A IMPORTÂNCIA DA VACINAÇÃO INFANTIL E SUA RELAÇÃO COM A ATENÇÃO BÁSICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

THE IMPORTANCE OF CHILD VACCINATION AND ITS RELATIONSHIP WITH PRIMARY CARE: A BIBLIOGRAPHICAL REVIEW

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10456875


Maria Eduarda Menezes Feitosa1
Maria das Mercês da Silva Carvalho2
Charles Douglas Campelo de Sousa3
Anna Paula Vieira Alves De Lima4
Dayany Maria Alves Pereira5
Patrícia Cristina Furtado Cardoso Gaspar6
Stephany de Matos Siqueira 7
Ariel Patrick Alves Bezerra8
Maria Theodora Gazzi Mendes9


RESUMO

Introdução: A vacinação é uma ferramenta importante no controle de doenças, tornando assim a imunização infantil uma ação necessária e eficaz à saúde dessa população. Porém, situações como hesitação vacinal e baixo conhecimento sobre o assunto pela equipe de saúde, pode atrapalhar sua cobertura. Objetivo: Expor a situação sobre a cobertura vacinal infantil, sua importância na prevenção das doenças e as dificuldades enfrentadas pela existência da hesitação vacinal. Método: O trabalho apresentado trata-se de um estudo bibliográfico, através da revisão narrativa de literatura, utilizando como bases de dados PubMed, SciELO (Scientific Electronic Library Online) e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). Para a pesquisa foram utilizados os descritores: “cobertura vacinal”“atenção básica” e “criança”, e seus respectivos em inglês. Resultado: Foram selecionados 5 artigos que tiveram como análise as seguintes características sobre o tema: dependência da iniciativa do cuidador da criança, bem como as condições sociais e econômicas; local em que a criança reside e coeficientes sociodemográficos, os quais se caracterizaram como os principais fatores que impõem barreiras na cobertura vacinal infantil. Discussão e Conclusão:  Verifica-se que alguns trabalhos apresentaram entraves contra a imunização infantil sendo eles: hesitação familiar; falta de capacitação dos profissionais e desconhecimento popular sobre os benefícios da imunização e, dessa forma, a importância no efetivo cumprimento do calendário vacinal e da comunicação entre os profissionais de saúde e a população.

Palavras-chave: Cobertura vacinal, Criança, Atenção Primária a Saúde.

ABSTRACT

Introduction: Vaccination is an important tool in disease control, making childhood immunization necessary and effective for the health of this population. However, situations such as vaccine hesitancy and low knowledge about the subject among healthcare teams can hinder vaccine coverage. Objective: To present the situation regarding childhood vaccine coverage, its importance in disease prevention, and the difficulties faced due to vaccine hesitancy. Method: This work is a literature review, using PubMed, SciELO (Scientific Electronic Library Online), and BVS (Virtual Health Library) as databases. The descriptors used for the search were “vaccine coverage,” “primary health care,” and “child,” along with their respective terms in Portuguese. Result: Five articles were selected that analyzed the following aspects related to the topic: dependence on the child’s caregiver, social and economic conditions, the child’s place of residence, and sociodemographic coefficients, which were identified as the main barriers to childhood vaccine coverage. Discussion and Conclusion: It is observed that some studies identified obstacles to childhood immunization, including familial hesitancy, lack of professional training, and popular ignorance regarding the benefits of immunization. Therefore, effective compliance with the vaccination schedule and communication between healthcare professionals and the population are crucial.

Keywords: Vaccine coverage, Child, Primary Health Care.

RESUMEN

Introducción: La vacunación es una herramienta importante en el control de enfermedades, por lo que la inmunización infantil es una acción necesaria y eficaz para la salud de esta población. Sin embargo, situaciones como la vacilación vacunal y el bajo conocimiento del tema por parte del equipo de salud, pueden dificultar su cobertura. Objetivo: exponer la situación de las coberturas de vacunación infantil, su importancia en la prevención de enfermedades y las dificultades que enfrenta la existencia de reticencia vacunal. Método: El trabajo presentado es un estudio bibliográfico, a través de una revisión narrativa de la literatura, utilizando como base de datos las bases de datos PubMed, SciELO (Scientific Electronic Library Online) y BVS (Virtual Health Library). Para la investigación se utilizaron los siguientes descriptores: “cobertura de vacunación”, “atención primaria” y “niño”, y sus respectivos en inglés. Resultado: fueron seleccionados 5 artículos que analizaron las siguientes características sobre el tema: dependencia de la iniciativa del cuidador del niño, así como de las condiciones sociales y económicas; lugar de residencia del niño y los coeficientes sociodemográficos, que se caracterizaron como los principales factores que imponen barreras a la cobertura de vacunación infantil. Discusión y Conclusión: Parece que algunos trabajos presentaron barreras contra la inmunización infantil, a saber: vacilación familiar; falta de formación profesional y desconocimiento popular sobre los beneficios de la inmunización y, por tanto, la importancia del cumplimiento efectivo del calendario vacunal y la comunicación entre los profesionales de la salud y la población.

Palabras clave: Cobertura vacunal, Niño, Atención Primaria de Salud.

INTRODUÇÃO

As vacinas estão entre as medidas de Saúde Pública mais efetivas para prevenção, eliminação e controle de doenças transmissíveis (ANDRE et al, 2008). Os programas organizados de imunização são, reconhecidamente, um dos investimentos de maior custo-efetividade em saúde (WHO, 2019).

No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em 1973, de acesso universal e contínuo, oferece amplo leque de vacinas, disponibilizadas nos serviços públicos de saúde de todo o território nacional, sem ônus para os usuários (BRASIL, 2003). A oferta universal de vacinas na rede pública e seu acesso facilitado à população, dada a extensa rede nacional de serviços básicos de saúde, juntamente com outras ações de vigilância, têm sido fundamentais para a eliminação e controle de doenças como varíola, difteria, poliomielite e sarampo, historicamente responsáveis por muitas vítimas no Brasil (BRASIL, 2014).

O processo de imunização pode ser compreendido como um modificador no curso das doenças, uma vez que a efetiva imunização influencia diretamente no decréscimo da morbidade e da mortalidade causadas pelas doenças infecciosas evitáveis por vacinação, garantindo assim, a promoção e a proteção da saúde em indivíduos vacinados. Quando ocorre na primeira infância, constitui-se em relevante ação de prevenção de doenças infectocontagiosas (SANTOS; SAMPAIO; ALBUQUERQUE, 2005). 

Nesse contexto, percebe-se a importância que as vacinas têm na proteção à saúde e na prevenção de doenças é inquestionável, principalmente durante a infância. Ela é fundamental no primeiro ano de vida e é uma medida determinante na redução do coeficiente de mortalidade infantil (SILVEIRA et al,2007).

Salienta-se, entretanto, que, atualmente o Programa Nacional de Imunizações passa por desafios quanto à cobertura vacinal, devido à chamada hesitação vacinal, que não é novidade em países europeus e norte-americanos. No Brasil, a hesitação vacinal tem sido estudada. Trata-se do atraso em aceitar ou a recusa das vacinas recomendadas quando elas estão disponíveis nos serviços de saúde (SATO, 2018). Esse comportamento é influenciado por muitos fatores inter-relacionados, como a confiança, complacência e conveniência.

Em 2012, o Strategic Advisory Group of Experts Working Group on Vaccine Hesitancy (SAGE-WG) definiu uma matriz de determinantes à hesitação vacinal, em que considerou os aspectos históricos, geográficos, políticos, socioeconômicos, culturais, religiosos e de gênero, assim como a comunicação e mídia, influência de líderes e a percepção sobre a indústria farmacêutica. As influências individuais estão relacionadas com a falta de confiança das pessoas sobre o sistema de saúde, como por exemplo a propagação de notícias falsas e de crenças populares (LARSON et al., 2014).

Nesse contexto, entre os anos de 2013 e 2015, foram registrados 1.310 casos de sarampo nos estados de Ceará e Pernambuco. Em 2018, essas epidemias voltaram nos estados de Roraima e Amazonas com mais 1.500 casos confirmados, em apenas oito meses desde o início desse ano. Essa estatística é um alerta sobre o impacto da queda das coberturas vacinais de forma geral (SATO, 2018). Nesse sentido, em relação ao estado da Bahia, em 2015 a cobertura vacinal foi de 102% tendo mais vacinados do que crianças, porém os dados foram declinando e apresentando, no ano de 2021, um índice de 55% de crianças vacinadas, de acordo com a secretaria de saúde da Bahia (BRASIL – SIPNI, 2021).

Em relação à cidade de Juazeiro da Bahia de forma específica, é válido destacar a diminuição na cobertura vacinal infantil quando se analisa os dados estatísticos. Prova disso é que a cobertura vacinal em menores de um ano no período entre 2016 e 2021 passou de 109,01% para 25,01% relativo à febre amarela, assim como também no caso da poliomielite que entre os anos de 2015 e 2020 passou de 114,29% para 54,19% (BRASIL – SIPNI, 2021).

Além disso, é cabível ressaltar a importância da atuação da atenção primária de saúde na cobertura vacinal, uma vez que um dos trabalhadores que compõe a rede de atenção primária à saúde no Brasil é o Agente Comunitário de Saúde (ACS), o qual, de acordo com o Guia Prático do Agente Comunitário de Saúde do Ministério da Saúde (BRASIL, 2009) , privilegia as características da triagem neonatal, os aspectos relacionados à alimentação e à nutrição, o acompanhamento ponderal e principalmente a vacinação.

Diante das circunstâncias apresentadas, torna-se importante estudar esta temática. Este estudo tem por objetivo expor sobre a cobertura vacinal infantil, sua importância na prevenção das doenças, as dificuldades enfrentadas pela existência da hesitação vacinal e o papel da atenção primária a saúde tem nesse contexto. Além disso, discute-se a importância da vacinação como forma de diminuir as enfermidades e ampliar a qualidade de vida dos indivíduos e da população. 

METODOLOGIA

Foi realizado um estudo bibliográfico, por meio de revisão narrativa de literatura, sobre a

temática escolhida. A revisão possibilita que se faça uma discussão sobre o “estado da arte” do assunto escolhido, considerando as atualizações da temática dentro de um determinado contexto (ROTHER, 2007).

O estudo seguiu seis etapas: elaboração da pergunta norteadora, busca nas bases de dados, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação da revisão bibliográfica. A pesquisa buscava por enfoque a vacinação na assistência primária da saúde.

A pesquisa foi realizada em março de 2022, utilizando como bases de dados PubMed, SciELO (Scientific Electronic Library Online), e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). Os descritores selecionados no vocabulário multilíngue DeCs/MeSH foram: “cobertura vacinal”, “atenção básica” e “criança”, e seus respectivos em inglês: “vaccination coverage”, “primary health care” e “child”. Prosseguiu-se com a elaboração da string de busca boleando junto ao “AND” para encontrar artigos desejados. Estabeleceu-se como critérios de elegibilidade artigos que foram pesquisados no Brasil, com foco em crianças brasileiras e atenção primária à saúde e que foram publicados em revistas com Qualis A1 até B3 em uma das áreas: medicina I, II e III, saúde coletiva, educação, enfermagem ou interdisciplinar. A coleta de dados foi feita a partir da leitura dos resumos dos artigos que atenderam esses critérios de inclusão. Foi utilizado como critério de exclusão: teses de doutorado, arquivos duplicados nas bases de dados e artigos sobre recursos educacionais. Outro critério de exclusão utilizado foi critério por conveniência, ao identificar artigos que não traziam em sua discussão a temática da cobertura vacinal.

Em seguida, procedeu-se à análise crítica por meio da leitura completa dos artigos, a posteriori revisão bibliográfica do conteúdo e discussão deles.

RESULTADOS

A pesquisa resultou em 124 artigos. Após terem sido aplicados todos os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados dez artigos para a leitura dos resumos e então selecionados cinco artigos para a realização do estudo bibliográfico. O fluxograma dessa busca está ilustrado no Fluxograma 1, na página seguinte.

FLUXOGRAMA 1 – ETAPAS DA REVISÃO

Fonte: Autores, 2022.

Em seguida, procedeu-se à análise crítica por meio da leitura completa dos artigos, a posteriori discussão do conteúdo. A amostra final foi constituída por cincoartigos selecionados, os quais serão apresentados através de um quadro enumerado (Quadro 1).

QUADRO 1 – CATEGORIZAÇÃO DOS ARTIGOS SELECIONADOS.

 TÍTULOAUTORESREVISTAANOBASE DE DADOS
1Atuação de equipes da Estratégia Saúde da Família frente à epidemia de sarampo em Fortaleza, Ceará, Brasil.FARIA, S.C.R.B.; MOURA, A.D.A..Epidemiologi a e Serviços de Saúde2020BVS/ PUBMED
2Percepções e conhecimentos da equipe de enfermagem sobre o processo de imunização.ARAGÃO, R.F. et alRevista Brasileira de promoção à saúde.2019BVS
3Avaliação da cobertura vacinal em crianças de 2 meses a 5 anos na estratégia saúde da família.CARNEIRO, S.G. et al.Revista APS2015BVS
4Vaccination services and incomplete vaccine coverage for children: a comparative spatial analysis of the BRISA cohorts, São Luís (Maranhão State) and Ribeirão Preto (São Paulo State), Brazil.QUEIROZ, R.C.C.S. et al.Cad. Saúde Pública (Online)2021BVS/ SCIELO
5Análise da situação vacinal de crianças pré-escolares em Teresina (Pl).FERNANDE S, A.C.N. et al.Revista Brasileira de Epidemiologi a.2015SCIELO

Fonte: Autores, 2022.

DISCUSSÃO

A imunização destaca-se como uma das estratégias de saúde pública de caráter efetivo no controle das doenças transmissíveis, atuando na prevenção de forma abrangente, segura e econômica para o sistema de saúde (WHO, 2019). Carneiro et al. (2013) referem-se ao ato de vacinar como sendo uma forma de proteção contra doenças graves que podem causar lesões irreversíveis e até a morte. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2019) a tríade imunização, água potável e serviços de saúde, quando integralizados, evitou a morte de 10 milhões de crianças por ano nos países em desenvolvimento. O bom desempenho nas ações de imunização é resultado do cumprimento do cronograma vacinal, de forma que todas as vacinas sejam aplicadas em suas respectivas datas desde o nascimento da criança. 

Em se tratando de imunização infantil (FERNANDES et al., 2015) destaca-se a dependência da iniciativa do cuidador da criança para o cumprimento do calendário vacinal. Já Queiroz et al. (2021) relata a importância de se considerar o local em que a criança vive, bem como as condições sociais e econômicas, para que sejam realizadas estratégias específicas que atuem diminuindo o risco de transmissão de doenças que podem ser prevenidas pela vacinação. Coeficientes relevantes como os sociodemográficos causam impactos, pois a localização da Unidade Básica de Saúde influencia na imunização. Estudos na região amazônica mostraram que crianças que moravam distantes da UBS tinham menos chances de serem vacinadas, pois para algumas famílias de baixa renda o custo de levar a criança tornava-se inviável (QUEIROZ et al., 2021).

Um estudo transversal realizado com crianças de 13 a 35 meses pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e pela Universidade de São Paulo (USP), enfatizou o fortalecimento das relações dos usuários com os integrantes da Equipe de Saúde da Família (ESF) como uma das ações mais importantes para melhorar a cobertura vacinal, que tem como objetivo aumentar a proteção das crianças contra doenças evitáveis (QUEIROZ et al., 2021).

Faria e Moura (2020) enfatizam a importância da Equipe de Saúde da Família como porta de entrada no sistema de saúde, atuando na prevenção de doenças, promoção de saúde e vigilância epidemiológica das doenças da área adscrita. Sendo a ESF capacitada a identificar o agravo, efetuar as notificações necessárias e quando possível, realizar o tratamento adequado. 

Um estudo qualitativo realizado por Aragão et al. (2019), com a finalidade de analisar a percepção da equipe de enfermagem acerca do processo de imunização, expôs à prova os conhecimentos e ações dos profissionais sobre o tema. Ao final do estudo, destacou-se a necessidade de maior suporte para capacitação da equipe, como também, a importância de condecorar e fortalecer as atividades educativas pelos profissionais.

No que se refere ao Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde (PNI/MS), Carneiro et al. (2013) mencionam como responsável por combater doenças infectocontagiosas e imunopreviníveis, além de fazer alusão ao calendário vacinal estabelecido pelo próprio programa. Essas medidas tornaram-se incontestáveis no controle a patologias no Brasil, como sarampo e tuberculose. 

De acordo com Carneiro et al. (2013) a cobertura vacinal nos postos de saúde analisados em seu estudo ainda não é efetiva. Sendo necessário uma participação mais efetiva e cabe aos profissionais de saúde participar mais ativamente na busca de crianças em falta com a vacinação, através da revisão dos cartões e de uma maior efetividade nas visitas domiciliares, cabendo um maior comprometimento aos agentes de saúde. Além disso, proporciona mais momentos de atividades voltados para atenção da saúde da população, a fim de disseminar informações, afinal a não vacinação em boa parte dos casos, está diretamente ligada a desinformação.

A colaboração da Estratégia Saúde da Família (ESF) no acesso às salas de vacinação, ao admitir que o PNI expandisse sua atuação, foi importantíssima, visto que pôde aproximar-se das comunidades e gerar mais oportunidades de vacinação (QUEIROZ et al., 2021).

Contudo, as medidas que o Ministério da Saúde (MS) utiliza para calcular a cobertura vacinal é inadequada, por não diferenciar entre doses e idade de calendário de conclusão, ao invés de taxas de imunização por criança. Suponha que a cobertura vacinal seja ainda menor do que a informada pelo sistema de informação do PNI, não atingindo mais a meta estabelecida (FERNANDES et al., 2015). Demonstrando assim, que a partir de maiores investimentos na metodologia do PNI é possível obter conclusões ainda mais exatas. 

A hesitação vacinal em crianças é um desafio que vem aumentando e gera grandes consequências para as crianças e para a população em geral. Essa hesitação ocorre quando o responsável recusa vacinar a criança mesmo a vacina sendo ofertada. De acordo com Letra (2015), em uma matéria para as Nações Unidas, cerca de 1,5 milhões de crianças morrem por ano de doenças que podem ser prevenidas com a imunização. 

A imunização está entre as melhores estratégias de prevenção de morbimortalidade na infância (FERNANDES et al.,2015). Além de prevenção da mortalidade infantil a imunização afeta diretamente a população por elevar o risco de ocorrer epidemias, é uma ação individual que reflete no coletivo cabendo aos responsáveis pela criança visar o bem em comum de todos. 

Alguns aspectos relevantes para a hesitação vacinal são fatores históricos, uma vez que a vacina é vista como insegura e desnecessária, movimentos “anti-vacinas” tem sido aplicado causando aumento nas taxas de aceitação de vacina, aumento nos surtos e epidemias gerando influência nos pais sobre a vacinação (MacDonald, 2015). De acordo com o autor, fatores sociais também causam influência, como opiniões de pessoas sejam da família ou autoridades políticas, notícias veiculadas na mídia sobre as vacinas, circulação de fake News nas redes sociais, com isso geram impactos sobre a decisão de pais e cuidadores na imunização infantil. 

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003), o controle do sarampo no país, teve grandes avanços devido ao PNI, com boa eficiência na redução de mortes, entretanto, o mesmo reforça a necessidade de equipes comprometidas em todo o país, por se tratar de um território com uma diversidade imensa entre classes e realidades.

Faria e Moura (2020) enaltecem o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que tem apresentado muitos avanços, sendo um destes o Sistema de Informações do PNI (SI-PNI), que possibilita registrar a vacina administrada de cada indivíduo, e sua procedência, permitindo uma avaliação mais fidedigna dessas informações, além de servir a estimativas da cobertura vacinal. O impacto pode ir além do âmbito administrativo, facilitando a tomada de decisão na busca de estratégias para aumentar adesão da vacinação.

Acredita-se que estratégias como a capacitação em vacinação das equipes de saúde da família podem contribuir substancialmente para manter o Brasil livre de algumas doenças que já foram erradicadas e propenso a erradicação de outras, cujos casos ainda são verificados anualmente, além de alcançar metas de vacinação propostas do ministério da saúde. (SANTOS; SAMPAIO; ALBUQUERQUE, 2005)

CONCLUSÃO

          Portanto, se torna evidente que o estudo caracteriza a vacinação como uma ação de grande eficácia na prevenção de doenças infectocontagiosas e imunopreveníveis, sendo essa uma das principais ações de promoção da saúde inserida no contexto da atenção básica. Nesse âmbito destacam-se as Equipes de Saúde da Família (ESF) como importantes agentes no planejamento de ações de saúde, onde ofertam um conjunto de ações e estratégias, individuais e coletivas, que abrangem a prevenção de doenças, promoção de saúde e vigilância epidemiológica das doenças.

Dessa forma, observa-se a necessidade da capacitação em vacinação dessas equipes como forma de contribuir substancialmente no cumprimento do calendário vacinal e, consequentemente, para manter o Brasil livre de algumas doenças que já foram erradicadas, além de alcançar as metas de vacinação propostas pelo Ministério da Saúde, identificar o agravo, efetuar as notificações necessárias e, quando possível, realizar o tratamento adequado.

Ademais, o estudo analisou a importância da imunização infantil identificando os fatores envolvidos na hesitação vacinal em crianças, frente a percepção de seus responsáveis, sendo assim de suma importância a disseminação de informação acessível para população, bem como a ampliação da comunicação entre os profissionais de saúde e a população como forma de reverter o medo de riscos de reações adversas e as circulações de informações falsas sobre a imunização.

Portanto, foi observado que é de suma importância o maior suporte para capacitação da equipe da atenção básica, para melhor atendimento à população, como também, a importância de condecorar e fortalecer as atividades educativas pelos profissionais, no que se refere à imunização nas unidades de saúde. 

REFERÊNCIAS

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LETRA, L. Segundo OMS, uma entre cinco crianças não está recebendo vacinas de rotina. Nações Unidas: Onu News, 2015. 

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[1]GRADUANDA DE MEDICINA. Estácio IDOMED. E-mail: feitosaa.mariaa@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6935-0656.

[2] GRADUANDA DE MEDICINA. Estácio IDOMED. E-mail: mariascarv_@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8404-4339.

[3] GRADUANDO DE MEDICINA. Estácio IDOMED. E-mail: charlesdouglasdesousa34@gmail.com.

[4] GRADUANDA DE MEDICINA. Estácio IDOMED. E-mail:Paulalimaa@icloud.com.

[4] GRADUANDA DE MEDICINA. Estácio IDOMED. E-mail: d.alvessb@hotmail.com.

[6]GRADUANDA DE MEDICINA. Estácio IDOMED. E-mail:patriciafurtado20172017@gmail.com.

[7]GRADUANDA DE MEDICINA. Estácio IDOMED. E-mail: matosstephany4@gmail.com.

[7] GRADUANDO DE MEDICINA. Estácio IDOMED. E-mail: arielpab1@hotmail.com.

[9] MESTRE E DOCENTE. Estácio IDOMED. E-mail: theodora.maria@gmail.com.ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6790-1741.