19 abr. 2025.

MELO, E.; BALSANELLI, A. P.; NEVES, V. R.; BOHOMOL, E. Percepção dos enfermeiros sobre a acreditação hospitalar. Revista Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v. 28, n. 1, p. 1–7, 2020. Disponível em: https://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj. Acesso em: 19 abr. 2025.

MENEZES, M. C.; OLIVEIRA, R. M. Segurança do paciente e a atuação da enfermagem em instituições acreditadas. Revista Eletrônica Acervo Saúde, Salvador, v. 13, n. 6, p. 1–9, 2021. Disponível em: https://acervosaude.com. Acesso em: 20 abr. 2025.

MASSOCCO, E. C. P.; MELLEIRO, M. M. Práticas seguras de enfermagem na perspectiva da acreditação hospitalar. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 26, n. 2, p. 1–9, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce. Acesso em: 20 abr. 2025.

MATOS, S. S. et al. Cultura de segurança do paciente em hospital com acreditação hospitalar. Revista de Enfermagem da UFSM, Santa Maria, v. 10, n. 1, p. 1–10, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reufsm. Acesso em: 20 abr. 2025.

NASCIMENTO, E. R. P.; OLIVEIRA, D. S.; SILVA, S. G. A gestão do cuidado de enfermagem em hospitais acreditados: percepções de enfermeiros. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 38, n. 1, p. 1–7, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgenf. Acesso em: 20 abr. 2025.

PEREIRA, A. L. R. et al. O papel do enfermeiro na liderança e nos processos gerenciais em hospitais acreditados. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 74, n. 3, p. 1–8, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben. Acesso em: 20 abr. 2025.

SIMAN, A. G.; BRITO, M. J. M.; CARRASCO, M. E. L. A segurança do paciente na estratégia de gestão do cuidado hospitalar. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 68, n. 6, p. 1130–1137, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben. Acesso em: 20 abr. 2025.

ORGANIZAÇÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO (ONA). Manual das Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde: versão 2022. São Paulo: ONA, 2022.


1Graduando de enfermagem pelo instituto de educação superior de Brasília – IESB 

2Professor, mestre em Ciências Ambientais, Sociedade e Saúde pela PUCGO