A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO E CUIDADOS NO ALEITAMENTO MATERNO ANTES, DURANTE E DEPOIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248251638


Jenifer Laiz A. da Silva Carvalho1
Ana Paula da Silva Dias1
Maricélia M. Cantanhêde dos Santos2


RESUMO

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde a amamentação é considerada a melhor forma de alimentar o bebê, mas apesar de ser natural, ela traz muitas dúvidas que, se não esclarecidas em tempo, podem levar ao desmame. Este artigo destaca a Importância da Orientação e Cuidados no Aleitamento Materno Antes, Durante e Depois” como prática fundamental para a saúde do bebê e da mãe, enfatizando a necessidade de orientação adequada e eficaz para as mães em todas as fases do aleitamento — antes, durante e após o parto, tendo como objetivo investigar os desafios da amamentação e a importância da orientação sobre o aleitamento materno na vida da puérpera e do recém-nascido, destacando a atuação do profissional de enfermagem por meio de uma revisão bibliográfica descritiva, integrativa com vistas a refletir sobre a frequência, ocorrência, natureza, características e desafios do aleitamento materno na atualidade. As pesquisas selecionadas para elaboração dos resultados, destacou as necessidades de cada fase sendo no período pré-natal, destaca-se a importância de informar as gestantes sobre os benefícios do aleitamento e prepará-las para os desafios que podem surgir. Durante a amamentação, cuidados como a posição correta do bebê e a prevenção de problemas como fissuras mamárias e traumas são cruciais para o sucesso do aleitamento. Após o período de amamentação exclusiva, o acompanhamento contínuo e a introdução gradual de outros alimentos são importantes para garantir a saúde e o desenvolvimento da criança. Concluindo assim que a orientação adequada e os cuidados específicos em cada etapa do aleitamento materno são essenciais para maximizar os benefícios dessa prática para a mãe e o bebê.

Palavras Chave: Aleitamento Materno; Puerpério; Profissional de Enfermagem.

INTRODUÇÃO

A amamentação esteve presente praticamente em toda a existência humana. Dessa forma, parece razoável supor que ela, do ponto de vista epigenético, tem no leite materno a fonte ideal de nutrição, permitindo que todo o seu potencial genético inerente seja atingido. Isso ocorre porque a composição do leite materno garante as quantidades necessárias de água, carboidratos, lipídeos e proteínas para o desenvolvimento adequado dos lactentes. Além do que é prático, isento de bactérias e contém grande quantidade de fatores imunológicos que protegerão a criança por boa parte de sua infância. Além disso, o ato de amamentar é bem mais do que simplesmente o bebê receber o leite de sua mãe. É também fonte de troca de calor, amor e conforto tão importantes para o desenvolvimento psíquico e emocional da criança.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) a amamentação deve iniciar ainda na sala de parto na primeira hora de vida, ser mantida na forma de aleitamento materno exclusivo sem adicionar qualquer tipo de alimento sólido/semissólido ou líquidos nos primeiros 6 meses de vida, e, a partir de então, introduzir a alimentação complementar adequada, mantendo-se também o aleitamento materno por 2 anos ou mais. Tais recomendações baseiam-se em evidências científicas que vêm avolumando-se, desde a década de 1980, acerca dos efeitos benéficos que proporciona para as crianças, para as mulheres que amamentam, para a família e para a sociedade como um todo.

Durante a evolução histórica, a amamentação no período escravista não era considerada algo natural, as crianças que nasciam eram amamentadas pelas mulheres escravas denominadas “amas de leite”, consequentemente não havendo vínculo entre mãe e filho. No Brasil, a prática de amamentação começou a ser incentivada ao final do século XIX, onde estudos realizados demonstraram os riscos sobre a amamentação cruzada, e mitos sobre a existência de tipos de leite, leite forte ou leite fraco, que acabam interferindo até hoje na prática de aleitamento (NEPOMUCENO C.M.A et al 2022).

O Ministério da Saúde recomenda a amamentação até os dois anos de idade ou mais, e que nos primeiros 6 meses o bebê receba somente leite materno (aleitamento materno exclusivo), ou seja, sem necessidade de sucos, chás, água e outros alimentos. Quanto mais tempo o bebê mamar no peito da mãe, melhor para ele e para a mãe. Depois dos 6 meses, a amamentação deve ser complementada com outros alimentos saudáveis e de hábitos da família, mas não deve ser interrompida. Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional (BRASIL,2022).

De acordo com a sociedade brasileira de pediatria a amamentação é considerada a melhor forma de alimentar o bebê, mas apesar de ser natural, ela traz muitas dúvidas que, se não esclarecidas em tempo, podem levar ao desmame. O fundamental para o sucesso na amamentação é ter o desejo de amamentar e acreditar que é capaz de amamentar o seu filho. Para isso, é preciso conhecer as inúmeras vantagens do aleitamento materno para a mãe, a criança, a família e a sociedade.

Diante da importância do aleitamento materno e a falta de direcionamento e escassez de informações, este trabalho teve como objetivo investigar os desafios da amamentação e a importância da orientação sobre o aleitamento materno na vida da puérpera e do recém-nascido, destacando a atuação do profissional de enfermagem no contexto geral.

MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa foi desenvolvida por meio de uma revisão bibliográfica descritiva, integrativa com vistas a refletir sobre a frequência, ocorrência, natureza, características e desafios do aleitamento materno na atualidade.

De acordo com (Kitchenham, 2004), a revisão bibliográfica é uma forma de identificar, avaliar e interpretar as pesquisas existentes, relevantes a uma questão que se queira investigar, um tópico ou fenômeno de interesse sendo possível a partir desta técnica, identificar as contribuições chaves para uma área ou para uma questão.

Foram utilizadas como fonte de pesquisa as bases de dados bibliográficos — PubMed, Medline, Google Acadêmico e SciELO – Brasil.

Os critérios de inclusão utilizados nesta pesquisa foram artigos originais indexados, publicados nos últimos cinco anos, sendo excluídos da pesquisa os artigos que não atendem os critérios em relação ao tema principal e ao período de publicação.

As palavras-chave adotadas empregadas na busca de registros foram: Aleitamento Materno, Amamentação, Puerpério, Marcos do Desenvolvimento Infantil, Importância do Aleitamento Materno, Desafios da Amamentação e Amamentação X Introdução Alimentar.

Os artigos encontrados foram organizados a partir da leitura flutuante dos resumos dos trabalhos, identificando o objeto, os objetivos do estudo e os resultados e contribuições alcançadas, os dados foram registrados em fichas de leitura para construção do artigo.

Conforme (Souza, M.T, 2010), diante da necessidade de assegurar uma assistência em saúde embasada em evidências científicas, a revisão integrativa auxilia nos estudos e na busca do conhecimento sintetizando as pesquisas disponíveis sobre determinado assunto e direciona ao conhecimento científico eficaz relacionado ao mesmo. É a ferramenta mais completa na abordagem metodológica referente às revisões pesquisadas, auxiliando na compreensão total do assunto trabalhado.

O ALEITAMENTO MATERNO NO BRASIL

      O aleitamento materno é a estratégia que isoladamente mais previne mortes em crianças menores de cinco anos, visto que o leite materno é superior a qualquer outro leite nessa fase da vida, pois é um alimento completo que possui todos os nutrientes que o bebê precisa, sendo de mais fácil digestão. Além de alimentar o bebê, o leite materno possui anticorpos que o protegem contra diversas doenças, como diarreia, infecções respiratórias e alergias. Para a criança, o aleitamento materno reduz o risco de diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia e obesidade na vida adulta, favorece o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento da face e da fala, bem como da respiração, e para a mãe fornece vantagens como proteção contra câncer de mama e diabetes tipo 2, além de fortalecer o vínculo entre mãe e filho (BRASIL, 2020).

      Estudiosos explicam que, quando os portugueses chegaram no Brasil em 1500, depararam-se com indígenas que também mantinham o hábito do aleitamento materno. Entre os nossos povos originários, porém, amamentar era uma prática que durava até mais de dois anos em alguns casos, período que assustou os europeus, acostumados com a amamentação de seus filhos por um tempo maior. Durante o Brasil colônia, a sociedade conviveu com altas taxas de mortalidade infantil. Segundo a pesquisadora Damiana Valente Guimarães Gutierres, cerca de 20 a 30% dos bebês morriam antes de completar um ano de vida no Brasil dos séculos XVII e XVIII. Entre os fatores responsáveis por isso estavam, segundo estudiosos e médicos da época, o leite in natura acrescido de carboidratos em mamadeiras de vidro e pequenos bules com o bico de borracha (VERRUMO M. 2022).

   O aleitamento materno fornece todos os nutrientes, proteção, desenvolve estruturas ósseas, psicológicas e neurológicas, não só para hoje como também para seu desenvolvimento. O mesmo ocorre com a lactante que, ao amamentar seu filho, produz benefícios futuros para ela e seu bebê (ANTUNES L. DOS S. et al 2008).

       De acordo com Branden (2000), o colostro e o leite materno transmitem para o bebê anticorpos maternos que são importantes para as defesas imunológicas contra infecções e alergias alimentares. A digestão do leite materno é fácil, o que implica o melhor e mais rápido aproveitamento dos nutrientes pelo organismo do bebê, quando comparado ao leite artificial. A sucção promove a estimulação oral e ajuda a desenvolver os músculos da face e os dentes. A amamentação também traz benefícios à mulher, pois favorece o vínculo com o bebê, promove a involução uterina e facilita o retorno do corpo materno à sua forma original mais rápida.

Segundo relatou SILVA et.al 2021, O aleitamento materno se constitui como um fator importante para a promoção da saúde de recém-nascidos, tanto pela prevenção dos principais agravos e doenças responsáveis pelas hospitalizações de crianças menores de cinco anos, como pelo estímulo ao crescimento e desenvolvimento biopsicossocial saudável de lactentes.

Apesar da amamentação ser um processo fisiológico natural, essa muitas vezes precisa ser aprendida, para que se mantenha exclusiva no período desejado, devido sua enorme importância na redução da morbimortalidade infantil. Nesse contexto, os profissionais de saúde são fundamentais na promoção e apoio à amamentação, que realmente efetiva-se após a alta hospitalar, onde serão repassadas às mulheres orientações sobre técnicas e o manejo correto relacionados ao aleitamento materno, bem como o enfrentamento das dificuldades que vão aparecer durante esta fase (NEPOMUCENO C.M.A et al 2022).

MARCOS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

           O Desenvolvimento Infantil (DI) são mudanças nas estruturas físicas, neurológicas, cognitivas e comportamentais do indivíduo que ocorrem de forma ordenada e relativamente duradouras, pode ser entendido, também, como mudanças nas funções corporais, incluindo aquelas influenciadas por fatores emocionais e sociais. Para OMS este é um processo que ocorre desde a concepção do feto até a morte, envolve o crescimento físico, a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva da criança, tendo como produto um indivíduo “competente para responder às suas necessidades e às do seu meio, considerando seu contexto de vida”. Nesta perspectiva, é de extrema importância considerar

os fatores de risco para o desenvolvimento na avaliação de saúde da criança para que se possam estabelecer prioridades nas ações voltadas para a diminuição da incidência desses agravos entre a população infantil. Os desvios no desenvolvimento, quando comparados aos padrões de normalidade estabelecidos, trazem indícios de que algo está errado, mesmo quando os pais ou responsáveis ainda não perceberam o problema. Deve-se fazer uma avaliação do peso, da estatura e do perímetro cefálico. Caso haja discrepância alta entre os seus percentis, o profissional deve ficar atento para algum desvio (SANTOS M.E.A et al 2010).

             A fase da amamentação é muito importante na vida do bebê para que ele possa se desenvolver nas estruturas físicas, neurológicas, cognitivas e comportamentais. A amamentação não é somente um processo de alimentação na vida do bebê, mas trata-se de um período de aprendizado, conhecimento e preparação na época em que o lactente está se desenvolvendo fisicamente e neurologicamente.

            Além disso, têm-se os benefícios psicológicos e emocionais que o vínculo nutriz-concepto promove na vida da mulher e da criança, que se constitui em valor imbricado no ato de amamentar. Infere-se que essa valoração corresponde à experiência fundante de um ser vivente, pois o homem é um ser valorativo engajado no seu existir. E como o amamentar perpassa por este vínculo, deduz-se que tal afetividade está diretamente ligada ao valor afetivo, pois a relação mãe-nutriz e filho é uma vivência própria, única, do ser humano, originária da relação que o aleitamento proporciona (AZEVEDO, A.R.R. 2015).

OS DESAFIOS DA AMAMENTAÇÃO

As mulheres podem desejar amamentar, no entanto, encontram barreiras social, cultural e política, durante todo o ciclo gravídico puerperal, prejudicando seu início e continuidade. No âmbito individual, mãe e filho enfrentam um período de aprendizado o qual pode ser positivo ou negativo para a duração e escolha do tipo de AM. As dificuldades no início da amamentação são comuns e representam um risco para o desmame precoce. Os fatores que interferem na continuidade da amamentação são aqueles relacionados à produção láctea, aos fatores psicossociais, a situação nutricional e de satisfação da criança, estilo de vida e condição de saúde da mulher e, ainda, a presença de dor ao amamentar e as dificuldades com o posicionamento e pega da criança na mama (CARREIRO et al 2018).

As principais dificuldades apresentadas pelas puérperas entrevistadas foram fissuras mamilar, ingurgitamento mamário, pouca produção de leite e não produção de leite. Os motivos para o desmame precoce apresentados pelas puérperas foram a necessidade de voltar ao trabalho, problemas mamários e a não produção de leite (ASSIS E.L.A et al 2014).

A “descida do leite” – ou apojadura – pode demorar um pouco mais para acontecer em algumas mulheres. As cesarianas eletivas (programadas), vem sendo apontadas como um fator associado a essa demora, por fatores hormonais e por dificultar a amamentação na primeira hora de vida. Os partos prematuros e a obesidade também podem interferir na descida do leite.

Alguns bebês apresentam dificuldades para iniciar a amamentação nos primeiros dias de vida. Nesse momento, tanto a mulher quanto o bebê estão se adaptando às mamadas. As causas podem estar associadas à pega e posição da criança durante a amamentação ou ao uso de bicos de mamadeiras de silicone e de chupetas. O bebê também pode não conseguir abocanhar a aréola adequadamente quando a mama é muito grande, está muito cheia ou “empedrada” ou quando o mamilo é invertido ou muito plano. Além disso, é importante avaliar o frênulo lingual, que dependendo do grau, também pode interferir na amamentação.

Um mamilo plano ou invertido pode dificultar a amamentação, mas não precisa ser tratado como um impeditivo, pois essa limitação pode ser superada.

Nos primeiros dias após o parto, a mulher pode sentir os mamilos doloridos, fator considerado normal devido ao aumento da sensibilidade das mamas no final da gestação e início da amamentação. No entanto, se o mamilo apresentar alguma fissura, deve-se procurar orientação profissional. Passada a primeira semana, a persistência dos mamilos doloridos é um sinal de alerta.

Outra dificuldade comum, principalmente nos primeiros dias de amamentação, é quando a mama produz mais leite do que o bebê consegue mamar. O problema aparece quando a mama fica muito cheia a ponto de a pele ficar esticada, causando muitas vezes o endurecimento da mama ou a presença de alguns caroços. Esse processo é denominado ingurgitamento mamário e chamado popularmente de “leite empedrado”. Em situações mais graves, as mamas podem ficar doloridas, inchadas e com a pele avermelhada e brilhante, podendo provocar febre e mal-estar.

Mastite é a inflamação da mama, que pode progredir ou não para uma infecção. Pode acontecer quando o leite fica muito tempo parado no peito e/ou através da rachadura no mamilo, que funciona como uma porta de entrada para bactérias.

Ductos lactíferos são os canais por onde o leite passa dentro da mama. Eles podem ficar bloqueados quando o leite produzido numa determinada área, por algum motivo, não é drenado. Isso ocorre com frequência quando a mama não é esvaziada corretamente, ou seja, quando as mamadas são muito espaçadas ou quando o bebê não consegue remover o leite de maneira eficaz. Pode ser causado também quando existe pressão local, como um sutiã muito apertado, ou o uso de cremes nos mamilos, obstruindo os poros de saída do leite. O bloqueio de ductos lactíferos pode se manifestar a partir de caroços localizados, sensíveis e dolorosos, acompanhados de vermelhidão e calor na área afetada.

A falsa sensação de ter pouco leite é a principal razão para a oferta de outros leites e alimentos ao bebê. Mas é preciso destacar que a maioria das mulheres produz leite suficiente para oferecer à criança em todas as etapas da amamentação. Choro ou outras reações de insatisfação do bebê não significam necessariamente que a mãe esteja com pouco leite. Se o bebê demonstra estar satisfeito após as mamadas, é ativo, responde aos estímulos, urina várias vezes ao dia (no mínimo 6 vezes) e está crescendo, ganhando peso e se desenvolvendo adequadamente, de acordo com a avaliação médica, não há problemas com a quantidade de leite.

 Hiperlactação é o caso de mulheres que produzem mais leite do que o bebê consegue consumir. Não é um problema, mas pode provocar algumas dificuldades na amamentação. A criança pode ficar irritada, arquear o corpo para trás durante a mamada, engasgar, regurgitar ou ter gases e cólicas (BRASIL, 2022).

OS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO PARA A MÃE E PARA O BEBÊ

      Há evidências de que, tanto em países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos, a amamentação protege as crianças contra infecções dos tratos gastrintestinal e respiratório, sendo maior a proteção quando a criança é amamentada de forma exclusiva e por tempo prolongado. Os efeitos protetores da amamentação contra infecções do ouvido e pulmão têm-se tornado mais evidentes nos últimos anos. Nesse particular, cumpre importante papel a imunoglobulina A (IgA) secretora, um anticorpo resultante da resposta da mãe à exposição prévia a agentes infecciosos. Ela tem como característica sobreviver nas membranas das mucosas respiratória e gastrintestinal e ser resistente à digestão proteolítica. Além de impedir que agentes patogênicos se fixem nas células da criança amamentada, ela limita os efeitos danosos do processo inflamatório. Quanto à infecção urinária, foi avaliado um possível efeito protetor da amamentação contra o primeiro episódio acompanhado de febre em crianças suecas menores de seis anos. Os 200 casos de infecção urinária foram comparados a 336 controles pareados por idade e gênero. Observou-se um efeito protetor nas crianças que estavam em amamentação exclusiva, assim como uma proteção até os dois anos de idade, mesmo

em crianças desmamadas. Com relação aos efeitos da amamentação em longo prazo vários estudos evidenciam que crianças amamentadas apresentaram médias mais baixas de pressão sanguínea, colesterol total e melhor desempenho em testes de inteligência. As prevalências de sobrepeso/obesidade e diabetes tipo 2 também são relativamente menores.

            Indaga-se sobre o efeito da amamentação no menor risco de morte por artrite reumatoide e há

também controvérsia quanto a seu efeito contra certas fraturas ósseas, especialmente coxofemorais, pois há estudos mostrando que mulheres que amamentam apresentam menos osteoporose e menos fraturas. Muitos trabalhos foram publicados mostrando como a amamentação se relaciona à amenorreia pós-parto e ao consequente maior espaçamento Inter gestacional. Outros benefícios para a mulher que amamenta são o retorno ao peso pré-gestacional mais precocemente e o menor sangramento uterino pós-parto (consequentemente, menos anemia), devido à involução uterina mais rápida provocada pela maior liberação de ocitocina, que é estimulada pela sucção precoce do bebê (TOMA, T.S. et al, 2008).

Não basta a mulher estar informada das vantagens do aleitamento materno e optar por esta prática. Para levar adiante sua opção, ela precisa estar inserida em um ambiente favorável à amamentação e contar com o apoio de um profissional habilitado a ajudá-la, se necessário. Mas nem sempre o profissional de saúde tem conhecimentos e habilidades suficientes para manejar adequadamente as inúmeras situações que podem servir de obstáculo à amamentação bem-sucedida, em parte porque o aleitamento materno é uma “ciência” relativamente nova, e nem sempre são disponíveis materiais (GIUGLIANI E.R.J et.al 2004).

Além de prevenir doenças no início da vida, o leite materno parece reduzir o risco de certas doenças crônicas ligadas ao sistema imunológico, como doenças autoimunes, doença celíaca, doença de Crohn e colite ulcerativa, diabetes mellitus e linfoma. Alergia alimentar também tem sido encontrada menos frequentemente em crianças amamentadas exclusivamente ao peito, e a dermatite atópica pode ter o seu início retardado com a alimentação natural.

Sob o ponto de vista nutricional, cada vez mais tem-se mostrado a superioridade do leite materno sobre os outros leites, uma vez que contém todos os elementos essenciais para o bom crescimento e desenvolvimento das crianças, além de ser mais fácil de ser digerido (GIUGLIANI, E.R.J. 1994).

O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM E O ALEITAMENTO MATERNO

        Há muito o aleitamento materno deixou de ser visto como um ato natural, fisiológico. Hoje em dia, na nossa sociedade, as mulheres que amamentam não o fazem por necessidade ou tradição. Elas optam pela amamentação. As crianças, no entanto, não podem optar, muito embora elas tenham o direito de sobreviver, de crescer sadias física e mentalmente e de ter uma boa qualidade de vida. Elas têm o direito de ser amamentadas. Cabe a nós, profissionais de saúde, ajudar na luta pelos direitos das crianças e fazer, muitas vezes, o papel de advogado na questão da amamentação (GIUGLIANI, E.R.J. 1994).

          No manejo clínico da amamentação, é necessário que o enfermeiro tenha conhecimento técnico e científico sobre anatomia e fisiologia da lactação, da sucção, dos fatores emocionais e psicológicos que possam interferir, além de técnicas de comunicação, para que saiba orientar sobre posicionamento e pega adequada, extração manual do leite materno e formas alternativas de oferta do leite materno, que não sejam por meio de mamadeiras. A comunicação verbal é uma das estratégias mais utilizadas pelos enfermeiros no que diz a respeito ao manejo clínico. O educar em saúde é uma prática que acompanha o enfermeiro: saber se articular, ouvir, compreender o que essa mulher sabe, enxergá-la como sujeito, transmitir a informação e permitir que ela reflita e decida o que julgar melhor. Muitos enfermeiros afirmam conseguir mais êxito quando, além da orientação verbal, usam artifícios visuais. A demonstração de “como deve ser feito”, ajuda na compreensão daquilo que o profissional quer transmitir como orientação. Assim, o manejo clínico da amamentação torna-se necessário para a mudança da realidade em prol da promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, e quando realizado com o auxílio de material explicativo visualmente, pode contribuir de forma decisiva para que não ocorra o desmame precoce (AZEVEDO, A.R.R. 2015).

           O enfermeiro faz parte de uma equipe multidisciplinar e possui atribuições importantes para o processo de acolhimento e sequencia no atendimento desta mulher, principalmente no contexto da atenção básica de saúde, por ter atribuições específicas. Sendo uma delas, a realização da Consulta de Enfermagem, com avaliação integral da mulher. Tal profissional pode através de sua formação, que é voltada para o cuidado, ser um facilitador durante o pré-natal. Conduzindo a gestante a empoderar-se de si, e ser a protagonista da gestação. Além de aumentar a autonomia dessa mulher através do

cuidado, e tudo isso através da ferramenta de escuta sensível e do cuidado centrado na pessoa, centrado na gestante, centrado na mulher. O papel do enfermeiro como cuidador é buscar integralmente a saúde destas mulheres, seja prescrevendo cuidados de enfermagem e medicamentos previstos em programas de saúde e protocolos das instituições de saúde, mantendo esquemas terapêuticos, solicitando exames complementares e fortalecendo o vínculo entre a gestante e sua equipe. Cabe à equipe de saúde, ao entrar em contato com uma mulher gestante, esforçar se em buscar compreender os múltiplos significados da gestação para aquela mulher e sua família através da empatia – principalmente caso a gestante seja uma adolescente. A história de vida e o contexto de gestação trazidos pela mulher durante a gravidez devem ser acolhidos integralmente a partir do seu relato e de seu parceiro, ou familiares caso seja de desejo da gestante. Tal contexto implica mudanças nas relações estabelecidas entre a mulher e a família, o pai e a criança. Além disso, gera mudanças na relação da gestante consigo mesma, no modo como ela entende seu autocuidado, bem como modificações em como ela percebe as mudanças corporais, o que interfere muitas vezes no processo de amamentação (REIS, R.S. et al, 2017).

           Durante a consulta de enfermagem, além da competência técnica, o enfermeiro deve demonstrar interesse pela gestante e pelo seu modo de vida, ouvindo suas queixas e considerando suas preocupações e angústias. Para isso, o enfermeiro deve fazer uso de uma escuta qualificada, a fim de proporcionar a criação de vínculos. Assim, ele poderá contribuir para a produção de mudanças concretas e saudáveis nas atitudes da gestante, de sua família e comunidade, exercendo assim papel educativo (BRASIL, 2012).

CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se a necessidade de promover estratégias efetivas de capacitação das gestantes dando-se ênfase à pega e a posição correta para evitar desmame precoce, e conservação do leite, visando melhorar índices de aleitamento materno exclusivo em mulheres trabalhadoras (AMARAL D.S et al 2021).

O problema enfatizado é a falta de orientação a gestante, lembrando que é a partir das orientações que surgirá também os cuidados com ela. A gestante precisa se preparar fisicamente e mentalmente também para todo o processo sendo de fundamental importância estas mulheres serem orientadas de forma clara e eficaz.

Através dos resultados obtidos no estudo do conhecimento das mães sobre o aleitamento materno, pode-se concluir que apesar das puérperas saberem da importância do aleitamento materno para o adequado crescimento e desenvolvimento da criança, elas desconhecem questões simples sobre a prática da amamentação bem como as propriedades e funções do leite materno para a mãe e o bebê. O baixo nível de conhecimento em relação a esta nova fase e a escassez de informações recebidas sobre amamentação, sinalizam para a urgência de um programa de orientação e promoção do aleitamento materno e orientação da gestante durante o pré-natal (LEITE S.M. DE M. 2010).

Portanto, para que a prática do aleitamento materno tenha sucesso, é indispensável o apoio dos profissionais de saúde, auxiliando e cuidando das mães e crianças em processo de aleitamento. Devemos então, criar um vínculo de confiança com a mãe e seus familiares, permitindo uma escuta ativa, esclarecê-la sobre as suas dúvidas relacionadas ao aleitamento, como por exemplo, o manejo, à prevenção de complicações, as dificuldades e crenças e principalmente reforçar a importância do aleitamento materno exclusivo até o 6º mês para a sua saúde da mãe e para a saúde da criança (BUENO K. DE C.V.N 2013).

Concluiu-se que existe a necessidade de aperfeiçoamento dos profissionais de saúde em relação ao incentivo do aleitamento materno exclusivo, bem como a constante meditação sobre sua atuação assistencial diante da lactante e sua família, considerando as condições físicas e emocionais de cada mulher, de modo a conseguir um melhor cuidado e atendimento (CARVALHO E.S. et al 2018).

É importante salientar que não só a intervenção familiar, mais aspectos psicológicos, trabalho materno e problemas mamários interferem no aleitamento materno exclusivo ocasionando o desmame precoce e/ou complemento à amamentação, sendo preciso conscientização de que o leite materno é um alimento completo, não havendo necessidade de complementação nutricional no primeiro semestre.

Em função das taxas do aleitamento materno no Brasil, do grau de desenvolvimento do nosso país e das evidências epidemiológicas da importância da amamentação, a promoção do aleitamento materno deve ser vista como uma ação prioritária para a melhoria da saúde e da qualidade de vida das crianças e de suas famílias. Não existe uma estratégia única capaz de elevar as taxas de aleitamento materno. Ela deve variar de acordo com a população, sua cultura, seus hábitos, suas crenças, sua posição socioeconômica, entre outras características. No entanto, em qualquer estratégia, é fundamental acreditar na importância da amamentação (GIUGLIANI, E.R.J. 1994).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 Acadêmicas do curso de Enfermagem da Faculdade da Amazônia – UNAMA/RO

2 Orientadora/Docente do curso de Enfermagem da Faculdade da Amazônia – UNAMA/RO