A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM PROGRAMAS DE SAÚDE OCUPACIONAL E SEGURANÇA DO TRABALHADOR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10246930


SOUZA, ANA KELLY SANTOS1
TOSTO, THAYSE FRANÇA2


RESUMO

Os programas de saúde, voltados para aprimorar as condições de saúde em determinada população, caracterizam-se por uma abordagem preventiva, visando a redução de acidentes e doenças ocupacionais, além da promoção ativa da saúde dos trabalhadores. O estudo teve como objetivo evidenciar a contribuição do enfermeiro na prevenção e promoção de saúde nos programas ocupacionais e de segurança do trabalhador. Destacamos a importância da prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, assim como a promoção da saúde dos trabalhadores por meio da melhoria das condições de trabalho. A problemática central abordou como o enfermeiro pode contribuir no programa de saúde do trabalhador para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. No desdobramento do estudo, analisamos a atuação pretérita do enfermeiro nesses programas, tendo como objetivo geral compreender seu papel na promoção e prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Para alcançarmos esse objetivo, definimos objetivos específicos que envolvem a contextualização do programa de saúde do trabalhador, a compreensão do papel do enfermeiro nesse contexto e a apresentação das atividades desenvolvidas pela enfermagem nos programas de saúde ocupacional e segurança do trabalhador.  A metodologia empregada foi a revisão bibliográfica e documental, utilizando a técnica de análise de conteúdo. A busca de informações foi conduzida nas bases de dados eletrônicas SCIELO, MEDLINE e LILACS. Os resultados obtidos proporcionaram uma visão ampla do programa de saúde ocupacional e segurança do trabalho, sob a perspectiva do enfermeiro. Identificamos oportunidades de melhoria, contribuindo para o aprimoramento contínuo do programa e, consequentemente, para a saúde e segurança dos trabalhadores. Esses resultados não apenas consolidam a relevância do enfermeiro nesse contexto, mas também fornecem subsídios para futuras ações e estratégias que visem a otimização desses programas e, por conseguinte, a promoção do bem-estar dos trabalhadores.

Palavras Chave: Cuidados de Enfermagem; Prevenção de Acidente; Promoção da Saúde; Bem-Estar no Trabalho.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Alves (2008), a promoção da qualidade de vida no ambiente de trabalho é um objetivo central que se destaca na interseção da saúde ocupacional e segurança do trabalhador. Nesse contexto, a atuação do enfermeiro ganha relevância significativa, desempenhando um papel crucial na prevenção de acidentes, na promoção da saúde dos trabalhadores e no fortalecimento dos programas de saúde ocupacional. Este estudo propõe uma análise abrangente da atuação do enfermeiro nesses programas, abordando tanto a evolução histórica quanto às estratégias contemporâneas adotadas para promover a saúde e prevenir riscos ocupacionais.

Ao longo das décadas, os enfermeiros têm ocupado posições essenciais na implementação de políticas de prevenção, na avaliação de ambientes de trabalho e no suporte à saúde mental dos trabalhadores. Destaca-se, nesse cenário, a influência marcante de Florence Nightingale na evolução histórica da enfermagem na saúde do trabalhador. Sua percepção das condições laborais precárias impulsionou a busca por melhores práticas de saúde no trabalho (Lopyola; Oliveira (2021). 

Esses programas, voltados para otimizar as condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho, caracterizam-se por uma abordagem abrangente e integrada. A avaliação sistemática de riscos constitui um pilar fundamental, visando identificar e mitigar potenciais ameaças à saúde dos trabalhadores. A colaboração multidisciplinar é uma peça-chave, envolvendo profissionais especializados, como enfermeiros, médicos do trabalho e ergonomistas, para fornecer uma análise holística e a implementação de medidas preventivas.

Iniciativas educacionais desempenham um papel crucial, capacitando os trabalhadores com conhecimentos sobre práticas seguras e a importância da saúde ocupacional. A notificação eficiente de incidentes garante uma resposta ágil a eventos adversos, permitindo análises aprofundadas para futuras melhorias. A conformidade estrita com regulamentações de saúde ocupacional assegura que esses programas estejam alinhados com normas estabelecidas, garantindo a eficácia das práticas adotadas e o cumprimento de padrões rigorosos. Essa abordagem integrada reflete a complexidade e a necessidade de um esforço conjunto na promoção de ambientes laborais seguros e saudáveis.

Sendo assim, o objetivo deste estudo é compreender como o enfermeiro pode contribuir de maneira efetiva nos programas de saúde do trabalhador para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. A atuação multifacetada da enfermagem, que abrange desde a identificação de riscos até a notificação de doenças e acidentes ocupacionais, foi explorada. Além do mais, identificamos oportunidades de aprimoramento, contribuindo para o desenvolvimento contínuo desses programas.

A problemática central reside na necessidade de otimizar a atuação do enfermeiro para maximizar a eficácia dos programas de saúde ocupacional. A revisão de literatura destaca não apenas o papel dos enfermeiros como prestadores de cuidados diretos, mas também como agentes ativos na construção de ambientes laborais mais seguros e saudáveis.

A enfermagem tem fundamental importância na promoção da saúde e segurança no ambiente de trabalho, e compreender a evolução histórica e as estratégias contemporâneas adotadas pela enfermagem permitirá identificar oportunidades de melhoria, contribuindo para o contínuo aprimoramento dos programas de saúde e segurança dos trabalhadores.

Assim, este estudo demonstra a atuação do enfermeiro nos programas de saúde ocupacional, contribuindo para a compreensão de seu papel fundamental na promoção da saúde e segurança no ambiente de trabalho. 

2. METODOLOGIA

A metodologia adotada para este estudo incluiu a consulta de diversas fontes, como o site do Ministério da Saúde, a Revista Brasileira de Saúde Ocupacional e as resoluções do Conselho Federal de Enfermagem. Além disso, foram selecionados cuidadosamente outros recursos, como o Portal Telemedicina, SciELO, MEDLINE e LILACS. A revisão da literatura abrangeu o período de 2008 a 2023. 

Foram considerados artigos que se enquadrem nos critérios de inclusão, como estudos originais com pesquisas inéditas, delineamento metodológico claro e robusto, como a pesquisa bibliográfica, além de uma apresentação de categorização clara dos resultados obtidos e síntese dos achados em estudos selecionados. Por outro lado, foram excluídos estudos com metodologia inadequada, duplicados ou que não estejam relacionados ao tema da pesquisa. 

Através desses critérios garantimos a seleção de artigos de qualidade, com metodologia adequada e relevantes para a análise e síntese dos resultados. No campo da saúde ocupacional, o enfermeiro exerce um papel amplo, englobando atividades de cuidado direto, gestão, educação, promoção da saúde e pesquisa, com o propósito de preservar o bem-estar e prevenir riscos ocupacionais, doenças e incidentes laborais, além de contribuir para a recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores.

Assim, a metodologia proposta envolve a condução de uma revisão bibliográfica e documental, aplicando a técnica de análise de conteúdo.

3. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENFERMAGEM NA SAÚDE DO TRABALHADOR 

A história da enfermagem na saúde do trabalhador é uma narrativa que atravessa séculos de evolução social, econômica e de saúde. No epicentro desse relato, encontramos a Revolução Industrial, que emergiu nos séculos XVIII e XIX. Com ela, vieram fábricas e condições de trabalho precárias, que expuseram os trabalhadores a riscos significativos para a saúde. Florence Nightingale, notável enfermeira pioneira, percebeu a necessidade premente de cuidados de saúde no local de trabalho e iniciou a busca por melhores condições laborais (Dias, 2019).

À medida que o século XX avançava, as primeiras leis de segurança ocupacional surgiram, e enfermeiras desempenharam um papel crucial na promoção da saúde e segurança no trabalho. Surgiu o papel das enfermeiras do trabalho, fornecendo avaliações de saúde, tratando lesões no trabalho e implementando programas de prevenção.

De acordo com Santos (2004), as décadas de 1960 e 1980 marcaram um período de rápido crescimento do movimento de saúde ocupacional. Preocupações com exposição a produtos químicos tóxicos e condições perigosas no local de trabalho deram origem a um enfoque renovado na saúde ocupacional. Enfermeiras de saúde ocupacional se envolveram em atividades como avaliação de riscos, investigação de surtos de doenças ocupacionais e promoção de práticas seguras (Figueiredo, 2006).

À medida que a tecnologia médica avançava e regulamentações rigorosas sobre saúde e segurança ocupacional eram promulgadas, a enfermagem na saúde do trabalhador evoluiu. Enfermeiros especializados neste campo se tornaram a pedra angular na implementação de políticas de prevenção, na avaliação de ambientes de trabalho e no apoio à saúde e bem-estar dos trabalhadores (Dias, 2019).

Hoje, os enfermeiros de saúde ocupacional continuam a desempenhar um papel vital na proteção da saúde dos trabalhadores. Eles enfrentam uma variedade de desafios, que vão desde lesões físicas até questões de saúde mental no local de trabalho, estresse ocupacional e muito mais. A enfermagem na saúde do trabalhador permanece na vanguarda da resposta às preocupações em constante evolução sobre a saúde ocupacional, garantindo ambientes de trabalho seguros e promovendo a saúde e o bem-estar dos trabalhadores em todo o mundo.

Essa evolução na enfermagem da saúde do trabalhador reflete o reconhecimento crescente da importância de um ambiente de trabalho seguro e saudável. Enfermeiros especializados desempenham um papel central na identificação e avaliação de riscos, bem como na implementação de medidas de prevenção eficazes. Eles se tornaram defensores ativos da saúde ocupacional e têm sido fundamentais na educação dos trabalhadores sobre práticas seguras e no incentivo a hábitos saudáveis no local de trabalho (Lopyola; Oliveira (2021).

Além disso, as enfermeiras do trabalho desempenham um papel vital na prestação de assistência direta aos trabalhadores em casos de acidentes ou doenças ocupacionais, oferecendo cuidados de enfermagem e apoio emocional durante o processo de recuperação.

No contexto global, a enfermagem na saúde do trabalhador é uma profissão em crescimento constante. Com a conscientização crescente sobre a importância da saúde ocupacional, a demanda por enfermeiros especializados nessa área está aumentando (Santos, 2018). Eles desempenham um papel vital na promoção da saúde no local de trabalho e na prevenção de doenças ocupacionais em diversas indústrias, contribuindo para a criação de ambientes de trabalho seguros e saudáveis em todo o mundo.

A história da enfermagem na saúde do trabalhador é uma narrativa de constante evolução, adaptando-se às mudanças nas condições de trabalho e às crescentes preocupações com a saúde ocupacional. Hoje, a enfermagem na saúde do trabalhador continua desempenhando um papel essencial na promoção da saúde, na prevenção de doenças ocupacionais e na criação de ambientes de trabalho mais seguros, saudáveis e produtivos.

3.1 O IMPACTO DOS PROGRAMAS DE SAÚDE OCUPACIONAL LIBERADOS POR ENFERMEIROS NA PRODUTIVIDADE E NA QUALIDADE DE VIDA DOS TRABALHADORES

Os programas de saúde ocupacional liderados por enfermeiros desempenham um papel fundamental na promoção da qualidade de vida e na melhoria da produtividade dos trabalhadores. Eles atuam em várias frentes para alcançar esses resultados positivos (Marziale, 2012).

Em primeiro lugar, esses programas focam na prevenção de doenças ocupacionais. Os enfermeiros são treinados para identificar os riscos relacionados ao trabalho e tomar medidas para evitá-los. Isso reduz significativamente o número de trabalhadores que adoecem devido a condições associadas ao trabalho, mantendo uma força de trabalho saudável e produtiva.

Além disso, os enfermeiros desempenham um papel crucial na promoção da saúde. Eles conduzem campanhas de conscientização sobre estilos de vida saudáveis, como dieta equilibrada e exercícios. Isso não apenas ajuda os trabalhadores a adotar práticas mais saudáveis, mas também melhora sua qualidade de vida (Santos, 2008).

A saúde mental dos trabalhadores também é uma prioridade. O estresse e a ansiedade podem afetar negativamente a qualidade de vida e a produtividade. Os enfermeiros estão bem posicionados para lidar com essas questões, oferecendo aconselhamento e apoio. A intervenção precoce é outra característica importante desses programas. Quando um problema de saúde surge, os enfermeiros podem agir rapidamente, evitando que condições menores se tornem crônicas e afetem a qualidade de vida (Santos; Cardoso, (2010).

Além disso, a promoção do envolvimento dos trabalhadores é uma parte fundamental desses programas. Os trabalhadores são incentivados a participar na identificação de riscos e na promoção da saúde. Isso aumenta o senso de pertencimento e bem-estar dos trabalhadores, o que, por sua vez, tem um impacto positivo na produtividade.

Os programas de saúde ocupacional liderados por enfermeiros não apenas melhoram a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também contribuem para ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos. Eles desempenham um papel vital na promoção da saúde e na prevenção de doenças, garantindo que os trabalhadores possam desfrutar de uma vida mais saudável e produtiva.

4. DESAFIOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO  DE    ACIDENTES E DOENÇAS OCUPACIONAIS

4.1 ADAPTAÇÃO ÀS POLÍTICAS E NORMAS VIGENTES

De acordo com Silva (2023), a promoção da saúde ocupacional e a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais estão intrinsecamente vinculadas às políticas e normas estabelecidas pelas autoridades competentes. Contudo, um dos desafios enfrentados reside na necessidade constante de adaptação às mudanças nessas políticas e normas.

Os enfermeiros desempenham um papel crucial como responsáveis pela saúde ocupacional, sendo fundamentais para assegurar que as práticas no ambiente de trabalho estejam em conformidade com as legislações e diretrizes vigentes. Isso requer não apenas um conhecimento atualizado, mas também a habilidade de se ajustar rapidamente às mudanças.

Conforme ressaltado pelo Ministério de Saúde (2018), torna-se imperativo que os enfermeiros mantenham um acompanhamento contínuo das atualizações legislativas e sejam capazes de incorporar essas mudanças nas práticas e procedimentos do ambiente de trabalho. A efetiva incorporação dessas mudanças nas práticas e procedimentos torna-se essencial para assegurar que as políticas de prevenção e promoção da saúde estejam alinhadas com os requisitos legais em constante evolução.

A proatividade na antecipação e ajuste às mudanças nas políticas de saúde ocupacional assume uma relevância crucial nesse contexto dinâmico. Isso demanda um comprometimento constante com a educação continuada, a busca ativa por informações atualizadas e a capacidade de realizar uma análise crítica das implicações práticas das novas diretrizes. O compromisso com a formação contínua não apenas enriquece o conhecimento profissional, mas também capacita os enfermeiros a adaptarem suas práticas de acordo com as demandas emergentes.

4.1.1 IMPLEMENTAÇÃO DE PROGRAMAS DE PREVENÇÃO EFICAZES

A implementação de programas de prevenção eficazes é outro desafio significativo na promoção da saúde ocupacional. Os enfermeiros devem desenvolver e implementar estratégias abrangentes que abordem os riscos específicos encontrados em cada ambiente de trabalho. Isso requer a identificação e avaliação dos riscos ocupacionais, a aplicação de medidas preventivas adequadas e a monitorização regular para avaliar a eficácia dessas medidas (Brasil, 2012).

O processo inicia-se com a identificação e avaliação meticulosa dos riscos ocupacionais presentes. Esta etapa é fundamental para entender a natureza dos perigos enfrentados pelos trabalhadores e formular medidas preventivas adequadas. A aplicação dessas medidas envolve a criação de protocolos eficazes, a implementação de treinamentos direcionados e a adoção de práticas que promovam a segurança e a saúde.

A monitorização regular desse programa é igualmente vital. Os enfermeiros devem estabelecer mecanismos contínuos de avaliação para determinar a eficácia das medidas preventivas adotadas. Isso implica em uma abordagem proativa, na qual ajustes e melhorias são implementados com base nos resultados das avaliações, assegurando uma adaptação constante às necessidades do ambiente de trabalho (Matos, 2017).

Além da gestão técnica, a participação ativa dos trabalhadores é crucial para o sucesso desses programas de prevenção. Os enfermeiros desempenham um papel de destaque ao promover a conscientização e o engajamento da equipe, garantindo que todos compreendam a importância das medidas preventivas e participem ativamente na sua implementação.

A implementação de programas de prevenção eficazes não apenas requer uma compreensão aprofundada dos riscos ocupacionais, mas também exige habilidades de gestão, monitoramento contínuo e uma abordagem participativa para garantir que a saúde ocupacional seja promovida de maneira efetiva em diversos ambientes de trabalho.

4.1.2 CONSCIENTIZAÇÃO DOS TRABALHADORES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE OCUPACIONAL.      

A conscientização dos trabalhadores sobre a importância da saúde ocupacional é essencial para a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. No entanto, essa conscientização muitas vezes é um desafio, uma vez que alguns trabalhadores podem não estar plenamente cientes dos riscos presentes em seus ambientes de trabalho ou das medidas preventivas que devem ser adotadas (Cliomed, 2023).

Os enfermeiros desempenham um papel fundamental na educação e conscientização dos trabalhadores, fornecendo informações sobre os riscos ocupacionais, as medidas de prevenção e os direitos e responsabilidades dos trabalhadores em relação à saúde ocupacional. Isso pode ser feito por meio de treinamentos, palestras, materiais educativos e diálogos contínuos com a equipe de trabalho 

Enfrentar esses desafios na promoção da saúde ocupacional e prevenção de acidentes e doenças ocupacionais requer o engajamento e a colaboração de todos os envolvidos, incluindo os enfermeiros, empregadores, trabalhadores e autoridades reguladoras. A superação desses desafios resultará em ambientes de trabalho mais seguros, saudáveis e produtivos, beneficiando tanto os trabalhadores como as organizações como um todo (Brasil, 2018).

4.2 PROGRAMAS DE SAÚDE OCUPACIONAL – A ENFERMAGEM NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR

Os Programas de Saúde do Trabalhador desempenham um papel essencial na garantia de ambientes de trabalho seguros e na preservação da saúde dos funcionários. Entre esses programas, destacam-se o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO), o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Conservação Auditiva (PCA). A enfermagem exerce um papel crucial em todas essas iniciativas, contribuindo significativamente para a saúde ocupacional (Nascimento; Sestrem (2013).

O PCMSO é um dos pilares da saúde ocupacional, exigindo exames médicos regulares para avaliar a condição de saúde dos trabalhadores. Nesse contexto, os enfermeiros de saúde ocupacional têm uma contribuição vital. Eles realizaram exames ocupacionais, monitoraram o estado de saúde dos funcionários e desempenharam um papel fundamental na detecção precoce de problemas de saúde relacionados ao trabalho. Sua atuação garante que os trabalhadores estejam aptos a exercer suas funções com segurança.

O PPRA concentra-se na identificação e controle de riscos ambientais no local de trabalho. Mais uma vez, a enfermagem desempenha um papel importante. Enfermeiros especializados em saúde ocupacional avaliam riscos de saúde relacionados ao ambiente de trabalho, colaborando com outros profissionais de saúde e segurança. Eles ajudam a determinar a exposição a produtos químicos, agentes biológicos, riscos ergonômicos e psicossociais, contribuindo para a promoção de ambientes de trabalho seguros.

A saúde auditiva dos trabalhadores é crucial, e o PCA visa prevenir a perda auditiva ocupacional. Nesse programa, os enfermeiros desempenham um papel importante na promoção de práticas seguras para a proteção auditiva. Eles educam os trabalhadores sobre a importância do uso adequado de equipamentos de proteção auditiva, realizam testes audiométricos para monitorar a audição dos funcionários e ajudam a manter ambientes de trabalho mais silenciosos e seguros.

Além da avaliação inicial, a enfermagem também é essencial no monitoramento contínuo da saúde ocupacional. Enfermeiros acompanham a saúde dos trabalhadores por meio de exames médicos regulares, avaliações de exposição a substâncias nocivas e monitoramento de indicadores de saúde. Seu envolvimento contínuo garante que qualquer problema de saúde relacionado ao trabalho seja identificado e tratado a tempo.

Um aspecto frequentemente subestimado da contribuição da enfermagem nos Programas de Saúde do Trabalhador é a manutenção de registros detalhados e documentação precisa. Isso é fundamental para avaliar tendências de saúde no local de trabalho, garantir a conformidade com regulamentações e fornecer dados relevantes para a tomada de decisões no campo da saúde ocupacional (Brasil, 2012).

A enfermagem desempenha um papel multifacetado e vital nos Programas de Saúde do Trabalhador. Sua atuação é fundamental para garantir que os trabalhadores estejam aptos, que os riscos ambientais sejam identificados e controlados, que a saúde auditiva seja preservada e que a saúde ocupacional seja monitorada de perto. A presença da enfermagem nessas iniciativas destaca sua importância vital na promoção da saúde ocupacional e no bem-estar dos trabalhadores, mostrando que são verdadeiras pedras angulares na busca por ambientes de trabalho seguros e saudáveis.

4.3 ESTRATÉGIAS E PRÁTICAS PARA PROMOVER A SAÚDE OCUPACIONAL E PREVENIR ACIDENTES E DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO

4.3.1 AVALIAÇÃO DE RISCOS E IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO

A avaliação de riscos e a identificação de fatores de risco são pilares incontestáveis na preservação da saúde ocupacional, conforme enfatizado pelo Portal Telemedicina (2016). Os enfermeiros, no âmbito de suas responsabilidades, realizam análises minuciosas dos ambientes de trabalho, desempenhando um papel decisivo na identificação de possíveis ameaças à saúde dos trabalhadores. Com a utilização de metodologias e ferramentas especializadas, esses profissionais avaliam os riscos ocupacionais, incluindo exposição a substâncias químicas, agentes biológicos, riscos ergonômicos, físicos e psicossociais.

A profundidade alcançada por essa avaliação não apenas permite uma compreensão abrangente dos riscos existentes, mas também faculta a implementação de medidas preventivas específicas. Os enfermeiros, aplicando seu conhecimento técnico, desempenham um papel estratégico na promoção do uso adequado de equipamentos de proteção individual, na adaptação dos postos de trabalho para mitigação de riscos ergonômicos e na conscientização dos colaboradores acerca dos perigos inerentes às suas atividades laborais. 

Assim, essa abordagem proativa não apenas atende a requisitos normativos, mas contribui para a construção de ambientes de trabalho seguros, saudáveis e em conformidade com as mais recentes diretrizes regulatórias (Azevedo, 2010).

Além disso, a eficácia das medidas preventivas está intrinsecamente vinculada à capacidade de comunicação dos enfermeiros. Ao traduzirem os resultados da avaliação de riscos para os colaboradores, esses profissionais promovem a conscientização e a participação ativa na implementação das medidas propostas. Ao envolverem a equipe nesse processo, os enfermeiros fomentam uma cultura organizacional comprometida com a saúde ocupacional, onde a prevenção se torna não apenas uma obrigação, mas uma parte integrante da rotina laboral.

4.3.2 APLICAÇÃO DE PRINCÍPIOS ERGONÔMICOS

A aplicação de princípios ergonômicos transcende a simples correção de aspectos físicos nos locais de trabalho; é uma abordagem holística liderada pelos enfermeiros, que reconhecem a importância de configurar ambientes que favoreçam a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. Ao identificarem e corrigirem problemas ergonômicos, como posturas inadequadas, movimentos repetitivos e inadequações nos mobiliários, os enfermeiros não apenas mitigam riscos físicos, mas também promovem a eficiência e a satisfação no ambiente de trabalho (Dias et al., 2018).

A atuação dos enfermeiros vai além da simples prescrição de correções; eles utilizam seus conhecimentos especializados para propor soluções inovadoras. O redesenho de estações de trabalho, a adoção de equipamentos ergonômicos e a realização de treinamentos não são apenas medidas corretivas, mas estratégias proativas para a prevenção de lesões musculoesqueléticas e a promoção da saúde e conforto dos trabalhadores. Essas intervenções não apenas abordam os problemas já identificados, mas também têm uma visão preventiva, antecipando-se a possíveis riscos ergonômicos emergentes.

Ademais, a aplicação de princípios ergonômicos não é estática; é um processo dinâmico que exige constante adaptação às mudanças nas demandas de trabalho e nas tecnologias. Os enfermeiros, comprometidos com a saúde ocupacional, participam ativamente desse processo contínuo. Eles realizam avaliações regulares para garantir que as condições ergonômicas permaneçam adequadas e, quando necessário, ajustam as estratégias existentes para refletir as mudanças nas práticas de trabalho (Amaral, 2023)

Essa abordagem proativa não apenas garante a segurança no trabalho, mas também contribui para a construção de uma cultura organizacional que valoriza a saúde e o bem-estar, resultando em ambientes laborais mais produtivos, satisfatórios e adaptados às necessidades dos colaboradores.

4.3.3 CUIDADO DA SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES

O cuidado da saúde mental dos trabalhadores é uma preocupação cada vez mais presente na área da saúde ocupacional. Os enfermeiros desempenham um papel crucial ao identificar e abordar questões relacionadas ao bem-estar psicológico dos trabalhadores. Eles realizam avaliações da saúde mental, identificam fatores de estresse e promovem estratégias para lidar com esses desafios (Brasil, 2018).

Além disso, os enfermeiros oferecem suporte emocional, encorajam a busca por ajuda profissional quando necessário e promovem a conscientização sobre a importância do autocuidado e do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. O cuidado da saúde mental dos trabalhadores contribui para a prevenção de transtornos mentais, o aumento da produtividade e a promoção de um ambiente de trabalho saudável.

4.3.4 NOTIFICAÇÃO DE DOENÇAS/ ACIDENTES OCUPACIONAIS: VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E DETECÇÃO PRECOCE DE PROBLEMAS RELACIONADOS AO TRABALHO

Um acidente de trabalho é um evento súbito e inesperado que ocorre no exercício do trabalho, resultando em lesões corporais ou perturbações funcionais, temporárias ou permanentes, ou até mesmo a morte do trabalhador. Esses acidentes podem ocorrer no local de trabalho ou durante atividades relacionadas ao trabalho (Brasil, 2018).

As doenças ocupacionais têm seu lugar de importância dentro do grupo das doenças notificáveis e/ou de notificações compulsórias, no entanto são patologias que tem uma subnotificação na atenção primária, sendo esse um dos principais entraves para dimensionamento real de como ocorre este fluxograma.

Alguns exemplos ocupacionais incluem lesões por esforço repetitivo (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), perda auditiva induzida por ruído (PAIR), transtornos mentais relacionados ao trabalho, como estresse ocupacional, ansiedade e depressão, pneumoconioses (por exemplo, silicose, asbestose), dermatoses ocupacionais (por exemplo, dermatite de contato) intoxicações por agentes químicos (por exemplo, chumbo, mercúrio) e transtornos respiratórios ocupacionais (por exemplo, asma ocupacional).

A notificação de doenças e acidentes ocupacionais desempenha um papel fundamental na vigilância epidemiológica e na detecção precoce de problemas relacionados ao trabalho. Através da notificação, é possível coletar e analisar dados sobre a ocorrência de doenças e acidentes no ambiente de trabalho, identificando tendências e padrões que podem indicar riscos ocupacionais específicos.

A vigilância epidemiológica é essencial para monitorar a saúde dos trabalhadores e identificar possíveis surtos ou epidemias de doenças relacionadas ao trabalho. Por meio da notificação, os profissionais de saúde podem acompanhar a incidência e a prevalência de doenças ocupacionais, bem como identificar grupos de trabalhadores em maior risco (Brasil, 2021).

A detecção precoce de problemas relacionados ao trabalho por meio da notificação permite a intervenção rápida e adequada, minimizando os impactos na saúde dos trabalhadores. Ao identificar precocemente sintomas, doenças ou lesões relacionadas ao trabalho, é possível encaminhar os trabalhadores para avaliação médica e tratamento adequado, além de adotar medidas de controle e prevenção específicas.

5. CONCLUSÃO

O presente estudo destaca a importância do enfermeiro nos programas de saúde ocupacional e segurança do trabalhador, demonstrando seu papel fundamental na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. 

A solução para o problema proposto envolve capacitar e envolver os enfermeiros em todas as fases dos programas de saúde ocupacional, desde a identificação de riscos até a promoção da saúde mental e a notificação de eventos ocupacionais. Essa abordagem integral visa não apenas tratar os problemas existentes, mas principalmente prevenir sua ocorrência, contribuindo para ambientes de trabalho mais saudáveis ​​e seguros.

A pesquisa contextualizou o programa de saúde do trabalhador, elucidou o papel do enfermeiro nesse contexto e apresentou as atividades desenvolvidas pela enfermagem nos programas de saúde ocupacional e segurança do trabalhador. 

Os programas de saúde ocupacional liderados por enfermeiros são reconhecidos como pilares essenciais para a promoção da qualidade de vida e a melhoria da produtividade dos trabalhadores. Esses programas abordam desde a prevenção de doenças ocupacionais até a promoção da saúde mental, intervenção precoce e a promoção do envolvimento dos trabalhadores na identificação de riscos.

Diante disso, fica evidente que a atuação do enfermeiro vai além do cuidado direto, abraçando uma abordagem abrangente que visa a preservação do bem-estar, a prevenção de riscos ocupacionais e a promoção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis. A enfermagem na saúde do trabalhador não apenas responde às demandas atuais, mas também antecipa e contribui para a construção de futuros mais seguros e saudáveis para os trabalhadores.

Assim, este estudo reforça a importância estratégica da enfermagem nos programas de saúde ocupacional, não apenas como prestadores de cuidados, mas como agentes ativos na promoção da saúde, prevenção de doenças e na construção de ambientes laborais que favoreçam o bem-estar e a produtividade.

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1Graduando em Enfermagem na Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA, em Itamaraju (BA). E-mail: ana_kelly2001@outlook.com .br.
2Doutora em Genética e Biologia Molecular, Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC. Docente da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA, em Itamaraju (BA). E-mail: thayse.franca@facisaba.com.