A IMPORTÂNCIA DA OZONIOTERAPIA PARA O TRATAMENTO DE LESÕES ULCEROSAS EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7295444


Nathália Da Silva Ferreira1
Ms. Leonardo Guimarães De Andrade2


RESUMO

O termo diabetes mellitus (DM) refere-se a um distúrbio metabólico de etiologia heterogênea, caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, causados por defeitos na secreção ou ação da insulina. As lesões diabéticas tendem a cicatrizar lentamente e muitas vezes estão associadas a infecções intratáveis, caracterizadas pela presença de lesões nos pés causadas por uma neuropatia chamada pé diabético. A ozonioterapia é uma técnica de tratamento baseada no ozônio, uma molécula formada por três átomos de oxigênio (O3). O gás ozônio é amplamente encontrado na natureza e é responsável por filtrar os raios ultravioleta emitidos pela radiação solar. Ainda assim, os dispositivos médicos podem gerar ozônio para diversos fins, sua aplicação na prática clínica tem se expandido para um grande número de doenças e disfunções estéticas, estabelecendo-se como uma terapia oxidativa em que o estresse oxidativo resultante faz com que o organismo produza efeitos antioxidantes. Portanto, a aplicação do ozônio como terapia adjuvante tem se mostrado de fundamental importância na gestão da qualidade de vida dos pacientes com pé diabético, acarretando inúmeros benefícios à saúde, sendo o principal resultado o aumento do tecido de granulação e a promoção de processos de reparo tecidual, variando dependendo da situação clínica, a concentração apropriada usada.

Palavras-chave: Diabete mellitus; Ozônio; Ozonioterapia; Pé diabético.

ABSTRACT

The term diabetes mellitus (DM) refers to a metabolic disorder of heterogeneous etiology, characterized by hyperglycemia and disturbances in the metabolism of carbohydrates, proteins and fats, caused by defects in the secretion or action of insulin. Diabetic lesions tend to heal slowly and are often associated with intractable infections, characterized by the presence of lesions on the feet caused by a neuropathy called diabetic foot. Ozone therapy is a treatment technique based on ozone, a molecule formed by three atoms of oxygen (O3). Ozone gas is widely found in nature and is responsible for filtering the ultraviolet rays emitted by solar radiation. Even so, medical devices can generate ozone for various purposes, its application in clinical practice has expanded to a large number of diseases and aesthetic dysfunctions, establishing itself as an oxidative therapy in which the resulting oxidative stress causes the body to produce antioxidant effects. Therefore, the application of ozone as an adjuvant therapy has shown to be of fundamental importance in the management of the quality of life of patients with diabetic foot, resulting in numerous health benefits, the main result being the increase in granulation tissue and the promotion of repair processes, tissue, varying from, depending on the clinical situation, the appropriate concentration used.

Keywords: Diabetes mellitus; Ozone; Ozone therapy; Diabetic foot.

INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é definido como um grupo de distúrbios metabólicos caracterizados por hiperglicemia persistente devido à produção do hormônio insulina, sua ação ou falha de ambos os mecanismos. Portanto, por um longo período de tempo, pode causar danos ao organismo, levando a diversas complicações no indivíduo (BRITO et al., 2020).

O pé diabético é uma das principais dificuldades do diabetes, pois é, definida como infecção, ulceração ou destruição tecidual profunda associada a anormalidades neurológicas dos membros inferiores e graus variados de doença arterial periférica. Esse tipo de lesão é um problema econômico significativo para o sistema de saúde. Hospitalização, reabilitação e grande demanda por atendimento domiciliar e serviços sociais devido ao longo processo de recuperação (RAMIREZ et al., 2019).

Há uma necessidade da sociedade de encontrar alternativas para ajudar no tratamento de pessoas com pés diabéticos e, por isso, a ozonioterapia tem sido proposta como um tratamento que pode trazer saúde e qualidade de vida para pessoas com pés diabéticos, acelerando assim esse processo. Cicatrização de feridas e redução da necessidade de amputação de membros (KAIZER et al., 2019).

A ozonioterapia é uma técnica de tratamento baseada no ozônio, uma molécula formada por três átomos de oxigênio (O3). Esta tecnologia pode ser utilizada como alternativa para o tratamento de diversas doenças e disfunções estéticas através de diferentes vias de administração, resultando em propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e antissépticas (BATISTA et al., 2021).

A terapia com ozônio funciona inativando microrganismos, oxidando fosfolipídios e lipoproteínas e enfraquecendo e destruindo as paredes bacterianas. Assim, o ozônio estimula a cicatrização de feridas por meio do estresse oxidativo, aumentando a produção e migração de fatores que iniciam a cicatrização, aumentando os níveis de oxigênio no local da ferida. A pesquisa estabeleceu a eficácia da terapia com ozônio na eliminação de uma variedade de microrganismos, incluindo Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa (SONG et al., 2018).

Diante do exposto, o tema escolhido desta vez é estudar e demonstrar a importância da ozonoterapia como coadjuvante no processo de cicatrização de feridas em pacientes com pé diabético devido às propriedades oxidativas e desinfetantes desta tecnologia.

OBJETIVO GERAL

Descrever a importância que a ozonioterapia traz como benefício complementando no tratamento de ulceras em portadores de diabetes mellitus.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Reconhecer a Diabetes Mellitus como uma doença crônica;
  • Compreender o pé diabético como uma das principais desordens da Diabetes Mellitus.
  • Apresentar os benefícios da Ozonioterapia em pacientes diabéticos;
  • Entender como ocorre a geração do Ozônio nas feridas ou processos de cicatrização;
  • Descrever o mecanismo de ação da terapia com ozônio na cicatrização das feridas de pé diabético.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão abrangente, realizado em fontes secundárias de dados nacionais e internacionais, metodologicamente rigoroso, que busca fornecer uma visão abrangente do estado da arte sobre o assunto, e sintetizar pesquisas já publicadas, em artigos originais e estudos relacionados ao tema publicados entre os anos de 2019 a 2022. O levantamento bibliográfico foi realizado utilizando as bases de dados PubMed, Google Acadêmico e Scielo, na qual foram selecionadas até o momento 4 fontes entre elas artigos publicados em português, inglês e espanhol, utilizando as palavras-chave “Ozônio”, “Ozonioterapia” e “Ulcera de Pé diabético”.

JUSTIFICATIVA

Assim, este estudo buscou estudar e apresentar a importância da ozonioterapia como adjuvante no processo de cicatrização das feridas dos portadores de pé diabético. De modo que o ozônio possui benefícios clinicamente relevantes que apoiam o seu uso, no qual vem favorecendo resultados evidentes na reparação de feridas. Evidenciando ótimos resultados e assim proporcionando uma melhora na qualidade de vida dos pacientes, reduzindo a necessidade de amputação do membro acometido.

REVISÃO DE LITERATURA

DIABETES MELLITUS

O diabetes mellitus (DM) é definido como um grupo de distúrbios metabólicos caracterizados por hiperglicemia persistente devido à produção do hormônio insulina, sua ação ou falha de ambos os mecanismos. Portanto, por um longo período de tempo, pode causar danos ao organismo, levando a diversas complicações no indivíduo (BRITO et al., 2020).

Existem diferentes tipos de diabetes, mas os mais comuns são: diabetes tipo I e diabetes tipo II. A primeira ocorre por causa de uma resposta autoimune, na qual o sistema de defesa do organismo ataca as células beta do pâncreas, que produzem o hormônio insulina. Esta patologia é diagnosticada principalmente em crianças e adultos jovens, e seu tratamento requer injeções de insulina (IDF, 2021).

O diabetes tipo 2 é responsável por aproximadamente 90% dos casos de diabetes e está principalmente associado à resposta insuficiente dos tecidos periféricos e à resistência à insulina. É mais comum em adultos e idosos e, se diagnosticada precocemente, a doença pode ser tratada com exercícios, dieta saudável e medicamentos orais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2020).

O aumento global da prevalência de diabetes é impulsionado por uma complexa interação de fatores socioeconômicos, demográficos, ambientais e genéticos. O crescimento contínuo é em grande parte devido ao aumento do diabetes tipo 2 e fatores de risco associados, incluindo aumento da inatividade física e obesidade, envelhecimento da população e aumento das taxas de sobrevivência para pessoas com diabetes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2020).

O DM tem se destacado como uma grande dificuldade em saúde pública devido aos seus danos aos acometidos, seu impacto econômico devido aos altos custos de saúde e alta morbimortalidade (SILVA et al., 2021).

FISIOPATOLOGIA DO PÉ DIABÉTICO

O pé diabético é uma das complicações mais graves que afetam as pessoas com diabetes em todo o mundo e é caracterizado por lesões nos pés (úlceras) que afetam a pele, tecidos profundos e ossos das extremidades inferiores, levando a infecções graves em pessoas com diabetes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2020).

Este é um problema de saúde pública relacionado que afeta 400 a 60 milhões de pessoas com diabetes em todo o mundo. Resulta em um grande número de internações e amputações, que além de impactar na produtividade e qualidade de vida desses pacientes, aumenta o custo dos serviços de saúde (IDF, 2021).

Condições hiperglicêmicas crônicas causadas por diabetes mal controlado ou diagnosticado tardiamente são consistentes com degeneração progressiva das fibras nervosas que afetam a integridade sensorial, motora ou autonômica do nervo. Portanto, pacientes com maior tempo de diagnóstico são mais propensos a desenvolver complicações nos pés (LIRA et al., 2021).

O pé diabético é resultado de uma combinação de fatores, entre eles a neuropatia, caracterizada pela perda da sensibilidade periférica, principalmente nas extremidades inferiores, mecanismo que está associado a deformidades posteriores do pé e é um fator permissivo para o desenvolvimento de lesões e úlceras, levando ao risco de amputação do pé diabético (POSSI et al., 2021).

A doença vascular periférica é um importante fator de risco para ulceração e amputação. É causada pela aterosclerose das artérias periféricas, levando ao bloqueio dos vasos sanguíneos, impedindo o fluxo sanguíneo, impedindo que os tecidos recebam um suprimento adequado de oxigênio, nutrientes e antibióticos, afetando a cicatrização de úlceras, e sua incidência aumenta gradativamente com a idade e duração da doença (AMARAL et al., 2014).

A neuropatia periférica causa perda de sensibilidade, percepção de pressão, temperatura e propriocepção, atrofia muscular que produz deformidades e ressecamento da pele, levando a rachaduras e fissuras. Isso pode levar a lesões por trauma que são constantemente irreparáveis para o paciente devido à redução ou perda da sensibilidade à dor (DUTRA et al., 2018).

Os tratamentos comuns para úlceras do pé diabético são desbridamento, descarga de áreas de fricção e outros tratamentos de rotina de feridas, bem como controle de açúcar no sangue. Complicações neurológicas e vasculares da úlcera podem levar à gangrena e até amputação se o tratamento for retardado (KUSHMAKOV et al., 2018).

As úlceras do pé diabético requerem medidas preventivas para melhor controle da doença, pois o longo processo de cicatrização tem grande impacto na qualidade de vida do paciente. Associados aos enormes custos dos serviços médicos, podem aumentar substancialmente quando o prognóstico é errado, levando a repetidas hospitalizações, recuperação prolongada e necessidade de apoio social (FERREIRA et al., 2014).

Nessa perspectiva, as pessoas com pé diabético precisam ser informadas sobre novos tratamentos e tratamentos e sua disponibilidade nos sistemas de saúde. Portanto, a terapia com ozônio surgiu como uma terapia promissora para auxiliar no manejo de feridas de difícil cicatrização, proporcionar reparo tecidual e reduzir a necessidade de amputação dos membros afetados (KAIZER et al., 2019).

DIABETES MELLITUS E O ESTRESSE OXIDATIVO

O estresse oxidativo é conceituado como um dos principais mecanismos para o desenvolvimento de complicações diabéticas, que se desenvolve quando a produção de radicais livres ultrapassa o sistema de defesa antioxidante, levando aos efeitos tóxicos dos radicais livres. Estes são componentes fisiológicos importantes da homeostase dos organismos (YARIBEYGI et al., 2020).

Os radicais livres são derivados de moléculas de oxigênio, como espécies reativas de oxigênio: radicais superóxido, peróxido de hidrogênio e radicais hidroxila, são instáveis e altamente reativos, e são gerados por processos metabólicos aeróbicos tradicionais, mas quando são se tornam prejudiciais em níveis elevados. Esse desequilíbrio se manifesta como estresse oxidativo, que pode levar a danos em proteínas, carboidratos, lipídios e DNA celular, além de contribuir para o desenvolvimento ou agravamento de doenças (VELLOSA et al., 2021).

As espécies reativas de oxigênio atuam como segundos mensageiros, regulam a expressão de genes sensíveis à sinalização redox e a síntese de mediadores inflamatórios, e são neutralizadas por sistemas antioxidantes enzimáticos: superóxido dismutase, catalase, glutationa peroxidase e antioxidante não enzimático (MOTA et al., 2020).

No entanto, foi demonstrado que em pacientes diabéticos, alto estresse oxidativo e antioxidantes reduzidos são características mecanicistas que levam às úlceras do pé diabético. O estresse oxidativo é responsável pelo desenvolvimento de complicações microvasculares e macrovasculares do diabetes porque as espécies reativas de oxigênio estão presentes em abundância desde os estágios iniciais do diabetes e aumentam à medida que a doença progride (IZADI et al., 2019).

OZONIOTERAPIA

Segundo a Associação Brasileira de Ozonioterapia, a ozonioterapia é uma das maiores descobertas históricas. Definida como uma técnica terapêutica baseada na molécula de ozônio, sua aplicação consiste em uma mistura de oxigênio medicinal e ozônio (95% oxigênio e 5% ozônio) produzida por equipamentos médicos certificados (ABOZ, 2019).

O primeiro uso documentado do ozônio na medicina foi através dos pioneiros da pesquisa clínica Erwin Payr, Edward Fisch e Hans Wolff, que foram reconhecidos pelo uso do ozônio como agente terapêutico. Originalmente, a terapia era usada para combater micróbios na pele humana, quando foi usada em soldados com feridas infectadas durante a Primeira Guerra Mundial (BRAYDY et al., 2018).

A ozonioterapia chegou ao Brasil em 1975 pelo Dr. Heinz Konrad, médico paulista, que ainda utiliza a técnica. Após anos de uso, a terapia com ozônio é um método reconhecido mundialmente para o tratamento de uma ampla variedade de doenças frequentemente associadas a alterações no estresse oxidativo. Além disso, é muito utilizado em procedimentos estéticos como: celulite tópica, estrias e celulite (SILVA & SILVEIRA, 2017).

Em 2017, o Senado Federal brasileiro apresentou um projeto de lei autorizando a prescrição da ozonoterapia em todo o país. Assim, em 2018, a ozonioterapia obteve grande sucesso, sendo incorporada à Prática Integrada e Complementar do Sistema Único de Saúde (SUS), onde se refere ao atendimento integrado de uma população por meio de uma prática que abrange diversas terapias (ANZOLIN et al., 2020).

A terapia com ozônio funciona ativando o sistema antioxidante e tem o efeito de eliminar os radicais livres. Pode ser utilizado para fins terapêuticos através de diferentes vias de administração, promovendo a melhora de diversas doenças, pois é um forte oxidante, porém o gás deve ser produzido por um gerador de ozônio para ser utilizado (ORNELAS et al., 2020).

O tratamento com ozônio é rápido, eficaz e econômico e representa cada vez mais um avanço na gestão da qualidade de vida do paciente com pé diabético, com inúmeros benefícios para a saúde pessoal. De fato, seu uso original era principalmente para tratar infecções e feridas (JUCHNIEWICZ & LUBKOWSKA, 2020).

De acordo com a pesquisa, o ozônio pode ser usado como um agente antibacteriano seguro. Concentrações suficientes e tempo de contato reduzido são eficazes no controle ou redução da carga microbiana. Essa molécula possui uma forte capacidade oxidativa, principalmente por degradar a estrutura das membranas bacterianas, inativando os microrganismos em um curto tempo de contato, inviabilizando a recuperação (FRANCO et al., 2019).

Portanto, revelam resultados promissores do uso do ozônio como coadjuvante no tratamento rotineiro das úlceras do pé diabético, pois concluem que a ozônioterapia é uma ferramenta terapêutica complementar que pode ajudar a melhorar a qualidade de vida dos pacientes com pé diabético e reduzir a necessidade para amputação de membros afetados. Portanto, a ozonioterapia destaca-se como uma excelente terapia complementar para feridas do pé diabético e outras lesões isquêmicas e/ou infecciosas, pois, além de eliminar patógenos, aumenta a oxigenação tecidual, desencadeando fatores de crescimento para reparar doenças (MOTA et al., 2020).

VIA DE APLICAÇÃO DO OZÔNIO NO TRATAMENTO DE FERIDAS

A aplicação tópica de ozônio é utilizada no tratamento de úlceras diabéticas com o objetivo de obter a reparação tecidual, principalmente em termos de desinfecção e cicatrização. Óleo de ozônio, água de ozônio e gás ozônio podem ser inflados em sacos (ANZOLIN et al., 2020).

A água de ozônio é obtida pela espuma do gás na água e é aplicada diretamente na ferida em concentrações variadas. Uma vez que entra em contato com o tecido, há uma resposta imediata para alívio da dor, desinfecção e efeitos anti-inflamatórios em lesões agudas e crônicas com ou sem infecção (KAIZER et al., 2019).

Os óleos ozonizados são obtidos por espuma de uma mistura de ozônio-oxigênio em óleo vegetal à temperatura ambiente até solidificar. É usado em uma variedade de aplicações, especialmente para o tratamento de feridas crônicas. Os óleos vegetais mais utilizados são o azeite e o óleo de girassol, que possuem efeitos biológicos com forte atividade bactericida, ativam a microcirculação local, ajudam as células a metabolizar o oxigênio, ajudam a estimular o crescimento do tecido de granulação e ativam o tecido epitelial (SILVA & SILVEIRA, 2017).

A terapia tópica de ozônio por meio de uma “bolsa” consiste em um sistema de circulação fechada de uma mistura de gases. Parte do corpo é colocada em um saco plástico transparente feito de material resistente ao ozônio com as bordas seladas contra a pele. Depois disso, o ar foi evacuado do saco plástico e uma mistura de oxigênio-ozônio foi injetada. Após alguns minutos, o ozônio foi sugado do saco plástico e retirado do paciente (ABOZ, 2019).

As doses terapêuticas variaram de 20 a 80 μg/mL e foram administradas por 20-30 minutos. O número de tratamentos e a dose utilizada dependem das características da lesão, como tamanho, profundidade, aparência e presença de infecção. Quem determina a dose e a via de administração é biomédica qualificado com base na situação clínica do paciente (ABOZ, 2019).

Na prática clínica, para garantir a segurança da ozonoterapia, é necessário o uso de um gerador de ozônio, que pode determinar a concentração de ozônio em tempo real e coletar o gás com o volume preciso da concentração de ozônio determinada (ANZOLIN et al., 2020).

RISCOS E CONTRAINDICAÇÕES

Para o uso da ozonioterapia, um processo muito importante que precisa ser enfatizado é que a condição clínica do paciente deve ser avaliada antes de qualquer tratamento, para o qual é necessário conhecer todo o histórico médico do paciente e os medicamentos que ele está tomando atualmente (SILVA & SILVEIRA, 2017).

Portanto, na ausência da enzima glicose-6-fosfato desidrogenasse (G6PD), a ozonioterapia é uma contraindicação absoluta, pois o risco de hemólise é mediado pelo estresse oxidativo gerado pelos radicais livres de oxigênio. Essa enzima é essencial para prevenir danos às estruturas celulares, pois funciona para proteger os glóbulos vermelhos do estresse oxidativo. (DIAS et al., 2021).

A terapia com ozônio também não é adequada para pacientes grávidas ou amamentando para evitar possíveis riscos para a criança. E em condições anormais, como: hipertireoidismo descompensado, trombocitopenia, anemia grave, sangramento e pacientes com doença cardiovascular. A estabilização clínica dessas condições é necessária para que a aplicação prossiga (IZADI et al., 2019).

Também é contraindicado a inalação do ozônio devido o sistema pulmonar ser sensível a oxidação que ele gera, podendo ser tóxico para as vias aéreas superiores, causando danos como irritação, lacrimejamento, rinite, dor de cabeça, náusea e vômito. Desse modo, vale salientar a importância da utilização dos EPI’s específicos para realizar o procedimento, como: luvas, tocas, óculos, mascaras (N95) e jaleco (MOTA et al., 2020).

EFICÁCIA DA OZONIOTERAPIA NAS FERIDAS DO PÉ DIABÉTICO

A terapia com ozônio atraiu a atenção de muitos estudiosos. Isso se deve às propriedades do ozônio que proporcionam múltiplos benefícios que o tornam uma alternativa para o tratamento de danos à pele, pois além de suas habilidades antibacterianas estimula o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos na área afetada, aumenta o rubor local, acelera a formação de tecido de granulação e redução do tempo de cicatrização, que também pode ser uma forma de induzir a adaptação ao estresse oxidativo (XAVIER et al., 2019).

Em um caso, um homem com diabetes tipo 2 desenvolveu feridas traumáticas difíceis de curar. O paciente recebeu 15 tratamentos com ozônio com concentração de gás ozônio de 60 mg/mL 3 vezes por semana durante 1 mês e 9 dias. Após 15 tratamentos, observou-se melhora na cicatrização das feridas, além de melhora na hidratação da pele, redução da descamação (característica adjacente ao dano tecidual) e aumento do suprimento sanguíneo local, com melhora significativa da cor da pele (Marchesini & Ribeiro, 2020).

Figura 1– Tratamento com ozonioterapia em uma ferida de pé diabético

A) antes do tratamento; B) depois do tratamento com ozonioterapia

Fonte: Marchesini & Ribeiro, 2020.

CONCLUSÃO

Este estudo teve como objetivo encontrar evidências sobre a importância da ozonioterapia na reparação do tecido da ferida em pacientes diabéticos. A partir da análise dos estudos, o ozônio tem demonstrado efeitos benéficos à medida que têm alcançado resultados positivos, portanto, está terapia apresenta vantagens clinicamente relevantes para fundamentar seu uso.

A ozonioterapia surge como uma terapia potencial para a reparação do tecido da ferida diabética, acelerando o processo de cicatrização em um curto período de tempo. Portanto, sua aplicação é uma prática que tem proporcionado muitos resultados satisfatórios e representa uma opção de tratamento eficaz com custo econômico relativamente baixo para o sistema público de saúde.

Sendo assim, há a necessidade de educar as pessoas com pé diabético sobre novas terapias e tratamentos e sua disponibilidade nos sistemas de saúde devido à sua alta prevalência. A terapia com ozônio está provando ser uma técnica promissora para gerenciar a qualidade de vida dos pacientes. Por seus excelentes resultados no tratamento de feridas de difícil cicatrização, pode ajudar a melhorar a qualidade de vida e reduzir a necessidade de amputação dos membros afetados.

Portanto, entender seus benefícios e aplicabilidade é essencial, sendo necessário que os profissionais dominem as técnicas aplicadas na prática clínica para que possa ser realizada com segurança, resultando em otimização do processamento técnico, melhor qualidade assistencial e avanços significativos e importantes para a área científica.

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1 Acadêmico (a): Nathália Da Silva Ferreira
2 Orientador (A): Ms. Leonardo Guimarães De Andrade
UNIG – Universidade Iguaçu, Curso de Graduação em Farmácia, Nova Iguaçu-RJ, Brasil.