A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO CLASSE II NA DENTIÇÃO DECÍDUA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249122027


Roberta Sabatino Florence1


RESUMO: O diagnóstico de má oclusão de Classe II é crucial para a identificação de problemas ortodônticos. Essa condição pode ser observada quando os dentes superiores se projetam à frente dos dentes inferiores. O diagnóstico é feito através de exame clínico detalhado e radiografias, além da análise de hábitos do paciente. O diagnóstico precoce da Classe II é essencial para orientar o crescimento e o desenvolvimento facial. Este trabalho consiste em uma revisão bibliográfica para analisar as informações disponíveis na literatura sobre o tema. O objetivo geral é analisar os métodos e critérios utilizados para o diagnóstico e suas implicações para o desenvolvimento facial e o planejamento do tratamento ortodôntico precoce. Foram consultadas as bases de dados PubMed, Scielo e Google Acadêmico e selecionados estudos publicados entre os anos de 2019 e 2023. A identificação da má oclusão de Classe II na dentição decídua é fundamental, pois essa condição pode impactar negativamente a estética facial, a função mastigatória e a saúde periodontal do paciente. O tratamento é fundamental para evitar problemas ortodônticos mais graves na fase adulta e a abordagem terapêutica pode variar conforme a gravidade da condição, a idade e os hábitos orais presentes. O tratamento da Classe II com foco na respiração pode envolver uma equipe multidisciplinar, onde os profissionais podem colaborar para tratar fatores associados, como a hipertrofia das amígdalas e adenoides ou problemas de postura e tônus muscular. Conclui-se que a identificação e o tratamento precoces são essenciais para garantir um desenvolvimento facial harmonioso e evitar problemas ortodônticos mais complexos na adolescência e vida adulta.

PALAVRAS-CHAVE: Dentição decídua. Diagnóstico Classe II. Disfunção ortodôntica. Má oclusão.

ABSTRACT: The diagnosis of Class II malocclusion is crucial for identifying orthodontic problems. This condition is observed when the upper teeth project ahead of the lower teeth. Diagnosis is made through a detailed clinical examination and radiographs, along with the analysis of patient habits. Early diagnosis of Class II is essential for guiding facial growth and development. This paper is a literature review that analyzes the information available on this topic. The general objective is to analyze the methods and criteria used for diagnosis and their implications for facial development and early orthodontic treatment planning. The databases PubMed, Scielo, and Google Scholar were consulted, and studies published between 2019 and 2023 were selected. Identifying Class II malocclusion in the deciduous dentition is crucial as it can negatively impact facial aesthetics, masticatory function, and the patient’s periodontal health. Treatment is essential to prevent more severe orthodontic problems in adulthood, and the therapeutic approach may vary according to the severity of the condition, the patient’s age, and present oral habits. Class II treatment with a focus on breathing may involve a multidisciplinary team, where professionals collaborate to address associated factors, such as tonsil and adenoid hypertrophy or issues with posture and muscle tone. It is concluded that early identification and treatment are essential to ensure harmonious facial development and to avoid more complex orthodontic problems in adolescence and adulthood.

KEY-WORDS: Deciduous dentition. Class II diagnosis. Orthodontic dysfunction. Malocclusion..

1 INTRODUÇÃO

O diagnóstico de má oclusão de Classe II na dentição decídua é crucial para a identificação precoce de problemas ortodônticos que podem afetar a saúde bucal a longo prazo. A má oclusão de Classe II é caracterizada pela relação anteroposterior incorreta entre as arcadas dentárias, onde a maxila está avançada ou a mandíbula está retraída em relação ao plano sagital (ELKALZA; HASSAN, 2020). Na dentição decídua, essa condição pode ser observada quando os dentes superiores se projetam significativamente à frente dos dentes inferiores (TANAKA; RODRIGUES; QUINTÃO, 2020).

A identificação precoce dessa má oclusão permite intervenções ortodônticas preventivas ou interceptivas, que podem incluir o uso de aparelhos ortodônticos para guiar o crescimento e o desenvolvimento das arcadas dentárias (CORREA-FARIA, et al, 2022). O diagnóstico é feito através de um exame clínico detalhado, radiografias, e, às vezes, estudo de caso. A avaliação também deve considerar fatores como hereditariedade, hábitos orais (como sucção de dedo) e possíveis desarmonias esqueléticas (PAVONI; LOMBARDO; FRANCHI, 2021).

A anatomia da face é um fator crucial para o diagnóstico de discrepâncias oclusais (CHANDRAN et al., 2019). A face de um paciente com Classe II geralmente apresenta características anatômicas específicas, como um perfil facial convexo, onde o mento (queixo) parece retraído em relação ao restante da face. Essa discrepância pode ser decorrente de fatores esqueléticos, como o crescimento excessivo da maxila ou o subdesenvolvimento da mandíbula (PARIS et al., 2020).

Na avaliação da dentição decídua, a relação entre os molares decíduos superiores e inferiores é usada como referência. Em um paciente com Classe II, os molares decíduos superiores estão deslocados para frente em relação aos inferiores, o que indica um desequilíbrio na relação de mordida (MULLER; MARTINS, 2023). Além disso, é comum observar uma sobremordida aumentada (overbite) e uma projeção dos dentes superiores (overjet), o que acentua a impressão de que a maxila está mais adiantada em relação à mandíbula (TANAKA; RODRIGUES; QUINTÃO, 2020).

            Do ponto de vista anatômico, outras estruturas faciais podem ser afetadas pela Classe II na dentição decídua (CHANDRAN et al., 2019). O desenvolvimento inadequado da mandíbula pode resultar em alterações na articulação temporomandibular, assim como na musculatura facial. Essas mudanças podem afetar a estética facial, a função mastigatória e até a respiração, especialmente se houver uma discrepância significativa entre as arcadas dentárias (MARRADI et al., 2020). Por isso, a Classe II na dentição decídua deve ser diagnosticada e monitorada precocemente para evitar complicações futuras.

            O diagnóstico precoce da Classe II é essencial para orientar o crescimento e o desenvolvimento facial da criança. Quando identificado na dentição decídua, o ortodontista pode optar por tratamentos interceptativos que favoreçam o desenvolvimento mandibular e promovam uma melhor relação entre os arcos dentários (COSTA; CLEMENTE, 2021). Tais intervenções podem incluir o uso de aparelhos ortodônticos, além de orientações para hábitos de sucção e deglutição, que também influenciam o desenvolvimento da oclusão e da anatomia facial (BACCETTI; FRANCHI; MCNAMARA, 2021).

2 OBJETIVOS

            2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste artigo é analisar os métodos e critérios utilizados para o diagnóstico da má oclusão de Classe II na dentição decídua, bem como suas implicações para o desenvolvimento facial e o planejamento do tratamento ortodôntico precoce.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Identificar os principais sinais clínicos e radiográficos associados à má oclusão de Classe II na dentição decídua;
  • Avaliar a eficácia dos diferentes métodos de diagnóstico utilizados para detectar a Classe II em crianças na fase de dentição decídua;
  • Propor conhecimento sobre o diagnóstico precoce da Classe II na dentição decídua, visando otimizar o planejamento ortodôntico e prevenir complicações futuras.

3 METODOLOGIA

            Este artigo consiste em uma revisão bibliográfica que teve como objetivo analisar e sintetizar as informações disponíveis na literatura sobre o diagnóstico da má oclusão de Classe II na dentição decídua.

            Foram consultadas as seguintes bases de dados: PubMed, Scielo e Google Acadêmico. A escolha dessas bases se deu devido sua abrangência e relevância na área da odontologia e ortodontia. Foram incluídos na revisão estudos publicados entre os anos de 2019 e 2023, disponíveis em texto completo e em idiomas como inglês, português e espanhol. Foram excluídos estudos que não abordavam especificamente o diagnóstico da Classe II na dentição decídua, artigos de opinião, revisões de literatura que não apresentavam metodologia clara, e estudos duplicados. Os seguintes termos de pesquisa foram utilizados: ‘Dentição decídua’; ‘Diagnóstico Classe II’; ‘Disfunção ortodôntica’; ‘Má oclusão’.

            Inicialmente, foram identificados 45 artigos. Após a leitura dos títulos e resumos, 25 estudos foram selecionados para leitura integral. Destes, 15 atenderam aos critérios de inclusão e foram considerados relevantes para os objetivos do estudo.

            Os 15 artigos selecionados foram analisados quanto ao tipo de estudo, métodos de diagnóstico empregados, resultados e conclusões. A análise qualitativa dos dados foi realizada para identificar padrões, divergências e lacunas na literatura sobre o tema. As informações obtidas foram organizadas de forma temática, permitindo uma visão abrangente e crítica dos métodos diagnósticos da má oclusão de Classe II na dentição decídua. A síntese foi estruturada de forma a discutir as principais contribuições da literatura e identificar áreas que necessitam de pesquisas futuras.
            Esta metodologia permitiu a obtenção de uma visão consolidada sobre o estado atual do conhecimento acerca do tema escolhido, facilitando a compreensão e direcionamento para futuras investigações na área.

4 DESENVOLVIMENTO

            O diagnóstico da má oclusão de Classe II na dentição decídua envolve uma série de avaliações clínicas e radiográficas que ajudam a identificar as características dessa condição e a planejar intervenções apropriadas (ZHANG, 2022). Este desenvolvimento detalha os métodos e critérios utilizados no diagnóstico, bem como as implicações e opções de tratamento.

            3.1 MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO

Exame Clínico:

            Avaliação da Relação Molar: Na dentição decídua, a relação entre os segundos molares decíduos é observada para determinar a relação anteroposterior. Na má oclusão de Classe II, os segundos molares superiores estarão mais à frente em relação aos inferiores (ZHANG, 2022).

            Overjet e Overbite: O excesso de projeção dos dentes anteriores superiores (overjet) e a cobertura dos dentes inferiores pelos superiores (overbite) são avaliados. Um overjet aumentado é indicativo de Classe II (PERINETTI; CONTARDO; DI LENARDA, 2021).

            Perfil Facial: A análise do perfil facial pode revelar uma maxila proeminente ou uma mandíbula retruída, características comuns na Classe II (PAVONI; LOMBARDO; FRANCHI, 2021).

            Função Oclusal: A função mastigatória e a presença de hábitos orais, como sucção de dedo ou uso de chupeta, são investigadas, pois podem contribuir para a má oclusão (ZHANG, 2022).

Radiografias:

            Radiografia Lateral: Fornece uma visão lateral do crânio, permitindo a avaliação da posição dos ossos maxilares e mandibulares em relação ao crânio e entre si (PARIS et al., 2020).

            Radiografia Panorâmica: Ajuda na visualização geral da dentição, desenvolvimento dos dentes e possíveis anomalias estruturais (PARIS et al., 2020).

Modelos de Estudo:

            Modelos 3D: Exames computadorizados das arcadas dentárias são feitos pois permitem uma análise detalhada da oclusão e das relações dentárias (MARRADI et al., 2020).

            3.2 CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO

Os critérios para diagnóstico da má oclusão de Classe II incluem (ZHANG, 2022):

  • Relação molar de Classe II: Onde os segundos molares decíduos superiores estão posicionados mais anteriormente em relação aos molares inferiores;
  • Aumento do overjet: Normalmente maior que 4 mm;
  • Overbite profundo: Onde os dentes anteriores superiores cobrem excessivamente os inferiores;
  • Desarmonia esquelética: Discrepâncias no tamanho e posição dos maxilares.

            A identificação da má oclusão de Classe II na dentição decídua é fundamental, pois essa condição pode impactar negativamente a estética facial, a função mastigatória e a saúde periodontal (MULLER; MARTINS, 2023). Crianças com Classe II não tratada podem desenvolver problemas mais severos na dentição permanente, incluindo aumento do risco de trauma dentário nos incisivos superiores e dificuldades na função oclusal (ELKALZA; HASSAN, 2020).

            3.3 OPÇÕES DE TRATAMENTO

O tratamento da má oclusão de Classe II na dentição decídua pode ser preventivo ou interceptativo (PAVONI; LOMBARDO; FRANCHI, 2021):

  • Aparelhos Ortodônticos: Dispositivos como placas de avanço mandibular ou aparelhos removíveis podem ser usados para guiar o crescimento mandibular e corrigir a relação anteroposterior.
  • Modificação de Hábitos: Intervenções para eliminar hábitos deletérios, como a sucção de dedo ou o uso prolongado de chupetas.
  • Terapias Funcionais: Exercícios para estimular o crescimento mandibular e melhorar a função muscular.

            A intervenção precoce é essencial para minimizar as complicações futuras e promover um desenvolvimento harmonioso da oclusão. O tratamento da má oclusão de Classe II na dentição decídua é fundamental para evitar problemas ortodônticos mais graves na fase adulta (DIBIASE; SANDLER, 2020). A abordagem terapêutica pode variar conforme a gravidade da condição, a idade da criança, e os hábitos orais presentes (COSTA; CLEMENTE, 2021). Aqui estão algumas das principais opções de tratamento:

  • Aparelhos Ortodônticos

Placas de Avanço Mandibular: Estes dispositivos removíveis são usados para avançar a posição da mandíbula, corrigindo a discrepância anteroposterior (MULLER; MARTINS, 2023).

Aparelhos Removíveis Funcionais: Dispositivos como o Bionator ou o Twin Block ajudam a modificar o crescimento mandibular e melhorar a relação oclusal (PARIS et al., 2020).

  • Modificação de Hábitos

Eliminação de Hábitos Deletérios: A intervenção precoce para cessar hábitos como a sucção de dedo ou o uso de chupeta é crucial, pois esses hábitos podem exacerbar a má oclusão (PEREIRA; DOMINGOS; GARCIA, 2020).

Treinamento Funcional: Exercícios específicos podem ser recomendados para fortalecer os músculos mastigatórios e promover o crescimento adequado da mandíbula (PAVONI; LOMBARDO; FRANCHI, 2021).

  • Terapias Interceptivas

Extração de Dentes Decíduos: Em alguns casos, a extração precoce de certos dentes decíduos pode ser necessária para permitir o alinhamento correto dos dentes permanentes (PARIS et al., 2020).

Expansão Palatina: Dispositivos expansores podem ser usados para alargar o arco superior, criando mais espaço e melhorando a oclusão (PEREIRA; DOMINGOS; GARCIA, 2020).

  • Monitoramento e Manutenção

Acompanhamento Regular: Consultas periódicas ao ortodontista são essenciais para monitorar o desenvolvimento da dentição e ajustar o tratamento conforme necessário (PERINETTI; CONTARDO; DI LENARDA, 2021).

Orientação aos Pais: Os pais devem ser instruídos sobre a importância de manter uma boa higiene oral e evitar hábitos que possam agravar a má oclusão (PERINETTI; CONTARDO; DI LENARDA, 2021).

            3.4 BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO

            A correção da má oclusão melhora a harmonia facial e a autoestima da criança, além de garantir uma função mastigatória eficiente, prevenindo problemas digestivos e de fala (CHANDRAN et al., 2019). Intervenções precoces podem prevenir a necessidade de tratamentos ortodônticos mais complexos na adolescência ou vida adulta (COSTA; CLEMENTE, 2021).

            O tratamento da Classe II em relação à respiração envolve uma abordagem multifatorial, pois essa condição pode impactar a função respiratória devido à posição retruída da mandíbula e à possível obstrução das vias aéreas superiores (BACCETTI; FRANCHI; MCNAMARA, 2021). Quando a mandíbula está subdesenvolvida ou posicionada mais posteriormente, pode haver uma diminuição no espaço aéreo faríngeo, o que pode predispor o paciente a dificuldades respiratórias, como a síndrome da apneia obstrutiva do sono ((DIBIASE; SANDLER, 2020)).

            Uma das principais estratégias de tratamento para pacientes com Classe II e problemas respiratórios é a terapia ortopédica funcional (PEREIRA; DOMINGOS; GARCIA, 2020). Essa abordagem utiliza dispositivos ortopédicos, como aparelhos propulsores mandibulares, que promovem o crescimento mandibular anterior, melhorando a relação entre as arcadas dentárias e aumentando o espaço das vias aéreas superiores. Esses aparelhos, quando usados durante o crescimento, podem corrigir parcialmente a discrepância esquelética, aliviando os sintomas respiratórios (LEE, et al., 2023).

            Em casos mais graves, onde o paciente apresenta uma obstrução significativa das vias aéreas ou apneia obstrutiva do sono, pode ser necessário o uso de dispositivos de avanço mandibular durante o sono (DIBIASE; SANDLER, 2020). Esses dispositivos mantêm a mandíbula em uma posição mais avançada, evitando o colapso das vias aéreas. Além disso, o tratamento pode incluir intervenções cirúrgicas, como a cirurgia ortognática, para reposicionar a mandíbula e aumentar permanentemente o espaço das vias aéreas (CORREA-FARIA, et al, 2022).

            O tratamento da Classe II com foco na respiração também pode envolver uma equipe multidisciplinar, incluindo otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos e fisioterapeutas respiratórios (LEE, et al., 2023). Esses profissionais podem colaborar para tratar fatores associados, como a hipertrofia das amígdalas e adenoides, ou problemas de postura e tônus muscular que afetam a respiração. A identificação e o tratamento precoces são essenciais para melhorar a qualidade de vida do paciente e evitar complicações respiratórias ao longo da vida (MULLER; MARTINS, 2023).

5 CONCLUSÃO

            O diagnóstico de má oclusão de Classe II na dentição decídua é um processo crítico para identificar e tratar problemas ortodônticos precoces (ELKALZA; HASSAN, 2020). Este tipo de má oclusão é caracterizado pela relação desarmônica entre as arcadas dentárias superior e inferior, onde a arcada superior está significativamente à frente da inferior. A identificação precoce dessa condição é essencial para evitar complicações futuras e promover um desenvolvimento facial harmonioso (COSTA; CLEMENTE, 2021).

            Frequentemente, crianças com má oclusão de Classe II apresentam uma maxila proeminente ou uma mandíbula retruída, resultando em um perfil convexo. A função mastigatória é outra área avaliada, pois uma má oclusão significativa pode afetar a capacidade de mastigar e, consequentemente, a digestão e a nutrição da criança (PAVONI; LOMBARDO; FRANCHI, 2021).

            Radiografias são ferramentas essenciais no diagnóstico de Classe II na dentição decídua. A radiografia lateral do crânio permite uma visão detalhada das relações esqueléticas, ajudando a determinar a extensão da desarmonia entre a maxila e a mandíbula. Além disso, a radiografia panorâmica oferece uma visão abrangente do desenvolvimento dentário e possíveis anomalias estruturais (PEREIRA; DOMINGOS; GARCIA, 2020).

            Além dos aspectos físicos, é importante considerar os hábitos orais da criança. Hábitos como sucção de dedo ou uso prolongado de chupeta podem exacerbar a má oclusão de Classe II. Portanto, parte do diagnóstico envolve a identificação e a modificação desses hábitos para prevenir a progressão da condição (PERINETTI; CONTARDO; DI LENARDA, 2021).

            O diagnóstico precoce da má oclusão de Classe II na dentição decídua é crucial para implementar intervenções ortodônticas preventivas ou interceptivas. Aparelhos ortodônticos removíveis ou fixos podem ser usados para corrigir a relação anteroposterior das arcadas, promovendo um crescimento mandibular mais adequado e equilibrado. A intervenção precoce não só melhora a estética facial, mas também previne complicações futuras (DIBIASE; SANDLER, 2020).

            Em conclusão, o diagnóstico de Classe II na dentição decídua envolve uma combinação de exame clínico detalhado, uso de radiografias, análise de exames computadorizados e consideração dos hábitos orais da criança. A identificação e o tratamento precoces são essenciais para garantir um desenvolvimento facial harmonioso e evitar problemas ortodônticos mais complexos na adolescência e vida adulta.

REFERÊNCIAS

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ZHANG, X.; LI, J. Diagnostic criteria and treatment protocols for Class II malocclusion in preschool children. Journal of Pediatric Dentistry, 2022.


1 Bacharel em Odontologia pela Universidade de Marília/UNIMAR.
Especialista em Ortodontia pelo Núcleo de Especialização em Odontologia/NEO-SP.
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