A IMPORTÂNCIA DA NORMA REGULAMENTADORA Nº 17 (NR17), ISO 45001 E ISO 31000 PARA A AVALIAÇÃO BIOPSICOSSOCIAL. 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202506301221


Roseane do Nascimento Lima Santos1
Patrícia Medeiros Cavalcante2
Dra. Simone de Cassia Silva3


RESUMO 

Este artigo analisa a integração da Norma Regulamentadora nº 17 (NR 17), da ISO 45001 e da ISO  31000 na avaliação biopsicossocial de pessoas com deficiência, destacando sua relevância para a  promoção de ambientes de trabalho inclusivos, seguros e saudáveis. Por meio de uma revisão sistemática  e análise documental, o estudo demonstra como essas normativas, quando aplicadas de forma conjunta,  oferecem um arcabouço para a adaptação ergonômica, gestão de riscos e saúde ocupacional, alinhando se aos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Além  disso, discute-se a implementação prática desse modelo, exemplificada pelo projeto-piloto da Empresa  Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que adotou a avaliação biopsicossocial unificada da  deficiência. Os resultados evidenciam a necessidade de abordagens multidisciplinares e políticas  organizacionais que considerem não apenas aspectos biomédicos, mas também psicológicos e sociais,  para garantir a plena inclusão e autonomia das pessoas com deficiência. Conclui-se que a combinação  dessas normas com a avaliação biopsicossocial representa um avanço significativo na conformidade  legal, na gestão de riscos e na promoção de uma cultura organizacional inclusiva, contribuindo para o  cumprimento de diretrizes internacionais de direitos humanos e acessibilidade. 

PALAVRAS-CHAVE: inclusão, condições de trabalho, pessoas com deficiência.  

INTRODUÇÃO 

A Norma Regulamentadora nº 17 (NR 17) é um dispositivo do Ministério do Trabalho que trata  da ergonomia no ambiente laboral, visando promover condições adequadas para a saúde e segurança dos  trabalhadores, estabelecendo diretrizes para a adaptação das condições de trabalho às características  psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e  desempenho. No contexto da avaliação biopsicossocial da pessoa com deficiência, a NR 17 pode ser  aplicada para proporcionar que o ambiente de trabalho seja adaptado de forma a viabilizar condições  adequadas para a inclusão e o desempenho eficaz do trabalhador com deficiência, incluindo a avaliação  das necessidades específicas da pessoa com deficiência, ao considerar aspectos físicos, psicológicos e  sociais, para que ela tenha acesso a recursos e adaptações necessárias para exercer suas funções de forma  segura e produtiva. 

Essa avaliação biopsicossocial envolve não apenas a análise das condições físicas do ambiente  de trabalho, como ergonomia dos móveis e equipamentos, mas também aspectos psicológicos, como o  apoio emocional e o treinamento necessário para lidar com desafios específicos relacionados à  deficiência, além de considerar fatores sociais, como a interação com colegas e a acessibilidade do local  de trabalho, nesse aspecto, A NR 17 é uma ferramenta importante para viabilizar a inclusão e a adequação  do ambiente de trabalho para pessoas com deficiência, promovendo sua integração e contribuição efetiva  no mercado de trabalho2

A integração entre as Normas Regulamentadoras (NRs) brasileiras, como a ISO 31000:2018  sobre gestão de riscos e a ISO 45001:2018 sobre sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional  (SSO), enfatiza a importância de uma abordagem sistemática, multidisciplinar, coesa e orientada para a  prevenção como um pilar fundamental para a promoção de ambientes de trabalho seguros e  saudáveis1,5,9,10.  

Há várias estratégias para promover a inclusão de pessoas com deficiência no ambiente de  trabalho, como: a acessibilidade física, para que o local de trabalho seja acessível às pessoas com  diferentes tipos de deficiência, (incluindo rampas para cadeiras de rodas, corrimãos, banheiros  adaptados, sinalização tátil, para pessoas com deficiência visual); a adaptação de equipamentos e  tecnologias adaptadas às necessidades específicas de cada pessoa com deficiência, (como softwares de  leitura de tela para pessoas com deficiência visual, dispositivos de entradas alternativas para pessoas  com dificuldades motoras); desenvolvimento da cultura da valorização profissional, por meio de  treinamentos e políticas para fomentar o conhecimento e sensibilizar os funcionários sobre a inclusão e  a diversidade, promovendo uma cultura organizacional que valorize a participação e crescimento de  todos os colaboradores ; políticas de recrutamento e seleção inclusivas, viabilizando a igualdade de  oportunidades nos processos, promovendo a contratação de pessoas com deficiência qualificadas;  programas de desenvolvimento profissional, ofertando oportunidades iguais de crescimento para todos  os trabalhadores; acomodações razoáveis: Proporcionar acomodações razoáveis para pessoas com  deficiência, conforme exigido pela legislação, para garantir que possam desempenhar suas funções de  forma eficaz e produtiva; Políticas de apoio e inclusão: Desenvolver políticas e procedimentos que  promovam um ambiente de trabalho inclusivo e acolhedor, onde todos os funcionários se sintam  valorizados e respeitados, independentemente de suas diferenças. Essas práticas podem contribuir para  a formação de um ambiente de trabalho inclusivo, que promova igualdade de oportunidades entre os  indivíduos, no sentido do desenvolvimento e sucesso profissional3

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 

NR 17, ISO 45001:2018 e a ABNT NBR ISO 31000:2018: objetivos e aplicabilidade

A NR-17 estabelece diretrizes e requisitos essenciais para a adequação das condições de trabalho  às características psicofisiológicas dos trabalhadores. Seu principal objetivo é assegurar conforto,  segurança, saúde e desempenho eficiente no ambiente laboral. A NR-17 visa à adaptação do trabalho às  condições do trabalhador, abrangendo desde o levantamento, transporte e descarga de materiais,  mobiliário e equipamentos de trabalho, até aspectos relacionados ao conforto no ambiente de trabalho e  à própria organização do trabalho. Esta norma se aplica a todas as situações de trabalho onde se  identifiquem necessidades de adaptação ergonômica, incluindo organizações e órgãos públicos da  administração direta e indireta, além de órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário e Ministério Público  regidos pela CLT. Uma das exigências fundamentais da NR-17 é a realização de avaliações ergonômicas  preliminares e, quando necessário, análises ergonômicas do trabalho (AET) mais aprofundadas. Estas  análises visam identificar, prevenir e corrigir riscos ergonômicos aos quais os trabalhadores possam estar  expostos, através de abordagens qualitativas, semiquantitativas, quantitativas ou a combinação destas. A  norma destaca a importância da organização do trabalho de forma a respeitar as capacidades e limitações  dos trabalhadores, incluindo aspectos como normas de produção, exigência de tempo, ritmo de trabalho,  conteúdo das tarefas, e aspectos cognitivos relevantes para a segurança e saúde dos trabalhadores. Assim,  ela representa um marco na regulamentação da ergonomia no ambiente de trabalho no Brasil,  estabelecendo parâmetros claros para a adaptação das condições laborais às necessidades dos  trabalhadores. Ao focar na análise ergonômica e na organização do trabalho, a norma contribui  significativamente para a prevenção de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, promovendo um  ambiente de trabalho mais seguro, saudável e produtivo11

A normativa ISO 45001:2018 – Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional representa  um marco importante no campo da segurança e saúde ocupacional (SSO), fornecendo uma estrutura  robusta para organizações que buscam estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente um  sistema de gestão de SSO. Esta norma substitui a OHSAS 18001, integrando-se mais facilmente a outros  sistemas de gestão, como ISO 9001 e ISO 14001, considerado à adoção da estrutura de alto nível (High Level Structure – HLS). O principal objetivo da ISO 45001 é proporcionar um ambiente de trabalho  seguro e saudável, prevenindo lesões e problemas de saúde relacionados ao trabalho, além de melhorar  proativamente o desempenho de SSO. Ela é aplicável a qualquer organização, independentemente de  seu tamanho, tipo ou natureza do negócio. A norma é construída em torno de vários princípios chave,  incluindo o envolvimento da alta direção no sistema de gestão de SSO, a importância de estabelecer uma  cultura de segurança, a necessidade de consulta e participação dos trabalhadores, e a abordagem de  gestão de riscos para identificar, avaliar e controlar perigos. A implementação da ISO 45001 pode ajudar  as organizações a reduzirem acidentes de trabalho, cumprir com requisitos legais e regulatórios, e  melhorar a eficiência operacional. Os benefícios não se limitam apenas à melhoria da segurança dos trabalhadores, mas também incluem aspectos como aumento da satisfação dos funcionários, redução de  custos relacionados a acidentes e melhoria da imagem corporativa9

A ABNT NBR ISO 31000:2018 fornece um guia abrangente para a gestão de riscos, apresentando  diretrizes que podem ser aplicadas por organizações de qualquer porte ou setor. Seu objetivo é auxiliar  as organizações na criação, proteção de valor e melhoria no desempenho através da gestão eficaz dos  riscos. A Norma é fundamentada em princípios de gestão de riscos que incluem a criação e proteção de  valor, integração da gestão de riscos nos processos organizacionais, personalização conforme o contexto  da organização, inclusividade, dinamismo, uso da melhor informação disponível, consideração dos  fatores humanos e culturais, e melhoria contínua. Descreve uma estrutura para a gestão de riscos que  envolve liderança e comprometimento, integração nos processos organizacionais, concepção da gestão  de riscos, implementação, avaliação e melhoria. O processo de gestão de riscos inclui comunicação e  consulta com partes interessadas, estabelecimento do contexto, avaliação de riscos (identificação, análise  e avaliação) e tratamento de riscos, seguido por monitoramento e revisão, além de registro e relato dos  riscos e das ações tomadas. Está projetada para ser aplicável em todos os níveis da organização e em  todas as atividades, incluindo tomada de decisões estratégicas e operacionais e fornece uma base sólida  para o estabelecimento de uma cultura de riscos informada e de práticas de gestão de riscos que podem  melhorar a capacidade de uma organização de alcançar seus objetivos, gerenciar adversidades e  maximizar oportunidades1

Avaliação Biopsicossocial  

O Índice de Funcionalidade Brasileiro Modificado (IFBrM) foi aprovado em 2020 como um instrumento  base para a avaliação da deficiência e é utilizado para implantação de um sistema unificado a ser adotado  pelo Governo Brasileiro, conforme prevê a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência  (BRASIL, 2015)(1). O índice atualiza o sistema de avaliação, saindo do modelo de Classificação  Internacional de Doenças (CID) para a Classificação Internacional de Funcionalidades e Incapacidade  em Saúde (CIF) e, portanto, adotando critérios biopsicossociais.  

Desde a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência — aprovada pela ONU (2006)  e ratificada pelo Brasil (2008) — discute-se no Brasil novo modelo de avaliação da deficiência, baseado  não apenas na visão biomédica (que a entende a deficiência como uma patologia ou impedimento do  indivíduo), mas na compreensão de que a deficiência resulta da interação desta lesão com as barreiras  sociais que impedem a participação plena da pessoa na sociedade. Assim, criado o Comitê do Cadastro  Nacional da Inclusão da Pessoa com Deficiência e da Avaliação Unificada da Deficiência (Decreto no.  8.954 de 2017), possibilitando a elaboração e validação do IFBrM. A pesquisa de campo envolvendo a  aplicação do IFBrM contou com mais de 8.000 avaliados, com avaliações realizadas por profissionais de diferentes áreas, da Rede de Atenção à Saúde do SUS, em 50 cidades distintas das cinco regiões do  país, sob coordenação da Universidade de Brasília (UnB)12

Indicadores de funcionalidade podem medir o real impacto das condições de saúde em diferentes  domínios da vida. A partir das reflexões realizadas e alicerces teóricos acessados, percebe-se que a  implementação de indicadores de funcionalidade nos inquéritos populacionais periódicos em saúde e  protocolos de registro para informação clínica, independentemente do nível de serviço de saúde, seria  de grande interesse. Vale ressaltar que o grupo de indicadores de funcionalidade deve ser proposto em  uma linguagem universal e, portanto, a CIF representa o modelo mais abrangente18

No entanto, enquanto os critérios de avaliação de deficiências tiveram um caminho claro para  tornarem-se unificados – ainda não há unidade entre os critérios de concessão de benefícios às pessoas  com deficiência. Em 2020, o Brasil apresentou um grande leque programa sociais que buscam promover  assistência básica a esse grupo, dentre estes podemos citar o Benefício de Prestação Continuada (BPC),  uma política pública de combate às desigualdades entre as pessoas pobres com deficiências e idosos,  garantida na Constituição Federal de 1988 e regulamentada pela Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993  — Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (BRASIL, 1993). Mesmo aprovado há décadas, ainda há  divergência quanto às regras de concessão do próprio BPC(2)

Em 11 de abril de 2023, foi publicado o Decreto nº 11.487, de 10 de abril de 2023, que Institui o  Grupo de Trabalho sobre a Avaliação Biopsicossocial Unificada da Deficiência no âmbito do Ministério  dos Direitos Humanos e da Cidadania, com competências de subsidiar a elaboração de proposta da  Avaliação Biopsicossocial Unificada da Deficiência e seu instrumento correlato, conforme o disposto  no art. 2º da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015; propor os processos de implantação e de  implementação da Avaliação Biopsicossocial Unificada da Deficiência perante a União, os Estados, o  Distrito Federal e os Municípios; avaliar e finalizar o Índice de Funcionalidade Brasileiro Modificado – IFBrM, consideradas as especificidades do ato normativo da Avaliação Biopsicossocial Unificada da  Deficiência; e planejar os processos de formação e de qualificação das equipes para aplicação da  Avaliação Biopsicossocial Unificada da Deficiência16

A avaliação biopsicossocial tem como objetivo verificar e avaliar os direitos de pessoas com  deficiência, de forma a identificar, individualmente, de que modo ela desabilita ou prejudica a autonomia  plena na vida cotidiana e profissional. O trabalho a ser realizado tem como metas subsidiar a elaboração  de proposta da Avaliação Biopsicossocial Unificada da Deficiência; propor os processos de implantação  e de implementação da Avaliação Biopsicossocial Unificada da Deficiência perante a União, Estados,  Distrito Federal e Municípios; e avaliar e finalizar o Índice de Funcionalidade Brasileiro Modificado  (IFBrM). O IFBrM é um instrumento que visa elaborar um modelo único de classificação e valoração  das deficiências para uso em todo o território nacional. 

O GT também terá como objetivo planejar os processos de formação e de qualificação das  equipes para aplicação da Avaliação Biopsicossocial Unificada da Deficiência. O grupo teve caráter  interministerial e foi composto por representantes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania,  que atua como coordenador; da Casa Civil, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social,  Família e Combate à Fome; do Ministério da Fazenda; do Ministério da Gestão e da Inovação em  Serviços Públicos; do Ministério do Planejamento e Orçamento; do Ministério da Previdência Social;  do Ministério da Saúde; e do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O decreto  prevê que o Grupo de Trabalho teria duração de 360 dias, contados da data de designação de seus  representantes, e poderá ser prorrogado uma vez por igual período17

Neste escopo, A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que é responsável pela  gestão dos Hospitais Universitários Federais, e foi uma das empresas públicas escolhida para participar  do projeto-piloto de implantação do modelo de Avaliação Biopsicossocial Unificada da Deficiência,  modelo único de classificação para uso em todo o território nacional. O projeto está sendo organizado  pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), por meio da Secretaria Nacional dos  Direitos da Pessoa com Deficiência. A implantação na rede Ebserh ocorrerá pela Diretoria de Gestão de  Pessoas (DGP/Ebserh) que ficará responsável pela capacitação dos trabalhadores participantes das  Comissões, em todas as filiais da Empresa. A avaliação biopsicossocial é um procedimento técnico de  verificação que busca avaliar os direitos das pessoas com deficiência, como forma de identificar  individualmente de que modo ela desabilita ou prejudica a autonomia plena na vida profissional e  cotidiana, entre outros aspectos de sobrevivência.  

O novo modelo migrará dos direitos baseados meramente em laudo médico para uma avaliação  multiprofissional e interdisciplinar a partir da Classificação Internacional de Funcionalidade,  Incapacidade e Saúde (CIF), um modelo da Organização Mundial da Saúde (OMS). São quase 40  direitos entre benefícios, serviços, programas e isenções que pessoas com deficiência podem acessar por  meio do poder público. Na prática, regulamentar e implementar uma avaliação biopsicossocial unificada  da deficiência resultará em transformações no conceito da deficiência e no modelo de acesso a direitos  econômicos, políticos, sociais e culturais. O Grupo de Trabalho sobre a Avaliação Biopsicossocial  Unificada da Deficiência é formado por representantes de diversos ministérios do Governo Federal, sob  comando do MDHC, e tem como objetivo subsidiar a elaboração de proposta da Avaliação  Biopsicossocial Unificada da Deficiência e propor os processos de implantação e de implementação em  toda a rede Ebserh15

MÉTODO

Foi realizada uma análise documental das normativas mencionadas, utilizando termos como  ergonomia, segurança e saúde no trabalho, e gestão de riscos. 

Foram tomados como critérios de inclusão os estudos observacionais, os estudos de avaliação e  as revisões sistemáticas com publicações de 2019 a 2024, com foco na correlação da NR 17, ISO 45001,  ISO 31000 e a Avaliação Biopsicossocial no serviço público.  

Foram excluídas as publicações que não atenderam ao escopo proposto, sendo selecionados seis  artigos para avaliação sistemática. 

BASE DE DADOS ESTRATÉGIA DE BUSCANúmero de Publicações encontradas.
LILACS 
(Biblioteca Virtual em Saúde) BVS
“ergonomia”, “saúde ocupacional”, “segurança ocupacional”, “fatores de risco ocupacionais”, “ambiente de trabalho”, “local de trabalho”, “configuração ocupacional” de acordo com DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e MeSH (Medical Subject Heading MeSH), combinados pelo booleano “AND”.Ergonomia (41)
Saúde Ocupacional (12)
Riscos Ocupacionais (10)
Qualidade de Vida (4)
Fatores de Risco (3)
Pessoal de Saúde (5)
Condições de Trabalho (3)
Doenças Profissionais (3)
Carga de Trabalho (3)
Local de Trabalho (2)
LILACS 
(Biblioteca Virtual em Saúde) BVS 
“NR 17”Exposição Ocupacional (1)
LILACS 
(Biblioteca Virtual em Saúde) BVS
“ISO 45001”, “gestão da saúde e segurança ocupacional”.ISO 45001 (1)
LILACS 
(Biblioteca Virtual em Saúde) BVS
“ISO 31000”, “gerenciamento de riscos”, and “segurança ocupacional”.ISO 31000 (1)
LILACS 
(Biblioteca Virtual em Saúde) BVS
“Avaliação Biopsicossocial”Classificação Internacional de 
Funcionalidade, Incapacidade e 
Saúde (5) 
Pessoas com Deficiência (1)
Google Acadêmico“Avaliação Biopsicossocial”Avaliação Biopsicossocial (1)

ANÁLISE DAS NORMAS, ORIENTAÇÕES E ARTIGOS

ArtigosResultados
 
O modelo biopsicossocial no cuidado a saúde: reflexões sobre a produção de dados sobre funcionalidade e incapacidade/deficiência. 

O artigo expressa que o indicador de funcionalidade pode ser útil para o gerenciamento da saúde. As informações sobre funcionalidade são essenciais para melhorar o planejamento e a qualidade dos serviços de saúde e podem ser usadas no planejamento e monitoramento dos cuidados de saúde; podem ser coletadas em pesquisas de saúde da população por ferramentas específicas; e poderiam ser produzidas usando a CIF como uma estrutura na coleta diária de informações sobre saúde.
Incorporação de modelos internacionais de gerenciamento de riscos na normativa federal Analisa a influência de modelos internacionais de gestão de riscos empresariais, particularmente os originados no contexto anglo-saxão, sobre as normas e orientações do governo federal brasileiro. Destaca-se a adoção dos modelos COSO ERM e ISO 31000:2009 como base para a implementação da gestão de riscos na administração pública federal, buscando criar um legado aceito internacionalmente. Contudo, apesar da inclusão desses modelos nas instruções normativas de órgãos federais, como o Tribunal de Contas da União, a adoção efetiva da gestão de riscos depende de uma série de fatores, incluindo liderança e promoção de instrumentos. A pesquisa sugere que, embora haja pressões coercitivas e normativas para a inclusão da gestão de riscos nas diretrizes governamentais, sua adoção prática ainda enfrenta desafios significativos14.  
Ambiente de trabalho seguro e sustentável: como a ergonomia de conscientização e participativa se aplica aos servidores públicos? O artigo analisa a utilização das Ergonomia de Conscientização e Participação como programa de educação visando a prevenção primária e a conscientização dos riscos ergonômicos das lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT). Conclui que novas análises devem ser observadas para promover melhora da qualidade de vida do trabalhador, diminuição das perdas econômicas, contribuindo para um trabalho seguro, decente e sustentável como preconiza principalmente o Objetivo 8 da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. 
Intensidad del trabajo de conocimiento en la gestión de seguridad y salud en el trabajo O artigo examina a importância de integrar conhecimentos especializados na gestão da segurança e saúde ocupacional dentro de uma empresa, enfatizando na aplicação da norma NC ISO 45001. Por meio de uma análise detalhada das tarefas envolvidas, identificou-se que a dimensão mais exigente é a intensidade da informação, especialmente devido a aspectos tecnológicos, médicos e legais. As tarefas críticas incluem a identificação de perigos e avaliação de riscos, treinamento de trabalhadores, e análise de exames médicos. A eficácia na gestão da segurança e saúde requer de suportes informáticos adequados e de uma troca interdisciplinar sistemática entre profissionais como engenheiros, psicólogos e médicos. Esta abordagem integradora e baseada em conhecimento profundo é essencial para adaptar o ambiente de trabalho às normativas de segurança e saúde, garantindo um ciclo contínuo de melhoria.  
A classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde da organização mundial da saúde: conceitos, usos e perspectivas O artigo recomenda a realização de estudos adicionais por profissionais e pesquisadores de várias disciplinas, para explorar plenamente o impacto e a eficácia da CIF na melhoria dos cuidados de saúde e na implementação de políticas públicas voltadas para pessoas com deficiência. Destaca-se a importância de adaptar o uso da CIF conforme a realidade e as necessidades específicas de diferentes grupos e contextos, promovendo assim uma maior inclusão social e uma melhor qualidade de vida para pessoas com deficiência. 
O papel das Classificações da OMS – CID e CIF nas definições de deficiência e incapacidade O artigo discute a importância das duas classificações de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a descrição dos estados de saúde: a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID10) e a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Essas classificações são complementares e essenciais para fornecer uma imagem mais completa e significativa da saúde das pessoas ou populações, A CIF, em particular, introduz um novo modelo de compreensão das situações de incapacidade, baseado em um esquema dinâmico que considera os fatores contextuais, oferecendo uma perspectiva mais abrangente que pode ajudar na promoção da igualdade de oportunidades e no combate à discriminação de pessoas com deficiência ou incapacidade. O uso dessas classificações pode auxiliar na elaboração de políticas mais claras e justas, bem como na definição de intervenções e alocação de recursos para melhor atender às necessidades das pessoas com deficiência ou incapacidade. 

Os resultados evidenciam que a integração entre as NR 17, ISO 45001 e ISO 31000 proporcionam uma  estrutura para a avaliação biopsicossocial de pessoas com deficiência, alinhando-se aos princípios de  acessibilidade, inclusão e gestão de riscos ocupacionais, demonstrando que, quando aplicadas de forma  conjunta, não apenas atendem aos requisitos legais, como também promovem ambientes de trabalho  adaptáveis e equitativos. Desta forma destacam-se alguns pontos de relevância.

1. Sinergia entre as Normativas e a Abordagem Biopsicossocial 

A NR 17 destaca-se ao estabelecer parâmetros ergonômicos que visam adequar o ambiente laboral às  necessidades psicofisiológicas dos trabalhadores, incluindo pessoas com deficiência. Sua aplicação,  quando combinada com a ISO 45001 e a ISO 31000, permite uma abordagem holística. Tal integração  é importante para identificar e mitigar barreiras físicas, cognitivas e sociais no ambiente de trabalho,  promover adaptações personalizadas, (como mobiliário ergonômico, tecnologias assistivas e  treinamentos específicos) e viabilizar a participação ativa dos trabalhadores na avaliação de riscos e na  proposição de soluções, conforme preconizado pela ISO 45001. 

O estudo também revela que a transição do modelo biomédico para o biopsicossocial, baseado na CIF  (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde), representa um avanço  significativo. Enquanto o modelo tradicional limita-se a diagnósticos clínicos, a abordagem  biopsicossocial considera a interação entre condições de saúde, fatores ambientais e participação social,  oferecendo uma avaliação mais abrangente, podendo ser mais justa com os indivíduos. 

2. Desafios na Implementação Prática 

Apesar dos benefícios teóricos, a aplicação dessas normativas encontra desafios, como a falta de  padronização, uma vez que diferentes interpretações das normas podem levar à inconsistências na  avaliação de deficiências e na implementação de adaptações; a resistência organizacional, considerando  que empresas podem oferecer resistência em investir em mudanças estruturais devido aos custos iniciais  ou pouco conhecimento técnico e a fragilidades na fiscalização, observando que a eficácia da NR 17  depende da atuação de órgãos reguladores, que nem sempre dispõem de recursos suficientes para garantir  seu cumprimento. 

O caso da Ebserh ilustra esses desafios. Embora o projeto-piloto de avaliação biopsicossocial unificada  seja promissor, sua ampliação requer capacitação de equipes multiprofissionais, recursos financeiros e  articulação entre políticas públicas. Além disso, a divergência nos critérios de concessão de benefícios  (como o BPC) mostra a necessidade de maior alinhamento entre as normas e as práticas governamentais. 

3. Repercussão na Inclusão e na Produtividade 

A adoção dessas práticas tem potencial para transformar culturas organizacionais, com benefícios como  a Redução de afastamentos, (uma vez que ambientes adaptados diminuem riscos de lesões e agravamentos de condições preexistentes); aumento da satisfação e retenção de talentos, considerando  que pessoas com deficiência tendem a se sentir mais valorizadas em organizações inclusivas e  Cumprimento de marcos internacionais, promovendo alinhamento com convenções como a da ONU  sobre direitos das pessoas com deficiência.

Contudo, para que esses avanços sejam consolidados, convém adotar algumas estratégias, como:  fortalecer a formação profissional em ergonomia e gestão de riscos; criar indicadores de monitoramento para avaliar a eficácia das adaptações e promover campanhas de sensibilização sobre inclusão no  mercado de trabalho.

CONCLUSÃO 

A integração e aplicação da Norma Regulamentadora nº 17 (NR17), juntamente com as normas  ISO 45001 e ISO 31000, representam um marco na avaliação biopsicossocial, especialmente em  contextos organizacionais que visam a inclusão efetiva de pessoas com deficiência. A adoção desses  normativos não apenas reforça o compromisso das organizações com a segurança, saúde e bem-estar no  ambiente de trabalho, mas também destaca a importância de uma abordagem holística que considera os  aspectos biológicos, psicológicos e sociais da funcionalidade humana. Por meio da análise documental  realizada, fica evidente que a aplicabilidade dessas normativas em conjunto com os princípios da  avaliação biopsicossocial promove um ambiente de trabalho mais inclusivo e acessível, alinhado com as  diretrizes internacionais de direitos humanos e princípios de acessibilidade. 

Ademais, a experiência da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) no projeto piloto de implantação do modelo de Avaliação Biopsicossocial Unificada da Deficiência ilustra como a  incorporação dessas normas pode facilitar a transformação dos ambientes organizacionais, contribuindo  para uma melhor compreensão e atendimento às necessidades das pessoas com deficiência. A  capacitação dos trabalhadores e a adoção de práticas multiprofissionais e interdisciplinares, conforme  proposto pelo novo modelo de avaliação, são passos essenciais para garantir que a deficiência seja  avaliada de maneira abrangente, considerando os vários fatores que influenciam a autonomia e  participação plena na sociedade. 

Portanto, observa-se que a NR17, ISO 45001 e ISO 31000, juntamente com uma abordagem  biopsicossocial na avaliação de pessoas com deficiência, fornecem uma estrutura para o  desenvolvimento de políticas e práticas organizacionais que valorizam a diversidade e promovem a  inclusão. Esses normativos, ao serem implementados de maneira efetiva e integrada, têm o potencial de  transformar positivamente os ambientes de trabalho, assegurando não apenas a conformidade legal e a  gestão de riscos, mas também fomentando uma cultura organizacional que apoia a saúde, segurança e  dignidade de todos os trabalhadores.

Pretende-se que estudo proporcione investigações adicionais, como: Análises comparativas entre  setores públicos e privados na aplicação das normas em questão; estudos longitudinais sobre o impacto  da avaliação biopsicossocial na qualidade de vida de trabalhadores com deficiência e avaliação de  tecnologias assistivas em diferentes contextos ocupacionais. 

Dessa forma, os resultados reforçam que a combinação da NR 17, ISO 45001 e ISO 31000 com  a avaliação biopsicossocial é viável e necessária, mas depende de compromisso institucional, recursos  adequados e continuidade das políticas públicas. A experiência da Ebserh serve como modelo, mas sua  replicação em escala nacional exigirá superar desafios estruturais e culturais. 


(1) Em linha com esta discussão, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) – Estatuto da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015) estabeleceu que a avaliação da deficiência  deve ser baseada em critérios biopsicossociais.  

(2) Em 2013, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucional o trecho da LOAS (BRASIL, 1993) que define como critério para concessão do BPC a  renda média familiar de um quarto do salário mínimo, por considerar que o critério está defasado para caracterizar a condição de miserabilidade. Mas a norma não  foi anulada e a aprovação do benefício a quem está fora do critério da norma ocorre somente após a judicialização do pedido. Em 2020, o governo então vetou o valor  de meio salário mínimo como limite da renda familiar que passaria a valer a partir de 1º de janeiro de 2021, o que deixaria o benefício sem critério objetivo para  aferição da renda (AGÊNCIA SENADO, 2021). 

REFERÊNCIAS 

1. ABNT. (2018). ABNT NBR ISO 31000:2018 – Gestão de riscos – Diretrizes. Associação  Brasileira de Normas Técnicas. 

2. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Empregador. Segurança e Saúde no Trabalho.  Legislação. Portarias. 1994. Portaria n. 24, de 29 de dezembro de 1994. Aprova o Programa de  Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO (NR-7) – http://www.mte.gov.br/Empregador/segsau/Legislacao/Portarias/1994/CONTEUDO/port24.asp 

3. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Instrução  Normativa Nº 98 de 15 de agosto de 2012 – dispõe sobre procedimentos de fiscalização do  cumprimento, por parte dos empregadores, das normas destinadas à inclusão no trabalho das  pessoas com deficiência e beneficiários da Previdência Social reabilitados. Retificada pelo DOU  de 22/08/2012 Seção I Pág 53. 

4. Caderno de Segurança do Trabalho para Hospitais da Rede Ebserh – 1ª edição – Produzido pelo  Serviço de Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho – Brasília: Ebserh – Empresa Brasileira  de Serviços Hospitalares, 2022. 

5. Cunha, Jacqueline de Assis; Silva, Matheus Mello da; Casagrande, Cynthia Mara Zilli; Ferreira,  Arthur de Sá. Ambiente de trabalho seguro e sustentável: como a ergonomia de conscientização  e participativa se aplica aos servidores públicos? Arq. ciências saúde UNIPAR ; 27(1): 313-331,  jan-abr. 2023. Artigo em português | LILACS | ID: biblio-1414872. 

6. Di Nubila, H.; Buchalla, C. M. O papel das Classificações da OMS – CID e CIF nas definições  de deficiência e incapacidade. Rev. Bras. Epidemiol., 2008. 

7. Farias, N.; Buchalla, C. M. A classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde  da organização mundial da saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev. Bras. Epidemiol., 2005. 

8. https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/assuntos/inspecao-do-trabalho/seguranca-e saude-no-trabalho/ctpp-nrs/normas-regulamentadoras-nrs 

9. https://www.securitysata.com.br/blog/a-importancia-da-iso-45001-para-promover-um ambiente-seguro-e-saudavel

10. Ministério do Trabalho. (2022). NR 01 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos  Ocupacionais. Atualizada pela Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022. 

11. Ministério do Trabalho e Emprego. (2022). NR 17 – Ergonomia. Portaria MTP n.º 423 de 07 de  outubro de 2021 e Portaria MTP n.º 4.219 de 20 de dezembro de 2022. 

12. RESENDE, M. et al. Produto 11 – Documento Técnico e Analítico Final: Análise do processo de  validação do Índice de Funcionalidade Brasileiro (IFBr) pelas Políticas Sociais Brasileiras.  Brasília, DF, 2019. Citado 4 vezes nas páginas 5, 7, 9 e 12.  

13. RESENDE, M. et al. Revisões Referentes ao Produto 11 — Documento técnico e analítico final.  Brasília, DF, 2021. Citado 3 vezes nas páginas 7, 9 e 11. 

14. Souza, Flávio Sergio Rezende Nunes de; Braga, Marcus Vinícius de Azevedo; Cunha, Armando  Santos Moreira da; Sales, Patrick Del Bosco de. Incorporação de modelos internacionais de  gerenciamento de riscos na normativa federal. Rev. adm. pública (Online) ; 54(1): 59-78, jan.- fev. 2020. Graf – Artigo em Inglês | LILACS | ID: biblio-1092388 – Biblioteca  responsável: BR67.1 – Localização: BR67.1. 

15. https://www.gov.br/ebserh/pt-br/comunicacao/noticias/ebserh-discute-integracao-ainda-maior de-trabalhadores-com-deficiencia 

16. https://www.in.gov.br/web/dou/-/decreto-n-11.487-de-10-de-abril-de-2023-476014756 

17. https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/noticias/2023/04/decreto-cria-gt sobre-a-avaliacao-biopsicossocial-unificada-da-deficiencia. 

18. Dantas, Diego de Sousa; Correa, Ana Paula; Buchalla, Cassia Maria; Castro, Shamyr Sulyvan  de; Castaneda, Luciana. O modelo biopsicossocial no cuidado a saúde: reflexões sobre a  produção de dados sobre funcionalidade e incapacidade/deficiência; 33: e003321, 2020.Artigo  em Inglês | LILACS | ID: biblio-1090401. Biblioteca responsável: BR495.1


1ORCID – https://orcid.org/0009-0007-0490-7522
2ORCID – https://orcid.org/0000-0001-6366-358X
3ORCID – https://orcid.org/0000-0001-6076-9071