A IMPORTÂNCIA DA RADIOGRAFIA DE TÓRAX COMO EXAME COMPLEMENTAR DA PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE (PAC) 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10092106


Júlia de Ávila Gutierrez1; Jecyane Muniz Cabral Silva2; Lucas Souza Cabral Silva3; Larissa Veiga Pereira4; Letícia Amantino Maciel5; Kauan Gabriel Backes Greggio6; Chimene Kuhn Nobre7


INTRODUÇÃO

A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é definida como uma infecção do trato respiratório inferior por um ou mais patógenos, a qual é adquirida fora do contexto hospitalar. A morbimortalidade envolvida nesse processo infeccioso gera elevados gastos ao sistema público de saúde, sendo que, no Brasil, cerca de 10 a 13% das internações hospitalares são decorrentes desse problema, o que equivale a aproximadamente 1 milhão de internações por ano (VELASCO, 2019). 

Nesse contexto, o diagnóstico precoce da pneumonia é crucial para garantir o tratamento curativo e aumentar as taxas de sobrevivência. Assim, a radiografia de tórax é indicada para todos os pacientes e é o método mais utilizado para o diagnóstico complementar de pneumonia. Por meio desse exame de imagem é possível determinar sua localização e extensão, excluir outras causas torácicas de sintomas respiratórios e mostrar complicações como derrame, empiema e alterações pulmonares supurativas (ESLAMY & NEWMAN, 2011). Diante disso, o presente estudo tem como objetivo elucidar a relevância da associação do exame clínico com a radiografia do tórax no diagnóstico eficaz da PAC. 

OBJETIVOS 

Objetivo Geral 

Demonstrar a eficiência do exame clínico associado à radiografia do tórax para o diagnóstico da PAC. 

Objetivo Específico 

  • Compreender a fisiopatologia da pneumonia e suas manifestações clínicas; 
  • Apontar os benefícios do exame de radiografia de tórax no diagnóstico de doenças pulmonares; 
  • Apresentar os principais aspectos radiológicos no diagnóstico de pneumonia. 

METODOLOGIA 

Para a elaboração desse estudo, foram utilizados livros de referência e artigos datados entre 2010 até 2023, que possuíam como foco a temática acerca da radiografia do tórax no diagnóstico de pneumonia. Quanto aos dados obtidos, sua base foi de literatura técnica e científica consultados nas plataformas virtuais Google Acadêmico, Public Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (PubMed) e Scientific Eletronic Library Online (Scielo). Foram descartados os estudos que não condizem com a temática proposta, incompletos e aqueles que não apresentavam informações relevantes. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é uma das principais causas de morte por doenças infecciosas em todo o mundo. Ela é responsável por custos elevados nos serviços públicos e privados de saúde, tanto na emergência quanto na internação hospitalar. No Brasil, de acordo com informações do Sistema Único de Saúde (SUS), a pneumonia foi a segunda causa de hospitalização em 2017, sendo responsável por aproximadamente 14% de todas as internações (BAHLIS, 2018). 

A microaspiração de agentes patogênicos do trato respiratório é uma ocorrência comum, uma vez que as vias aéreas são frequentemente expostas ao ambiente externo. Por isso, esses locais apresentam mecanismos de defesa para tentar combater tais agentes invasores. Entretanto, quando esses mecanismos estão deficientes ou os microrganismos invasores são altamente virulentos, é possível adquirir a pneumonia, a qual pode ser causada por diferentes agentes infecciosos, como bactérias, vírus e fungos. Quando o patógeno penetra no alvéolo, sua membrana se torna inflamada e permeável, de modo que há extravasamento de plasma e células para o seu interior, levando à consolidação que poderá acometer um segmento, lobo ou completamente o pulmão (CARDOSO, 2021). 

O paciente com pneumonia apresenta tosse seca que pode progredir para produtiva com expectoração, dor torácica, dispneia e febre. Ao exame físico, é possível observar frêmito toracovocal aumentado, macicez à percussão e som bronquial em alguns casos. Entretanto, devido à baixa especificidade e sensibilidade dos sinais e sintomas, a PAC não deve ser baseada unicamente em achados clínicos. Dessa forma, é necessário fazer a complementação com um exame radiográfico de tórax a fim de assegurar um diagnóstico mais preciso (idem ibidem). 

Apesar do contínuo desenvolvimento e da maior complexidade da tomografia computadorizada (TC) e da ressonância magnética (RM), a radiografia de tórax (RT) ainda é a investigação radiológica solicitada com mais frequência nos hospitais devido a sua simplicidade, baixo custo e alto grau de precisão (LACEY et al, 2010). 

Esse exame tem elevada importância na investigação inicial de doenças pulmonares, uma vez que fornece informações valiosas sobre a presença, localização e extensão da infecção. Além disso, outra vantagem associada é a ausência de contraindicações e a ínfima quantidade de radiação a que o paciente está exposto se comparado à tomografia computadorizada, a qual é frequentemente usada quando a radiografia de tórax não é conclusiva ou quando há suspeita de complicações (idem ibidem). 

A partir da radiografia de tórax, é possível identificar a presença de consolidação pulmonar, ou seja, áreas opacas que representam a inflamação e o acúmulo de líquido nos alvéolos pulmonares, permitindo a identificação precoce da doença e o início do tratamento adequado. Além disso, avalia-se também a localização e o tamanho das áreas opacas, determinando a extensão da pneumonia, isto é, a radiografia contribui para identificar uma PAC de maior gravidade, a qual é manifestada por meio da extensão multilobar, comprometimento bilateral, presença de cavidades ou derrames pleurais associados. Por outro lado, a partir desse exame pode-se avaliar a evolução da doença, bem como a resposta do paciente frente ao tratamento, uma vez que, caso haja melhora, as áreas de opacidades ficaram diminuídas nas imagens (BOMFIM, 2023). 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Diante das limitações deste estudo e resultados obtidos, é possível concluir que apesar dos esforços dos mecanismos de defesa presentes no organismo humano para deter patógenos, a PAC é extremamente letal principalmente por sua virulência. A radiografia se apresenta no ambiente hospitalar como um exame complementar com raras contraindicações e excelente custo-benefício, sendo possível identificar a extensão da consolidação pulmonar, avaliar a gravidade do quadro do paciente e dessa forma, nortear a melhor conduta terapêutica. Assim, é de suma importância que o profissional de saúde tenha pleno conhecimento clínico da doença, bem como, reconhecer com precisão os achados radiográficos. 

REFERÊNCIAS 

BAHLIS, L. F. et al. Perfil clínico, epidemiológico e etiológico de pacientes internados com pneumonia adquirida na comunidade em um hospital público do interior do Brasil. J Bras Pneumol. v. 44, n. 4. p. 261-266. 2018. 

BOMFIM, V. V. et al. Aspectos Radiológicos No Diagnóstico De Pneumonia. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. V. 9, n. 5, p. 2523– 2532, 2023. 

CARDOSO, A. et al. Diagnóstico e Tratamento em Pneumologia. Sociedade de Pneumologia e Fisiologia do Estado do Rio de Janeiro. Manole; 2021. 

ESLAMY HK, NEWMAN B. Pneumonia em crianças normais e imunocomprometidas: uma visão geral e atualização. Radiol Clin Norte Am. Setembro de 2011; 49 (5): 895-920. 

LACEY G, MORLEY, BERMAN L. Radiografia Do Tórax – Um Guia Prático. Elsevier Editora Ltda; 2010. 

VELASCO, Irineu Tadeu et al. Medicina de emergência: abordagem prática. Barueri, SP: Manole, 2019. 


1 Acadêmico do curso de Medicina do Centro Universitário FIMCA. E-mail: julia_de_avila@hotmail.com.

2 Acadêmico do curso de Medicina do Centro Universitário FIMCA. E-mail: jecyanemuniz20@gmail.com.

3 Acadêmico do curso de Medicina do Centro Universitário FIMCA. E-mail: lucas.souzacsilva@outlook.com.

4 Acadêmico do curso de Medicina do Centro Universitário FIMCA. E-mail: larissaveiga024@outlook.com.

5 Acadêmico do curso de Medicina do Centro Universitário FIMCA. E-mail: leticiaamantinomaciel@gmail.com

6 Acadêmico do curso de Medicina do Centro Universitário FIMCA. E-mail: kauangabriel.fimca@gmail.com

7 Docente do curso de Medicina do Centro Universitário FIMCA. E-mail: prof.chimene@fimca.com.br