A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO PARA O RECÉM-NASCIDO PREMATURO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7630070


Jéssica Batista dos Santos1
Emanuele Paula Lopes Cavalcanti
Lohana Guimarães Souza
Alvim João Faust
Tauana Reinstein de Figueiredo2
Bianca Frese
Bruna Custodio de Menezes


1. Introdução

O aleitamento materno faz parte dos hábitos sociais da humanidade desde os primórdios. É através dele que centenas de mulheres alimentam seus filhos e garantem sua nutrição e sobrevivência diante das adversidades econômicas que passam ao longo da vida. Além de possibilitar a alimentação e crescimento das crianças, o aleitamento materno também permite a criação de laços afetivos entre mãe e filho de forma a contribuir para o seu completo desenvolvimento emocional.1

Contudo, o ato da amamentação pode comprometer o aleitamento materno, principalmente o exclusivo, sem o uso de fórmulas, devido às dificuldades que muitas dessas mães enfrentam durante os primeiros dias após o nascimento de seus filhos. Uma dessas dificuldades é a pega do peito pelo bebê que muitas vezes está relacionada com o posicionamento da mãe e do bebê durante a amamentação. Outra dificuldade encontrada por mães durante o processo de amamentação é o leite em pouca quantidade ou a sua falta sendo necessário recorrer ao banco de leite para complementar a alimentação do bebê.2

Além disso, muitas mães têm a crença de que o seu leite é insuficiente para saciar a fome do bebê e de que ele poderá morrer e começam a usar uma fórmula para complementar a alimentação do seu filho ou param a amamentação. Outra dificuldade encontrada pelas mães é tentar conciliar a amamentação do filho com o trabalho em que na maioria das vezes a amamentação só ocorre no primeiro mês de vida do recém-nascido e sendo interrompido assim que a mãe retorna ao trabalho. Neste caso muitas mães não chegam a amamentar seu filho porque sabem que terão que usar a fórmula, então preferem já acostumar o bebê a ela desde os primeiros dias de vida.3

No caso em que os recém-nascidos nascem prematuros, antes de completar as 38 semanas, os cuidados relacionados ao aleitamento materno devem ser redobrados uma vez que esses bebês nascem abaixo do peso ideal sendo necessário a sua permanência no hospital. A intensificação em relação a amamentação é feita desde as primeiras horas de vida do bebê através do acompanhamento e orientação da mãe sobre as técnicas para facilitar a pega do peito pelo bebê. Também é explicado a puérpera os benefícios do leite materno para a saúde e desenvolvimento do seu filho, incentivando-a a continuar amamentando mesmo quando ele atingir o peso ideal.4,5

O leite materno possui em sua composição substâncias, como os anticorpos, responsáveis pelo combate a doenças que acometem os recém-nascidos, principalmente os prematuros. Uma dessas doenças é a enterocolite necrosante que consiste na “coagulação do trato intestinal com processos isquêmicos que atinge com maior frequência os recém-nascidos prematuros, principalmente os com peso inferior a 1.500 gramas. ”.6 Segundo estudos, a prática da amamentação exclusiva reduz as chances da criança se tornar um adulto obeso, uma vez que o uso de fórmulas e outros alimentos ricos em calorias contribuem para maus hábitos alimentares bem como transtornos alimentares.7

Assim, para garantirmos o incentivo do aleitamento materno exclusivo, temos a seguinte hipótese: Analisar o uso técnicas, numa Unidade de Terapia Intensiva para o incentivo da amamentação de recém-nascido prematuros.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar o uso de técnicas, numa Unidade de Terapia Intensiva Neonatal  para o incentivo da amamentação de recém-nascidos prematuros

1.3.2 Objetivos Específicos

– Analisar quais são os parâmetros necessários para incentivar o aleitamento em recém-nascido prematuro ;

– Investigar quais são as contribuições dos profissionais com seus conhecimentos para o aleitamento materno exclusivo de recém-nascido prematuros.

1.4 Importância e relevância/Justificativa

A relevância em realizar esse estudo é analisar os benefícios do aleitamento materno em recém-nascido prematuro. Esses dados serviram tanto para a população acadêmica da área da saúde quanto para a população em geral para acompanhar a evolução do quadro clínico para a alta médica desses recém-nascido. Além disso, o resultado desse estudo pode auxiliar os administradores de unidades de saúde, particular e pública, em melhorias do acompanhamento clínico desses pacientes com intuito de otimizar o processo de tratamento desses distúrbios.

2. Revisão de literatura

A observação começou quando os recém-nascidos prematuros como os outros, pois eles eram avaliados pelos neonatologistas, caso precisasse de oxigênio ou não, mas os que não recebiam automaticamente que era para ganho de peso. Então, as mães que podiam de três em três horas estavam junto dos seus filhos e orientávamos sobre as técnicas de amamentação como colocá-lo no seu seio na tentativa da pega pelo recém-nascido e da “posição em que a mãe e a criança devem estar, pega correta do bebê ao seio, como fazer massagem no seio, entre outras. ”.9 Caso isso não acontecesse, ele era estimulado no copinho com leite materno que a mãe retirava do peito.  

E se isso também não funcionasse, a mãe sempre era acompanhada para a ordenha e lá ensinávamos também a técnica de ordenhar para a retirada do leite e colocado na chuquinha para que o recém-nascido pudesse se alimentar. Contudo, se esse processo também não tivesse sucesso era passado uma sonda nasogástrica para o alimento ser ingerido pelo prematuro.

A nossa intensificação era para os bebês que eram recém-nascidos prematuros, os que nasceram antes das 37 semanas e que não precisam de oxigênio, pois durante o incentivo a amamentação eles não podem estar em contato com o O2, nem por máscara de Venturi nem por intubação até porque eles não vão ter como tirar a máscara nem o tubo para serem amamentados e consequentemente eles iriam saturar pelo esforço que fazem.

Havia casos de crianças que nasciam com 35 ou 36 semanas e com baixo peso que eram encaminhados para a sala de amamentação onde entravam em contato com a mãe. Pouco tempo depois que o bebê nascia, a mãe tinha que ordenhar uma mama. Quando ela chegava no setor nós a orientávamos que ela precisava higienizar essa mama e que tinha um frasco com o nome do recém-nascido, para o armazenamento do leite, e preparação de toda essa mama para a ordenha. Orientávamos também para ela “Massagear o peito com a ponta de dois dedos iniciando na região mais próxima da aréola indo até a mais distante do peito, apoiando o peito com a outra mão. ”.10 Essa orientação era feita de forma tranquilizadora para que a puérpera se sentisse acolhida e motivada a amamentar seu filho.11

Em seguida era utilizado um aparelho para sugar a aréola da mama para que fosse ordenhada enquanto a outra mama a mãe oferecia ao bebê e esse processo era realizado a cada três horas. O leite ordenhado então era guardado caso fosse necessário ser usado em outro momento. Outros cuidados eram recomendados à mãe, como a utilização de capote, de máscara e coro para que não houvesse contaminação desse leite. Esse procedimento era realizado porque caso ela voltasse em três horas e não conseguisse amamentar o recém-nascido era utilizado o próprio leite dela, através do descongelamento.

Então a recebíamos e havia toda a orientação sobre como o aparelho deveria ser posicionado na sua mama. Ajudávamos a tirar toda a roupa e o capote e ela ficava só com a bata fornecida por nós para que facilitasse a amamentação. Na mama em que o bebê iria mamar não havia uma higienização tão rigorosa. Nessa mama, o bebê que não estava apresentando nenhuma dissaturação em alguns momentos ele mamava em outros não, já que nem sempre a mãe conseguiu uma pega correta e nesses casos era utilizado o copinho para que o bebê fosse estimulado e caso ele não conseguisse era utilizada a chuquinha que era fornecida pelo próprio hospital e que era esterilizada a cada três horas. Se isso não funcionasse, era utilizado uma sonda nasogástrica com o auxílio de uma seringa de 20 e o leite descia de uma forma que o estômago fazia movimentos espontâneos. 

Conscientizávamos a puérpera do quanto era importante o aleitamento materno e que às vezes é preciso fazer a ordenha para amamentar o filho por causa dos anticorpos que tem no leite materno, da contribuição no ganho de peso, de promover a aproximação dela com seu filho. E com o passar das semanas ia acontecendo a evolução, pois alguns bebês mesmo com baixo peso, com 35 ou 36 semanas, já mamava no peito, então era só reforçar mais a intensificação da importância do aleitamento materno para que essa mãe quando chegasse em casa ela não recorresse para a fórmula. Essa conscientização é importante porque muitas mães acreditam que quando o recém-nascido ganha peso elas podem amamentar e usar a fórmula. Assim12, neste cenário, o apoio e o suporte da equipe de enfermagem às mães podem contribuir com a amamentação após a alta hospitalar.

Os bebês que estavam utilizando o copinho tinham uma evolução mais lenta porque levavam semanas para que eles migrassem do copinho para a chuquinha ou diretamente para o peito. Além disso, eles também se viciavam na chuquinha, pois é mais fácil a sucção do leite do que mamar, o que dificultava eles pegarem o peito. Então, nesse caso, era maior a intensificação para que as mães continuassem insistindo na amamentação, principalmente quando os bebês saiam da sonda pois não tinham tido contato por um período longo de tempo com o peito. Outra dificuldade era quando as mães tinham alta e os filhos não, sendo necessário intensificar ainda mais a importância delas estarem no hospital, mesmo estando em alta, para poder amamentar. 

Algumas mães também não queriam ordenhar o que dificultava o processo de amamentação e da evolução do bebê, pois a sua alta só era permitida quando ele estivesse mamando no peito e com o peso ideal para a sua idade, que é de 38 semanas. Esse processo levava algum tempo a depender de como o bebê respondia aos estímulos que ia da sonda nasogástrica para a chuquinha e desta para o copinho e depois para o peito. 

Um dos obstáculos para a efetivação da amamentação era o medo que as mães tinham de não ter leite e de não poder amamentar, deles morrerem de fome, de sair e não encontra-los mais. Então evoluímos, registramos, fazíamos o acolhimento da mãe e do filho, até que eles saíssem de lá capazes de ter uma vida normal na amamentação sem ter nenhum problema.

3. Metodologia

A metodologia utilizada para o desenvolvimento do referido, foi o estudo descritivo que consiste em avaliar as técnicas para incentivar o aleitamento materno exclusivo. A técnica de pesquisa empregada foi a de observação que objetiva o registro de dados sem o uso de intermediações e contando com a participação do observador no processo de estudo, que no caso é o do uso de técnicas de aleitamento materno.8

Já os trabalhos utilizados para embasar este artigo foram recuperados do Google Acadêmico e do Scielo.

4. Referências

1. Nunes, LM. (2015). Importância do aleitamento materno na atualidade. Boletim Científico de Pediatria – 4(3). Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bristream/handle.10183/184239/001079501.pdf?

2. Fernandes, RAQ; Rocci, E. (2014). Dificuldades no aleitamento materno e influência no desmame precoce. Rev Bras Enferm.  67(1): 22-7. DOI 10.5935/0034-7167.20140002. Disponível em: REBEN_67-1_MIOLO – DOI.indd (scielo.br).

3. Amaral, LJX; Sales, SS; Carvalho, DPSRP; Cruz, GKP; Azevedo, IC; Ferreira Júnior, MA. (2015). Fatores que influenciam na interrupção do aleitamento materno exclusivo em nutrizes. Rev Gaúcha Enferm. 36(esp):127-34. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1983- 1447.2015.esp.56676. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/GLNtrQ44qJvTGyGvYvNPBvf/?format=pdf&lang=pt.

4. Almeida-Santos, MA; Souza, DS; Souza Júnior, AS; Santos, ADR; Melo, EV; Lima, SO et al. (2017). Morbidade em recém- nascidos prematuros de extremo baixo peso em unidade de terapia intensiva neonatal. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. 17 (1) • . Doi:  https://doi.org/10.1590/1806-93042017000100008.

5.Almeida, PC; Ferreira, HLOC; Oliveira, MF; Bernardo, EBR; Aquino, PS; Pinheiro, AKB. (2018). Fatores Associados à Adesão ao Aleitamento Materno Exclusivo. Ciência & Saúde Coletiva, 23(3):683-690. DOI: 10.1590/1413-81232018233.06262016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/5JF6R9n8yRwsRtJ3SZHNf3H/?format=pdf&lang=pt.

6.Filgueiras, LA.; Mendes, AN. (2016). Leite humano como fator de proteção contra enterocolite necrosante em recém-nascidos prematuros. Boletim Informativo Geum, v. 7, n. 3, p. 16-23. Disponível em: https://revistas.ufpi.br/index.php/geum/article/view/4665/3187

7. Bastos, CO; Salim, R; Carmo, ALO; Muratori, AS; Nogueira, ET; Munhoz, EK; Maciel, IM; Gomes, JM; Silva, MC; Damasceno, TP. (2020). Deficiência do aleitamento materno exclusivo como contribuinte para a obesidade infantil. Revista Eletrônica Acervo Científico, 17, e5757. https://doi.org/10.25248/reac.e5757.2020. 

8.Parreira, FJ; Pereira, AS; Shitsuka, R; Shitsuka, DM. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [e-book]. Santa Maria. Ed. UAB/NTE/UFSM. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/15824

9. Borges, LVA; Rocha, EMA; Macedo, LKM; Pinheiro, AMC; Santos, RS; Conceição et al. (2020). Research, Society and Development, 9(7):1-8, e155974006. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4006. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/4006

10. Brasil. Ministério da Saúde. Promovendo o aleitamento materno. 2. ed. revisada. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/album_seriado_aleitamento_materno.pdf. 

11. Gaiva, MA. M.; Mufato, LF. (2020). Motivos-porque da empatia de enfermeiras com os familiares de recém-nascidos em UTI neonatal. Rev Gaúcha Enferm. 4:e20190508. doi: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2020.20190508. Disponível em: Rev Gaúcha Enferm. (scielo.br).

12.Araújo, AMB; Fernandes, BC; Silva, NL; Silva, MR. (2020). Cuidados de Enfermagem no Incentivo ao Aleitamento Materno de Recém-Nascidos Prematuros. Id on Line Rev. Mult. Psic. V.14 N. 53, p. 926-934. DOI: 10.14295/idonline.v14i53.2848. Disponível em: http://idonline.emnuvens.com.br/id.


1http://lattes.cnpq.br/1604497091158463
Maceió Alagoas
Faculdade Seune ( Sociedade de Ensino Universitário do Nordeste)
ORCID: 0000-0001-8436

2Instituição atual: Hospital Escola – He Ufpel – Ebserh