THE IMPORTANCE OF THE NURSE IN INTRAUTERINE DEVICE INSERTION
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7908836
Lorena Costa Londres1
Adriana Santos Araújo2
Carleone Vieira dos Santos Neto3
Raissa Mayara da Silva Dantas4
Wanderson Paiva dos Santos5
Lívia Karoline Torres Brito6
Natali de Jesus Alves Paes da Costa7
Moacir Andrade Ribeiro Filho8
RESUMO
Introdução: A inserção do Dispositivo Intrauterino deve ser realizada com todos os cuidados necessários para minimizar os riscos de complicações. Alguns cuidados prévios podem ser necessários, como avaliação do histórico médico e realização de exames complementares para avaliar a saúde da mulher. No Brasil, existe um amparo legal para a prática de inserção do DIU pelo enfermeiro, desde que o profissional esteja devidamente capacitado para a inserção. Objetivo: Evidenciar a importância do profissional enfermeiro na prática de inserção do dispositivo intrauterino. Metodologia: Realizou-se um levantamento nas bases de dados SciELO e LILACS. Utilizou-se os descritores em ciências da saúde (DECS), Assistência, Enfermeiro e Dispositivo Intrauterino. Como critérios de inclusão foram considerados literaturas dentro do recorte temporal de 2017 a 2022, nos idiomas espanhol, inglês e português, sendo utilizado o operador booleano AND. Resultados e Discussão: Observou-se que os estudos analisados tem demonstrado que o enfermeiro possui a habilidade e competência para a prática da inserção, revisão e remoção do DIU de forma segura, se capacitado. Essa autonomia aumenta a capacidade do enfermeiro para prestar uma assistência de qualidade e contribui para a melhoria do acesso e cobertura de saúde as mulheres. Conclusão: Considerou-se que o estudo destaca a autonomia do enfermeiro em realizar o procedimento de inserção, revisão e remoção do dispositivo intrauterino, que antes era restrito ao médico. Isso sugere que o enfermeiro está assumindo um papel cada vez mais importante na assistência em saúde, e que suas habilidades e competências estão sendo reconhecidas.
Palavras-Chave: Assistência. Enfermeiro. Dispositivo Intrauterino.
ABSTRACT
Introduction: The insertion of the Intrauterine Device must be carried out with all the necessary care to minimize the risks of complications. Some prior care may be necessary, such as evaluating the medical history and performing complementary tests to assess the woman’s health. In Brazil, there is legal support for the practice of insertion of the IUD by the nurse, provided that the professional is properly trained for insertion. Objective: To highlight the importance of the professional nurse in the practice of insertion of the intrauterine device. Methodology: A survey was carried out in the SciELO and LILACS databases. The descriptors in health sciences (DECS), Assistance, Nurse and Intrauterine Device were used. As inclusion criteria, literature was considered within the time frame from 2017 to 2022, in Spanish, English and Portuguese, using the Boolean AND operator. Results and Discussion: It was observed that the analyzed studies have shown that the nurse has the ability and competence to practice the insertion, review and removal of the IUD safely, if trained. This autonomy increases the nurse’s ability to provide quality care and contributes to improving women’s access and health coverage. Conclusion: It was considered that the study highlights the nurse’s autonomy in carrying out the insertion, revision and removal procedure of the intrauterine device, which was previously restricted to the physician. This suggests that nurses are assuming an increasingly important role in health care, and that their skills and competencies are being recognized.
Keywords: Assistance. Nurse. Intra Uterine Device.
INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres – PNAISM tem entre suas prioridades, a saúde sexual e a saúde reprodutiva, cuja implementação exige profissionais capacitados para o enfoque e discussão de temas variados, muitos deles considerados complexos, como liberdade e autonomia, com vistas ao pleno exercício da sexualidade por parte de mulheres e homens, adolescentes, jovens e demais faixas etárias (BRASIL, 2018).
O planejamento reprodutivo é denominado um conjunto de ações de regulação da fecundidade, que auxiliam o adulto, jovem ou adolescente com vida sexual ou se preparando para iniciá-la, a decisão da concepção ou não, e qual momento é mais oportuno para isso. O planejamento reprodutivo é amparado pela Lei nº 9.263/1996, também pode incluir a oferta de informações sobre a saúde sexual, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, educação em saúde e a oferta de métodos para a regulação da fecundidade (BRASIL, 2013).
Um dos métodos de contracepção disponibilizados para as mulheres é o Dispositivo Intrauterino (DIU). O DIU com cobre TCu 380 é constituído por um pequeno e flexível dispositivo de polietileno em formato de T, revestido com 314 mm2 de cobre na haste vertical e dois anéis de 33 mm2 de cobre em cada haste horizontal (BRASIL, 2018).
A inserção do Dispositivo Intrauterino deve ser realizada com todos os cuidados necessários para minimizar os riscos de complicações. Alguns cuidados prévios podem ser necessários, como avaliação do histórico médico e realização de exames complementares para avaliar a saúde da mulher. No Brasil, existe um amparo legal para a prática de inserção do DIU pelo enfermeiro, desde que o profissional esteja devidamente capacitado para a sua inserção (COFEN, 2019).
Experiências positivas podem ser encontradas em diversos países onde o procedimento de inserção de DIU pelo enfermeiro é uma prática com rotinas e fluxos bem estabelecidos; assim como o papel e a atuação de várias categorias profissionais no atendimento ao planejamento reprodutivo. No Brasil, entretanto, superar a resistência colocada por outras categorias profissionais ainda é uma realidade (BRASIL, 2013).
Enfatiza-se que o papel do enfermeiro diante do planejamento reprodutivo, possibilita o conhecimento e implementação das políticas públicas de saúde existentes no país, engajamento na educação em saúde, busca de conhecimento técnico-científico quanto as melhores evidências científicas e para a melhoria na assistência as mulheres em todos os níveis de atenção (TRIGUEIRO et al., 2020).
Diante disto, o presente estudo tem por objetivo evidenciar a importância do profissional enfermeiro na prática de inserção do dispositivo intrauterino em usuárias que procuram os serviços de saúde.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo revisão integrativa de literatura. Este método requer a formulação de um problema, a pesquisa de literatura, a avaliação crítica de um conjunto de dados, a análise de dados e a apresentação dos resultados de pesquisa (Whittemore; Knafl, 2005). Deste modo, permite reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um tema delimitado ou questão, de forma sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado (Galvão et al., 2004).
O levantamento da pesquisa terá como embasamento teórico a pesquisa em artigos científicos online, protocolos e manuais do Ministério da Saúde, dados eletrônicos disponíveis gratuitamente na SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Utilizou-se os descritores em ciências da saúde (DECS), Assistência, Enfermeiro e Dispositivo Intrauterino. Como critérios de inclusão foram considerados literaturas dentro do recorte temporal de 2017 a 2022, nos idiomas espanhol, inglês e português, sendo utilizado o operador booleano AND. Como critérios de exclusão foram descartadas as literaturas que não se adequavam a temática estabelecida e artigos duplicados na base de dados.
A estratégia PICO pode ser utilizada para construir questões de pesquisa de naturezas diversas, oriundas da clínica, do gerenciamento de recursos humanos e materiais, da busca de instrumentos para avaliação de sintomas entre outras. Pergunta de pesquisa adequada (bem construída), possibilita a definição correta de que informações (evidências) são necessárias para a resolução da questão clínica de pesquisa, maximiza a recuperação de evidências nas bases de dados, foca o escopo da pesquisa e evita a realização de buscas desnecessárias (SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007).
Para estruturar a questão de pesquisa, utilizou-se a estratégia PICO, P (Problema), I (Intervenção), C (Controle) e O (Desfecho). A estratégia PICO está estruturada no quadro abaixo:
Figura 1: Estratégia PICO.
RESULTADOS
Após a busca na literatura utilizando os critérios de inclusão e exclusão, foram encontrados e selecionados 09 artigos para a leitura na íntegra, entretanto, 05 artigos não se enquadravam na temática proposta pelo estudo, chegando a amostra final de 04 artigos para desenvolver a revisão de literatura.
Os artigos estão organizados por: título do artigo, autores, ano de publicação, base de dados e objetivo.
Quadro 1: Identificação dos artigos selecionados.
Nº | TÍTULO | AUTOR | BASE DE DADOS | OBJETIVO |
01 | Desenvolvimento e Validação de uma Ferramenta para Avaliação por Competência da inserção do Dispositivo Intrauterino. | LOPES; GALVÃO; GUEDES, 2022. | SCIELO | Desenvolver e validar um instrumento de avaliação da competência profissional do enfermeiro na inserção do dispositivo intrauterino (DIU). |
02 | Inserção de Dispositivo Intrauterino por Enfermeiros da Atenção Primária à Saúde | LACERDA et al., 2021. | LILACS | Descrever a vivência de enfermeiros na implementação do serviço de inserção de dispositivo intrauterino de cobre na Atenção Primária à Saúde de Florianópolis, Santa Catarina. |
03 | Descrever a vivência de enfermeiros na implementação do serviço de inserção de dispositivo intrauterino de cobre na Atenção Primária à Saúde de Florianópolis, Santa Catarina. | BOTELHO et al., 2021. | LILACS | Descrever a vivência de enfermeiros na implementação do serviço de inserção de dispositivo intrauterino de cobre na Atenção Primária à Saúde de Florianópolis, Santa Catarina. |
04 | Inserção de dispositivo intrauterino por médicos e enfermeiros em uma Maternidade de risco habitual. | TRIGUEIRO et al., 2021. | SCIELO | Caracterizar a produção referente a inserção de Dispositivos Intrauterinos por médicos e enfermeiros em uma maternidade de risco habitual. |
DISCUSSÃO
Lopes, Galvão e Guedes (2022), em seu estudo criaram um instrumento para avaliar a competência e a habilidade do profissional enfermeiro na inserção do DIU. Esta ferramenta contribuiu na dimensão do ensino-aprendizagem do enfermeiro, um importante eixo da dimensão avaliativa no âmbito da formação/capacitação dos enfermeiros em consulta de enfermagem ginecológica com inserção do DIU.
Segundo Lacerda et al. (2021), o enfermeiro, cujo objeto de estudo é o cuidado, ao oferecer a inserção do DIU na Atenção Primária a Saúde de forma responsável e baseado na cientificidade, tem contribuído para a desburocratização do acesso ao método. Nesse sentido, o processo de capacitação influencia positivamente a qualificação da assistência e a prática relatada, tem demonstrado eficácia e segurança, além de ultrapassar modelos, até então hegemônicos e centrados na figura do médico.
De acordo com Botelho (2021), sugeriu que enfermeiras obstétricas e obstetrizes treinadas são capazes de realizar a inserção do DIU de cobre de forma segura e eficaz, com resultados semelhantes aos observados em outros estudos realizados por profissionais médicos treinados. Isso pode aumentar o acesso das usuárias dos serviços de saúde aos métodos contraceptivos eficazes, o que ter um impacto positivo na saúde reprodutiva das mulheres. Além disso, as enfermeiras são profissionais treinadas na perspectiva do cuidado e da promoção em saúde, o que pode proporcionar um ambiente acolhedor e propício para discutir outros aspectos da saúde reprodutiva das mulheres, incluindo seus direitos sexuais e reprodutivos.
Trigueiro et al. (2020), em seu estudo descreveu a produção da prática de inserção de DIU de cobre por enfermeiros, e observou que as taxas de intercorrências e expulsão foram menores do que as relatadas na literatura. Além disso, a inserção do DIU por enfermeiros no pós-parto tardio e a pedido em mulheres de idade fértil foi considerada tão segura quanto a realizada por médicos. O estudo também permitiu identificar a população de mulheres que recebeu o dispositivo nesse período, caracterizadas como jovens, com bom nível de escolaridade, primigestas e no pós-parto tardio. Essas informações podem ajudar os profissionais de saúde a identificar as mulheres que podem se beneficiar na inserção do DIU e a planejar estratégias para aumentar o acesso a esse método contraceptivo.
Observou-se que os estudos analisados tem demonstrado que o enfermeiro possui a habilidade e competência para a prática da inserção, revisão e remoção do DIU de forma segura, se capacitado. Essa autonomia aumenta a capacidade do enfermeiro para prestar uma assistência de qualidade e contribui para a melhoria do acesso e cobertura de saúde as mulheres. Além disso, essa autonomia do enfermeiro é prova da evolução da enfermagem enquanto profissão e a valorização da sua contribuição na equipe multiprofissional de saúde.
No entanto, é importante ressaltar que essa autonomia deve ser acompanhada por uma formação adequada e constante atualização profissional, além de seguir as orientações e protocolos estabelecidos pelas autoridades de saúde competentes, garantindo sempre a segurança e a qualidade dos serviços prestados.
CONCLUSÃO
Considerou-se que o estudo destaca a importância do enfermeiro em realizar o procedimento de inserção, revisão e remoção do dispositivo intrauterino, que antes era restrito ao médico. Isso sugere que o enfermeiro está assumindo um papel cada vez mais abrangente na assistência em saúde, e que suas habilidades e competências estão sendo reconhecidas.
No entanto, ainda existe resistência por parte de algumas categorias em relação a esta atribuição realizada pelo enfermeiro. É importante que essa resistência seja superada, pois a assistência em saúde não deve ser restrita a uma única categoria profissional. Em vez disso, é necessário que as competências do enfermeiro sejam valorizadas e utilizadas em prol da melhoria da qualidade da assistência as usuárias.
Por fim, torna-se necessário o incentivo a realização de mais estudos voltados para esta temática, visto que houve dificuldade em encontrar estudos pela deficiência na literatura.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Atenção Primária. Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva [Internet]. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual Técnico para Profissionais de Saúde – Diu com Cobre T Cu 380 A. Brasília-DF. 2018.
BOTELHO, T.V. Desfechos da Inserção de Dispositivo Intrauterino de Cobre por Obstetrizes e Enfermeiras Obstétricas em um Centro de parto Normal Pré-Hospitalar. Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. São Paulo. 2021.
COFEN. Parecer de Comissão Nº004/2019/CNSM/COFEN. Inserção de Dispositivo Intrauterino (DIU TCU 380ª) com Cobre por Enfermeiros na Rede de Atenção Especializada.
GALVÃO, C. M., SAWADA, N. O., MENDES, I. A. A busca das melhores evidências. Rev Esc Enferm USP. 2003 Dez; 37(4):43-50.
LACERDA, L. D. R. C. et al. Inserção de Dispositivo Intrauterino por Enfermeiros da Atenção Primária à Saúde. Enferm Foco. 2021. Supl 1: 99-104 p.
LOPES, R. R. S. GALVÃO, E. L., GUESDES, H. M. Desenvolvimento e validação de uma ferramenta para avaliação por competência da inserção do dispositivo intrauterino. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., Recife, 22 (2): 297-310 abr-jun., 2022.
SANTOS, C. M. C., PIMENTA, C. A. M., NOBRE, M. R. C. A Estratégia Pico Para a Construção da Pergunta de Pesquisa e Busca de Evidências. Rev Latino-am Enfermagem. 2007 maio-junho; 15(3).
TRIGUEIRO, T. H. et al. Inserção de Dispositivo Intrauterino por Médicos e Enfermeiros em uma Maternidade de Risco Habitual. Rev Gaúcha Enferm. 42:e20200015; 2021.
WHITTEMORE, R., KNAFL, K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs. 2005 Dec; 52(5):546-53.
1Enfermeira, Pós-Graduanda em Enfermagem Obstétrica e Ginecológica pelo Centro Universitário da Amazônia (UNIESAMAZ) – Belém/PA.
2Enfermeira, Centro Universitário da Amazônia (UNIESAMAZ) – Belém/PA.
3Enfermeiro, Mestre em Gestão de Cuidados de Saúde (MUST UNIVERSITY) – Flórida/EUA.
4Enfermeira, Centro Universitário (UNIFACISA) – Campina Grande/PB.
5Enfermeiro, Especialista em Centro Cirúrgico pelo Programa de Residência Profissional (SES-DF) – Brasília/DF
6Enfermeira, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) – Redenção/CE.
7Enfermeira, Centro Universitário da Amazônia (UNIESAMAZ) – Belém/PA.
8Enfermeiro, Universidade Regional do Cariri (URCA) – Lavras da Mangabeira/CE.