THE IMPORTANCE OF NURSES IN THE PREVENTION OF CERVICAL CANCER
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202419152352
Anna Luísa Jeunon Oliveira1,
Caroline Oliveira da Silva¹,
Charline Silveira¹,
Hellen Silveira¹,
Yasmin Botti Zang¹,
Prof. Me. Patrícia Farias2
RESUMO
Objetivo: Evidenciar o papel fundamental do enfermeiro na prevenção do câncer de colo do útero. Método: Revisão integrativa da literatura. A busca foi realizada nas bases de dados BDENF, SciELO e LILACS, utilizando descritores relacionados ao tema como “Enfermeiro”, “Câncer de Colo de útero” e “Papilomavírus humano”. Foram incluídos artigos publicados entre 2019 e 2024 em português, que abordam a temática. Após a exclusão de duplicatas e seleção de artigos pertinentes, a amostra final resultou em 11 artigos. Resultados: Os estudos analisados reforçam a importância do enfermeiro na prevenção e controle do câncer cervical. As ações do profissional vão desde a realização do exame de Papanicolau até o incentivo à vacinação contra o papilomavírus humano. Os desafios incluem a falta de informação e o impacto de crenças culturais que dificultam a adesão aos exames preventivos. Conclusões: O desconhecimento sobre o câncer de colo de útero e a importância do exame preventivo ainda é um dos principais obstáculos à saúde das mulheres. O papel do enfermeiro na atenção primária é indispensável para promover a educação em saúde e reduzir a incidência do câncer cervical.
Palavras-chave: enfermeiro. câncer de colo do útero. papiloma vírus humano
ABSTRACT
Objective: To highlight the essential role of nurses in the prevention of cervical cancer. Method: Integrative literature review. The search was conducted in the BDENF, SciELO, and LILACS databases, using descriptors related to the topic such as “Nursing,” “Prevention,” “Cancer,” and “Cervical cancer.” Articles published between 2019 and 2024 in Portuguese that addressed the topic were included. After removing duplicates and selecting relevant articles, the final sample comprised 11 articles. Results: The analyzed studies emphasize the importance of nurses in the prevention and control of cervical cancer. Their actions range from performing Pap smears to promoting papillomavirus vaccination. Challenges include a lack of information and cultural beliefs that hinder adherence to preventive exams. Conclusions: Lack of knowledge about cervical cancer and the importance of preventive screening remains one of the main obstacles to women’s health. The nurse’s role in primary care is crucial to promoting health education and reducing cervical cancer incidence.
Keywords: nurse. cervix cancer. human papillomavirus.
1 INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da Saúde mostra que o câncer de colo do útero é a quarta doença mais comum entre as mulheres em todo o mundo e o segundo tipo de tumor mais frequente em regiões menos desenvolvidas. A doença mata 35,7 mil mulheres a cada ano nas Américas, sendo que 80% dos casos ocorrem na América Latina e no Caribe. As taxas de mortalidade são três vezes mais altas na América Latina e no Caribe do que na América do Norte, destacando as desigualdades existentes em relação à renda, gênero e acesso aos serviços de saúde na região. Se as tendências atuais continuarem, estima-se que as mortes por câncer de colo do útero nas Américas aumentarão para mais de 51,5 mil em 2030, devido ao crescimento da população e aos ganhos na expectativa de vida; 89% dessas mortes ocorrerão na América Latina e no Caribe (DE OLIVEIRA, E. C. B. et al., 2024).
No Brasil, o câncer de colo do útero ocupa a terceira posição entre os tipos de câncer mais frequentes em mulheres. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer para o triênio 2023-2025, são esperados 17.010 novos casos por ano, o que corresponde a uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos para cada 100 mil mulheres (INCA, 2022).
A doença pode ser rastreada na Unidade Básica de Saúde, através de consultas de enfermagem realizadas pelo enfermeiro, por meio do exame mais conhecido como Papanicolau ou Citopatológico do colo do útero, onde podem ser detectadas lesões em estágios iniciais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2024).
O Sistema Único de Saúde, mostra o crescimento ao combate ao câncer de colo de útero, tendo como estratégias governamentais, e atuações dos profissionais da saúde, assim o Ministério da Saúde vem adotando políticas de enfrentamento onde se baseiam na prevenção, como exemplo a vacinação contra o Papilomavírus Humano, onde a mesma se encontra disponível para vacinação de meninos e meninas de 9 á 14 anos, sendo feita apenas uma dose da vacina, e o resgate de pessoas até 19 anos sem vacinação do papilomavírus humano, conforme a atualização do Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2024; PEREIRA, et al., 2022).
Diante da atuação do sistema de saúde nacional esta pesquisa visa responder qual o papel do enfermeiro na prevenção do câncer do colo de útero, uma vez que este profissional atua nas equipes que realizam as ações na atenção primária à saúde. Desta forma, se tem por objetivo evidenciar o papel fundamental do enfermeiro na prevenção do câncer de colo do útero por meio de revisão literária.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A incidência do câncer de colo do útero no Brasil cresce de forma alarmante, com picos em algumas regiões. O Ministério da Saúde adota como norma a recomendação da Organização Mundial da Saúde, que propõe a realização do exame citopatológico a cada três anos, depois de dois exames anuais consecutivos negativos para mulheres de 25 a 64 anos de idade, ou que já tenham tido atividade sexual (DIAS, 2021,p.1). Pelo Decreto 747/2005, o Sistema Único de Saúde é responsável por garantir o diagnóstico e o tratamento completo da doença, incluindo cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hematologia. A Lei nº 12.732/2012 determina que o tratamento pelo Sistema Único de Saúde deve ser iniciado em até 60 dias após o diagnóstico (OLIVEIRA, L. L. DE et al., 2020).
Os desafios para a prevenção e o controle do câncer de colo do útero são consideráveis, exigindo a implementação de ações estratégicas em todo o país, a fim de garantir a priorização dessa temática nas agendas de saúde. O câncer de colo uterino, por possuir uma evolução lenta, permite que a sua detecção seja precoce através do exame de Papanicolau, fundamental para o sucesso do tratamento. A coleta deste exame, embora de grande importância, exige um alto grau de conhecimento técnico e de habilidade. Conforme a Resolução do COFEN 385/2011, reconhecendo a complexidade do procedimento e a relevância do papel da enfermagem no cuidado à saúde da mulher, estabeleceu novas diretrizes para a realização da coleta do material, visando garantir a qualidade e a segurança do processo, assim fazendo com que a coleta seja realizada exclusivamente pelo Enfermeiro (JOSÉ MOREIRA LIMA, S.et al., 2022). A seguir serão abordados temas que embasam a prática da enfermagem e a prevenção do CCU.
2.1. CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E A INFECÇÃO PELO HPV
O Câncer do Colo do Útero é um problema de saúde pública, se tratando do terceiro tumor mais frequente que afeta as mulheres no Brasil, apenas atrás do câncer de mama e colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres no País (DIAS, E. G. et al., 2021; LIMA, D. E. DE O. B. et al., 2024). A etiologia do Câncer do Colo do Útero é a infecção persistente pelos tipos oncogênicos do papilomavírus humano, A história natural indica que as infecções são normalmente transitórias, mas que quando não combatidas apropriadamente pelo sistema imune, podem resultar na incorporação desses vírus ao genos do hospedeiro e assim gerar lesões pré-cancerígenas (MASCARENHAS,2020, p.1).
A infecção pelo papilomavírus humano, especificamente pelos subtipos HPV-16 e HPV-18, são os principais responsáveis pelo desenvolvimento do câncer de colo de útero. Esses tipos virais estão presentes em mais de 70% dos casos da doença. A infecção pela doença pode se dar ao início precoce das relações sexuais, a multiplicidade de parceiros sexuais e a não utilização de preservativos são fatores de risco significativamente associados à infecção pelo papilomavírus humano, outros fatores que podem contribuir com o surgimentos das lesões e contribuir para potencializar o risco da infecção são: tabagismo, dieta inadequada e o uso de anticoncepcionais orais por períodos prolongados (LIMA, D. E. DE O. B. et al., 2024).
O exame preventivo do câncer do colo uterino, é essencial para a detecção precoce das lesões precursoras e é recomendado como prática regular para mulheres sexualmente ativas, especialmente aquelas com idades entre 25 a 64 anos, a realização periódica do exame é prioritária em razão da alta incidência de lesões (LIMA, 2024, p.2). No Brasil, desde os anos 1940, há iniciativas para o controle do Câncer do Colo de Útero, há políticas que integram o Plano de Ações Estratégicas Para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis, as Diretrizes para o Rastreamento do Câncer do Colo de Útero, que foram criadas pelo Instituto Nacional de Câncer e assim adotadas com o parâmetro de referências para o Ministério da Saúde (MASCARENHAS, 2020, p.1).
O Sistema Único de Saúde através da Atenção Primária à Saúde, inclui a investigação citopatológica contribuindo para a prevenção e o controle do câncer do colo do útero, tendo como objetivo rastrear, detectar e tratar o câncer (LIMA, D. E. DE O. B. et al., 2024).
Embora a realização do exame preventivo de Papanicolau seja fundamental, muitas mulheres ainda demonstram resistência em fazê-lo, muitas devido a questões culturais e históricas. Por essa razão, é essencial que os enfermeiros na Atenção Primária à Saúde acolham esses pacientes de forma sensível, ajudando a superar barreiras e tabus. Isso contribui para incentivar a adesão ao exame, o que facilita a detecção precoce e o tratamento adequado da infecção, melhorando a assistência prestada e a qualidade de vida dessas mulheres (ANDRADE VIEIRA, E. et al., 2022).
2.2. O PAPEL DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO
Sabe-se que o objetivo é ampliar a compreensão sobre o câncer de colo do útero, suas causas e os mecanismos de prevenção disponíveis, especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde. O enfermeiro tem um papel fundamental na prestação de um atendimento humanizado, na prevenção, promoção da saúde, vacinação e no rastreamento precoce da doença. O exame citopatológico é o principal meio de rastreamento e deve ser oferecido às mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos que já possuem vida sexual ativa. As Unidades Básicas de Saúde são a principal porta de entrada para a realização desse exame, onde os enfermeiros possuem autonomia para realizá-lo (ANDRADE VIEIRA, E. et al., 2022).
Um estudo cubano realizado em Cumanayagua, com 51 mulheres, mostrou que 92,15% delas possuem algum déficit de conhecimento sobre o câncer de colo do útero. O estudo destaca a necessidade de mais abordagens por parte dos enfermeiros em relação à prevenção, com o intuito de desfazer alguns tabus relacionados ao exame (ANDRADE VIEIRA, E. et al., 2022).
Como um dos pilares da Estratégia Saúde da Família, o enfermeiro atua como líder e coordenador da equipe, sendo responsável por implementar as diretrizes da política de saúde, incluindo as ações de prevenção ao câncer. O enfermeiro é um profissional ativo na promoção da saúde, especialmente no que diz respeito ao câncer cervical. Na prática, o enfermeiro desenvolve ações educativas, buscando conscientizar as mulheres sobre a importância do exame preventivo. Ao identificar as dificuldades enfrentadas pelas pacientes, ele busca estratégias para superar essas barreiras e garantir o acesso ao exame. O estabelecimento de um vínculo de confiança com a paciente é essencial para oferecer orientações personalizadas e incentivar a adesão aos cuidados preventivos (SESCON NOGUEIRA, I. et al., 2019; LIMA, D. E. DE O. B. et al. 2024).
Compreende-se, nesse contexto, que o profissional de Enfermagem desempenha um papel ativo no incentivo à realização de exames ginecológicos (MACIEL, 2021, p.4). Destaca-se que o enfermeiro, enquanto profissional do cuidado, tem que estar preparado para assumir a responsabilidade de realizar o exame, assim como as atividades educativas tendo a finalidade de buscar formas de prevenção do CCU e de outros tipos de câncer (MACIEL, N. S. et al, 2021).
Diante disso, as ações na Atenção Primária à Saúde para o controle e a detecção precoce do Câncer do Colo de Útero, tendo como a consulta de enfermagem, acolhimento e a escuta qualificada com a humanização das práticas de saúde no Sistema Único de Saúde, devem estar fundamentadas no trabalho em equipe e nas suas edificações dos relacionamentos entre o profissional e o usuário (ANDRADE VIEIRA, E. et al.2022).
3 METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que aborda a temática referente à importância da enfermagem e da humanização da mesma na prevenção do colo de útero. Esse é um dos métodos de pesquisa que permite a inclusão das evidências com a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um determinado tema. O método utilizado tem como enfoque analisar os resultados de pesquisas científicas utilizando estratégias de buscas nos bancos eletrônicos da Biblioteca Virtual em Saúde Enfermagem (BDENF), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) utilizando os seguintes descritores: “enfermeiro”, “câncer de colo do útero” e “papiloma vírus humano”. Para a análise dos textos selecionados, foram identificadas ideias centrais que nortearam a pesquisa. Os critérios de inclusão foram artigos que abordassem a temática na língua portuguesa, publicados entre 2019 a 2024 listados nos bancos de dados citados. Os critérios de exclusão foram artigos não disponíveis na íntegra ou que não se enquadram nos objetivos do presente estudo. Após exclusão de duplicatas e seleção dos artigos relevantes, a amostra final resultou em nº 11 de artigos.
Quadro 1 – Estratégia de busca e seleção final dos estudos
Base de Dados | Estratégia de Busca | Artigos resgatados | Amostra final |
BDENF | “Enfermeiro” AND “Papiloma vírus humano” AND “Câncer de Colo do útero” | 12 | 7 |
SCIELO | “Enfermeiro” AND “Papiloma vírus humano” AND “Câncer de Colo do útero” | 5 | 1 |
LILACS | “Enfermeiro” AND “Papiloma vírus humano” AND “Câncer de Colo do útero” | 16 | 8 |
Fonte: Dados das acadêmicas
4 RESULTADOS
No que se refere aos resultados, foram encontrados os seguintes achados: educação em saúde na detecção do câncer de colo de útero e o incentivo de profissionais para a realização do exame preventivo, orientação de enfermagem em relação ao uso de preservativo nas relações sexuais, consulta de enfermagem, vacinação contra o Papiloma Vírus e diagnóstico e tratamento precoce.
Quadro 2 – Relação de amostra final de artigos por código do artigo, título, autor(es), ano de publicação/revista, objetivos e resultados.
Código do artigo | Título | Autor(es)/ Revista/Ano de publicação | Objetivos | Resultados |
A1 | Atuação do enfermeiro na detecção precoce do câncer de colo uterino | VIEIRA, E. A.; MENEZES, M. N.; FERREIRA, L. M. V.NASCIMENTO, T. D.; SANTOS, V. F.; AGUIAR, E. C.. Nursing (Ed. bras., Impr.), 2022. BDENF, LILACS | Identificar a atuação do enfermeiro na detecção precoce do câncer de colo do uterino. | dentre as atuações do enfermeiro destacam-se Educação em saúde sobre detecção precoce do câncer do colo uterino e incentivo à realização do exame citopatológico; orientação de enfermagem quanto a importância do uso de preservativo nas relações sexuais; consulta de enfermagem, realização do exame citopatológico; vacinação contra HPV; diagnóstico e tratamento precoces. |
A2 | Uso do protocolo de saúde da mulher na prevenção do câncer de colo do útero | HOLANDA, J. C. R.; ARAÚJO, M. H. H. P. O.NASCIMENTO, W. G.; GAMA, M. P. A.; SOUSA, C. S. M.. Revista Baiana de Enfermagem (Online), 2021 BDENF, LILACS | Analisar o uso do protocolo de saúde da mulher na prevenção do câncer de colo do útero por enfermeiros na Atenção Básica | O enfermeiro realiza o acolhimento limitado à queixa da mulher motivada por demanda espontânea e apresenta autonomia para a realização do citopatológico, embora nem todos realizem avaliação do resultado desse exame. |
A3 | Busca ativa para aumento da adesão ao exame Papanicolaou | MACIEL, N. S.; LUZIA, F. J. M.FERREIRA, D. S.FERREIRA, L. C. C.; MENDONÇA, V. M.; OLIVEIRA, A. W. N.SOUSA, L. B.. Revista de enfermagem UFPE on line, 2021 BDENF | Descrever a implantação da busca ativa de usuárias como estratégia para o aumento da adesão ao exame Papanicolaou. | Registraram-se 660 mulheres aptas a realizar o exame. Foram distribuídos 148 cartões-convite, mas apenas dez mulheres compareceram à unidade na data agendada. Percebeu-se, ao analisar-se os fatores que levam ao não alcance das metas em relação à cobertura do exame citopatológico, que o problema é complexo e multifacetado. |
A4 | Atribuições do enfermeiro na atenção primária acerca do câncer de colo de útero e mama | PEREIRA, S. V. N.NASCIMENTO, W. G.; BRAGA, F. L. S.; GONÇALVES, L. V. F.; SOARES, F. M. M.; GONÇALVES, I. M.. Revista Enfermagem Atual In Derme, 2022 BDENF | Refletir sobre a atuação do enfermeiro na prevenção do câncer de colo de útero e mama na atenção primária. | A reflexão foi construída pelos marcos teóricos A atuação do enfermeiro frente ao câncer na detecção precoce, dificuldades enfrentadas no monitoramento, e pelos processos educacionais preventivos. Considerações finais Destacou-se a importância do enfermeiro no rastreio do câncer de colo de útero e mama, bem como as subnotificações, descoberta tardia, inaptidão e a necessidade de estratégias educacionais. |
A5 | Exclusividade na coleta de material para exame de colpocitologia oncótica: percepção dos enfermeiros | OLIVEIRA, L. L.; SANTOS, M. R. S.; RODRIGUES, I. L. A.; ANDRÉ, S. R.; SILVA, I. F. S.; NOGUEIRA, L. M. V.. Revista de enfermagem da UFSM, 2020 BDENF, LILACS | Analisar a percepção dos enfermeiros a respeito da exclusividade da coleta de material para a realização de colpocitologia oncótica. | Os dados correspondem a percepções sobre a coleta do exame de colpocitologia oncótica, subdivididas em percepções sobre a coleta realizada pelo enfermeiro e técnico de enfermagem, facilidades e dificuldades na coleta e alterações na rotina dos enfermeiros. Considerações finais as percepções dos enfermeiros são heterogêneas, porém convergem ao reconhecerem a necessidade de agregar conhecimento técnico e científico para realização da coleta de material para colpocitologia oncótica, em razão da alta complexidade da técnica |
A6 | Adenocarcinoma cervical e abandono terapêutico: a ótica dos enfermeiros em uma cidade do extremo norte brasileiro | LIMA, S. J. M.; PRUDÊNCIO, L. S.TOSTES, N. C. B.; MATA, N. D. S.. Cogitare Enfermagem (Online), 2022 BDENF, LILACS | Descrever, na perspectiva do enfermeiro, as causas de abandono das usuárias em tratamento do adenocarcinoma cervical e analisar as propostas para diminuir esse abandono. | Emergiram duas categorias principais causas de abandono das usuárias em tratamento do adenocarcinoma cervical e estratégias do enfermeiro para a diminuição do abandono do tratamento pelas usuárias. |
A7 | Conhecimento de Mulheres acerca do Exame Papanicolaou | LIMA, D. E. O. B.; GEMAQUE, N. S.; NEGRÃO, C. F.; MARQUES, T.S … Revista Brasileira de Cancerologia, 2024 LILACS | Analisar as produções científicas publicadas no Brasil sobre o conhecimento de mulheres acerca do PCCU. | Foram encontrados 71 artigos e, após serem aplicados os critérios de exclusão, apenas 14 artigos foram incluídos na amostra do estudo categorizados em três eixos temáticos o primeiro apresenta o conhecimento sobre o PCCU, o segundo, os fatores relacionados à não adesão, e o terceiro, a cobertura para a realização do PCCU na prática da enfermagem. |
A8 | Conhecimentos e Práticas de Usuárias da Atenção Primária à Saúde sobre o Controle do Câncer do Colo do Útero | MASCARENHAS, M. S.FARIA, L. V.; MORAIS, L. P.; LAURINDO, D. C.; NOGUEIRA, M. C.. Revista Brasileira de Cancerologia, 2020 LILACS | Analisar a adequação dos conhecimentos e práticas das usuárias de uma unidade básica de saúde (UBS) de Juiz de Fora – MG, sobre o rastreamento do câncer do colo do útero, tendo como referência as recomendações do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). | Todas as mulheres já tinham ouvido falar do exame citopatológico e a maioria (77,9%) tinha conhecimento de sua finalidade. Entretanto, nenhuma apresentou conhecimento inteiramente adequado sobre o rastreamento dessas neoplasias, no que concerne à faixa etária e à periodicidade recomendadas. A prevalência de prática adequada foi de 17,4% (IC95% 11,8-23,1%) com maior proporção para a faixa etária de maiores de 50 anos. |
A9 | Atuação do enfermeiro na prevenção do câncer do colo de útero em Unidades de Saúde | DIAS, E. G.; CARVALHO, B. C.; ALVES, N. S.; CALDEIRA, M. B.; TEIXEIRA, J. A.. Journal of Health & Biological Sciences, 2021 LILACS | Investigar a atuação do Enfermeiro na prevenção do câncer do colo de útero nas Unidades de Saúde da Atenção Básica do município de Espinosa, Minas Gerais. | As ações assistenciais de enfermagem direcionadas para prevenção do câncer de colo do útero são, essencialmente, a educação em saúde e a coleta de material citopatológico para realização do exame. As ações são programadas e organizadas dentro de um fluxo de trabalho previamente estabelecido na rotina das equipes |
A10 | Atuação do enfermeiro na atenção primária à saúde na temática do câncer: do real ao ideal | NOGUEIRA, I. S.; PREVIATO, G. F.; BALDISSERA, V. D. A.; PAIANO, M.; SALCI, M. A.. Revista de Pesquisa e Cuidado é Fundamental (Online), 2019 BDENF, LILACS | Identificar na literatura brasileira a atuação do profissional enfermeiro na Atenção Primária à Saúde na temática do câncer. | Oito estudos abordaram a realização de atividades assistenciais, como a realização de consultas de enfermagem com foco em exames preventivos do câncer de colo de útero e mama, atividades educativas e visitas domiciliares. |
A11 | Educação participativa com enfermeiros: potencialidades e vulnerabilidade s no rastreamento do câncer de mama e colo | SOARES, L. S.; SILVA, M. A.; ALVES, H. J.; QUEIROS, A. B. A; SILVA, I. S.. Revista Brasileira de Enfermagem, 2020 SciELO | Sistematizar experiência de educação permanente participativa com enfermeiros da Atenção Primária sobre rastreamento do câncer de mama e colo, identificando potencialidades e vulnerabilidades. | As potencialidades relacionam-se ao trabalho do enfermeiro implementando os princípios do Sistema Único de Saúde. As dificuldades são complexas e expõem vulnerabilidades individuais, contextuais e programáticas na prática do rastreamento. |
Fonte: Dados das acadêmicas
Os estudos analisados, além de enfatizar a educação em saúde e o desempenho do Papanicolau, também enfatizaram a relevância da vacinação contra o HPV. Quando combinada com o exame preventivo, a vacina cria uma barreira protetora ainda mais eficiente contra o CCU. Os artigos também mencionaram ações relevantes, como conselhos sobre estilos de vida saudáveis (como a relevância de uma dieta equilibrada e exercício físico regular) e a organização de grupos de apoio para mulheres diagnosticadas com lesões pré-cancerosas (OLIVEIRA, L. L. DE et al.,2020; LIMA, D. E. DE O. B. et al., 2024; SOUZA, M. L. et al., 2022).
Ao analisar a pesquisa presente nesta revisão, observa-se que a educação em saúde é um instrumento crucial para expandir a compreensão das mulheres sobre o câncer cervical e a promoção do exame preventivo. No entanto, a escassez de informações e a presença de tabus e crenças populares continuam sendo obstáculos consideráveis para a adesão aos programas de prevenção. O desempenho do exame de Papanicolau pelo enfermeiro é crucial para a identificação precoce de lesões pré-cancerosas. Os resultados deste estudo indicam que a maioria dos estudos analisados destacou a relevância deste teste como estratégia preventiva. No entanto, em vários países, a imunização ainda é insuficiente, exigindo a intensificação das campanhas de vacinação e superando os desafios relacionados à aceitação da vacina (OLIVEIRA, L. L. DE et al.,2020; LIMA, D. E. DE O. B. et al., 2024; SOUZA, M. L. et al., 2022).
5 DISCUSSÃO
A atuação dos enfermeiros na atenção primária abrange ações individuais e coletivas, com foco na prevenção, detecção e tratamento. Ações educativas, como palestras em escolas, igrejas e unidades de saúde, são rotineiras e contribuem para a prevenção e promoção da saúde da comunidade (PEREIRA, S. V. N. et al., 2022).
O enfermeiro desempenha um papel essencial na prevenção do câncer de colo do útero, atuando em todas as etapas do processo, desde a consulta ginecológica, coleta do exame citopatológico até a interpretação dos resultados e o acompanhamento das pacientes. Tendo a habilidade em identificar alterações e realizar o devido encaminhamento adequado garantindo um cuidado integral e eficaz, contribuindo significativamente para a detecção precoce e o tratamento desta doença (VIEIRA, E. A. et al., 2022).
Segundo Vieira (2022) Outra área de abrangência da assistência de enfermagem trata-se da vacinação, a qual tem um papel importante na prevenção contra a infecção pelo Papiloma Vírus. A vacina oferece proteção contra vários subtipos de papiloma vírus, dentre esses os subtipos de baixo risco 6 e 11, que causam 90% das verrugas genitais, e os subtipos 16 e 18, que causam 70% dos cânceres cervicais de alto risco.
Como profissional de saúde essencial, o enfermeiro tem um papel importante na prevenção do câncer cervical. Os enfermeiros, além de coletar o exame de Papanicolau e promover a educação em saúde, podem receber as mulheres, esclarecer suas dúvidas, fornecer apoio emocional e direcioná-las para outros serviços de saúde, se necessário (OLIVEIRA, L. L. DE et al.,2020; LIMA, D. E. DE O. B. et al.SOUZA, M. L. et al., 2022).
A formação contínua destes trabalhadores de saúde pode contribuir para melhorar o rastreamento, ordenada pela Portaria MS/GM nº 1.996 de 20/08/2007, oferece as bases normativas para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (6). Em sua condução, conta com as Comissões de Integração Ensino-Serviço que congregam profissionais de diferentes setores e instituições ligados à gestão, formação e controle social do trabalho no Sistema Único de Saúde. As Instituições de Ensino Superior que formam trabalhadores para a área de saúde, no âmbito de abrangência das Comissões de Integração Ensino-Serviço, participam de sua composição (SOARES,2020, p.2).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atuação do enfermeiro é essencial na prevenção do câncer de colo do útero, especialmente no âmbito da atenção primária à saúde, onde é possível realizar a detecção precoce através do exame de Papanicolau. O profissional de enfermagem tem um papel fundamental tanto na coleta do material para o exame quanto no acolhimento humanizado das pacientes, promovendo a adesão aos exames preventivos e à vacinação contra o papiloma vírus (VIEIRA et al., 2022).
As políticas públicas de saúde, como a oferta da vacina contra o papiloma vírus pelo Sistema Único de Saúde para meninos e meninas de 9 a 14 anos, são cruciais para a prevenção do câncer de colo uterino. Além disso, a formação contínua dos enfermeiros garante que as práticas preventivas sejam executadas de maneira eficaz e segura (PEREIRA et al., 2022). A combinação entre a vacinação e a realização regular do exame de Papanicolau tem mostrado ser uma estratégia eficiente para reduzir a incidência da doença (Ministério da Saúde, 2024).
Outro aspecto relevante é a necessidade de campanhas de conscientização para alertar as mulheres sobre a importância tanto do exame de Papanicolau quanto da vacinação contra o papiloma vírus. Muitas ainda têm resistência ou desconhecimento acerca da importância desses procedimentos, o que demanda uma abordagem mais educativa e direta por parte dos enfermeiros (MACIEL, 2021, p.8,9.). Um estudo realizado em Cumanayagua revelou que 92,15% das mulheres apresentavam déficit de conhecimento sobre o câncer de colo do útero, reforçando a importância de ações informativas (MACIEL, 2021, p.3,4.).
Conclui-se, portanto, que o papel do enfermeiro, em conjunto com as políticas públicas como a vacinação e o atendimento humanizado, é indispensável para a prevenção e controle do câncer de colo uterino. Fortalecer a capacitação desses profissionais e garantir o acesso universal às medidas preventivas e ao tratamento adequado são passos essenciais para melhorar a saúde das mulheres e reduzir a mortalidade por essa doença (DIAS et al., 2021).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VIEIRA, E. A. et al Atuação do enfermeiro na detecção precoce do câncer de colo uterino: revisão integrativa. In: Nursing(Ed.bras.,Impr.), v. 25, n. 285, p. 7272-7281, fev. 2022. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1371986
HOLANDA, JCRD et al. Uso do protocolo de saúde da mulher na prevenção do câncer de colo do útero. Revista Baiana de Enfermagem, https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1279769
MACIEL, N. S. et al. Busca ativa para aumento da adesão ao exame Papanicolau. In.: Revista de Enfermagem UFPE On Line, v. 15, n. 1, p. 1-11, 2021. Acesso em: 10 set. 2024. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1150971
Brasil. Ministério da Saúde. In.: Portal da Saúde. Acesso em: 10 set. 2024.
PEREIRA, S. V. N. et al. Atribuições do enfermeiro na atenção primária acerca do câncer de colo de útero e mama. In.: Revista Enfermagem Atual In Derme, v. 96, n. 39, 2022. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1417481
Ministério da Saúde adota esquema de vacinação em dose única contra o HPV. Ministério da Saúde, abr. 2024.
OLIVEIRA, L. L. DE et al. Exclusividade na coleta de material para exame de colpocitologia oncótica: percepção dos enfermeiros. Revista de Enfermagem da UFSM, v. 10, p. e15, 29 jan. 2020. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1118033
JOSÉ MOREIRA LIMA, S. et al. Adenocarcinoma cervical e abandono terapêutico: A ótica dos enfermeiros em uma cidade do extremo norte brasileiro. Cogitare Enfermagem, n. 27, p. 1–10, 2022. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1394319
LIMA, D. E. DE O. B. et al. Conhecimento de Mulheres acerca do Exame Papanicolaou. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 70, n. 1, p. 054393, 2024. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1537406
MASCARENHAS, M. S. et al. Conhecimentos e Práticas de Usuárias da Atenção Primária à Saúde sobre o Controle do Câncer do Colo do Útero. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 66, n. 3, 2020. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1120100
DIAS, E. G. et al. Atuação do enfermeiro na prevenção do câncer do colo de útero em Unidades de Saúde. Journal of Health & Biological Sciences, v. 9, n. 1, p. 1, 2021. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1352414
SESCON NOGUEIRA, I. et al. Nurse’s Attention in Primary Health Care Towards the Cancer Topic: From Real to Ideal / Atuação do Enfermeiro na Atenção Primária à Saúde na Temática do Câncer: Do Real ao Ideal. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, v. 11, n. 3, p. 725–731, 2020. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-988016
SOARES, L. S. et al. Educação participativa com enfermeiros: potencialidades e vulnerabilidades no rastreamento do câncer de mama e colo. Revista brasileira de enfermagem, v. 73, p. e20190692, 2020. https://www.scielo.br/j/reben/a/cQMgQbGH5pn4mDQPpWBSK6K/?lang=pt
WHO. Cervical cancer. World Health Organization, 2020. In.: https://www.who.int/cancer/prevention/diagnosis-screening/cervical-cancer/en/.
DE OLIVEIRA, E. C. B. et al. HPV e câncer do colo do útero. 2024. https://www.paho.org/pt/topicos/hpv-e-cancer-do-colo-do-utero
1Discentes do Curso Superior de Enfermagem da Universidade do Sul de Santa Catarina Campus Florianópolis. e-mails: annaluisajeunon@gmail.com; carolineoliveiraosc@gmail.com; charlinesilveiraaa@gmail.com; hllnsilveira@gmail.com e zang.yasmin@gmail.com
2Docente do Curso Superior de Enfermagem da Universidade do Sul de Santa Catarina Campus Florianópolis. Mestre em Tecnologia e Inovação (UFPR). e-mail: farias.patricia@unisociesc.com.br