A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA FRENTE A PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

THE IMPORTANCE OF THE NURSE IN PRIMARY CARE FRONT OF THE PREVENTION OF PREGNANCY IN ADOLESCENCE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8201749


Sabrina Egert De Souza1
Lorena Roas Ribeiro2


RESUMO

Introdução: A educação sexual é de grande valia na ação de prevenção a gestação na adolescência, e a intersetorialidade pode corroborar muito positivamente com esta ação preventiva. A enfermagem está diretamente ligada à assistência de qualidade, onde na oportunidade busca sistematizar ações que estabeleça práticas melhor elaboradas e que supra as necessidades rotineiras. Nas ações em saúde a medida é a mesma, e o enfermeiro está à frente dos processos de planejamento e execução. Objetivo: Enfatizar o papel do profissional enfermeiro frente a medidas preventivas baseadas na atenção primária de saúde, com relação ao tema gravidez na adolescência em território brasileiro. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica, onde o processo de seleção e análise dos estudos presentes na revisão foram compostos de seis (6) etapas, sendo essas: formulação do problema, levantamento de estudos nas bases de dados, avaliação superficial dos estudos, categorização e definição dos estudos que serão utilizados, análise e descrição dos coletados. Os critérios de inclusão para seleção dos artigos foram estudos científicos nacionais e internacionais, com os idiomas português e inglês, cuja temática principal fosse a atuação do enfermeiro frente a gravidez na adolescência. Considerações Finais: Conclui-se que o profissional enfermeiro desempenha papel fundamental na reorganização e ressignificação de ideias da população, especialmente em situações onde são priorizadas as ações preventivas a fim de promover saúde e qualidade de vida aos indivíduos. Contudo, é importante que mais ações sejam realizadas em âmbito escolar a fim de prevenir o quadro de gravidez na adolescência, pois a modificação de uma cultura é um processo longevo, e que carece de incentivo e recursos em abundância para que ocorram da maneira mais assertiva.

Palavras-chave: Gravidez na Adolescência; Adolescente; Gravidez; Enfermagem.

ABSTRACT

Introduction: Sex education is of great value in preventing teenage pregnancy, and intersectionality can very positively corroborate this preventive action. Nursing is directly linked to quality care, where the opportunity seeks to systematize actions that establish better practices and meet routine needs. In health actions, the measure is the same, and the nurse is at the forefront of the planning and execution processes. Objective: To emphasize the role of the professional nurse in relation to preventive measures based on primary health care, with regard to teenage pregnancy in Brazil. Methodology: This is a bibliographic review, where the process of selection and analysis of the studies present in the review consisted of six (6) stages, namely: formulation of the problem, survey of studies in the databases, superficial evaluation of the studies, categorization and definition of the studies that will be used, analysis and description of the collected ones. The inclusion criteria for selecting the articles were national and international scientific studies, in Portuguese and English, whose main theme was the role of nurses in relation to teenage pregnancy. Final Considerations: It is concluded that the professional nurse plays a fundamental role in reorganizing and reframing the population’s ideas, especially in situations where preventive actions are prioritized in order to promote health and quality of life for individuals. However, it is important that more actions are carried out in the school environment in order to prevent teenage pregnancy, since changing a culture is a long-term process, which lacks incentives and abundant resources for it to occur in the most assertive way.

Keywords: Teenage Pregnancy; Adolescent; Pregnancy; Nursing.

1.  INTRODUÇÃO

A adolescência é um período entre a fase infantil e a fase adulta da vida em que ocorrem as maiores alterações hormonais, biológicas e psicossociais de um indivíduo, com essas modificações tão imponentemente presentes, surgem desejos e curiosidades antes não experimentados, levando ao conflito interno de ideais (FELTRAN et al., 2022). 

A maternidade é um grande desafio, independente da faixa etária provoca inúmeras alterações biológicas e sociais. O processo de engravidar precocemente pode ser considerado como uma situação de vulnerabilidade, tendo raízes profundas quanto a aspectos culturais de diferentes partes do mundo que têm tal questão em comum (ANDRADE et al., 2022).

Conforme citado na Lei 8.080/90, todos têm o direito à educação sexual, saúde coletiva e têm seus direitos sexuais e reprodutivos assegurados, assim associados ao bom senso e gozo correto destes direitos.  A Educação em Saúde é altamente capaz de conscientizar com sucesso os jovens sobre as consequências de seus atos cometidos, onde os mesmos podem buscar formas de prevenção para situações que geram agravo de saúde ou descontentamento pessoal (BRASIL; CARDOSO; SILVA, 2019).

A educação sexual é de grande valia na ação de prevenção a gestação na adolescência, e a intersetorialidade pode corroborar muito positivamente com esta ação preventiva quando aplicada de maneira correta. neste contexto, familiares, educadores e profissionais de saúde juntos são capazes de abordar os jovens a fim de gerar questionamentos válidos para a mudança positiva de comportamento (PINHEIRO; SILVA; TOURINHO, 2017).

A enfermagem está diretamente ligada à assistência de qualidade, onde na oportunidade busca sistematizar ações que estabeleça práticas melhor elaboradas e que supra as necessidades rotineiras. Nas ações em saúde a medida é a mesma, e o enfermeiro está à frente dos processos de planejamento e execução (DIAS; PEREIRA, 2021).

O ambiente escolar é preferido dos pesquisadores em Saúde sexual adolescente pois é o local onde as intervenções são mais produtivas e de acesso mais fácil, podendo também ser realizada de maneira mais dinâmica descontraída, visto que o conhecimento de maneira formal e robotizada dificulta a fixação da atenção e do conteúdo ministrado, como citado pelos jovens (BRASIL; CARDOSO; SILVA, 2019). 

Tais ações servem para orientar e sanar dúvidas dos adolescentes de ambos os sexos com relação aos diversos temas relacionados à sexualidade, gestação, IST, fontes de conhecimentos seguras, participação ativa na comunidade e na unidade de saúde (MELLO et al., 2020).

Mediante a essas afirmativas, surge a questão norteadora da pesquisa: como o enfermeiro pode contribuir para prevenção da gravidez na adolescência?

Esse trabalho justifica-se na importância das ações de educação sexual e reprodutiva nas escolas onde o enfermeiro é peça fundamental para promover saúde de qualidade e responsável por levar informação à comunidade, influenciando na diminuição de índices de gravidez na adolescência.

Desse modo, o objetivo do estudo consiste em enfatizar o papel do profissional enfermeiro frente a medidas preventivas baseadas na atenção primária de saúde, com relação ao tema gravidez na adolescência em território brasileiro.

2. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica, esse tipo de estudo é, de forma geral, a revisão das pesquisas e das discussões de outros autores sobre o tema que será abordado em seu trabalho, ou seja, é a contribuição das teorias de outros autores para a sua pesquisa.

O processo de seleção e análise dos estudos presentes na revisão foram compostos de seis (6) etapas, sendo essas: formulação do problema, levantamento de estudos nas bases de dados, avaliação superficial dos estudos, categorização e definição dos estudos que serão utilizados, análise e descrição dos coletados. 

Os critérios de inclusão para seleção dos artigos foram estudos científicos nacionais e internacionais, com os idiomas português e inglês, cuja temática principal fosse a atuação do enfermeiro frente a gravidez na adolescência.

Como critérios de exclusão, foram eliminados: dissertações e teses, artigos científicos em idiomas diferentes aos definidos, com estudo da população ou amostra não correspondente ao profissional enfermeiro, além de pesquisas que não se encontravam disponíveis na íntegra nas bases de dados ou duplicadas. Foram coletadas informações das bases de dados Scielo (Scientific Electronic Library Online), Manuais do Ministério da Saúde e a Plataforma Google Acadêmico. E assim selecionados para composição da presente pesquisa, um total de 12 artigos.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 SAÚDE SEXUAL E GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 

A adolescência é um período entre a fase infantil e a fase adulta da vida em que ocorrem as maiores alterações hormonais, biológicas e psicossociais de um indivíduo, com essas modificações tão imponentemente presentes, surgem desejos e curiosidades antes não experimentados, levando ao conflito interno de ideais (FELTRAN et al., 2022).

A maternidade é um grande desafio, independente da faixa etária provoca inúmeras alterações biológicas e sociais. O processo de engravidar precocemente pode ser considerado como uma situação de vulnerabilidade, tendo raízes profundas quanto a aspectos culturais de diferentes partes do mundo que têm tal questão em comum. A vulnerabilidade se liga a aspectos socioeconômicos e em maior parte dos casos oferece consequências maléficas para a mãe adolescente e sua família, incluindo quadro de saúde prejudicado da mãe e/ou bebê como baixa escolaridade e prematuridade (ANDRADE et al., 2022).

A gravidez na adolescência é o resultado de um processo biológico e social ainda comum em diversas culturas, que deve ser olhada com atenção visto que se caracteriza como questão de saúde pública (FELTRAN et al., 2022)

Traçando uma linha entre os desejos eminentes da fase juvenil, está em destaque o interesse em descobrir as novidades deste período tão intenso da vida, seja de maneira física ou psicossocial, o que pode gerar um quadro de gravidez precoce, uso de álcool, adoção de hábitos alimentares prejudiciais e diversas outras consequências (FELTRAN et al., 2022)

Estudos realizados por Brasil, Cardoso e Silva (2019), observaram que a avaliação do conhecimento dos adolescentes ocorre majoritariamente em ambiente escolar, por ser um local onde os jovens passam a maior parte do tempo e designados a aprendizagem de diversos assuntos. Com isso foi realizado um estudo em entrevista feita em 2018 com 153 escolares do Rio de Janeiro com idades entre os 11 e os 16 anos, detectaram que a maioria era do sexo feminino, sendo 81 para o total de alunos. Através de questionários prontos observou-se o grau de conhecimento dos alunos sobre os temas de interesse, sendo os métodos contraceptivos para prevenção de gravidez na adolescência, locais onde buscam informações e infecções sexualmente transmissíveis.

Os mesmos autores coletaram que dentre todos os entrevistados foi citado em maior número a camisinha masculina, pílula do dia seguinte e a pílula anticoncepcional pelos números de escolares respectivamente 133, 123, 111. E por fim os que não souberam opinar somaram 6 e Billings com 4. Falando sobre os locais onde buscam informação, o maior número de respostas foi na escola com 76 respostas, seguido de conversa com os amigos com 73 e internet com 59. A conversa com os pais e os que não souberam opinar representaram o número de 54 e 10 (BRASIL; CARDOSO; SILVA, 2019).

O estudo de Vieira et al. (2021), também demonstra a crença dos participantes com relação ao uso de contraceptivo oral para prevenir IST, e o resultado total foi de 101 disseram que sim. o dado é preocupante mesmo que dos participantes totais pouco menos de ¼ responderem positivamente, pois este desconhecimento quando aplicado com certeza gera autoridade em relação aos que têm dúvidas.

Sobre as IST os números de resposta foram reduzidos em comparação aos demais temas, sendo Aids com 125, Hepatites com 58 e Sífilis também com 58, ficando por último o conhecimento sobre clamídia. Contudo foi observado a carência de intervenções de qualidade para a prevenção de gravidez na adolescência, e IST, sendo que a fonte de conhecimento oscila muito entre escola, conversa com os amigos e internet, o que fizesse questionar sobre a qualidade destas informações e a forma como são transmitidos os conhecimentos sobre a temática. (BRASIL; CARDOSO; SILVA, 2019)

Em Minas Gerais de 499 estudantes de ambos os sexos, com idades entre 11 e 17 anos, 160 tinham idade entre 11 e 14, sendo do total de participantes 286 do sexo feminino e 213 do sexo masculino. Em total, os métodos contraceptivos mais conhecidos eram de números 471, 415, 381 e 372, correspondendo respectivamente a preservativo masculino, hormonal oral, preservativo feminino e pílula anticoncepcional de emergência. também responderam em menor número o espermicida com 6 (VIEIRA et al., 2021).

Ao estudar os registros de 2015 a 2019 no Brasil, observou-se 2.405.248 adolescentes gestantes com idades de 10 a 19 anos, sendo que grande maioria destas gestações ocorreram em jovens entre 15 e 19 anos (95,2%) e em sua maioria eram de cor parda e solteiras. a Instrução das mães de acordo com a escolaridade estabeleceu em maior número a idade de 8 a 11 anos representados pelo número de 1.609.777, seguido de 4 a 7 anos com 668.237 e com menor quantidade estão quase empatados 12 anos ou mais e respostas ignoradas com 39.185 e 39.097 (MELO et al., 2022). 

Já segundo Vieira et al. (2021), no que relaciona com a importância do uso de preservativos em todas as relações sexuais apenas 76 disseram que não é importante, e mesmo que represente muito menos que a metade, se relaciona a iniciativa com parceria concordante ou que tenha dúvidas sobre o assunto, disseminando assim a informação incorreta sobre determinado aspecto. Mesmo que tenha havido oficinas sobre educação sexual na escola, e que quase metade dos entrevistados já tenham participado, 19 já teriam estado grávidas.

A prevalência de Idade Gestacional (IG) no momento do parto é de 37 a 41 semanas, tipo de parto vaginal com 61,2%, sendo os partos mais recorrentes no hospital com 98%. tipo de gravidez única lidera a pesquisa com o número de 2.373.553. dentre os números apresentados somando gestações na adolescência por estados de tais regiões, os dados mostraram que em ordem decrescente temos Nordeste com 767.930, Sudeste com 735.582 e Norte com 352.435. no ano de 2015 haviam 547.564 gestantes no total, e este número foi decaindo até 2019 resultando em 419.255 casos. Sete em cada dez mães adolescentes dizem que não planejaram a gestação (MELO et al., 2022).

A composição familiar está diretamente relacionada ao desempenho social dos adolescentes em sua fase, pois é na rede familiar onde o vínculo mais próximo é encontrado e utilizado pelos jovens como referência de seguimento vital.  Se o cenário familiar é composto por gerações de mães jovens, é mais provável que estas jovens se tornem mães adolescentes, o que é um problema social e de saúde pública (MATOS et al., 2019).

3.2 EDUCAÇÃO EM SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA

As ações educativas executadas nas escolas com ênfase em saúde sexual e reprodutiva têm como objetivo trazer a reflexão e o questionamento dos jovens com relação ao que é e o que não é comum em sua comunidade, entendendo assim quais são os fatores que corroboram com a desinformação e negligência elevando as chances de perpetuação dos costumes e comportamentos passados por gerações (GIRONDI; NOTHAFT; MALLMANN, 2006).

Conforme citado na Lei 8.080/90, todos têm o direito à educação sexual, saúde coletiva e têm seus direitos sexuais e reprodutivos assegurados, assim associados ao bom senso e gozo correto destes direitos.  A Educação em Saúde é altamente capaz de conscientizar com sucesso os jovens sobre as consequências de seus atos cometidos, onde os mesmos podem buscar formas de prevenção para situações que geram agravo de saúde ou descontentamento pessoal (BRASIL; CARDOSO; SILVA, 2019).

A reprodução é direito de todos como previsto na Legislação referida acima, mesmo que a prevenção da gravidez precoce seja de suma importância e prioritária, a gestante tem o direito de ser acompanhada por profissionais de saúde, conforme ordena a lei, e também ter uma rede de apoio consistente diante de tal situação inusitada (MATOS et al., 2019).

Girondi, Nothaft e Mallmann (2006), ressaltam que, dentro do cenário escolar/comunidade, as ações como dinâmicas em grupo surtem efeito benéfico e funcionam como quebra de resistência, o que no início pode ser notório. Atividades como realização e questionamento de desenhos, palestras com temas diretos, e caixa de dúvidas anônimas melhoram a participação e comprometimento dos jovens, pois são práticas interativas que visam compreender quais são as reais dúvidas do público.

Mesmo que haja ações nas escolas sobre gravidez precoce, é altamente relevante que os familiares responsáveis estejam presentes também participando de ações de educação e entendam sobre as orientações precisas para que o ambiente, a rede de apoio, em que os jovens estão inseridos tenham mais segurança com relação às suas vivências e abertura para diálogos sobre os temas sexualidade e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) (VIEIRA et al., 2021). 

Diante do mesmo estudo, constata-se que a situação financeira e negligência familiar aumentam as margens de vulnerabilidade para que as adolescentes sejam violentadas sexualmente, resultando em traumas psicológicos e físicos e uma possível gravidez indesejada. Estes traumas resultam em comportamentos preocupantes por seu alto grau de auto destrutividade (MELO et al., 2022).  

A educação sexual é de grande valia na ação de prevenção a gestação na adolescência, e a intersetorialidade pode corroborar muito positivamente com esta ação preventiva quando aplicada de maneira correta. neste contexto, familiares, educadores e profissionais de saúde juntos são capazes de abordar os jovens a fim de gerar questionamentos válidos para a mudança positiva de comportamento (PINHEIRO; SILVA; TOURINHO, 2017).

A partir da menarca, as meninas são supostamente aptas a gerar um feto biologicamente falando, mas é importante observar que mesmo que este sinal seja mostrado pelo corpo, bioquímicamente podem haver complicações pela imaturidade de seu sistema reprodutor em contexto geral. Mas uma gestação neste período da vida pode acarretar várias consequências negativas como o amadurecimento precoce, implicações sociais, maior propensão ao empobrecimento financeiro e acadêmico e dificuldade de ingressar no mercado de trabalho de maneira segura e estável (MELO et al., 2022). 

Para Pinheiro, Silva e Tourinho (2017), uma metodologia sugerida e utilizada é o uso de recursos audiovisuais seguidos de discussões para compreender o processo de adolescência e a gestação precoce, o que vem possibilitando uma notória corrente de pensamentos mais críticos nos adolescentes sobre seu desenvolvimento e possibilidades de escolhas.

Os vínculos emocionais que as jovens têm com suas mães e parceiros e demais familiares podem prevenir a gravidez precoce ou mesmo tornar mais acolhedor e agradável os períodos de gesta e parto. Ainda que a gestação seja planejada tem-se a necessidade da consolidação de rede de apoio familiar e social evitando assim a maior exposição a agentes estressores. Caso não haja presença de rede de apoio, é comum à observação que estas jovens se tornam mais vulneráveis, e consequentemente seus bebês, visto que uma das alternativas para continuar as duas partes a viver, as jovens mães se veem obrigadas a doar seus filhos após o nascimento isso se dá mediante a um contexto mais relacionado à expulsão da jovem de casa ou jovens em situação de rua (DE MATOS et al., 2019).

A paternidade pode ser de aspecto semelhante independentemente da idade se levado em consideração apenas o fator maturidade, onde têm-se pais adolescentes que sustentam o filho ou que não assumem nenhuma responsabilidade, assim como adultos jovens ou não, que podem também reagir destas duas formas (MELLO et al., 2020).

É visto também que a interação entre os membros pilares da família em questão influencia diretamente na relação interpessoal dos adolescentes de acordo com o avanço social que se tem ao longo do tempo, assim como suscetibilidade ao surgimento ou não surgimento de transtornos mentais ou comportamentais como ansiedade e depressão (SILVA; NAKAGAWA; SILVA, 2020). 

De Matos et al. (2019), afirmam que, também é notória a vulnerabilidade desses adolescentes com relação às alterações na composição familiar quando repentinas, constantes e duradouras. Quanto mais alterações ocorrem neste meio, como por exemplo a separação dos pais, o jovem passa a ser menos assistido por seus genitores ou responsáveis uma vez que há necessidade dos mesmo se ausentar por mais tempo para substituir papéis que antes não era de sua execução ou até mesmo a falta permanente dos mesmos desde primeira infância.  

3.3 PAPEL DO ENFERMEIRO NO CONTROLE DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

O profissional enfermeiro tem papel fundamental reconhecido entre a equipe multiprofissional integrante dos projetos de conscientização, pois dentro de suas competências como Atenção Primária em Saúde (APS) consegue reunir bagagens importantes e transmitir seus conhecimentos de forma que entretém os jovens e os faz conhecer sobre sua própria evolução e também sobre a coletividade (BRASIL; CARDOSO; SILVA, 2019).

Ainda para Brasil, Cardoso e Silva (2019), a disseminação do autocuidado é a ferramenta mais importante para a prevenção de situações que venham a prejudicar a saúde individual e coletiva. com isso, observa-se que o profissional enfermeiro é relutante à causa, fazendo sempre presente no combate a desinformação e promoção de saúde e qualidade de vida, seja qual for o assunto dentro de suas capacidades.

Melo et al. (2022), afirmam que para profissionais de saúde contando médicos e enfermeiros da APS, os pais adolescentes são vistos majoritariamente como irresponsáveis e imaturos sendo vistos com imaturos e precoces assim como as gestantes adolescentes. Novamente é citado o direito dos cidadãos de escolherem o melhor momento para ser pais, mães, e de manter sua vida sexual ativa independentemente de sua idade, mas na questão são dadas recomendações para que esta fase não seja vivida de forma tão intensa a ponto de não se reconhecer as consequências de seus atos 

Os mesmos autores relatam que o profissional enfermeiro desempenha papel fundamental sendo capaz de elaborar materiais para explanação do conteúdo, realizar estudos sociodemográficos e fazer a ponte entre educação e escola de maneira mais assertiva e resolutiva (MELLO et al., 2020).

A enfermagem está diretamente ligada a assistência de qualidade, onde na oportunidade busca sistematizar ações que estabeleça práticas melhor elaboradas e que supra as necessidades rotineiras. nas ações em saúde a medida é a mesma, e o enfermeiro está à frente dos processos de planejamento e execução (DIAS; PEREIRA, 2021).

Dias e Pereira (2021), ainda contribuem dizendo que a educação em saúde se dá através do método ensino-aprendizagem, e as atividades educativas devem, ao ser ofertadas, promover o autoconhecimento e conhecimento geral acerca do assunto abordado, como anticoncepção sexualidade, direitos e deveres sexuais e reprodutivos. O dinamismo nas ações e temas abordados conferem a qualidade das ações promovidas e respectivos resultados na sociedade dentro da Estratégia e Saúde da Família (ESF), o que aborda também o Programa Saúde na Escola (PSE).

Outro fator importante a se levar em consideração é a presença e apoio afetivo que os mesmos têm com relação ao filho e à mãe da criança, pois o prover de bens materiais e financeiros não sempre condizem unicamente com a necessidade dos envolvidos em tal situação (MELLO et al., 2020).

3.4 PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA

O ambiente escolar é preferido dos pesquisadores em Saúde sexual adolescente pois é o local onde as intervenções são mais produtivas e de acesso mais fácil, podendo também ser realizada de maneira mais dinâmica descontraída, visto que o conhecimento de maneira formal e robotizada dificulta a fixação da atenção e do conteúdo ministrado, como citado pelos jovens (BRASIL; CARDOSO; SILVA, 2019). 

A gravidez na adolescência de modo geral é um tema bem difundido dentro das políticas públicas de saúde, mas ainda são consideradas “tabus” na sociedade, mesmo com tantos casos consecutivos nos estados e municípios do país, e as ações em educação sexual nas escolas são citadas mais uma vez como de extrema necessidade para a prevenção (MELO et al., 2022).

Sabendo que os pais têm forte influência no comportamento e desenvolvimento dos filhos, as ações com os mesmos tornam-se planejáveis se for um método mais eficaz de prevenir a gestação precoce (SILVA; NAKAGAWA; SILVA, 2020).

Observa-se que a paternidade na adolescência é pouco difundida, dificultando assim a compreensão dos adolescentes masculinos com seus deveres mediante a esta situação. As ações em Saúde, aconselhamento em pré-natal, palestras, também devem ser voltadas à vida de jovens homens assim como de jovens mulheres, pois na realidade é preciso o masculino e o feminino para que seja gerado o bebê. O profissional enfermeiro, assim sendo de maior envolvimento nas ações de prevenção à gravidez precoce, deve também abordar estes aspectos, trazendo bilateralidade do cuidado, tornando-os conscientes de suas atitudes e as consequências das mesmas (MELLO et al., 2020).

Mello et al. (2020) ainda afirma que tais ações servem para orientar e sanar dúvidas dos adolescentes de ambos os sexos com relação aos diversos temas relacionados à sexualidade, gestação, IST, fontes de conhecimentos seguras, participação ativa na comunidade e na unidade de saúde 

No ambiente escolar, a equipe multiprofissional da saúde juntamente com a equipe de educadores firma o compromisso com os jovens de prestar um atendimento que é direito dos mesmos e dever dos profissionais da Saúde.  Assim torna-se evidente que o programa saúde na escola PSE é de fundamental importância no processo de aprendizado e prevenção em saúde coletiva na sociedade sendo que neste programa são adotadas medidas de suma importância para o desenvolvimento geral dos jovens nutricional desenvolvimento físico tratamentos odontológicos e principalmente prevenção de IST e gravidez precoce.  a educação e saúde é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado prover. Com isso pode se constatar que o Enfermeiro é o principal pilar na ponte realizada entre saúde e educação, APS e escola, pois sem este profissional a prevenção é dificultada E assim a ação se torna quase totalmente inviável (OLIVEIRA et al., 2021).

É através do PSE que são diagnosticados novos casos de gestação precoce mensurando índice de vida sexual iniciada compreender o nível de conhecimento dos estudantes adolescentes sobre o uso de métodos contraceptivos e o principal implementar ações de educação e saúde. a Prevenção é o principal fator com relação ao desenvolvimento social saudável (OLIVEIRA et al., 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A gravidez na adolescência é uma expressão da cultura atual, o que também pode ser vista como uma questão importante de saúde pública a ser tratada de maneira séria e coesa, para que haja considerável diminuição dos números de gestantes adolescentes em todo o território nacional. Pode-se observar que os conhecimentos dos adolescentes relatados em pesquisa sobre métodos contraceptivos e gestação na adolescência ainda é precário, o que os confunde mais do que auxilia na tomada de decisões e revisão das consequências de suas ações.

O profissional enfermeiro desempenha papel fundamental na reorganização e ressignificação de ideias da população, especialmente em situações onde são priorizadas as ações preventivas a fim de promover saúde e qualidade de vida aos indivíduos. Tais ações, inerentes à Atenção Primária de Saúde e que envolvem também o Programa Saúde na Escola são os principais meios de comunicação direta entre a comunidade e os profissionais de saúde de uma ou mais regiões, pois é através destas interações que novos resultados positivos podem surgir. 

Contudo, é importante que mais ações sejam realizadas em âmbito escolar a fim de prevenir o quadro de gravidez na adolescência, pois a modificação de uma cultura é um processo longevo, e que carece de incentivo e recursos em abundância para que ocorram da maneira mais assertiva.

Constata-se através desse estudo a importância de novas pesquisas nessa área, sobre a atuação do enfermeiro na prevenção da gravidez na adolescência, para que todos os enfermeiros e gestores tenham conhecimento quanto a importância de estratégias e ações efetivas a esse público. Portanto, torna-se necessário para futuras implementações estratégicas que promovam mais ações e estratégias efetivas. 

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Bianca Gansauskas de et al. Apoio social e resiliência: um olhar sobre a maternidade na adolescência. Acta Paulista de Enfermagem, v. 35, p. eAPE03341, 2022.Disponível em: https://www.scielo.br/j/ape/a/tBRHcGN6MVDL4fRpYVCrS7H/?lang=pt.  Acessado em: 07 de Jul. de 2023.

BRASIL, Marcela Estevão; CARDOSO, Fabrício Bruno; SILVA, Lauanna Malafaia da. Conhecimento de escolares sobre infecções sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos. Revista de Enfermagem UFPE on line, v. 13, p. e242261, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/242261/33849. Acessado em: 11 de Jun. de 2023.

DIAS, Adriana Keila; PEREIRA, Reobbe Aguiar. O papel do enfermeiro na consulta do planejamento da saúde sexual e reprodutiva. Revista Extensão, v. 5, n. 3, p. 130-140, 2021. Disponível em: https://revista.unitins.br/index.php/extensao/article/view/4648/3443. Acessado em: 07 de Jul. de 2023.

FELTRAN, Élica Cancian et al. Percepções de mães adolescentes sobre as experiências e experiências da maternidade na adolescência. Revista de APS, v. 25, n. 1, 2022. Disponível em:  https://periodicos.ufjf.br/index.php/aps/article/view/16902/24824.  Acessado em: 07 de Jul. de 2023.

GIRONDI, Juliana Balbinot Reis; NOTHAFT, Simone Cristine dos Santos; MALLMANN, Franciole Maria Bridi. A metodologia problematizadora utilizada pelo enfermeiro na educação sexual de adolescentes. Cogitare Enfermagem, v. 11, n. 2, p. 161-165, 2006.Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4836/483648987010.pdf.  Acessado em: 07 de Jul. de 2023. 

MATOS, Greice Carvalho de et al. Rede de apoio familiar à gravidez e ao parto na adolescência: uma abordagem moscoviciana. Journal of Nursing and Health, v. 9, n. 1, 2019. Disponível em:  https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/enfermagem/article/view/12754/9192. Acessado em 11 de Jun. de 2023.

MELLO, Melissa Gomes de et al. Participação do pai jovem no acompanhamento do pré-natal: a visão do profissional de saúde. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental, volume  p. 94-99, 2020. Disponível em: http://seer.unirio.br/cuidadofundamental/article/download/7068/pdf_1/46244. Acessado em: 11 de Jun. de 2023.

MELO, Tayná Andrade de Souza et al. Gravidez na adolescência: perfil sociodemográfico de adolescentes grávidas no período de 2015 até 2019. Revista de Enfermagem da UFSM, v. 12, p. e48-e48, 2022. Disponível em:  https://scholar.archive.org/work/dmlq2kfqknfb3pctkradvpm3tq/access/wayback/https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/download/68969/49273 . Acessado em: 11 de Jun. de 2023.

OLIVEIRA, Izabelita Félix de et al. Educação em saúde para adolescentes na escola: importância da atenção primária. Nursing (Ed. bras., Impr.), p. 6445-6449, 2021. Disponível em: https://revistanursing.com.br/index.php/revistanursing/article/view/1998/2441. Acessado em: 11 de Jun. de 2023.

PINHEIRO, Aldrin de Sousa; SILVA, Lucia Rejane Gomes da; TOURINHO, Maria Berenice Alho da Costa. A estratégia de saúde da família e a escola na educação sexual: uma perspectiva de intersetorialidade. Trabalho, Educação e Saúde, v. 15, p. 803-822, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tes/a/XRWry3ZTKVcVtCjHJtvnXfJ/#.  Acessado em: 07 de Jul. de 2023.

SILVA, Ana Luiza Rabello; NAKAGAWA, Janete Tamami Tomiyoshi; SILVA, Marielle Jeani Prasnievski. A composição familiar e sua associação com a ocorrência da gravidez na adolescência: estudo caso-controle. Revista Enfermagem UERJ, v. 28, p. 36283, 2020. Disponível em: https://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/36283/34235. Acessado em: 11 de Jun. de 2023.

VIEIRA, Kleber José et al. Conhecimentos de adolescentes sobre métodos contraceptivos e infecções sexualmente transmissíveis. Revista Baiana de Enfermagem‏, v. 35, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/39015/24152. Acessado em: 11 de Jun. de 2023.


1Acadêmica do curso de enfermagem na instituição Faculdade de Educação de Jaru – FIMCA UNICENTRO. E-mail: sabrinaegert13@gmail.com
2Enfermeira coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Jaru-RO. Docente na Faculdade de Educação de Jaru (FIMCA-UNICENTRO). Mestranda na Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Graduada em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade de Educação de Jaru (FIMCA-UNICENTRO), Estratégia Saúde da Família pela Faculdade Venda Nova do Emigrante (FAVENI) e Gestão Pública pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL) – E-mail: lorena_roas@hotmail.com