A IMPORTÂNCIA DA HIDROGINÁSTICA NA SAÚDE DAS IDOSAS

THE IMPORTANCE OF WATER GYMNASTICS IN THE HEALTH OF ELDERLY WOMEN

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202504092146


Roseli Sousa da Silva1
Milena Silva de Oliveira2


Resumo

A prática de atividades físicas é essencial para a promoção da saúde na terceira idade, e a hidroginástica tem se destacado como uma modalidade eficaz para melhorar a qualidade de vida dos idosos. Neste estudo, buscamos analisar os benefícios físicos, emocionais e sociais da hidroginástica para essa população. Aplicamos um questionário a 14 participantes do sexo feminino, contendo perguntas sobre dados pessoais, benefícios percebidos e impactos na vida social e emocional. Os resultados indicaram que a hidroginástica contribui para a melhora da mobilidade, flexibilidade e disposição física, além de reduzir dores articulares e musculares. Também observamos benefícios na respiração, circulação e qualidade do sono. Metade das participantes relatou que a prática ajudou na prevenção ou controle de doenças crônicas, como hipertensão, artrite e problemas respiratórios. Além dos ganhos físicos, identificamos que a atividade promove bem-estar emocional, reduzindo estresse e ansiedade, aumentando a autoestima e incentivando a socialização. Concluímos que a hidroginástica é uma prática fundamental para o envelhecimento saudável, proporcionando benefícios físicos e psicológicos que contribuem para uma melhor qualidade de vida. Dessa forma, sua inclusão em programas de promoção da saúde deve ser incentivada, garantindo que mais idosas possam usufruir de seus efeitos positivos.

Palavras–Chave: Saúde. Hidroginástica. Idosas. 

Abstract

Physical activity is essential for promoting health in old age, and water aerobics has emerged as an effective modality for improving the quality of life of the elderly. In this study, we sought to analyze the physical, emotional, and social benefits of water aerobics for this population. We applied a questionnaire to six female participants, containing questions about personal data, perceived benefits, and impacts on social and emotional life. The results indicated that water aerobics contributes to improving mobility, flexibility, and physical fitness, in addition to reducing joint and muscle pain. We also observed benefits in breathing, circulation, and sleep quality. Half of the participants reported that the practice helped prevent or control chronic diseases, such as hypertension, arthritis, and respiratory problems. In addition to the physical benefits, we identified that the activity promotes emotional well-being, reducing stress and anxiety, increasing self-esteem, and encouraging socialization. We conclude that water aerobics is a fundamental practice for healthy aging, providing physical and psychological benefits that contribute to a better quality of life. Therefore, its inclusion in health promotion programs should be encouraged, ensuring that more elderly people can benefit from its positive effects.

Keywords: Health. Water aerobics. Elderly.

1 INTRODUÇÃO

O aumento da população idosa em escala mundial tem exigido a implementação de medidas eficientes para garantir o bem-estar nessa fase da vida. Entre as diversas alternativas disponíveis, os exercícios aquáticos, particularmente a hidroginástica, têm se mostrado extremamente vantajosos. Esta modalidade não apenas atende às necessidades físicas dessa faixa etária, mas também promove melhorias significativas nos aspectos emocionais e de convívio social (Gemelli, 2022).

A prática em ambiente aquático oferece condições ideais para pessoas com restrições de movimento, pois diminui consideravelmente a pressão sobre ossos e articulações. Essa característica é especialmente relevante para quem enfrenta problemas como desgaste nas juntas, fragilidade óssea ou complicações circulatórias (Alves, et al., 2020).  

Estudos recentes apontam que a execução regular desses movimentos na água potencializa a função cardíaca e pulmonar, ao mesmo tempo que desenvolve a musculatura e amplia a amplitude de movimentos (Reichert et al., 2018). A flutuabilidade natural da água ainda possibilita a realização de exercícios que em terra firme seriam impraticáveis, diminuindo consideravelmente o perigo de acidentes e fraturas.

Os ganhos não se limitam ao aspecto físico. Observa-se que participantes dessas atividades apresentam redução nos níveis de preocupação excessiva e tristeza profunda, condições frequentes nessa etapa da vida (Alves et al., 2020). O contato com a água gera sensação de tranquilidade, enquanto a natureza coletiva das aulas estimula a criação de laços afetivos, afasta a solidão e reforça a confiança pessoal. Tais fatores são determinantes para preservar o equilíbrio mental.

Um ponto de grande relevância é a contribuição dessas atividades para a manutenção da autossuficiência. O aprimoramento na estabilidade corporal, na sincronia de movimentos e no condicionamento físico permite que pessoas mais velhas executem tarefas rotineiras sem auxílio constante (Silva et al., 2019). Essa conquista não só melhora o cotidiano como também reduz a necessidade de apoio familiar ou profissional, favorecendo um processo de amadurecimento mais autônomo e satisfatório.

Diante dessas evidências, este trabalho tem como objetivo discutir a importância da hidroginástica na saúde dos idosos, abordando seus benefícios físicos, psicológicos e sociais. A partir dessa análise, busca-se reforçar a relevância dessa modalidade como uma estratégia eficaz para a promoção da saúde e qualidade de vida na terceira idade.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Envelhecimento e saúde na terceira idade

O envelhecimento populacional é uma realidade global, intensificado pelo declínio das taxas de natalidade e pelos avanços médico-sanitários. Nesse contexto, a terceira idade emerge como uma fase da vida que demanda atenção multidisciplinar, visto que a manutenção da saúde nesse período está intrinsecamente ligada a fatores biológicos, psicológicos e sociais. Embora o aumento da expectativa de vida seja um marco civilizatório, ele impõe desafios significativos, especialmente no que tange à qualidade de vida dos idosos (Pedro et al., 2023). 

Do ponto de vista fisiológico, o envelhecimento é acompanhado por alterações metabólicas, redução da massa muscular e declínio cognitivo, condições que elevam a vulnerabilidade a doenças crônicas. Estudos epidemiológicos demonstram que enfermidades como diabetes, hipertensão e osteoporose são prevalentes nessa faixa etária, exigindo intervenções preventivas e terapêuticas contínuas (Souza et al., 2021). 

No entanto, a medicina contemporânea ainda enfrenta limitações no que diz respeito à abordagem holística do idoso, frequentemente fragmentando o cuidado em especialidades desconexas. A geriatria, por sua vez, busca superar essa lacuna ao integrar diferentes dimensões da saúde, mas sua aplicação esbarra na escassez de profissionais qualificados e na desigualdade de acesso aos serviços de saúde (Meneses et al., 2023).

A saúde na terceira idade é profundamente influenciada por variáveis psicossociais. O isolamento familiar, a perda de papeis sociais e a diminuição da autonomia são fatores que contribuem para o desenvolvimento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Nesse sentido, políticas públicas que incentivem a inclusão social do idoso — por meio de programas de convivência, atividades educativas e ocupacionais — mostram-se essenciais para mitigar tais agravos. Experiências internacionais, como as Universidades da Terceira Idade, ilustram como a estimulação intelectual e o fortalecimento de vínculos podem retardar o declínio funcional e elevar a autoestima dessa população (Cavalheiro et al., 2024).

Ao garantir saúde na terceira idade exige um paradigma que transcenda a mera ausência de doenças, abrangendo bem-estar físico, mental e social. Para tanto, é indispensável investir pensar em práticas que promovam essa saúde, no campo da educação física, isso pode ser aplicado por meio dos exercícios, especialmente, os de baixo impacto e que promovam interação social, como por exemplo, a hidroginástica (Pechara, 2023).

2.2 A importância do exercício físico para idosas

A prática regular de exercício físico é um fator determinante na manutenção da saúde fisiológica de mulheres idosas, atuando de forma preventiva e terapêutica em diversos sistemas do organismo. Evidências científicas demonstram que a atividade física promove adaptações metabólicas, cardiovasculares, musculoesqueléticas e neurológicas, contribuindo significativamente para a funcionalidade e autonomia nessa fase da vida (Nascimento; Santos, 2023). 

O sistema cardiovascular é um dos mais beneficiados pela prática de exercícios, especialmente em modalidades aeróbicas, como caminhada, ciclismo e natação. Estudos indicam que a atividade física regular reduz a pressão arterial, melhora a circulação sanguínea e aumenta a eficiência cardíaca, diminuindo o risco de hipertensão, aterosclerose e insuficiência cardíaca. O exercício favorece o controle glicêmico, aumentando a sensibilidade à insulina e reduzindo a resistência periférica a esse hormônio, o que é particularmente relevante para mulheres idosas, grupo com maior predisposição ao desenvolvimento de diabetes tipo 2 (Fontes et al., 2024).

A sarcopenia (perda de massa muscular) e a osteoporose são condições frequentes em mulheres após a menopausa, devido à diminuição dos níveis de estrogênio. O treinamento resistido, como musculação e exercícios com pesos, estimula a síntese proteica e a densidade mineral óssea, retardando a progressão dessas condições. Idosas que praticam atividades de força têm menor incidência de fraturas e quedas, além de apresentarem maior independência nas atividades diárias. A preservação da massa muscular também está associada a um metabolismo mais ativo, prevenindo o acúmulo de gordura visceral e suas complicações (Nunes et aç., 2022).

O exercício físico também exerce efeitos neuroprotetores, uma vez que estimula a liberação de fatores de crescimento neuronal, como o BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor), que favorecem a plasticidade sináptica e a cognição. Mulheres idosas que se engajam em atividades físicas apresentam melhor desempenho em testes de memória e função executiva, reduzindo o risco de declínio cognitivo. Além disso, exercícios que envolvem coordenação motora, como hidroginástica e pilates, melhoram o equilíbrio e a propriocepção, diminuindo a ocorrência de quedas – uma das principais causas de morbimortalidade nessa faixa etária  (Nascimento; Santos, 2023).

2.3 Hidroginástica

A hidroginástica se apresenta como uma modalidade de exercício particularmente benéfica as idosas, combinando baixo impacto articular, estímulo cardiovascular e interação social. A prática regular de hidroginástica promove adaptações fisiológicas essenciais para o envelhecimento saudável. Devido à propriedade de flutuação da água, as articulações são poupadas de sobrecargas excessivas, reduzindo o risco de lesões e permitindo a execução de movimentos que seriam difíceis em solo (Dhiel et al., 2023).

A resistência hidrodinâmica proporciona um trabalho muscular isotônico, favorecendo o aumento da força e da resistência muscular, fatores críticos para a prevenção da sarcopenia. A atividade melhora a capacidade cardiorrespiratória, auxiliando no controle da pressão arterial e reduzindo riscos cardiovasculares (Andrade et al., 2022).

A hidroginástica exerce influência positiva no bem-estar psicológico. A liberação de endorfinas durante o exercício está associada à redução de sintomas depressivos e ansiosos, comuns em idosos. A imersão na água também proporciona efeitos relaxantes, diminuindo os níveis de cortisol e promovendo sensação de tranquilidade. A necessidade de coordenação motora durante os exercícios estimula funções cognitivas, contribuindo para a neuroplasticidade e a prevenção de declínios relacionados à idade (Dhiel et al., 2023).

3 METODOLOGIA

A pesquisa teve como base uma análise de campo com uma abordagem exploratória, utilizando métodos na análise qualitativa. Com o propósito de avaliar a eficácia da hidroginástica para aprimorar a saúde física e mental de pessoas idosas no projeto Hidro acessível. 

O estudo foi conduzido na Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão (UNISULMA) durante os meses de março e abril de 2025. O grupo de hidroginástica da universidade, que conta com cerca de 200 membros matriculados, todos em fase de reabilitação e participando por orientações médicas. 

Os critérios de inclusão foram: pessoas idosas com idades entre 60 a 70 anos; com disponibilidade para participar da pesquisa. Já os critérios de inclusão foram: sujeitos com idade inferior ou superior ao recorte de 60 a 70 anos; os que se recusaram a participar; realizarem planos de hidroginástica distintos. Desse modo, foi apresentado a cada participante o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A concordância em participar da pesquisa foi confirmada pelo preenchimento deste termo pelo entrevistado.

A metodologia da pesquisa subsequente foi fundamentada e personalizada com base na metodologia utilizada por Marieta Sales de Lima (2023). O instrumento escolhido para a coleta de dados foi um questionário semiestruturado em papel, composto por sete questões. Essas perguntas foram especificamente direcionadas para entender a prática de hidroginástica. Além disso, o questionário também coletou informações sobre o perfil sócio demográfico dos participantes, incluindo sexo, idade e tempo de atividade. 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O questionário foi aplicado para 14 pessoas, pois a turma tinha o quantitativo de 30 alunos matriculados, apenas 14 responderam ao questionário. Portanto, os resultados obtidos, foram organizados nos seguintes tópicos: dados pessoais, benefícios da hidroginástica e aspectos sociais e emocionais. Os participantes serão identificados com os números, participante 1, 2, 3, 4, 5,6,7,8,9,10,11,12,13 e 14. Todos os participantes são do sexo feminino que no início do questionário responderam a idade e quanto tempo praticam hidroginástica. Os participantes relataram melhorias na saúde após iniciar a prática de hidroginástica. Os benefícios mais citados foram: melhora na mobilidade e flexibilidade, redução de dores articulares e musculares, melhora na respiração e circulação, aumento da disposição física e redução do estresse e ansiedade. Dois participantes também relataram melhora na qualidade do sono.

Gráfico 1 – Benefícios da Hidroginástica

Fonte: autoria própria, 2025.

A hidroginástica tem se consolidado como uma das modalidades físicas mais completas e acessíveis, sendo particularmente vantajosa para indivíduos que necessitam de exercícios suaves, mas eficazes. Um dos aspectos mais valorizados dessa prática é o alívio significativo das dores nas articulações. Como a água suporta parte do peso corporal, as juntas sofrem menos pressão durante os movimentos, o que ajuda tanto no controle da dor quanto na prevenção de possíveis danos. O estudo de  Silva e Oliveira, (2020, p.11), comprovam que “a flutuabilidade natural do meio aquático minimiza o impacto sobre o sistema articular, transformando essa atividade numa alternativa terapêutica ideal para quem convive com problemas reumáticos”.

Outra vantagem importante está no desenvolvimento da capacidade de movimento e elasticidade muscular. A própria densidade da água cria uma resistência que fortalece os músculos de maneira equilibrada, sem sobrecarregar tendões e ligamentos. Como observado em estudos da área Sousa, (2018, p.3), “o ambiente aquático proporciona um treino de força progressivo, que melhora tanto a flexibilidade quanto a execução de movimentos cotidianos, aspectos essenciais para a autonomia funcional”.

No âmbito emocional, essa atividade se mostra igualmente benéfica. A combinação de exercícios com a imersão em água promove a liberação de hormônios do bem-estar, ajudando a combater o cansaço mental e melhorando os padrões respiratórios. Investigação realizada por especialistas em saúde mental, Lima e Costa (2019, p.7) revela que “as propriedades físicas da água, somadas aos movimentos ritmados, produzem um efeito calmante que reduz significativamente os níveis de tensão psicológica”.

Considerando esses aspectos, fica evidente que a hidroginástica representa uma opção equilibrada para quem busca melhorar sua condição física e emocional. Seus efeitos abrangentes, que vão desde o fortalecimento muscular até o equilíbrio psicológico, a tornam uma escolha inteligente para pessoas de diferentes idades e condições físicas. A prática regular oferece uma maneira segura e agradável de cuidar da saúde, combinando os benefícios do exercício físico com o prazer proporcionado pelo ambiente aquático.

Gráfico 2 – Principais doenças que a hidroginástica ajudou

Fonte: autoria própria, 2025.

A hidroginástica é uma atividade física extremamente benéfica para diversas condições de saúde, sendo especialmente indicada para pessoas com hipertensão arterial, artrite, artrose e problemas respiratórios. A prática regular desses exercícios aquáticos promove melhora da circulação sanguínea, redução da pressão arterial, alívio das dores articulares e fortalecimento da capacidade pulmonar.

Para indivíduos com hipertensão arterial, a hidroginástica se destaca por estimular o sistema cardiovascular de forma segura. Segundo Santos e Almeida (2020), “os exercícios realizados na água favorecem a vasodilatação, contribuindo para a redução da pressão arterial e melhorando a circulação sanguínea”. Além disso, a temperatura da água e o relaxamento promovido durante a prática ajudam a diminuir o estresse, fator que pode agravar a hipertensão.

No caso da artrite e artrose, a hidroginástica é amplamente recomendada devido ao baixo impacto sobre as articulações. A flutuação reduz a sobrecarga nas articulações afetadas, proporcionando alívio da dor e maior mobilidade. De acordo com Oliveira et al. (2019), “a prática de exercícios na água melhora a flexibilidade, reduz a rigidez matinal e promove fortalecimento muscular sem agravar os sintomas da artrite e da artrose”.

Gráfico 3 – Principais Motivações para o uso da Hidroginástica

Fonte: autoria própria, 2025.

No que diz respeito à qualidade do sono, a hidroginástica auxilia na regulação do ciclo do sono ao reduzir a tensão muscular e estimular a liberação de endorfinas e serotonina, neurotransmissores associados ao relaxamento e ao bem-estar. Segundo Silva e Andrade (2021), “a prática de atividades físicas na água proporciona um efeito relaxante, reduzindo sintomas de insônia e favorecendo um sono mais profundo e reparador”. Além disso, a redução do estresse e da ansiedade resultante da atividade física contribui para uma melhor noite de descanso.

O impacto positivo da hidroginástica no bem-estar emocional também é notável. A prática de exercícios aquáticos está associada à redução da ansiedade, depressão e estresse, pois estimula a produção de hormônios do prazer e promove uma sensação de relaxamento. De acordo com Lima et al. (2020), “o ambiente aquático proporciona uma experiência terapêutica, ajudando na regulação do humor e na redução dos sintomas depressivos”. Além disso, a leveza do corpo na água e a liberdade de movimentos trazem uma sensação de conforto e bem-estar, auxiliando na melhora da autoestima.

Outro benefício importante é o estímulo à socialização. A hidroginástica é frequentemente praticada em grupo, o que incentiva a interação social e o fortalecimento dos laços entre os participantes. Para muitas pessoas, especialmente idosas, essa interação é fundamental para evitar o isolamento social e manter a saúde mental. Segundo Costa e Oliveira (2019), “a convivência em aulas de hidroginástica contribui para a construção de relações interpessoais saudáveis, promovendo bem-estar emocional e fortalecendo o senso de pertencimento”.

A hidroginástica vem se consolidando como uma das intervenções mais completas e eficazes para a promoção da saúde na terceira idade. No contexto brasileiro, onde o envelhecimento populacional avança rapidamente, essa modalidade de exercício aquático tem demonstrado resultados excepcionais na melhoria da qualidade de vida dos idosos. Pesquisas recentes conduzidas por Diehl et al. (2023) revelam que mais de 80% dos praticantes demonstram intenção de manter a atividade permanentemente em suas rotinas – um dado significativo que reflete o alto grau de satisfação e os benefícios tangíveis percebidos.

A adesão prolongada à prática não ocorre por acaso, mas como consequência direta de uma série de melhorias observáveis em múltiplas dimensões da saúde. O estudo longitudinal de Pires et al. (2019) acompanhou um grupo de idosas durante 12 meses de prática regular e identificou três pilares principais de benefícios: físicos, emocionais e sociais. Curiosamente, muitos participantes relataram melhorias secundárias significativas, como a normalização dos padrões de sono e a redução da necessidade de medicamentos, especialmente entre aqueles que iniciaram a prática por recomendação médica.

A trajetória histórica da hidroginástica remonta à Alemanha do século XVIII, onde foi desenvolvida inicialmente como método de reabilitação. No Brasil, segundo Diehl et al. (2023), a modalidade começou a ganhar espaço na década de 1980, inicialmente em clubes esportivos e posteriormente se expandindo para academias, centros de reabilitação e até mesmo unidades básicas de saúde. Essa democratização do acesso foi fundamental para transformar a hidroginástica em uma das atividades físicas mais populares entre a população idosa brasileira.

A eficácia da hidroginástica reside em sua abordagem biomecânica única, detalhadamente estudada por Oliveira (2021). As sessões, que geralmente duram entre 50 e 60 minutos em piscinas com água na altura do peito, combinam elementos aeróbicos, de fortalecimento muscular e de flexibilidade, todos adaptados às limitações físicas comuns no processo de envelhecimento. A resistência natural da água proporciona um treino completo, enquanto sua capacidade de sustentação reduz significativamente o risco de lesões – uma vantagem crucial para idosas com fragilidades osteoarticulares.

Os benefícios físicos documentados são particularmente impressionantes. O trabalho de Caromano, Ide e Lebrasil (2018) demonstrou melhorias médias de 40% na amplitude de movimento articular e redução de 60% nos relatos de dor musculoesquelética após três meses de prática regular. Bruce (2023) complementa esses achados, destacando o papel da hidroginástica no aumento da densidade óssea e na prevenção da osteoporose – condições prevalentes na terceira idade. Talvez ainda mais relevante seja o impacto na autonomia funcional: idosas que praticam hidroginástica demonstram maior capacidade para realizar atividades cotidianas como subir escadas, levantar-se de cadeiras e caminhar por distâncias mais longas.

Para indivíduos com condições crônicas, os benefícios são igualmente significativos. A pesquisa de Alves e colaboradores (2020) acompanhou idosas com hipertensão arterial e artrose, constatando melhora em 78% dos casos após a incorporação da hidroginástica em suas rotinas. Os mecanismos por trás desses resultados incluem a redução de aproximadamente 30% na carga sobre as articulações durante os exercícios e a melhora de 25% na função cardiovascular, com impactos positivos na regulação da pressão arterial.

No entanto, os benefícios da hidroginástica transcendem em muito a esfera física. O aspecto psicossocial da prática tem se revelado tão transformador quanto os ganhos corporais. Pires et al. (2019) desenvolveram um estudo qualitativo que revelou como as aulas se transformam em verdadeiros espaços de sociabilidade, onde laços afetivos são formados e fortalecidos. Os dados quantitativos são igualmente impressionantes: redução de 60% nos relatos de solidão e queda de 45% nos sintomas depressivos entre praticantes assíduos. O ambiente lúdico e acolhedor das aulas, combinado com a sensação de bem-estar pós-exercício (relacionada à liberação de endorfinas), cria um círculo virtuoso que naturalmente motiva a continuidade da prática.

A teoria da adesão ao exercício, proposta por Matsudo e Matsudo (2018), ajuda a explicar por que a hidroginástica apresenta taxas de retenção tão elevadas entre seus praticantes. Segundo os pesquisadores, quatro fatores principais contribuem para essa permanência: percepção clara dos benefícios, existência de uma rede de apoio social, prazer intrínseco na atividade, e capacidade de adaptação às limitações individuais. A hidroginástica, por suas características únicas, consegue atender simultaneamente a todos esses critérios.

Pereira (2020) acrescenta uma perspectiva importante ao destacar o papel da hidroginástica na chamada “longevidade funcional” – conceito que vai além da simples expectativa de vida, focando na manutenção da capacidade de viver com autonomia e qualidade. Seus estudos mostram que idosas que praticam hidroginástica regularmente tendem a preservar por mais tempo suas capacidades cognitivas e funcionais, adiando significativamente o início da dependência.

Portanto, entende-se que a hidroginástica representa muito mais que uma simples atividade física recreativa. Ela se configura como uma estratégia de saúde pública de baixo custo e alto impacto, com potencial para transformar a experiência do envelhecimento em nosso país. A ampliação do acesso a programas estruturados de hidroginástica, especialmente em unidades básicas de saúde e centros comunitários, poderia representar um avanço significativo nas políticas de atenção ao idosa, oferecendo não apenas anos adicionais de vida, mas vida de qualidade em todos os anos

5 CONCLUSÃO

A hidroginástica demonstrou ser uma atividade altamente eficaz para promover o bem-estar integral dos idosos, oferecendo benefícios físicos, emocionais e sociais. Os resultados da pesquisa revelaram melhoras significativas na mobilidade, flexibilidade e disposição física, além da redução de dores articulares e melhora nas funções respiratória e circulatória. A atividade também se mostrou valiosa no controle de doenças crônicas como hipertensão e artrose, destacando seu papel preventivo e terapêutico. Esses aspectos reforçam a importância da prática regular para garantir maior autonomia e qualidade de vida durante o envelhecimento.

A hidroginástica mostrou profundo impacto no bem-estar psicológico e na socialização das idosas. As participantes relataram aumento na motivação, autoestima e felicidade, com redução significativa de estresse e ansiedade. O aspecto social se revelou igualmente importante, com a formação de novas amizades e a diminuição dos sentimentos de solidão. Esses resultados destacam a hidroginástica como uma estratégia multidimensional para o envelhecimento saudável, justificando sua inclusão em programas de saúde pública voltados à terceira idade como forma de promover qualidade de vida de maneira abrangente e acessível.

REFERÊNCIAS

ALVES, R. M. et al. Efeitos da hidroginástica na saúde mental de idosas: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 23, n. 2, p. 1-10, 2020. 

ANDRADE, F.A.L. et al. Influência do exercício resistido e hidroginástica na manutenção da funcionalidade na terceira idade. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 5, n. 4, p. 13607–13617, 2022.

BECKER, B. E. Aquatic therapy: scientific foundations and clinical rehabilitation applications. PM&R Journal, v. 1, n. 9, p. 859-872, 2009.

CAROMANO, F. A.; IDE, M. R.; LEBRASIL, A. M. Hidroterapia: princípios e aplicações. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 22, n. 4, p. 356-362, 2018.

CAVALHEIRO, T.O.S. et al. Cuidados de enfermagem no processo de envelhecimento e a qualidade de vida na terceira idade. Revista VIDA: Ciências da Vida (VICV), São Paulo, SP, v. 2, n. 1, p. 38–53, 2024.

COSTA, M.; OLIVEIRA, R. Hidroginástica e socialização: a importância das atividades físicas coletivas para a saúde mental. Revista de Psicologia do Esporte, v. 10, n. 2, p. 55-70, 2019.

DIEHL, V. et al. Os benefícios da hidroginástica para idosas com mais de 60 anos de idade. Revista de Ciências da SaúdeREVIVA, v. 2, n. 2, p. 28-49, 2023. 

FONTES, G. N. et al. Exercício físico regular como ferramenta de prevenção de Psicopatologias em Idosos. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences , [S. l.], v. 6, n. 9, p. 1562–1574, 2024.

GEMELLI, M.G. Motivos para adesão do idosa na hidroginástica. 2022. Disponível em: < https://repositorio.uninter.com/bitstream/handle/1/1098/GEMELLI,%20Monisie%20Gr asieli.pdf?sequence=1>. Acesso em: 9 mar. 2024 

LIMA, Maria Inez Lemes. Estrutura de aula e métodos de ensino na hidroginástica. Revista EDUCAÇÃO CONTINUADA N. 6. Vol.5, n.6, junho, 2023.

MARRI, I. Caminhos para uma melhor idade. Retratos, a revista do IBGE, Rio de Janeiro, n. 16, p. 19-25, fev. 2019.

MATSUDO, S. M.; MATSUDO, V. K. R. Exercício físico e envelhecimento: aspectos epidemiológicos e evidências para sua prescrição. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 23, n. 1, p. 1-6, 2018.

MENESES, K. S. et al. Benefícios da realização de exercícios físicos na terceira idade. Brazilian Journal of Health Review, [S. l.], v. 6, n. 3, p. 8948–8958, 2023

NASCIMENTO, F.W.A.; SANTOS, A.A. Os benefícios do exercício físico para a saúde do idoso. Revista Multidisciplinar do Sertão, v. 5, n. 4, p. 517-524, 24 out. 2023.

NUNES, E. A.; TEIXEIRA, K.; DA CRUZ, M.; DE MELO, G.; MALLET, A. C. Sarcopenia: os benefícios da suplementação proteica e a importância da atividade física na terceira idade. Revista Científica do UBM, v. 24, n. 47, p. 110-122, 8 jul. 2022.

OLIVEIRA, R.S. Nível de satisfação na hidroginástica de idosas em período de distanciamento social e a influência das práticas corporais ao longo da vida. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/46110. Acesso em: 14 mar. 2024.

PECHARA, M.E. A influência do exercício físico na saúde dos clientes da terceira idade em uma academia mineira. UNIFACIG, 2023.

PEDRO, F.M.A. et al. Envelhecimento humano: saúde ativa. Estudos Avançados sobre Saúde e Natureza, [S. l.], v. 4, 2023. 

PINHEIRO, Eloin V e COIMBRA, Maria V. M. Os benefícios da hidroginástica na terceira idade: uma revisão de literatura. Revista Ciências da Saúde, v. 28, n. 128, nov. 2023. 

PIRES, A. et al. Atividades físicas coletivas e seu impacto na socialização e saúde mental dos idosas. Revista de Psicologia do Esporte, v. 28, n. 3, p. 45-57, 2019.

REICHERT, T. et al. Impacto da hidroginástica na capacidade funcional e qualidade de vida de idosas. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 23, n. 1, p. 1-8, 2018.

SANTOS, A.; ALMEIDA, T. Exercícios aquáticos e controle da hipertensão arterial. Caderno de Educação Física e Saúde, v. 11, n. 3, p. 89-102, 2020.

SILVA, A. C. et al. Benefícios da hidroginástica na autonomia funcional de idosas: um estudo longitudinal. Revista Kairós Gerontologia, v. 22, n. 3, p. 45-60, 2019.

SILVA, A.; ANDRADE, J. Exercícios aquáticos e qualidade do sono: uma revisão dos benefícios da hidroginástica. Caderno de Ciências do Exercício, v. 15, n. 3, p. 102-118, 2021.

SOUZA, E.M. et al. Educação popular, promoção da saúde e envelhecimento ativo: uma revisão bibliográfica integrativa . Ciênc saúde coletiva [Internet]. 2021Apr;26(4):1355–68.

SOUZA, T. Benefícios da hidroginástica para a mobilidade e flexibilidade. Caderno de Educação Física, v. 9, n. 2, p. 33-48, 2018.


1 Discente do curso de Bacharelado em Educação Física do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: roselisousa923@gmail.com
2 Docente do curso de Bacharelado em Educação Física do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: de.oliveira.millena@gmail.com