REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202412182126
Luiz Fernando Mendonça Soares;
Matheus Menini Reis;
Flávia Teixeira;
Vanessa Menezes Ferreira Bachini
RESUMO
A nutrição esportiva é uma área que se dedica ao estudo e aplicação de princípios nutricionais com o intuito de melhorar o desempenho físico dos atletas, além de auxiliar na prevenção e recuperação de lesões. Este trabalho investiga como a nutrição esportiva contribui para prevenir e recuperar lesões, analisando nutrientes que mantêm a integridade tecidual, reduzem o risco e aceleram a cicatrização. Material e métodos: Foi conduzido um levantamento de estudos nas bases de dados da Scielo, Google Acadêmico, Pubmed, Lilacs, publicados entre os anos de 2015 a 2024, capturando 10 artigos que preencheram todos os critérios de inclusão. Resultados: Dos 10 estudos analisados, 8 demonstraram resultados positivos ao utilizar uma dosagem de proteína entre 1,6 e 2,5 g/kg. Quanto ao uso dos suplementos, 8 estudos indicaram efeitos benéficos, enquanto 2 apresentaram resultados inconclusivos. Assim, apenas 8 estudos mostraram melhorias na recuperação de lesões. Conclusões: O resultado da presente pesquisa demonstrou que a nutrição esportiva desempenha um papel fundamental na prevenção e na recuperação de lesões no esporte, além do mais uma dieta balanceada e diversificada rá fornecer os substratos necessários para a realização das atividades físicas.
Palavra-chave: Recuperação muscular. Reabilitação esportiva. Micronutrientes. Catabolismo proteico.
ABSTRACT
Sports nutrition is an area dedicated to the study and application of nutritional principles with the aim of improving the physical performance of athletes, in addition to helping to prevent and recover from injuries. This work investigates how sports nutrition contributes to preventing and recovering from injuries, analyzing nutrients that maintain tissue integrity, reduce risk and accelerate healing. Material and methods: A survey of studies was conducted in the Scielo, Google Scholar, Pubmed, Lilacs databases, published between the years 2015 and 2024, capturing 10 articles that met all inclusion criteria. Results: Of the 10 studies analyzed, 8 demonstrated positive results when using a protein dosage between 1.6 and 2.5 g/kg. Regarding the use of supplements, 8 studies indicated beneficial effects, while 2 presented inconclusive results. Thus, only 8 studies showed improvements in injury recovery. Conclusions: The results of this research demonstrated that sports nutrition plays a fundamental role in preventing and recovering from sports injuries, in addition to a balanced and diversified diet providing the necessary substrates for carrying out physical activities.
Keywords: Muscle recovery. Sports rehabilitation. Micronutrients. Protein catabolism.
INTRODUÇÃO
A recuperação de atletas após lesões é um desafio complexo que demanda uma abordagem multidisciplinar. Entre os vários fatores que influenciam o sucesso da reabilitação, a nutrição tem se destacado como um componente crucial. Uma suplementação adequada não só facilita a recuperação dos tecidos lesionados, como também pode acelerar o retorno às atividades esportivas, minimizar a perda de massa muscular e reduzir o risco de novas lesões. Alguns estudos buscam explorar e delinear as estratégias nutricionais mais eficazes na recuperação de atletas, analisando evidências científicas recentes e práticas atuais. (WAKABAYSHI et al.; 2014).
Lesões são comuns e esperadas na vida de atletas, resultando da alta intensidade e frequência dos treinamentos e competições. Essas lesões variam desde contusões leves até lesões graves que requerem intervenções cirúrgicas e longos períodos de reabilitação. Independentemente da gravidade, as lesões geralmente resultam em uma pausa temporária das atividades normais do atleta, acarretando perdas fisiológicas e psicológicas significativas. Nesse contexto, a nutrição surge como uma intervenção de baixo custo e alto impacto que pode complementar os cuidados médicos tradicionais e melhorar os resultados da recuperação. (ABBIE et al.; 2020)
A nutrição se mostra também fundamental para impedir ou retardar os riscos de serem desenvolvidas lesões e auxiliar no processo de cicatrização de feridas, por meio da recuperação do estado nutricional do indivíduo acometido. Desta forma, busca-se suprir ao metabolismo, as necessidades nutritivas que podem ajudar na cicatrização e regeneração tecidual (MENDES et al., 2017).
A fisiologia da recuperação de lesões envolve um processo complexo de inflamação e regeneração tecidual. Durante a fase aguda da lesão, ocorre uma resposta inflamatória essencial para a cicatrização. Contudo, uma inflamação prolongada ou excessiva pode ser prejudicial e atrasar o processo de cura. A ingestão adequada de nutrientes, como proteínas, carboidratos complexos e ácidos graxos essenciais, é vital para modular essa resposta inflamatória e fornecer o suporte necessário para a regeneração tecidual. As proteínas são fundamentais na síntese de novas fibras musculares, enquanto os carboidratos fornecem a energia necessária para o processo de cura. (DEMLING RH.; 2009)
Apesar dos avanços em relação aos conhecimentos sobre técnicas de treinamento, alimentação e suplementação em diversas modalidades desportivas, ainda há uma elevada incidência de lesões, sendo as mais comuns as musculares, ligamentares, de tendões e as ósseas, influenciando muito o desempenho e rendimento desportivo. A pouco tempo surgiu um novo tipo de lesão no rol dos atletas de elite, devido ao alto nível de competitividade e desempenho exigido, denominada de overuse também conhecida como tendinite, osteoartrite, ou seja, micro lesões repetitivas causadas no mesmo tecido ou estrutura ao longo do tempo, o que muitas pessoas não sabem e nem imaginam é que a nutrição tem um papel importantíssimo na prevenção de lesões, pois, a qualidade da alimentação de um atleta está diretamente ligada à sua performance, já que nosso corpo precisa da alimentação para manter suas funções. (GIRALDO-VALLEJO et al.; 2023)
Além dos macronutrientes, micronutrientes como vitaminas e minerais desempenham papeis cruciais na recuperação. A vitamina C, por exemplo, é essencial para a síntese de colágeno, uma proteína vital na reparação de tecidos. Da mesma forma, a vitamina D é importante não só para a saúde óssea, mas também para a função imunológica, influenciando a resposta inflamatória e a recuperação de lesões. Minerais como zinco e magnésio são igualmente importantes, participando de inúmeras reações bioquímicas envolvidas na cicatrização. (GIRALDO VALLEJO et al; 2023)
A suplementação nutricional tem ganhado destaque como uma estratégia eficaz para otimizar a recuperação de lesões. Suplementos como a creatina e os ácidos graxos ômega-3 têm mostrado benefícios significativos. A creatina ajuda a manter a massa muscular durante períodos de imobilização, enquanto os ômega-3 possuem propriedades anti-inflamatórias que moderam a resposta inflamatória pós-lesão. A sincronia entre a ingestão de nutrientes e as sessões de reabilitação é crítica para maximizar a absorção de nutrientes e a síntese proteica, promovendo uma recuperação mais rápida e eficiente (GIRALDO-VALLEJO et al.; 2023)
Adicionalmente, a nutrição pré-operatória e durante a reabilitação requer atenção especial. Antes de cirurgias, o consumo de carboidratos de liberação lenta e proteínas pode preparar o corpo para o estresse cirúrgico. Durante a reabilitação, uma dieta balanceada em calorias e rica em proteínas é essencial para sustentar a regeneração muscular e evitar a perda de massa magra. Estudos indicam que a ingestão de proteínas deve ser aumentada para até 2-3 gramas por quilograma de peso corporal por dia, distribuídas ao longo do dia, para otimizar a recuperação muscular. (HUSEYIN HUSREV TURNAGOL et al; 2022).
Este estudo busca consolidar e aprofundar o conhecimento sobre a importância da nutrição na recuperação de atletas, oferecendo uma revisão abrangente das melhores práticas e recomendações baseadas em evidências. Ao promover uma compreensão mais profunda sobre a relação entre nutrição e recuperação, espera-se contribuir para a adoção de práticas mais integradas e eficazes, que melhorem os resultados clínicos e promovam o bem-estar geral dos atletas. A integração de estratégias nutricionais no protocolo padrão de reabilitação pode representar uma mudança na forma como a recuperação de lesões é abordada, trazendo benefícios significativos para a saúde e a carreira dos atletas.O presente estudo investiga o impacto da Nutrição Esportiva na prevenção e recuperação de lesões, com foco na relação entre estratégias nutricionais e o desempenho atlético. A pesquisa investiga os nutrientes essenciais para manutenção da integridade tecidual e a redução do risco de lesões, além de avaliar a eficácia das intervenções nutricionais na modulação da resposta inflamatória e na aceleração dos processos de cicatrização e regeneração tecidual.
METODOLOGIA
Revisão Bibliográfica de artigos com o tema de A importância da nutrição na recuperação de atletas. A pesquisa foi feita através de um levantamento de estudos nas bases de dados da Scielo, Google Acadêmico, PubMed, Lilacs, publicados entre os anos de 2015 a 2024, capturando dezartigos que preencheram os seguintes critérios de inclusão: a) abordar os efeitos da nutrição em atletas lesionados, averiguando se teve melhora e como foi feito a introdução desta dieta. b) ser redigido em português, inglês ou espanhol e; c) ser publicado nos últimos 5 anos.
Foram adotados os seguintes critérios de exclusão: a) estudo sem descrição metodológica completa; b) artigos duplicados e; c) artigos publicados fora do período determinado. Com uso das palavras-chaves: Nutrição, lesões em atleta, recuperação de lesões, gramas de proteína para atletas lesionados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 01 – Tabela comparativa dos resultados sobre alimentação e suplementação na prevenção e recuperação de lesões.
Estudo | Amostra | Tipo de lesão | Suplementos usados | Recomendação de proteínas | Resultados encontrados |
Wall et al 2015) | 74 indivíduos ambos os sexos | Atrofia muscular | 2,5 – 3g de leucina, 4g de ômega 3, 20g de creatina monohidratada | 2,5g/kg por dia | O uso de todos estes suplementos e uma dieta hiperproteica, favorecem a síntese muscular durante um período de lesão. |
Eraslan and Ulkar (2015) | 30 indivíduos masculinos | Ligamento Cruzado Anterior (LCA) | 1g Sulfato de glucosamina | Não informado | O uso deste suplemento, não teve efeito de forma tão positiva na reabilitação. |
Tipton (2015) | 136 indivíduos ambos os sexos | Não informada | 10-20g de Aminoácidos essenciais, ômega 3, creatina monohidratada, multivitaminico | 2-2,5g/kg por dia | Uma dieta balanceada e diversificada, principalmente em alimentos integrais irá fornecer os substratos necessários para recuperação da lesão. |
Quintero et al (2018) | 80 indivíduos ambos os sexos | Lesão muscular | 10g de aminoácidos essenciais, 3-5g de coenzima Q10 | 1,6-2,5g/kg por dia | Dieta iperproteica evita a perda de massa, já antioxidantes e probióticos ajudaram na recuperação. |
Juhasz et al (2018) | 18 indivíduos ambos os sexos | Lesão no tendão por uso repetitivo | 20g de creatina monohidratada por 5 dias e depois 5g por 37 dias | Não informado | O uso deste suplemento mostrou-se efetivo na recuperação de lesão no tendão |
Papadopoulou et al (2020) | 77 indivíduos ambos os sexos | Cirurgia e lesão não especificadas | 10-20g de aminoácidos essenciais, ômega 3, creatina monohidratada, Vit D e K | 2g/kg por dia | A ingestão adequada de macronutrientes, principalmente proteínas favoreceu o anabolismo. |
Smith-Ryan et al (2020) | 106 indivíduos ambos os sexos | Lesão não especificada tratada com cirurgia | 20g de creatina monohidratada por 5 dias, depois 3-5g por dia, aminoácidos essenciais, | 1,6g/kg por dia | Maior ingestão de proteínas no dia, minimiza a perda de massa muscular e de força durante o período de imobilização. |
Khatri et al (2021) | 48 indivíduos ambos os sexos | Lesão não especificada | 5-15g de colágeno pelo menos 1 hora antes do exercício por mais de 3 meses | Não informado | O uso de colágeno apresenta uma melhora da dor e funcionalidade das articulações, porém 15g/dia pode ser mais eficaz. |
Sánchez- Gómez et al (2022) | 8 indivíduos ambos os sexos | Tendinopatia patelar | 3g de HMB (Bhidroxy, Bmetilbutirato) por 60 dias após os exercícios | Não informado | A suplementação pode melhorar a força muscular em atletas com tendinopatia patelar. |
Burton et al (2022) | 155 indivíduos ambos os sexos | Lesão no tendão | Colágeno, aminoácidos, Vit C, HMB, ômega 3, antioxidante e creatina | Não informado | Esta suplementação pode ter efeito no alívio da dor, antioxidante e creatina |
No estudo de Wall e colaboradores (2015), com 74 indivíduos de ambos os sexos, a recomendação de ingestão de 2,5 g/kg de proteína por dia favoreceu a síntese proteica em atletas com atrofia muscular, particularmente durante o período de recuperação de lesões. Em um estudo semelhante realizado por Quintero e colaboradores (2018), com 80 indivíduos de ambos os sexos que também sofreram lesões musculares, o uso de uma dieta hiperproteica variando de 1,6 a 2,5 g/kg de proteína por dia ajudou a manter a massa magra. Corroborando com esse achado Papadopoulos e colaboradores (2020), em sua pesquisa que envolveu 77 indivíduos de ambos os sexos com lesões tratadas cirurgicamente, utilizou 2 g/kg de proteína por dia e encontrou resultados favoráveis, indicando que a ingestão adequada de macronutrientes é crucial para apoiar o anabolismo muscular em atletas durante a recuperação de lesões. Já o estudo de Tipton (2015), com 136 indivíduos de ambos os sexos, também usou uma ingestão proteica de 2,5 g/kg por dia. No entanto, os resultados não foram claros quanto à eficácia da dose aplicada, além de a lesão não ser especificada, o que limita a comparação direta com os outros estudos.
Outro estudo relevante é o de Smith-Ryan e colaboradores (2020), que investigou 106 indivíduos de ambos os sexos com lesões tratadas cirurgicamente. Eles observaram que uma ingestão diária de 1,6 g/kg de proteína foi eficaz para minimizar a perda de massa muscular e força durante o período de imobilização, sugerindo que a proteína pode ajudar a mitigar os efeitos adversos da imobilização no corpo. Os resultados sugerem que dietas hiperproteicas, especialmente aquelas com doses entre 1,6 e 2,5 g/kg de proteína por dia, são importantes para a manutenção da massa muscular, a minimização da perda de força e a aceleração do processo de recuperação de lesões em atletas. A ingestão adequada de proteína pode ser considerada uma estratégia essencial para prevenir e reverter os efeitos da atrofia muscular durante os períodos de recuperação e imobilização.
No que se refere ao uso de suplementos principalmente a creatina, para auxiliar na recuperação após lesões, a pesquisa deWall e colaboradores (2015), realizada com 74 indivíduos de ambos os sexos, com a administração de leucina (2,5-3g), ômega-3 (4g) e creatina monohidratada (20g), demonstrou benefícios significativos na síntese proteica e na regeneração muscular. Um achado consistente com a literatura que associa esses suplementos ao estímulo da recuperação tecidual após lesões. Dados semelhantes foram encontrados na pesquisa deJuhasz e colaboradores(2018), que também utilizaram creatina monohidratada (20g por 5 dias, seguida de 5g por 37 dias) em indivíduos com lesões tendinosas de origem repetitiva, revelou resultados promissores. Já em um outro estudo de Smith-Ryan e colaboradores (2020), com 106 indivíduos submetidos a intervenções cirúrgicas para lesões não especificadas, a suplementação com creatina (20g por 5 dias, depois 3-5g por dia) e aminoácidos essenciais demonstrou ser eficaz na preservação da massa muscular e na manutenção da força durante o período de imobilização. Esse dado é fundamental, pois sugere que uma alimentação adequada, com ênfase na ingestão de proteínas e pode atenuar os efeitos da imobilização prolongada, minimizando a perda funcional e muscular além disso a creatina por ser tradicionalmente associada ao aumento de massa muscular com doses de 20 g por 5 dias e depois e 3-5g ao dia de maneira crônica, demonstrou igualmente eficácia na recuperação de lesões tendinosas, o que corrobora a ideia de que a regeneração tecidual pode ser estimulada por mecanismos semelhantes aos envolvidos no crescimento muscular. Já O ômega-3, em particular, destaca-se por suas propriedades antiinflamatórias, o que pode contribuir substancialmente para a minimização de processos inflamatórios locais.
No estudo de Eraslan e Ulkar (2015), com 30 indivíduos que apresentavam lesão no ligamento cruzado anterior (LCA), a suplementação com sulfato de glucosamina (1g) não produziu efeitos satisfatórios na reabilitação, o que sugere que as doses administradas podem ser insuficientes para promover melhorias clínicas significativas. Esse dado reforça a necessidade de novos ensaios clínicos que investigam a eficácia de doses mais elevadas desse suplemento, muito utilizado no manejo das condições articulares visando apoiar a manutenção e a regeneração da cartilagem nas articulações, além de aliviar a dor e melhorar a função articular.
Em consonância com o conceito de otimização da recuperação, Quintero e colaboradores (2018) em seu estudo com 80 indivíduos de ambos os sexos, constataram que a suplementação com aminoácidos essenciais (10g) e coenzima Q10 (3-5g) foi eficiente para indivíduos com lesões musculares, especialmente por suas propriedades antioxidantes, que ajudam a reduzir o estresse oxidativo e promovem a recuperação celular. A coenzima Q10, em particular, surge como um potente modulador do metabolismo energético celular, exercendo um papel essencial como anti-inflamatório. Ao ser suplementada, a coenzima Q10 pode favorecer a aceleração da regeneração muscular após lesões, ao mesmo tempo em que atenua a fadiga e a dor associadas ao dano muscular. Além disso, sua ingestão contribui para a melhoria da função muscular de maneira geral, proporcionando uma recuperação mais eficiente e reduzindo o tempo de inatividade necessário para a recuperação completa dos tecidos, tornando-se uma aliada importante em terapias de reabilitação muscular.
Corroborando com esse estudo Papadopoulou e colaboradores (2020) abordaram uma abordagem integrada no tratamento de lesões não especificadas, em um grupo composto por 77 pessoas de ambos os sexos e utilizando uma combinação de aminoácidos essenciais (10-20g), ômega-3, creatina, e vitaminas D e K. apresentaram resultados com efeito benéfico no anabolismo muscular e na recuperação pós-cirúrgica, evidenciando que a suplementação multifacetada pode acelerar o processo de reabilitação, especialmente quando combinada com intervenções cirúrgicas.
Os estudos recentes demonstram de maneira convincente como a combinação de colágeno e HMB, com o apoio de outros compostos bioativos, pode oferecer uma abordagem multifacetada e eficaz para a recuperação de lesões musculoesqueléticas, especialmente em tendões e músculos. A pesquisa de Khatri e colaboradores (2021), com 48 indivíduos de ambos os sexos, por exemplo, revelou que a suplementação com colágeno (em doses de 5-15g/dia) promoveu melhorias significativas na dor e funcionalidade das articulações, com doses superiores a 15g/dia mostrando os melhores resultados. O colágeno, essencial para a regeneração dos tecidos conectivos, mostrou ser particularmente eficaz na recuperação de lesões tendinosas, sustentando sua aplicabilidade em tratamentos de disfunções musculoesqueléticas. Em paralelo, o estudo de Sánchez-Gómez e colaboradores (2022) demonstrou os benefícios do HMB (β-hidroxi β-metilbutirato), uma substância com forte ação anti-catabólica, no fortalecimento muscular e preservação da integridade dos tendões em sua pesquisa com 8 indivíduos de ambos os sexos acometidos por Tendinopatia patelar. Com uma dosagem de 3g por dia durante 60 dias, observou-se uma melhora na força muscular de indivíduos com tendinopatia patelar, sugerindo que o HMB pode ser um suplemento promissor na reabilitação de lesões tendinosas, ao reduzir a degradação muscular e favorecer a regeneração. Por fim, o estudo de Burton e colaboradores (2022) ampliou os benefícios dessa abordagem ao investigar a combinação de colágeno, HMB, aminoácidos essenciais, vitamina C, ômega-3 e creatina em 155 indivíduos com lesões tendinosas. Os resultados mostraram que essa suplementação combinada teve um efeito positivo no alívio da dor e na reabilitação progressiva, confirmando que a utilização de vários compostos bioativos pode proporcionar efeitos sinérgicos na recuperação e regeneração dos tecidos musculares e tendinosos.
Em conjunto, os estudos apresentados destacam a relevância de uma abordagem integrativa e estratégica na recuperação de lesões musculoesqueléticas. A suplementação com colágeno acelera a reparação dos tecidos conectivos, enquanto o HMB protege contra a degradação muscular e favorece a regeneração das fibras musculares. Além disso, a combinação de aminoácidos essenciais, vitamina C, ômega-3 e outros nutrientes potencializam esses efeitos, promovendo uma recuperação mais rápida, eficiente e menos dolorosa. Em suma, a utilização de suplementos como creatina, colágeno, HMB e antioxidantes não apenas acelera a regeneração dos tecidos afetados, mas também diminui a inflamação e contribui para a preservação da função muscular, evidenciando a importância de um tratamento individualizado que atenda às necessidades específicas de cada paciente.
CONCLUSÃO
A melhora da performance atlética é frequentemente comprometida por lesões, que resultam em afastamento, imobilização, diminuição do preparo físico e alterações na rotina de treinos, além de um processo catabólico que leva à perda de massa muscular. Nesse contexto, é essencial adotar diversas estratégias nutricionais, que podem ser utilizadas em conjunto, para favorecer a recuperação e reabilitação, além de contribuir para a prevenção de lesões musculoesqueléticas. Esse cuidado deve ser parte de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo médicos, treinadores, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos.
Devido às limitações dessa população específica, a realização de ensaios clínicos é restrita, o que dificulta a formação de consensos sobre as melhores práticas nutricionais. No entanto, algumas suplementações têm demonstrado resultados promissores na prevenção e recuperação de lesões em atletas. Entre elas, destacam-se a vitamina D, o colágeno (especialmente em combinação com vitamina C), uma ingestão elevada de proteínas, o ômega-3 e a creatina. É importante ressaltar que a orientação sobre suplementação deve ser realizada por profissionais qualificados, pois nem sempre essas intervenções são necessárias ou benéficas
É imperativo promover a realização de ensaios clínicos e investigações científicas que abordam diversas metodologias relacionadas ao tema, considerando a vasta gama de estratégias suplementares disponíveis, muitas das quais não foram abordadas neste estudo. Além disso, o avanço das pesquisas deve focar no estabelecimento de doses ideais e níveis séricos ótimos de substâncias específicas, o que poderia contribuir significativamente para a prevenção e recuperação de atletas.
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