THE IMPORTANCE OF PHYSIOTHERAPY IN THE POST-OPERATIVE PERIOD OF PEDIATRIC SURGERY – BIBLIOGRAPHICAL REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10570025
Carine Laura de Andrade1; Juliana Araújo Brandão2; Keyse Rafaela Nascimento dos Santos3; Lilian Cristina Silva Santos Magri4 ; Matheus Oliveira Nery de Freitas5; Reisla Délis Silva de Almeida6; Roberto OliveiranGuimarães7; Samara Karine Carvalho Sena8; Adriele Lins Silva9; Ana Letícia Santos do Nascimento10; Aretusa Lopes Cavalheiro11
Resumo
A incidência de cirurgias cardíacas pediátricas tem sido motivo de preocupação nas últimas décadas, principalmente pelo risco de complicações e mortalidade no período pós-operatório. Estas complicações vão desde a formação de coágulos sanguíneos até complicações respiratórias e cardíacas. Para prevenir e tratar tais complicações é necessário cuidados multiprofissionais e neste sentido, este estudo tem por objetivo reunir informações sobre o impacto da fisioterapia no pré-operatório e pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica na complicação de cirurgia cardíaca pediátrica e no tempo de internação hospitalar. A literatura mostra que a fisioterapia por meio de técnicas específicas é capaz de prevenir as principais complicações respiratórias, que são a pneumonia, atelectasia e insuficiência respiratória aguda. Além disso, o acompanhamento fisioterapêutico adequado também é capaz de estimular a função motora, preservando e otimizando a funcionalidade. Todos esses cuidados são eficazes para ofertar melhor qualidade de vida e reduzir o tempo de internação destes pacientes.
Palavras-chave: Fisioterapia, Pré-operatório, Pós-operatório, Cirurgia cardíaca pediátrica.
1. INTRODUÇÃO
A incidência de cirurgias cardíacas em pediatria tem sido objeto de estudo e grande preocupação nas últimas décadas. Com o avanço da medicina e o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas mais sofisticadas, é possível tratar e corrigir uma variedade de doenças cardíacas congênitas e adquiridas em pacientes pediátricos.
Estudos apontam que a incidência de malformações cardíacas congênitas varia de 0,8% a 1% dos nascidos vivos no Brasil (PINTO et al., 2015). Dentre essas alterações, as mais comumente encontradas são as comunicações interatriais (CIA), comunicações interventriculares (CIV) e persistência do canal arterial (PCA). Essas condições podem exigir intervenção cirúrgica para corrigir a anatomia e assegurar um adequado fluxo sanguíneo.
De acordo com Benjamin et al (2019), a incidência de cirurgias cardíacas em pediatria tem aumentado claramente ao longo dos anos. Dados recentes mostram que, nos Estados Unidos, cerca de 1/3 das crianças passam por algum tipo de procedimento cirúrgico cardíaco durante o primeiro ano de vida. Isso representa um aumento significativo em relação às décadas anteriores, resultado da melhoria nos diagnósticos, avanços tecnológicos e maior disponibilidade de serviços médicos especializados.
É importante ressaltar que uma das principais preocupações associadas à cirurgia cardíaca pediátrica é a alta taxa de complicações pós-operatórias. Segundo Rais-Bahrami (2018), essas complicações podem variar desde a formação de coágulos sanguíneos e infecções até disfunções respiratórias e cardíacas. Esses eventos adversos podem prolongar a permanência hospitalar dos pacientes e aumentar os custos de tratamento, além de apresentarem riscos significativos para a saúde e qualidade de vida das crianças.
Nesse contexto, torna-se essencial uma abordagem multidisciplinar para o cuidado das crianças submetidas à cirurgia cardíaca pediátrica. A equipe de saúde deve incluir cardiologistas pediátricos, cirurgiões cardíacos, intensivistas pediátricos, enfermeiros especializados e fisioterapeutas, entre outros profissionais. Esse trabalho em equipe é fundamental para garantir uma avaliação precisa, um tratamento adequado, minimizar complicações e promover a recuperação e qualidade de vida dos pacientes (BAUMGARTNER et al., 2020).
Considerando a relevância do tema, este artigo buscou reunir evidências sobre o impacto da fisioterapia no pré-operatório e pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica na prevenção de complicações no período pós-operatório e no tempo de internação hospitalar.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica que possui com o objetivo de analisar o impacto da fisioterapia no pré-operatório e pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica na prevenção de complicações no período pós-operatório e no tempo de internação hospitalar destes pacientes.
As bases de dados utilizadas foram: Scielo, Biblioteca Cochrane e UptoDate. Foram selecionados artigos publicados nos últimos 10 anos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES PULMONARES EM CIRURGIA CARDÍACA PEDIÁTRICA
As cirurgias cardíacas pediátricas são procedimentos complexos que visam corrigir anomalias estruturais do coração em pacientes pediátricos. Embora essas intervenções sejam essenciais para melhorar a qualidade de vida das crianças afetadas, o pós-operatório dessas cirurgias apresenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito às complicações respiratórias. Essas complicações podem variar desde pequenas alterações até quadros graves, com impacto direto na morbidade e mortalidade dos pacientes pediátricos submetidos à cirurgia cardíaca.
A principal complicação respiratória pós-operatória em cirurgia cardíaca pediátrica é a atelectasia. Ela ocorre devido ao colapso parcial ou total dos alvéolos pulmonares, levando à diminuição da oxigenação e capacidade funcional pulmonar. De acordo com Silva et al (2011) a atelectasia representa 65,3% das complicações pulmonares de pacientes submetidos a cirurgias cardíacas pediátricas
A pneumonia é outra complicação respiratória frequente em pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica. A infecção pulmonar pode ser causada por agentes bacterianos ou virais, e está associada a fatores como tempo de ventilação mecânica prolongado, aspiração de secreções e imunossupressão pós-operatória (MOLER et al., 2019). A presença de pneumonia pós-operatória aumenta significativamente o tempo de internação hospitalar e a morbimortalidade dos pacientes.
A insuficiência respiratória aguda é uma complicação grave que pode ocorrer em pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica. Ela pode ser desencadeada por diversas causas, como edema pulmonar, embolia pulmonar, lesão pulmonar induzida pela ventilação mecânica, entre outras. A insuficiência respiratória aguda requer tratamento imediato e intensivo, incluindo suporte ventilatório e monitorização adequada dos parâmetros respiratórios (KHEMANI et al., 2015).
3.2 FISIOTERAPIA NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO
A Fisioterapia tem um papel fundamental no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica, buscando otimizar a recuperação e minimizar complicações associadas ao procedimento cirúrgico. A intervenção fisioterapêutica é voltada para a melhoria da função respiratória, mobilização precoce e reabilitação cardiopulmonar dos pacientes pediátricos submetidos à cirurgia cardíaca.
No pré-operatório, a fisioterapia desempenha um papel importante na educação dos pacientes e familiares sobre a importância da cinesioterapia respiratória e motora. Segundo Silva (2011), o objetivo da fisioterapia pré-operatória é preparar o paciente para a cirurgia, promovendo melhora da capacidade funcional respiratória, reduzindo o acúmulo de secreções e prevenindo complicações pulmonares pós-operatórias.
Uma revisão bibliográfica realizada por Csuka et al. (2019) enfatiza que a fisioterapia pré-operatória baseada em exercícios respiratórios e de mobilização precoce é capaz de reduzir a incidência de atelectasias pulmonares, pneumonia e tempo de internação hospitalar após a cirurgia cardíaca pediátrica. Dessa forma, a presença de um fisioterapeuta na equipe interdisciplinar é fundamental para implementar essas intervenções fisioterapêuticas.
Ainda no pré-operatório, a fisioterapia auxilia na preparação da criança para a cirurgia cardíaca, beneficiando-a através do treinamento respiratório, exercícios de fortalecimento muscular, orientação postural e educação sobre a cirurgia. Um estudo realizado por Tasso (2017) demonstrou que a fisioterapia pré-operatória reduz a ocorrência de complicações pulmonares após a cirurgia cardíaca pediátrica, além de melhorar a capacidade funcional respiratória.
No pós-operatório imediato, a fisioterapia é fundamental para reduzir complicações respiratórias, promover o desmame da ventilação mecânica, mobilização precoce do paciente, prevenção de trombose venosa profunda e melhoria da função cardiovascular. Através de técnicas como fisioterapia respiratória, exercícios de fortalecimento muscular, reeducação postural e mobilização precoce, é possível evitar problemas como pneumonia, retenção de secreções e atrofia muscular. Um estudo de Felcar (2008) mostrou que a intervenção fisioterapêutica no pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica melhora a função pulmonar e reduz o tempo de internação hospitalar.
No pós-operatório, a fisioterapia desempenha um papel crucial na redução das complicações pulmonares e na reabilitação dos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca pediátrica. As principais complicações pulmonares no pós-operatório incluem atelectasia, infecções respiratórias, diminuição da complacência pulmonar e função cardíaca comprometida.
De acordo com a Diretriz Brasileira de Reabilitação Cardiovascular (2019), a fisioterapia respiratória tem como objetivo prevenir e tratar complicações pulmonares no pós-operatório, promovendo a reexpansão pulmonar, mobilização das secreções, higiene brônquica e melhora da mecânica respiratória. A utilização de técnicas como a pressão positiva expiratória (PEP) e a vibração torácica tem se mostrado eficaz na mobilização e remoção das secreções, melhorando a função pulmonar.
Além disso, a reabilitação cardiopulmonar também é de extrema importância no pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica. Um estudo realizado por Rodrigues (2020) demonstrou que o programa de reabilitação cardiopulmonar, que combina exercícios físicos aeróbicos e resistidos, melhora a capacidade cardiorrespiratória, a função cardiovascular e a qualidade de vida desses pacientes.
Os benefícios da fisioterapia no pré-operatório e pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica foram evidenciados em um estudo de revisão sistemática realizado por Beningfield (2018) que concluiu que a intervenção fisioterapêutica promove uma recuperação mais rápida, redução do tempo de internação hospitalar, diminuição das complicações pulmonares e melhora da qualidade de vida nesses pacientes.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A fisioterapia desempenha um papel fundamental no pré-operatório e pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica, contribuindo para a melhoria da função respiratória, prevenção de complicações pulmonares, mobilização precoce e reabilitação cardiopulmonar. A educação dos pacientes e familiares sobre a importância da fisioterapia e a implementação de técnicas específicas são fundamentais para o sucesso do tratamento, sendo observada uma redução no tempo de internação hospitalar. A presença de um fisioterapeuta na equipe interdisciplinar é imprescindível para a realização dessas intervenções, visando a recuperação plena e a qualidade de vida desses pacientes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMGARTNER, H., DE BACKER, J., BABU-NARAYAN, S. V., BUDTS, W., CHESSA, M., DILLER, G. P., … & HAGER, A. 2020 ESC Guidelines for the management of adult congenital heart disease. European Heart Journal, 42(6), 563-645, 2020.
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TASSO JP. Alterações hemodinâmicas provocadas pela fisioterapia em crianças cardiopatas: Uma revisão de literatura. [monografia] Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo; 2017.
1Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, email: cariine.andrade@hotmail.com;
2Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas de Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, email: juliana.abrandao@hotmail.com;
3Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH. email: rafaeladrk@gmail.com;
4Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, email: lilian_magri@hotmail.com;
5Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, email: matheusnery_6@hotmail.com;
6Fisioterapeuta da Universidade Federal de Uberlândia, e-mail: reisladelis@gmail.com;
7Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, email: roberto_rog@hotmail.com;
8Fisioterapeuta do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: samarakarinecs@yahoo.com.br;
9Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, email: adri.linsh@gmail.com;
10Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, email: leticiasantosphb@hotmail.com;
11Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, email: aretusalc@hotmail.com