A IMPORTÂNCIA DA VACINA NO CONTROLE DE DOENÇAS

THE IMPORTANCE OF VACCINE IN DISEASE CONTROL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7338236


Daniel Carlos Silva de Lima
Jhonata Rafael Gomes de Oliveira
João Paulo Malta da Silva*


Resumo:

Introdução: O corpo humano possui uma barreira imunológica própria adquirida na infância pela amamentação, porém a necessidade de imunidade extra contra fatores externos e múltiplas doenças se faz necessária ao longo da vida. A vacinação tem papel importante em auxiliar as defesas do organismo, sendo indispensável sua utilização durante toda a trajetória humana. Objetivo: esse estudo tem como objetivo, analisar a importância da vacinação e suas contribuições no controle de doenças. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura que tem como caráter quantitativo e descritivo. Resultados e discussões: A vacina tem como sua principal característica a imunização do ser onde a mesma será inoculada, sendo assim, com a exposição ao agente infeccioso o corpo responderá com a imunidade adquirida pela vacina, tornando a qualidade de vida mais eficaz e segura. Conclusão: Esse estudo demonstrará a importância da imunização realizada pela vacinação e como esse feito contribuiu historicamente.

Descritores: Vacina, importância, imunidade.

Abstract:

Introduction: The human body has its own immune barrier acquired in childhood through breastfeeding, but the need for extra immunity against external factors and multiple diseases is necessary throughout life. Vaccination plays an important role in helping the body’s defenses, and its use is essential throughout the human trajectory. Objective: this study aims to analyze the importance of vaccination and its contributions to disease control. Methodology: This is an integrative literature review study that has a quantitative and descriptive character. Results and discussions: The vaccine has as its main characteristic the immunization of the being where it will be inoculated, therefore, with the exposure to the infectious agent the body will respond with the immunity acquired by the vaccine, making the quality of life more effective and safer. Conclusion: This study will demonstrate the importance of immunization performed by vaccination and how this achievement has historically contributed.

Descriptors: Vaccine, importance, immunity.

INTRODUÇÃO

 De acordo com Teixeira e Almeida (2022) A vacina surgiu no final do século XVIII, quando o médico inglês Edward Jenner, a partir da observação do fenômeno de proteção contra a doença, adquirido por ordenhadores de vacas, passou a inocular pessoas ainda sãs com líquido proveniente das pústulas de vacas acometidas pela varíola bovina cowpox. A aplicação do produto, então denominada vacina, causava erupções brandas, semelhantes às da varíola, mas protegia contra a doença humana. Das pústulas surgidas nas pessoas vacinadas era novamente retirado o produto que servia para novas inoculações. Esta prática profilática tinha como inconveniente o fato de seu efeito diminuir com o tempo. Além disso, a reinoculação constante da vacina em seres humanos causava a transmissão de diversas outras doenças como a sífilis e a tuberculose.

Originalmente, a vacinação constituiu-se como a inoculação do vírus animal em um indivíduo seguida da extração e passagens sucessivas por seres humanos (vacinação de “braço a braço”), julgando-se que assim humanizava-se o agente (o vírus vacinal) que, supostamente, sensibilizava o ser humano, tentando impedir que este contraísse a varíola. Após meados do século XIX, iniciou-se um processo de tentativa de substituição da vacina humanizada pelo animal, com inoculação da linfa extraída de bovinos diretamente no corpo humano, como uma das propostas para reverter o processo de inativação da vacina humanizada que se constatou depois de alguns anos de se iniciar a cadeia de vacinação de “braço a braço” (FERNANDES, 2003).

Segundo Person, Puga e Atallah (2019) a vacinação constitui relevante ferramenta na prevenção de doenças, mas a cobertura populacional nem sempre é alcançada, sendo múltiplas as variáveis envolvidas nesse processo. Embora universalmente recomendada, a vacinação é objeto, por vezes, de questionamentos por grupos que a consideram ineficaz, por questões religiosas ou mesmo falta de acesso à informação relativa à sua importância.(

O autor supracitado afirma ainda que a vacinação infantil é uma forma eficaz de prevenir doenças graves. Porém, muitos não recebem todas as vacinas recomendadas, sendo muitas as razões para isso: a acessibilidade aos serviços de saúde, a desinformação quanto à importância da vacinação, a não confiança na vacina ou nos profissionais de saúde e mesmo a resistência de grupos que são contrários às políticas de vacinação. 

A vacinação em massa, iniciada no século XX, consentiu em erradicar ou reduzir drasticamente o ônus de doenças como a varíola e a poliomielite. Esses efeitos positivos das campanhas de vacinação apagaram a memória das consequências trágicas das doenças generalizadas do passado, levando as pessoas a subestimar a gravidade dos danos que as vacinas impedem. 

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão integrativa onde o levantamento foi realizado nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).  Com a síntese de trabalhos para a realização de uma ampla abordagem metodológica referente a revisões, realizadas em maio de 2021, utilizando-se os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (Decs): “vacina”, “doença”, “importância” por meio do formulário próprio da base de dados, com a combinação do booleano AND, conforme figura I.

Figura I – Processo de seleção dos artigos após leitura integral do estudo – Brasil, 2021.

Fonte: elaborado pelos autores 2021

A seleção dos artigos ocorreu tendo como critério um refinamento com medidas de inclusão e por meio da leitura de títulos, dos resumos, das disponibilidades na sua íntegra e gratuito assim como da leitura completa do material estudado. Os critérios divergentes adotados para realização dos estudos foram: teses, monografias, dissertações e textos não científicos; e que estivessem sem acesso gratuito e na íntegra indexado nas bases de dados selecionadas para a construção do estudo científico. 

RESULTADOS 

Baseado nos resultados dos artigos selecionados foram encontradas particularidades específicas entre os artigos referente a importância da vacina no controle de doenças, através desses estudos descritos no quadro I podemos descrever o quanto a vacinação influenciou historicamente e qual a sua importância nos dias atuais.

Quadro 1 – Síntese dos estudos sobre “a importância da vacina no controle de doenças” – Maceió, AL, Brasil, 2021. 

Fonte: elaborado pelos autores em 2021.

DISCUSSÃO

De acordo com Santana e Águila (2020) No combate às doenças infecciosas, a vacinação como instrumento indispensável da saúde pública tem permitido vencer diversas lutas na erradicação e eliminação de doenças como a varíola e a poliomielite, bem como o controle de outras, incluindo sarampo, coqueluche e tétano. Anualmente, a imunização previne cerca de 2,5 milhões de mortes entre crianças menores de cinco anos em todo o mundo, portanto, a eficácia e a segurança das vacinas são inquestionáveis.

A vacinação infantil é uma forma eficaz de prevenir doenças graves. Porém, muitos não recebem todas as vacinas recomendadas, sendo muitas as razões para isso: a acessibilidade aos serviços de saúde, a desinformação quanto à importância da vacinação, a não confiança na vacina ou nos profissionais de saúde e mesmo a resistência de grupos que são contrários às políticas de vacinação (PERSON, PUGA E ATALLAH, 2019).

Sorpreso e Kelly (2018) afirma que as novas tecnologias de vacinas contra doenças transmissíveis e não transmissíveis, como o câncer, têm impactado a saúde pública internacional. A vacina contra o papilomavírus humano (HPV) é utilizada em larga escala em programas de imunização em mais de 58 países, com eficácia e segurança resultantes para lesões precursoras do câncer cervical, além das lesões anogenitais.

A prevenção primária da infecção pelo HPV pode ser feita pelo estímulo ao uso de preservativos e pela vacinação contra o vírus. Estão disponíveis no mercado duas vacinas contra HPV, ambas eficazes e seguras. As vacinas são produzidas a partir de VLPs L1 (do inglês virus-like particles ou partículas semelhantes ao vírus, geradas por expressão recombinante da proteína principal do capsídeo viral L1), não contendo material genético (DNA). Portanto, as vacinas não são infecciosas nem oncogênicas. Sua ação é induzir a formação de anticorpos neutralizantes de alta titulação, específicos para o HPV, sendo capazes de induzir resposta imune adaptativa superior à produzida pela infecção natural. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), a vacina HPV6,11,16,18 encontra-se disponível gratuitamente para as meninas de 9 a 13 anos (MONTEIRO, BALALLAI, ALMEIDA; 2015).

De acordo com Francisco et al (2015) Estudos têm mostrado uma diminuição na prevalência da infecção pelo Vírus da Hepatite B era da vacinação. No Brasil, a maior parte das coberturas sorológicas e vacinais dos inquéritos contra hepatite B apresenta resultados de grupos ou populações específicas de regiões altamente endêmicas. O autor demonstra assim a importância da vacinação e o quanto ela influencia em controles de endemias.

Francisco et al (2015) alerta que a orientação de um profissional de saúde sobre a importância da vacinação contra hepatite B foi um fator independente e fortemente associado à imunização. A indicação da vacina e as informações sobre seus benefícios são estratégicas para uma maior adesão. Estudos sobre fatores associados à vacinação, relacionados a outras doenças imunopreveníveis e faixas etárias, destacam a importância do aconselhamento e orientação das equipes de saúde para melhorar a adesão à vacinação.

Para Sáfadi, Berezin e Oselka (2012) após um estudo sobre vacinas meningocócicas C conjugadas (MCC) observaram que uma das mais importantes lições aprendidas com a introdução das vacinas MCC na Europa foi a possibilidade dessas vacinas não só propiciarem proteção direta contra a doença aos vacinados, mas também reduzir a doença entre indivíduos não vacinados, efeito atribuído à sua capacidade de prevenir a aquisição do estado de portador nasofaríngeo do meningococo C entre os vacinados, fazendo com que a circulação e transmissão da bactéria diminua na população de uma maneira geral, reduzindo, assim, o risco de infecção.

Quanto a poliomielite Schatzmayr (2002) relata que a primeira vacina desenvolvida contra a poliomielite por Jonas Salk, no início da década de 1950, foi capaz de reduzir drasticamente o número de casos clínicos nos países em que foi empregada, não chegou a ser utilizada em ampla escala no Brasil. Na época, os altos custos e as dificuldades operacionais para aplicação em larga escala de produto injetável acabaram adiando o uso da vacina entre nós. No final da mesma década, iria surgir a vacina oral, criada principalmente por Albert Sabin.

O plano de vacinação em massa da população, que envolvia órgãos estaduais e do Ministério da Saúde, sob a coordenação do Serviço Nacional de Educação Sanitária, foi divulgado, ainda em 1962, através da Agência Nacional, no programa radiofônico A voz do Brasil. A previsão das autoridades do Ministério de Saúde, no momento de criação da CNCV, era de que em um prazo de dois meses deveria ser concluído o trabalho de vacinação do programa de erradicação da varíola, em todo o território nacional. Apesar desta afirmativa otimista, a campanha de erradicação e o trabalho de vacinação no Brasil apenas seriam encerrados cerca de dez anos depois (FERNANDES; CHAGAS; SOUZA, 2011).

No parágrafo supracitado onde é abordado a varíola podemos ver os esforços do governo no início da história da vacina, a falta de conhecimento fazia com que a adesão a vacinação fosse dificultada, e que a imunização em massa fosse prejudicada.

CONCLUSÃO 

A vacina tem contribuído historicamente com a manutenção da saúde da raça humana, ao longo dos anos podemos concluir que a mesma vem tornando-se peça principal em guerras travadas contra doenças infecto contagiosas. 

A valorização da vacinação deve ser de imediato, pois são notáveis seus benefícios quanto a imunidade humana, a erradicação pela vacinação de doenças fatais, que geraram momentos pandêmicos poderá refletir na nossa atualidade, onde mais uma vez a vacinação está sendo questionada.

O presente estudo objetivou-se a pesquisar historicamente as doenças em que a vacina contribuiu para seu controle ou até mesmo erradicação, nos mostrando a importância da vacina e como ela contribui para a melhoria da qualidade de vida dos seres humanos. Defender a vacinação é defender a vida.

REFERÊNCIA

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*Enfermeiro Especialista em Unidade de Terapia Intensiva e Urgência Emergência Docente pelo Centro Universitário Mario Pontes de Jucá E-mail: joao_paulo1811@hotmail.com