A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10119609


Alessandra Lobato Brasil
Rebeca Da Silva Costa
Leonardo Silva Do Nascimento


RESUMO

A pesquisa aqui desenvolvida descreve a importância da prática de exercício físico na prevenção e tratamento da depressão. Com isso temos o seguinte problema: Como a Educação Física pode contribuir para a prevenção e para o tratamento da depressão? E para responder este questionamento temos o objetivo geral que é, investigar o papel da Educação Física na prevenção e tratamento da depressão, identificando as estratégias, abordagens e benefícios da prática de exercício físico como uma intervenção não farmacológica para indivíduos com depressão. E os objetivos específicos se trata de compreender a relevância das atividades físicas para a saúde mental, identificar as estratégias e abordagens utilizadas pela Educação Física na prevenção e tratamento da depressão. O desenvolvimento desta pesquisa foi realizado por meio, dos critérios metodológicos com caráter de inclusão dos artigos selecionamos produções escritas sobre o assunto entre os anos 2012 e 2022. As bases de dados: Scielo, Google acadêmicos e livros. Este projeto ainda está em fase de coleta de dados, tendo como objetivo ser finalizado no final do primeiro semestre de 2023. Diante dos argumentos, os resultados encontrados demonstraram que a atividade física é capaz de contribuir para o desenvolvimento da autoestima, melhora saúde física, mental do bem-estar, o que ocasiona em prevenção e tratamento de depressão, integração e socialização, trazendo uma vida mais feliz e ativa. 

Palavras chaves: Atividade física, Depressão, Prevenção, Tratamento. 

ABSTRACT

The research presented here outlines the significance of engaging in physical exercise for the prevention and treatment of depression. The central issue addressed is: How can Physical Education contribute to both preventing and treating depression? To answer this query, the overarching objective is to investigate the role of Physical Education in depression prevention and treatment, discerning the strategies, approaches, and benefits of physical exercise as a non-pharmacological intervention for individuals dealing with depression. The specific objectives involve comprehending the relevance of physical activities for mental health, identifying the strategies and approaches employed by Physical Education in preventing and treating depression. The research methodology adhered to specific criteria, encompassing the inclusion of articles published on the subject between 2012 and 2022. The utilized databases were Scielo, Google Scholar, and books. This project is currently in the data collection phase, with the goal of concluding by the end of the first semester of 2023. Based on the arguments, the findings reveal that physical activity is capable of enhancing self-esteem, improving physical and mental well-being, thereby contributing to the prevention and treatment of depression, as well as fostering integration and socialization, ultimately leading to a happier and more active life.

Keywords: Physical activity, Depression, Prevention, Treatment.

1 INTRODUÇÃO

A abordagem do termo relacionado à depressão transcende a mera descrição de um estado afetivo, estendendo-se para sintomas, síndromes e uma diversidade de manifestações clínicas que desafiam a compreensão holística da condição (MENDES et al., 2020). No cenário brasileiro, destaca-se como preocupante a constatação, a partir dos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de que o país figura como o segundo maior em incidência de casos de depressão na América (MENDES et al., 2020; OMS, 2020). O entendimento da Saúde Mental, nesse contexto, não pode prescindir da análise dos atributos individuais, como a habilidade de gerir pensamentos, emoções e comportamentos, entrelaçados com os complexos fatores sociais, culturais, econômicos, políticos e ambientais.

Em uma escala global, a OMS estima que cerca de 300 milhões de indivíduos, representando 4,4% da população mundial, enfrentam o desafio da depressão (OMS, 2017). Essa condição, além de figurar como um dos distúrbios mentais mais prevalentes, emerge como uma das principais causas de problemas de saúde na contemporaneidade, manifestando-se como um desafio crescente. A complexidade do quadro é exacerbada pela propensão ao desenvolvimento de comorbidades associadas, intensificando de forma significativa o impacto adverso na qualidade de vida dos indivíduos afetados, permeando não apenas as esferas sociais, mas também influenciando atividades cotidianas e aumentando os índices de hospitalização e mortalidade (ROCHA et al., 2019).

Apesar da diversidade de aproximadamente 22 fármacos distribuídos em diferentes categorias disponíveis para o tratamento da depressão, dados revelam que apenas cerca de 35% dos pacientes respondem satisfatoriamente a essas intervenções farmacológicas (BLUMENTHAL et al., 1999; MENDES et al., 2020). Essa realidade ressalta a necessidade premente de incorporação de mecanismos complementares ao tratamento farmacológico, uma vez que se observa que a remissão não é assegurada apenas por essa via (TRANTER et al., 2002; MENDES et al., 2020).

Diante desse panorama, a pesquisa por estratégias e terapias que visem atenuar os sintomas depressivos assume papel fundamental. Nesse contexto, a utilização de terapias não farmacológicas, destacando-se o exercício físico, emerge como uma alternativa promissora. Vale ressaltar que essa abordagem é bem tolerada por indivíduos com transtorno depressivo e apresenta índices de adesão positivos. Contudo, é imperativo que a prescrição e supervisão dessas práticas sejam conduzidas por profissionais de saúde devidamente capacitados em prescrição de exercícios (ROCHA et al., 2019).

Assim, a crescente necessidade de integrar tratamentos adjuvantes, como a psicoterapia e a prática de exercício físico, ao arsenal terapêutico, reflete a evolução do entendimento contemporâneo da depressão. Essas abordagens não apenas prometem benefícios a curto e médio prazo, mas também contribuem para a melhoria do condicionamento físico, coordenação, equilíbrio e, crucialmente, para a redução da intensidade de pensamentos negativos, a diminuição da incidência de doenças correlatas e o aprimoramento geral do estado de humor (FOUNTOULAKIS et al., 2003; MENDES et al., 2020; ROSA et al., 2023).

Alinhada às diretrizes da OMS, que preconiza a realização de exercícios de fortalecimento muscular pelo menos 2 dias por semana (OMS, 2017), surge a necessidade premente de uma análise mais aprofundada sobre a efetividade do exercício físico no tratamento da perturbação depressiva. Este estudo visa não apenas fundamentar cientificamente essa abordagem, mas também fomentar e respaldar a implementação das melhores práticas no manejo de uma condição de saúde pública de magnitude significativa.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Investigar os benefícios da prática de exercício físico como uma intervenção não farmacológica para indivíduos com depressão.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • A busca da compreensão da relevância dos benefícios das atividades físicas para a saúde mental.
  • Identificar as estratégias e abordagens utilizadas na prevenção e tratamento da depressão.

3. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Diante da perspectiva que a depressão atinge o mundo todo e pode ser chamada de a doença do século, a pergunta de pesquisa que delimita esse trabalho é: Como o exercício físico pode contribuir para a prevenção e para o tratamento da depressão?

4. JUSTIFICATIVA

4.1. PESSOAL

A motivação pessoal para abordar a temática da depressão e sua relação com o exercício físico reside na observação constante de pessoas próximas e entes queridos enfrentando esse desafio emocional. A presença onipresente da depressão em nosso convívio reforça a necessidade premente de disseminar abordagens preventivas naturais e eficazes, sem recorrer a medicamentos controlados com potenciais efeitos colaterais. A intenção é fomentar alternativas que promovam a saúde mental de maneira holística, garantindo que o corpo não apenas suporte, mas floresça diante das adversidades emocionais. Ao enfocar estratégias baseadas no exercício físico, busca-se não apenas mitigar os sintomas da depressão, mas também proporcionar uma abordagem proativa para fortalecer a resiliência emocional e o equilíbrio mental.

4.2. CIENTÍFICA

A seleção deste tema encontra respaldo em uma sólida fundamentação científica, ancorada em extensa literatura que atesta a eficácia da prática regular de exercício físico na prevenção e tratamento da depressão. Estudos recentes, como os conduzidos por Craft e Perna (2004), evidenciam que o exercício físico regular promove alterações neurobiológicas positivas, incluindo a liberação de endorfinas, neurotransmissores que desempenham um papel crucial na regulação do humor e na redução da percepção da dor.

A neurogênese, processo de formação de novas células cerebrais, emerge como outro mecanismo subjacente aos benefícios do exercício para a saúde mental. Trabalhos como o de van Praag et al., (1999) demonstram que a atividade física regular estimula a produção de novos neurônios no hipocampo, uma região cerebral associada ao processamento emocional e à memória, contribuindo assim para a plasticidade cerebral e a resiliência emocional.

Além disso, revisões sistemáticas, como a realizada por Mammen e Faulkner (2013), consolidam a crescente evidência de que a atividade física não apenas tem um impacto positivo na prevenção da depressão, mas também é uma intervenção eficaz como parte do tratamento coadjuvante. Esses estudos destacam a importância de considerar o exercício físico não apenas como uma estratégia preventiva, mas como uma abordagem terapêutica complementar em casos estabelecidos de depressão.

4.3. SOCIAL

A depressão, enquanto condição de saúde mental debilitante, transcende as fronteiras individuais e assume proporções epidêmicas, afetando milhões de pessoas globalmente. Reconhecendo seu impacto negativo profundo na qualidade de vida, no funcionamento social e no bem-estar emocional, nossa justificativa social recai na responsabilidade ética de abordar uma problemática que permeia as estruturas sociais. Buscar alternativas terapêuticas, como a incorporação do exercício físico, não apenas visa atenuar os desafios individuais, mas também contribuir para a construção de comunidades mais resilientes e conscientes da importância da saúde mental. Ao destacar a dimensão social da depressão, aspiramos a catalisar uma mudança cultural que promova a compreensão, a empatia e a adoção de práticas preventivas em larga escala, visando o bem-estar coletivo.

5. REFERENCIAL TEÓRICO 

5.1. A RELEVÂNCIA DAS ATIVIDADES FÍSICAS PARA A SAÚDE MENTAL SOBRETUDO PARA DEPRESSÃO 

Os problemas de saúde mental são um desafio significativo para a saúde pública, tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento (LOPES, 2020). No Brasil, estimativas recentes indicam que os transtornos depressivos e de ansiedade são a quinta e sexta principais causas de anos de vida vividos com incapacidade, respectivamente e por esse motivo ter mecanismos que atuam na prevenção e tratamento de saúde mental é de suma importância (GBD 2016 BRAZIL COLLABORATORS, 2018; OMS, 2017).

Nesse sentido um mecanismo de suma importância se trata da prática regular de atividade física, já que ela está associada a uma série de benefícios fisiológicos e psicológicos, resultando em menor incidência de doenças mentais em indivíduos fisicamente aptos e/ou treinados. O estilo de vida ativo está relacionado à menor mortalidade e melhor qualidade de vida, demonstrando uma significativa associação entre atividade física e saúde. Apesar dos potenciais riscos decorrentes da prática de exercícios físicos, estes são amplamente superados pelos malefícios do sedentarismo, evidenciando uma interessante relação risco/benefício (LOBO, 2012). 

A prática regular de atividades físicas tem sido associada a uma série de benefícios para a saúde mental, incluindo a redução do risco de desenvolvimento de transtornos psiquiátricos, como a depressão (MAMMEN & FAULKNER, 2013).  Considerando a alta prevalência de doenças crônico-degenerativas e o significativo risco relativo do sedentarismo, o aumento da atividade física na população pode contribuir de forma decisiva para a saúde pública, impactando na redução dos custos com tratamentos, incluindo hospitalizações, e trazendo consideráveis benefícios sociais (WANNMACHER, 2016).

A saúde mental e o bem-estar de um indivíduo estão positivamente relacionados com sua condição física (TEIXEIRA et al., 2016). Embora casos mais graves de depressão possam exigir tratamento profissional, como prescrição de medicamentos ou psicoterapia, a atividade física tem demonstrado efeitos emocionais benéficos em pessoas de todas as idades e sexos. Indivíduos com bom estado físico que necessitam de medicamentos psicotrópicos podem praticar atividade física sob supervisão médica com segurança.

Estudos têm demonstrado que a atividade física regular pode melhorar o humor, a autoestima e a qualidade do sono, além de reduzir a ansiedade e o estresse. A atividade física também tem sido associada a melhorias na cognição e na função cerebral, com efeitos positivos na plasticidade cerebral e na neogênese e por isso a prática de atividade física tem recebido um amplo reconhecimento científico como uma estratégia de prevenção de doenças físicas e mentais como a depressão e está cada vez mais abrangentes estudos referentes à promoção da saúde que ela gera (MAMMEN & FAULKNER, 2013).

A conscientização sobre os benefícios das atividades físicas também tem aumentado na população em geral. E na classe médica que tem indicado cada vez mais atividade física como parte do tratamento não farmacológico da depressão e os médicos têm relatado que os sintomas, a frequência, bem como a duração da depressão, tem sido menos em pessoas que praticam atividade física regularmente em comparação aos que não praticam (WANNMACHER, 2016).

Quando se cita a depressão é importante a compreensão que ela é uma das principais doenças mentais.  A depressão é um transtorno do humor que se caracteriza por um sentimento persistente de tristeza e perda de interesse, sendo diferente das flutuações de humor que as pessoas experimentam ocasionalmente. Eventos significativos da vida, como o luto ou a perda de emprego, podem desencadear a depressão. Atualmente, é considerada uma questão de saúde pública, afetando pessoas de todas as idades e causando sentimentos de tristeza e isolamento em relação à sociedade. Em casos graves, pode levar à tragédia do suicídio (LOBO, 2012)

Os distúrbios depressivos caracterizam-se por tristeza persistente, falta de interesse e reduzida energia, que afetam o funcionamento cotidiano. Tais manifestações ocorrem em depressão maior, destemia e tipos não especificados de depressão, distúrbios que se distinguem em termos de intensidade, duração e modo de apresentação. A depressão maior de leve a moderada caracteriza-se por episódios de sintomas depressivos e alguma incapacidade funcional. A considerada grave acompanha-se de agitação e retardo psicomotor, além de marcados sintomas somáticos (WANNMACHER, 2016, p. 1).  

De acordo com Teixeira et al. (2016), a atividade física deve ser considerada como uma opção não farmacológica para o cuidado do transtorno depressivo. Além disso, é importante destacar que a atividade física oferece a vantagem de não produzir efeitos colaterais indesejáveis para a saúde.

Dentre as razões pelas quais o exercício pode ser benéfico para melhorar a depressão, acredita-se que, por um lado, ele possa atuar como uma distração dos pensamentos negativos, e, por outro lado, é possível que o domínio de novas habilidades seja importante. Além disso, o contato social pode fazer parte desse mecanismo. A atividade física também pode ter efeitos fisiológicos, como alterações nos níveis de endorfina e monoamina, ou a redução do cortisol, o hormônio do estresse, o que pode resultar em uma melhora no humor dos pacientes. Estudos recentes sugerem ainda que o exercício estimula o crescimento de novas células nervosas e libera proteínas, como o fator neurotrófico derivado do cérebro, para melhorar a sobrevivência das células nervosas (TEIXEIRA et al., 2016). 

5.2. ESTRATÉGIAS E ABORDAGENS UTILIZADAS PELA EDUCAÇÃO FÍSICA NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA DEPRESSÃO 

A prática regular de atividade física, como exercícios aeróbicos, treinamento de força, ioga, entre outros, pode ser uma estratégia eficaz na prevenção e tratamento da depressão. O exercício físico tem o potencial de melhorar o humor, reduzir a ansiedade e o estresse, promover a sensação de bem-estar e aumentar a autoestima, além de melhorar a qualidade do sono, que é muitas vezes afetada pela depressão (COSTA, SOARES & TEIXEIRA, 2007) 

Diferentes atividades físicas realizadas pela força muscular promovem modificações anatômicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas e sua eficiência resulta da sua duração, distância e repetições, da carga e da velocidade, além da frequência da realização dessa carga (MONTEIRO & EVANGELISTA, 2014). 

Uma abordagem que vem sendo bastante utilizada no tratamento e prevenção de depressão que está ligada à força muscular se trata do treinamento funcional. O treinamento funcional, está totalmente ligado a saúde e bem-estar, desde a sua origem, já que o mesmo surgiu com os profissionais da área da fisioterapia que utilizavam exercícios que imitavam as práticas dos pacientes em casa ou no trabalho durante a terapia, possibilitando assim, um breve retorno à vida normal e às suas funções laborais após uma lesão ou cirurgia, garantindo assim saúde e bem-estar aos mesmos (MONTEIRO & EVANGELISTA, 2014). 

Dentro do treinamento funcional uma estratégia amplamente utilizada se trata do Cross Training. Nesse tipo de treinamento os músculos do corpo, não trabalham de forma isolada e sim em conjunto. E com isso acontece uma melhora das qualidades do sistema musculoesquelético, como força, agilidade, equilíbrio, lateralidade e resistência cárdio e como trabalha todo o mecanismo do corpo, trabalha a mente também melhorando dessa forma as doenças mentais como a depressão (ENOKA, 2018).  

Isso acontece pois além da atividade física, a Educação Física acaba promovendo a adoção de um estilo de vida saudável e essa vida saudável acaba sendo uma parte importante da prevenção e tratamento da depressão. E nesse sentido duas atividades físicas que o treinamento de força, sobretudo o chamado treinamento isométrico.

5.3. O TREINAMENTO DE FORÇA NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA DEPRESSÃO SOBRETUDO O TREINAMENTO ISÓMETRICO

Quando falamos em treinamento de força estamos nos referindo à aplicação sistemática de métodos organizados e programados de atividades para atender uma determinada demanda ou objetivo. Diferentes tipos de exercícios são realizados por esportistas e não esportistas para a manutenção funcional do corpo, para melhorar a estética corporal e a saúde mental, dentre estas atividades destacam-se os treinos contra resistência, sendo a mais conhecida delas a musculação (BOMPA, 2012).

Este tipo de treino é geralmente usado para uma grande variedade de métodos e modalidades que aprimoram a força muscular (AMARAL, 2012). Dentre os diferentes tipos de resistência destacam-se aquelas impostas por meio de máquinas, elásticos e molas, que em outras palavras, referem-se a mecanismos pelos quais a carga será imposta ao praticante, anilhas, lastros ou placas de pesos, existentes em alguns aparelhos ou implementos.

De acordo com os objetivos do treinamento, que dependem significativamente do modo como a cadeia muscular é utilizada na atividade fim, a prescrição do treinamento também prevê o tipo de contração a ser empregada nos exercícios prescritos. Atualmente a literatura preconiza a existência de três diferentes tipos de contração. A primeira delas conhecida como contração concêntrica descreve o encurtamento do músculo de forma positiva, ou seja, a origem e a inserção muscular se aproximam, de modo que a força aplicada vence a carga imposta. A segunda é a contração excêntrica, que ao contrária da primeira, a origem se afasta da inserção gerando uma desaceleração na carga uma vez que ela supera a força exercida pelo músculo, alongando-o. E por último temos a contração isométrica que se caracteriza, sobretudo, pela não existência de movimento aparente, uma vez que carga e força muscular se equilibram, por maior que seja a força exercida pelo músculo (STATON & HAPPELL, 2013).

Alguns autores observaram aumentos de força induzidos a partir do uso das contrações isométricas (FLECK & KRAEMER, 2019), surgindo desse modo o método de treinamento isométrico, alvo desse capítulo. Alguns achados apontam que, conforme o ângulo articular exercitado há aumentos significativos de força utilizando o método de treinamento isométrico. 

O treinamento isométrico é considerado o que proporciona a contração máxima, onde a resistência oposicional é tão elevada que se equivale à capacidade máxima de recrutamento de fibras e consequentemente de um músculo, em condições normais ou de gerar força, devido a isso não acontece o movimento. Alguns autores observaram aumentos de força induzidos por esse método de treinamento (FLECK & KRAEMER, 2019).

Força é uma das valências mais importante e desejada não só no treinamento isométrico como também na maioria das atividades físicas, seja força máxima, força e resistência ou força de potência. Conceituaremos força através de escritores e pesquisadores científicos para melhor compreendermos todo seu processo fisiológico e de treinabilidade e para entender a importância da força na isometria (STATON & HAPPELL, 2013).

Com relação à prescrição de exercícios para pessoas sadias e/ou portadoras de algumas necessidades específicas, a força e a potência muscular são um dos mais importantes componentes da aptidão física relacionada à saúde (SIMÃO, WALACE & ARAÚJO, 2012).

A prática do treinamento de força não apenas resulta no aumento da massa muscular, mas também induz um significativo aumento na área seccional transversal do músculo. Essa expansão é atribuída a diversos fatores, que incluem o aumento das miofibrilas, a intensificação da densidade capilar, o acréscimo na quantidade de proteínas e o incremento no número de fibras musculares. Essa gama de efeitos destaca a complexidade e a abrangência das adaptações musculares proporcionadas pelo treinamento de força, evidenciando sua influência multifacetada no desenvolvimento muscular (BOMPA, 2012, p. 87).

Pode-se definir força muscular como a capacidade máxima de tensão/tração que um músculo ou grupamento muscular pode gerar em um padrão específico de movimento em uma determinada velocidade de movimento, sendo dependente do código de frequência e recrutamento das fibras motoras (FLECK & KRAEMER, 2019, p. 118).

Os autores argumentam que na força muscular é importante a potência muscular e a resistência muscular, a potência muscular se trata da capacidade de nosso organismo realizar a força muscular em nível elevado em uma quantidade curta de tempo.  E a resistência muscular que é a capacidade que nosso organismo tem de suportar a força muscular por um determinado período de tempo, sem sofrer com isso. (FLECK & KRAEMER, 2019) 

A adesão a programas de exercício físico que envolvem a força muscular pode retardar a deterioração funcional e reduzir tanto os sintomas depressivos quanto o risco de desenvolvimento de episódios depressivos e nesse sentido se destaca o treinamento isométrico (BOMPA, 2012). 

O treinamento isométrico é considerado o que proporciona a contração máxima, onde a resistência oposicional é tão elevada que se equivale à capacidade máxima de recrutamento de fibras e consequentemente de um músculo, em condições normais ou de gerar força, devido a isso não acontece o movimento alguns autores observaram aumentos de força induzidos por esse método de treinamento (FLECK & KRAEMER, 2019). 

De acordo com Kraemer (2019) quando se realiza treinamentos isométricos e também alguns outros treinamentos em média para todos os músculos do corpo, há em torno de 100 fibras musculares para cada unidade motora. A função muscular é controlada através do sistema nervoso e inicia com impulsos originados dos centros cerebrais superiores no sistema nervoso central, no córtex cerebral especificamente. 

Quando ocorre um treinamento como o isométrico, uma mensagem é desenvolvida nos centros cerebrais superiores, transmitindo ao córtex motor um estímulo para ativação muscular controlada por um nível mais baixo (medula espinhal ou tronco cerebral). A partir disso, a mensagem chega aos neurônios motores do músculo, resultando em uma padronização específica de ativação da unidade motora. Diversas vias de retroalimentação existem para que haja o envio de informação de volta ao cérebro (feedback). Esse processo auxilia na alteração da produção de força e estabelece comunicação com outros sistemas fisiológicos, como o endócrino, contribuindo para que o treinamento ocorra de maneira otimizada (BARBOSA, 2013).

O treinamento isométrico não traz apenas benefícios estéticos ou físicos, mas também estimula a interação social entre seus praticantes, permitindo que convivam com outras pessoas e ajudando na realização de exercícios que antes eram difíceis de executar. Isso pode aumentar o grau de satisfação pessoal do indivíduo consigo mesmo e, consequentemente, melhorar seu bem-estar geral.

Nos dias atuais, há vários estudos que investigam os benefícios do treinamento isométrico, que tem se tornado cada vez mais popular, em razão de seu baixo índice de lesões e sua capacidade de aumentar diversas habilidades físicas, tais como força, resistência muscular, flexibilidade, potência, entre outras. Além disso, este método de treinamento pode ser adaptado às necessidades do praticante e ajudar a modelar o corpo, o que aumenta a autoestima e acaba com isso melhorando os sintomas depressivos (BARBOSA, 2013). 

A literatura não é conclusiva sobre a forma mais adequada de prescrever exercícios para alcançar esse efeito. Staton e Happell (2013), sugerem que a realização de exercícios físicos aeróbicos por um período de 30 a 40 minutos, pelo menos três vezes por semana, com a intensidade preferida pelo paciente, pode ser suficiente para alcançar uma redução significativa nos sintomas depressivos.

6. METODOLOGIA

Como o presente estudo partiu do tema “a importância da prática de exercício físico na prevenção e tratamento da depressão”, este estudo baseou-se no desenvolvimento de uma pesquisa qualitativa, descritiva, de cunho bibliográfico.   De acordo com Oliveira (2012), a pesquisa qualitativa visa entender a relação de causa e efeito do fenômeno e consequentemente chegar a sua verdade e razão. 

Ainda contempla Oliveira (2012, p.114), que a pesquisa descritiva “possibilita o desenvolvimento de um nível de análise em que se permite identificar as diferentes formas dos fenômenos, sua ordenação e classificação”, bem como a explicação das suas causas e efeitos, e a melhor compreensão dos fatores que influenciam determinado fenômeno. 

 De acordo com Andrade (2012), na pesquisa descritiva, os fatos são registrados, observados, registrados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira nas respostas.  

A pesquisa qualitativa parte do entendimento que o mundo e a “realidade” não são objetivos e exteriores ao homem, mas socialmente construídos e recebem um significado a partir do homem. Através desta perspectiva, na pesquisa qualitativa não se deve apenas angariar fatos e medir a regularidade de certos padrões, mas sim avaliar as diferentes concepções e significados que as pessoas concedem a sua experiência (GIL, 2013). 

 Gil (2013, p.132) ainda destaca que “a pesquisa qualitativa comporta a escolha de um problema, uma coleta e a análise das informações obtidas, havendo flexibilidade nas etapas de coleta e análise dos dados”.  Desta maneira nesta pesquisa qualitativa se irá priorizar a importância da prática de exercício físico na prevenção e tratamento da depressão.

FIGURA 1 – Fluxograma de elaboração.

6.1. TIPO DE ESTUDO

A pesquisa bibliográfica qualitativa através de investigação em textos, artigos, livros que tem como início de estratégia a avaliação do tema pela investigação onde se busca a existência de estudos relevantes sobre o assunto. Constatou-se, nesse momento, que existiam cada vez mais obras sobre o tema. 

6.2. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

Revisão de teorias, nas bases de dados eletrônicas LILACS, SciELO e Capes, no período dos últimos vinte anos.

6.3.1. INCLUSÃO

Artigos escritos em Português, Espanhol e Inglês com disponibilidade de texto completo em suporte eletrônico, publicado em periódicos nacionais.

6.3.2. EXCLUSÃO

Serão tomados os seguintes critérios de exclusão: duplicatas, estudos com temática não relevante ao objetivo da pesquisa e relatos de caso. 

6.4. ANÁLISE DE DADOS

Todo o material obtido foi interpretado através da técnica de análise de conteúdo. Conforme Minayo (2012, p. 74) 

Na técnica de análise de conteúdo, destacam-se duas funções na aplicação da técnica. Uma se refere à verificação de hipóteses e/ou questões. Ou seja, através da análise de conteúdo, podemos encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou não as afirmações estabelecidas antes do trabalho de investigação (hipóteses).

Para garantir o registro conjunto de informações relevantes ao tema, estudo com as seguintes variáveis: dados de identificação (título, autores, periódico, ano de publicação, país de origem do estudo e base de dados), delineamento metodológico, nível de evidência.

TABELA DE ARTIGOS CITADOS:

Autor/AnoObjetivoMetodologiaResultados
ROSA et al., (2023)Comparar o nível de atividade física e sintomas de depressão, ansiedade e estresse segundo o sexo em adolescentes escolares.Estudo transversal com estudantes do ensino médio de escolas públicas. Utilizou-se na coleta de dados: Questionário sociodemográfico e de estilo de vida, Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) e Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse para Adolescentes (EDAE-A). Testes qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher e o Modelo Linear Generalizado Univariado foram utilizados na análiseParticiparam 516 adolescentes, 214 do sexo masculino e 302 do feminino. Ambos os sexos apresentam prática de atividades físicas menor que o recomendado para adolescentes. Participantes do sexo masculino apresentam maior prática de atividade física fora da escola em comparação aos do sexo feminino, predominando o futebol(33,0%). Participantes do sexo feminino apresentaram maior gravidade dos níveis de depressão (p = 0,002), ansiedade (p = 0,013) e estresse (p = 0,004) em comparação aos do sexo masculino (d de Cohen fraco).
CASSIANO et al., (2018)O objetivo deste artigo é avaliar efeitos de um protocolo misto de exercícios físicos sobre o risco cardiovascular (RCV), qualidade de vida e presença de sintomas depressivos em idosos hipertensos. Estudo longitudinal, prospectivo e quase -Experimental com 48 idosos
Trata-se de um estudo longitudinal, prospectivo, do tipo quase experimental, onde os sujeitos envolvidos foram avaliados antes e após a execução de protocolo misto de exercícios físicos, com duração de 16 semanas. A amostra foi composta por pessoas idosas e hipertensas cadastrados no LANME por meio de um plano amostral não probabilístico de conveniênciaO protocolo misto de exercícios físicos de intensidade moderada, realizado durante 12 semanas, constituiu-se em uma alternativa viável e eficaz na redução do risco para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares nos próximos dez anos, além de favorecer a QVRS e a redução de sintomas depressivos nesta população. Recomenda-se, portanto, um programa prolongado de exercícios físicos, associado ao acompanhamento nutricional.
SOUZA et al., (2021)O objetivo do presente estudo foi comparar os níveis de estado de humor de mulheres adultas praticantes de atividade física regular com os de mulheres adultas sedentáriasUtilizou-se um questionário para caracterização da amostra e a Escala de Humor de Brunel (BRUMS). Os resultados do presente estudo demonstraram que as mulheres ativas apresentaram estado de humor positivo, além de apresentaram baixos escores para o estado de humor negativo, quando comparadas aos escores das mulheres sedentárias
Pode-se concluir que a atividade física pode influenciar positivamente o estado de humor, pois os valores da subescala vigor foram superiores aos das demais subescalas, enquanto as mulheres sedentárias demonstraram traços de estado de humor negativo, sugerindo que a atividade física influenciou positivamente o estado de humor. Esses resultados demonstram a importância da atividade física para saúde mental (dimensão psicológica)
MARCINO et al., (2022)Relacionar a realização de práticas de atividades de lazer com qualidade de vida, bem-estar subjetivo, ansiedade e depressão em adolescentesEstudo quantitativo, transversal analítico, desenvolvido com 272 adolescentes do ensino médio de três escolas públicas estaduais de uma capital da região centro-oeste. A coleta de dados ocorreu no mês de maio de 2019, mediante autoaplicação de quatro instrumentos: escala de bem-estar subjetivo, escala hospitalar de ansiedade e depressão, questionário de qualidade de vida kidscren-52 e questionário
sociodemográfico. A associação entre as variáveis independentes foi verificada por meio do teste t-student e qui-quadrado de Fischer
Quase a metade dos adolescentes (49,6%) realizava alguma atividade de lazer, e nestes foi verificado escores mais baixo para depressão (p=0,008), mais alto nos afetos positivos do bem-estar subjetivo (p=<0,001), e para algumas dimensões da qualidade de vida, tais como saúde e atividade física (p=<0,001), sentimentos (p=0,0046), estado emocional (p=0,033),autonomia e tempo livre (p=0,007), aspecto financeiro (p=0,001) e amigos e apoio social (p=0,002). Não houve associação significante entre a prática de atividade de lazer com os escores de ansiedade, afetos negativos e satisfação com a vida.
GOMES et al., (2019)Conhecer a efetividade do exercício físico no tratamento da perturbação depressiva.Systematic reviews of effectiveness que utiliza a estratégia PICO e as recomendações PRISMA apresentadas pelo Joanna Briggs Institute e partindo da questão, qual a efetividade do exercício físico no tratamento da depressão? A pesquisa foi realizada com recurso às seguintes plataformas de acesso: Isi web of knowledge; Scopus; Trip database e EBSCO Host. Esta revisão decorreu ao longo do mês de outubro do ano de 2018.
Identificaram-se 310 resultados. Foram analisados cinco documentos, quatro resultaram da pesquisa efetuada nas plataformas de acesso e um resulta da consulta de referências bibliográficas. A seleção foi feita após leitura do título; eliminação de duplicados; leitura de resumos e textos integrais.
ROCHA et al., (2019)Identificar quais os benefícios do exercício físico na pessoa com depressão.Revisão Sistemática da Literatura, que utiliza as recomendações do Joanna Briggs Institute na estratégia PICO e as recomendações PRISMA, foi formulada a questão de pesquisa “quais os benefícios do exercício físico na pessoa com transtorno depressivo?” A pesquisa foi realizada com recurso a plataformas de bases de dados eletrônicas EBSCOhost e B-on.Foram incluídos nove estudos que cumpriam os critérios de inclusão, e onde se descreveram e analisaram o tipo, frequência, volume e duração de cada modalidade de exercício físico praticado em cada um dos estudos.
CARVALHO et al., (2018)Este estudo pretende correlacionar as atividades físicas com variáveis clínicas de pacientes internados em hospitais públicos de Santa Catarina após o primeiro infarto agudo do miocárdioOs pacientes selecionados foram submetidos a questionário que engloba diferentes variáveis clínicas. A atividade física foi mensurada através do Escore de Baecke. Os dados obtidos foram tabulados e analisados através do software SPSS 13.0 for Windows. A avaliação da normalidade foi realizada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. A correlação entre duas variáveis quantitativas foi avaliada pela Correlação de Pearson. Foram considerados significativos valores de p < 0,05
O estudo evidenciou uma correlação positiva fraca entre o escore de Baecke e anos de escolaridade com r = 0,361 (p = 0,001). Houve uma correlação negativa fraca entre o escore de Baecke e o escore de depressão PHQ9 com r = -0,252 (p = 0,009). O estudo também apresentou correlação negativa fraca entre o escore de depressão PHQ9 e o Mini Mental com r = -0,258 (p = 0,007), assim como uma correlação negativa fraca entre o PHQ9 e os anos de escolaridade com r = -0,199 (p = 0,039).
CARDOSO et al., (2020)Avaliar a prevalência de insatisfação com a imagem corporal e os fatores associados entre universitários da área da saúdeTrata-se de um estudo descritivo, de caráter transversal e abordagem quantitativa, com 364 acadêmicos matriculados em cinco cursos da área da saúde. Para a obtenção dos dados, foram utilizados seis instrumentos autoaplicáveis: questionário socioeconômico, demográfico e de hábitos de vida adaptado do Vigitel, o Body Shape Questionnaire (BSQ), o Eating Attitudes Test (EAT-26), o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e o Inventário de Depressão de Beck (BDI). Foram coletadas, ainda, as medidas antropométricas. A associação entre as variáveis estudadas e a insatisfação com a imagem corporal foi verificada por análise bivariada seguida de regressão logística, com variância robustaHouve prevalência de insatisfação com a imagem corporal de 9,1% entre os universitários. As variáveis que, após análise múltipla, se mostraram associadas a maior prevalência de insatisfação com a imagem corporal foram: cor da pele não branca, realização de tratamento para perder peso, presença de atitudes para transtorno alimentar, estado de saúde regular/ruim, ansiedade moderada/grave e circunferência abdominal.
NOGUEIRA et al. (2021)Objetivo de comparar o padrão de adoecimento e estilos de vida entre trabalhadores agrícolas e não agrícolas nos anos de 2013 e 2019.Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) em 2013 e 2019. A PNS é um inquérito nacional domiciliar, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz e pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Na primeira edição da PNS, participaram do estudo 3.796 indivíduos com ocupação agrícola e 33.215 não agrícola. Em 2019 foram avaliados 4.751 trabalhadores agrícolas e 47.849 não agrícolas. Em ambas as edições os trabalhadores agrícolas, em comparação com os não agrícolas, apresentaram maiores proporções de homens (78,5% vs. 54,7% em 2013 e 82,1% vs. 52,9% em 2019), idosos (13,2% vs. 5,8% em 2013 e 13,6 vs. 8,3% em 2019), e trabalhadores com fundamen tal incompleto (70,7% vs. 25,6% em 2013 e 65,3% vs. 21,7% em 2019)
MELO et al., (2019)Estimar a prevalência de sintomas depressivos em pacientes de ambulatórios de clínica médica no Hospital Universitário Lauro Wanderley, em 2018Aplicação de um questionário sociodemográfico e da escala de depressão de Hamilton em um período de dois meses; 101 pacientes foram devidamente entrevistadosObservou-se que 61,4% da amostra classifica-se entre ligeiramente e gravemente deprimida, sendo 78% dos pacientes da reumatologia, 63% da cardiologia e 48% da endocrinologia. Dos pacientes abordados, 34,6% praticam atividade física pelo menos três vezes por semana, 53,5% fazem ou já fizeram uso de medicação para dormir, 25,7% já fizeram tratamento psiquiátrico e 4,9% o fazem atualmente, em contrapartida 29,7% fazem uso de algum psicotrópico. Dos psicotrópicos, o mais utilizado foi o diazepam (16,7%). Verificaram-se as seguintes associações: pacientes ligeiramente a gravemente deprimidos não praticavam atividades físicas, já faziam tratamento de saúde e tinham histórico de tratamento psiquiátrico; a reumatologia apresentou mais pacientes com algum grau de depressão. Dos 27 que disseram ter sono ruim, 78% usavam medicamento para dormir e 63%, psicotrópicos; 60% não praticavam atividade física e 81% eram ligeiramente a gravemente deprimidos. Sintomas somáticos foram os mais relatados na escala de Hamilton

7. ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO  

Este estudo aborda a importância da prática de exercício físico na prevenção e tratamento da depressão, usando uma metodologia de pesquisa bibliográfica dos profissionais de educação física com opinião de diversos autores.  Diversos estudos convergem ao destacar que a atividade física proporciona benefícios fisiológicos, psicológicos e cognitivos (ROSA et al., 2023), sendo apontada como promotora de resultados satisfatórios para a saúde física e mental do praticante (LOBO, 2012; LOPES, 2020).

Exemplificando, a pesquisa conduzida por Cassiano et al. (2018) destaca a eficácia de um protocolo misto de exercícios físicos de intensidade moderada na redução de sintomas depressivos em idosos, conferindo benefícios tanto no âmbito físico quanto no psicológico e social. Similarmente, Souza et al., (2021) evidenciam, em sua investigação com mulheres adultas, que a atividade física influencia positivamente o estado de humor, especialmente em mulheres sedentárias. 

No contexto adolescente, Marcino et al., (2022) revelam que a prática insuficiente de atividade física nessa faixa etária está associada a uma maior propensão à depressão. Adicionalmente, Cardoso et al., (2020) demonstram, em estudos com universitários, uma relação entre insatisfação com a imagem corporal e a prevalência de transtornos alimentares, ansiedade e depressão, ressaltando a importância da atividade física na mitigação desses fatores.

De acordo com os dados na literatura, a depressão pode ser conceituada como um distúrbio de humor, que deixa o indivíduo acometido pela doença, em tristeza profunda. Assim, o depressivo desenvolve perde de interesse por suas atividades e muitas vezes até por sua própria vida (LOPES, 2020). O levantamento bibliográfico realizado, salienta que o tratamento para este transtorno, quando realizado de maneira multidisciplinar, e quando outros mecanismos são envolvidos, como frequência da prática de atividade física, além do uso de antidepressivos, a resposta do paciente ao tratamento tende a ser mais satisfatória (OMS, 2020; GOMES et al., 2019). 

Foi possível observar, com base no levantamento bibliográfico, que as atividades físicas que usam a força muscular como o treinamento funcional, se destacam no tratamento da depressão (TEIXEIRA, 2016; ROCHA et al., 2019). 

A Organização Mundial da Saúde reconhece que a qualidade de vida está relacionada não apenas à saúde física, mas também ao estado psicológico, relacionamentos sociais, ambiente e espiritualidade. A prática regular de exercícios pode contribuir para melhorias em todos esses aspectos, uma vez que envolve movimento rítmico, expressão corporal e emoções (OMS, 2020). 

Também é destaque o treinamento isométrico já que atualmente, essa modalidade de exercício tem atraído muitos praticantes. Esse crescimento na popularidade se deve ao fato de que muitos autores, consideram esse método como um dos mais completos, já que ele abrange diversos atributos relacionados à saúde e ao desempenho atlético. Além dos benefícios já mencionados, essa modalidade pode melhorar a postura corporal, a resistência cardiovascular, como apresentado por Carvalho et al., (2018), que buscaram correlacionar as atividades físicas com variáveis clínicas de pacientes internados em hospitais públicos após o primeiro infarto agudo do miocárdio e obtiveram resultados positivos. Outros benefícios estão associados à força e resistência muscular, flexibilidade, agilidade, equilíbrio, entre outros aspectos. Além disso, esse método de exercício também pode contribuir para retardar o processo de envelhecimento e reduzir os índices de doenças associadas ao sedentarismo (BARBOSA, 2013).

A correlação da depressão com a atividade física pode ser abordada nos mais diversos ambientes, como por exemplo, no trabalho desenvolvido por Melo et al. (2019), que tiveram como objetivo estimar a prevalência de sintomas depressivos em pacientes de ambulatórios de clínica médica no Hospital Universitário Lauro Wanderley, em 2018, e verificaram que os pacientes que se encontravam ligeiramente à gravemente deprimidos não praticavam nenhuma atividade física. Outro exemplo, é a pesquisa desenvolvida por Nogueira et al., (2019) que avaliaram diferenças no padrão de adoecimento e estilos de vida entre trabalhadores agrícolas e não agrícolas em 2013 e 2019, e evidenciaram que os trabalhadores agrícolas apresentaram maior excesso de atividade física enquanto os não agrícolas apresentaram maiores índices de sedentarismos e depressão.

De acordo com os trabalhos apresentados, evidencia-se a importância da atividade física nas diferentes faixas etárias (adolescentes, adultos e idosos), bem como nos mais diversos ambientes (hospitalares, agrícolas, urbanos) quanto ao combate à depressão e redução dos mais diversos sintomas que este transtorno acomete aos pacientes.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

No final de estudo foram atingidos o objetivo geral que era investigar o papel da Educação Física na prevenção e tratamento da depressão, identificando as estratégias, abordagens e benefícios da prática de exercício físico como uma intervenção não farmacológica para indivíduos com depressão. E os objetivos específicos que eram compreender a relevância das atividades físicas para a saúde mental, identificar as estratégias e abordagens utilizadas pela Educação Física na prevenção e tratamento da depressão.

Ficou claro no desenvolvimento desse estudo que a prática de atividade física é uma excelente maneira de prevenir e de se tratar a depressão e é importante porque ela tira o indivíduo do seu estado de repouso o que coloca em movimento o que acaba trabalhando não apenas sua saúde física mais também a sua saúde mental e dessa forma a pergunta de pesquisa que se tratava de “Como a Educação Física pode contribuir para a prevenção e para o tratamento da depressão? Foi respondida.  

 E ficou claro que a educação física pode contribuir para a prevenção e para o tratamento da depressão por meio de abordagens como o uso da força muscular, treinamentos funcionais como o Cross training e atividades como o treinamento isométrico que tem se destacado quando o assunto é prevenir e tratar a depressão.  

 A prática dos mais variados exercícios como os distintos tipos de dança e do treinamento isométrico trazem melhora tanto nos aspectos físicos, psicológicos e sociais da vida de um indivíduo, promovendo uma melhora da sua saúde e bem-estar, ganhos cognitivos e diminuição de depressão, integração e socialização, trazendo uma vida mais feliz e ativa. 

O fato é que a prática de atividades físicas acaba gerando consequências positivas em quem quer prevenir ou tratar a depressão, pois a mesma garante mais disposição, mais vontade de se tornar ativa e com isso o indivíduo acaba tendo mais momentos de alegrias, mais vontade de fazer coisas, ou seja, mais vontade e animo de viver.  Também é significativo citar a importância da inclusão social gerada pelas atividades em grupo já que ficou comprovado o quanto se integrar socialmente, se sentir parte de algo faz a diferença na vida de quem sofre de depressão.  

Considerando os dados obtidos nesse estudo conclui-se que a atividade física contribui de maneira significativa na saúde mental na vida de quem sofre de depressão e por isso ela é tão importante.  

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