REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10778035
Thiago Souza de Oliveira[1]
INTRODUÇÃO
Ao pensar – se em ergonomia logo, associamos a normas e leis que definem o trabalho. Mais para que este possa ser realizado a ergonomia aplicada ao trabalho faz uma correlação entre o trabalho humano com uso direto ou indireto de máquinas e seus benefícios e malefícios que a modernidade trouxe para vida humana.
Para (ANDRADE et al., 2013) A ergonomia é uma ciência inovadora, dotada de tecnologias de ponta, que tem finalidade de estabelecer uma melhor relação entre o homem e uso dos meios de produção para o seu trabalho, de forma a aumentar a produtividade e também garantir a segurança de seu trabalhador.
A ergonomia e os estudos relativos à segurança do trabalho visam proporcionar ao gestor uma visão mais holística de todo dimensionamento do que esta sendo realizado, enfatizando a prevenção dos riscos e acidentes de trabalho. Através das intervenções ergonômicas é possível melhorar significativamente a produtividade com eficiência e segurança. Preocupando-se em minimizar os efeitos estressantes, físicos, emocionais e o surgimento de doenças ocupacionais que estes possam desencadear ao longo anos de trabalho (ARAÚJO et al., 2008).
A ergonomia juntamente com a história da segurança do trabalho surgiu no início do século XIX, na Europa após massacres sofridos por trabalhadores das usinas, que trabalhavam de forma insalubre e sem o mínimo de proteção. A partir disso, foram estabelecidas as primeiras leis de proteção aos trabalhadores (ANDRADE et al., 2013).
Já no Brasil, a ergonomia no trabalho é uma das principais prioridades das empresas. Pois além de facilitar a interação entre o homem e seu trabalho, o ambiente contribui de forma favorável a execução de tarefas, garantindo a produtividade e a segurança. Fazendo com que a empresa se torne mais competitiva, por investir no cuidado de seu precioso capital humano e intelectual (MARQUES et al., 2010).
Devido a globalização têm sido evidentes os esforços no ambiente empresarial em busca de melhores desempenhos em termos de qualidade e produtividade. Nesse contexto, as boas condições de trabalho vêm gradualmente sendo reconhecido como um dos elementos essenciais para que as organizações cumpram suas metas básicas de custo, prazo e atendimento às exigências do mercado (SILVEIRA E SULASTIANO, 2012).
A ergonomia já faz parte do nosso contexto social. Destacando se em todos os setores de trabalho. No discorrer deste trabalho será abordada a importância da ergonomia no trabalho para a medicina e os desafios que esta profissão apresenta. Ressaltando, que a ergonomia aplicada à medicina não traz apenas benefícios mais malefícios também. Pois, a maioria dos ambientes que o médico desenvolve seu trabalho e suas atividades laborais algumas vezes existem ambientes insalubres, com poucos recursos de insumos, profissionais e outros. O médico está mais exposto a riscos ocupacionais e doenças. Causadas por fatores biológicos, químicos, físicos e outros. (RIBEIRO E TOMAZ 2006). Nesse contexto insere-se esse trabalho, que visa descrever os novos conceitos sobre ergonomia e a importância de sua aplicação na medicina do trabalho, através de uma revisão da literatura.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
TIPO DE PESQUISA
Trata-se de um estudo bibliográfico que identifica a ergonomia e sua importância para enfermagem. Segundo Gil (2010) a pesquisa bibliográfica trata do levantamento, seleção e documentação de toda bibliografia já publicada sobre o assunto que está sendo pesquisado, em livros, jornais, revisto, boletins, monografias, teses, dissertações, material cartográfico, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o mesmoo. Para a busca dos dados foram utilizadas fontes de busca manual e eletrônica. As pesquisas foram feitas em livros da bibliotecas Dr. Pedro Martinello da Faculdade Barão do Rio Branco. Posteriormente foi realizado uma busca em sites de revistas cientificas eletrônicas de saúde como: Scientific Eletronic LLibrary Oline (Scielo) publicados a partir de 1990 à 2021. Após a pesquisa foram interpretados, analisados, discutidos os resultados obtidos, para a compreensão e elaboração o resultado da pesquisa foi apresentado através de exposição textual dos autores pesquisados.
A interpretação baseou-se em literatura científica atualizada a partir dos dados bibliográficos encontrados. Desta forma, serviram para nortear a análise e discussão emergindo uma crítica pessoal do autor como ferramenta de suporte para a composição dos resultados. A seleção do material bibliográfico abrangeu desde 1990 até os dias atuais, onde utilizou-se os seguintes critérios de inclusão estar em português, que abrangesse o período de 1990 a 2021 e que estivesse relacionado com os descritores ergonomia, medicina e trabalho. Foram excluídos todos as referências que não se enquadravam nos critérios de inclusão.
REVISÃO DA LITERATURA
HISTÓRICO DA ERGONOMIA
A palavra ergonomia vem do grego que significa trabalho, normas, regras e leis. Consistindo em um processo de interação entre os homens, o meio e o trabalho através de sistemas e métodos específicos que visem à segurança e o bem estar do indivíduo, garantindo assim uma boa produtividade e a concretização completa do serviço sem danos ao sistema. A primeira definição de ergonomia foi descrita pelo cientista polonês Wojciech Jarstembowsky, em 1857, durante a revolução industrial européia. Porém a sua aplicabilidade teve início após a segunda guerra mundial, em 1949. Para ele, a ergonomia é uma ciência do trabalho em que compreende a relação do esforço, relacionamento, dedicação e o pensamento com a atividade humana (BERNARDO et al., 2012).
Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas (ABERGO, 2008).
O objetivo da ergonomia é proporcionar ao homem condições de trabalho que sejam favoráveis, com o intuito de torná-lo mais produtivo por meio de ambiente de trabalho saudáveis e seguros, que solicite dos trabalhadores menor exigência e, por consequência, concorra para um menor desgaste e um maior resultado (BARBOSA, 2010).
A necessidade do estudo da ergonomia é decorrente das máquinas complexas e de sua utilização, o aumento da velocidade dos carros e aviões, a utilização de sofisticados aparelhos eletrônicos e computadores, o problema do ruído, da vibração, as condições térmicas do ambiente de trabalho e os trabalhos em série têm levado o trabalhador rapidamente à fadiga, os acidentes, os baixos rendimentos, as neuroses profissionais e as doenças psicossomáticas. Tudo isso incentivou o estudo da adaptação do trabalho ao homem (SILVEIRA e SALUSTIANO, 2012).
De acordo com Oliveira (2013) a ergonomia trouxe a ideia de proteger o trabalhador dos riscos físicos, ambientais e psicológicos provocados, principalmente, pelo sistema capitalista, que visa sempre o lucro através do aumento da produção. Promovendo a intensificação da carga de trabalho e implementação do tempo de trabalho, sem se preocupar com o conforto do funcionário.
CONTEXTUALIZANDO A SEGURANÇA DO TRABALHO
É importante destacar que o objetivo principal da segurança do trabalho é garantir que as atividades se desenvolvam da forma como estavam previstas, sem oferecer riscos, eliminando também fatores que possam levar o trabalhador a sofrer acidentes ou incidentes. O incidente é entendido como toda circunstância acidental ou episódio que não gere lesão ou perturbação funcional, não resulte na morte ou incapacidade temporária ou permanente do empregado (FARIA; GRAEF e SANCHES, 2006).
Durante muito tempo, a segurança do trabalho foi vista apenas como um tema que se relacionava ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI). A evolução tecnológica gerou novos ambientes de trabalho e riscos associados, e hoje, o setor de segurança no trabalho é multidisciplinar e tem como objetivo principal a prevenção dos riscos profissionais. A Legislação Trabalhista Brasileira reconhece a importância da segurança do trabalho com a finalidade de preservar a saúde e a integridade física do trabalhador (MATTOS, 2012).
Segundo Arruda, Merino e Gontijo (2006), os benefícios esperados com a implantação de um sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho são:
- Redução nas perdas, redução de custos de produção e acidentes, sem comprometer os lucros;
- Aprimoramento da gerência de riscos e maior compromisso no cumprimento da legislação;
- Iniciação sistemática de técnicas de análise de acidentes, incidentes, danos em propriedades e perdas no processo industrial;
- Valorização da implantação de um sistema de gestão e saúde e de procedimentos padrões;
- Melhoria na qualidade, produtividade, motivação, imagem da empresa e das condições de segurança no trabalho.
A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA NA SEGURANÇA DO TRABALHO
A segurança no trabalho pode ser descrita como um estudo em que consiste correlacionar o trabalho, o funcionário e o ambiente. Através de normas e técnicas metodológicas apropriadas que visam prevenir a ocorrência de acidentes de trabalho priorizando a integridade biofisicopsicosocial de seu trabalhador (CORTES, 2006).
O mesmo auto ainda relata que que a segurança visa evitar o acidente de trabalho, ou seja, aquilo que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Sob uma outra visão, acidente é uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil e/ou lesões nos trabalhadores e/ou danos materiais.
As organizações estão cada vez mais empenhadas na criação de um dinamismo facilitador para sua evolução, produtividade, economia, ou seja, meios que otimizem tempo e o alcance de suas metas. Nesse contexto um dos fatores de grande importância e influencia é a ergonomia (MARQUES et al., 2010).
Segurança no Trabalho influenciam diretamente na qualidade de vida do trabalho e, por conseguinte na qualidade das atividades realizadas no trabalho; elas podem ser caracterizadas como medidas preventivas contra acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, envolvendo dois fatores chave que são: a segurança concreta e a segurança abstrata. A segurança concreta abrange todas as condições seguras de trabalho e do seu ambiente; já a segurança abstrata engloba a forma subjetiva com a qual os trabalhadores percebem a proteção e prevenção de acidentes e ocupacionais (ENEGEP, 2008).
A Segurança do Trabalho e a Ergonomia buscam, além do bem estar do trabalhador, sua maior produtividade, resultante de sua satisfação durante a atividade. Seguindo esta linha de raciocínio, os custos indiretos recorrentes dos acidentes e trabalho são bem mais importantes do que os diretos. Alguns dos fatores de perda presentes no contexto de custo indireto por acidentes de trabalho, constam: perda de horas de trabalho pela vítima, interrupções da produção, danos materiais, atraso na execução do trabalho, diminuição do rendimento durante a substituição. Baseando-se nestes aspectos, verifica-se a importância que a Higiene e Segurança do Trabalho e a Ergonomia possuem para o aumento de produtividade (LEITE; CABRAL e SUETT, 2007).
O ESTUDO DA ERGONOMIA NOS POSTOS DE TRABALHO COM COMPUTADORES
A ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos corporais sentados, em pé, empurrando, puxando e levantando cargas, fatores ambientais como ruídos, vibrações, iluminação, clima, agentes químicos (SILVEIRA E SALUSTIANA, 2012). Informações captadas pela visão, audição e outros sentidos, relações entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas adequadas e interessantes (LEITE; CABRAL e SUETT, 2007).
A conjugação adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida cotidiana. A ergonomia baseia-se em conhecimentos de áreas científicas, como a antropometria, biomecânica, fisiologia, psicologia, toxicologia, engenharia mecânica, desenho industrial, eletrônica informática e gerência industrial. Ela reuniu, selecionou e integrou os conhecimentos relevantes dessas áreas, para desenvolver métodos e técnicas específicas para aplicação desses conhecimentos na melhoria do trabalho e das condições de vida, tanto dos trabalhadores, como da população em geral (DUL; WEERDMEESTER, 2004).
De acordo com Lida (2002), posto de trabalho é a menor unidade produtiva, geralmente envolvendo um homem e seu local de trabalho. Os postos de trabalho com computadores apresentam várias diferenças em relação ao trabalho tradicional de escritório, o empregado executa inúmeras tarefas ao mesmo tempo, enquanto naquele, a pessoa deve permanecer com o corpo quase estático durante horas, com a atenção fixa na tela do monitor e as mãos sobre o teclado, realizando operações de digitação, altamente repetitivas. Portanto, as condições do posto de trabalho com computadores em comparação com o posto tradicional podem ser mais severas, apresentando inadaptações ergonômicas de consequências bastante incômodas para o trabalhador.
Estas consequências se concentram principalmente na fadiga visual, nas dores musculares do pescoço e ombros e dores nos tendões dos dedos. Como causas de desconforto em postos de trabalho com computadores, se destacam: altura do teclado muito baixa em relação ao piso, altura do teclado muito alta em relação à mesa, falta de apoios adequados para os antebraços e punhos, cabeça muito inclinada para frente, pouco espaço lateral para as pernas e posicionamento inadequado do teclado. Para atingir um conforto ergonômico (MOTA, 2009).
Gomes (2010) ainda ressalta que quando o ser humano deixa a posição de pé e passa a se sentar, ocorre uma série de mudanças no seu esqueleto e no funcionamento de seus músculos: alterações na pressão dos discos invertebrais; os músculos do dorso e do pescoço também são alterados, além dos diversos tecidos e a circulação sanguínea que também sofre uma alteração importante, assim e de suma importância a que o trabalhador para sua própria segurança adote medidas corretas ao trabalhar sentado usando computadores.
A NR-17: Ergonomia (redação atual dada pela Portaria Ministério do Trabalho e da Previdência Social Nº 3.751, de 23 de novembro de 1990) dispõem dos subitens que são fundamentais para que os profissionais que trabalham na postura sentada possam ter um posto de trabalho adaptado às capacidades psicofisiólogicas, antropométricas e biomecânicas humanas.
Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
Figura 01 – Modelo de posicionamento correto no uso de computadores de acordo com a NR-17.
Fonte: Dabus Arquitetura (2010).
A contribuição da ergonomia para a boa postura foi muito importante, visto que a boa postura corporal é mais do que algo para melhorar a aparência. A postura corporal reflete o movimento dinâmico do corpo humano, sendo que sem uma boa postura corporal, a saúde geral pode ser comprometida. Isso porque os efeitos a longo prazo da má postura corporal podem afetar vários sistemas do organismo, podendo a pessoa sentir-se cansada e incapaz de trabalhar eficientemente.
A postura em que a atividade é realizada define o grau de conforto do trabalhador. A máquina humana tem pouca capacidade de desenvolver força física no trabalho. O sistema osteomuscular do ser humano o habilita a desenvolver movimentos de grande velocidade e de grande amplitude, porém contra pequenas resistências (PIRES, 2009).
Figura 02 – Modelo de posicionamento errado no uso de computadores
Fonte: Reis (2011).
A postura sentada imprópria pode causar lesões e dores, sendo caracterizada pela parte superior das costas curvada ou corcunda, cabeça direcionada para frente e região lombar curvada. A má postura sentada é um hábito ruim, que pode ser mudado com um pouco de esforço e dedicação.
ATUAÇÃO DO MÉDICO DO TRABALHO NA ERGONOMIA E NO PROCESSO DE TRABALHO
A ergonomia na medicina aplica-se a preocupação com as condições de trabalho associando o serviço a ser desenvolvido com os fatores que influenciam a saúde do trabalhador. Sendo esses componentes físicos, cognitivos, psíquicos e organizacionais. De maneira geral, comprometendo a qualidade e a segurança do serviço (RIBEIRO e TAMAZ, 2002).
A mesma autora ainda refere que os problemas desencadeados interferem na vida do trabalhador podemos citar, fadiga relacionado à sobrecarga de trabalho, acúmulo de atividades, condições inapropriadas de trabalho, estresse, abstenção, lesões musculares e agressões na coluna vertebral devido a movimentos bruscos, repetitivos, por levantamento de peso, transporte de pacientes e de insumos, etc. Fatores ergonômicos inadequados de mobiliários e equipamentos, riscos ocupacionais que dão origem as doenças no trabalho, riscos físicos e mecânicos principalmente a exposição desnecessária a radiação.
A fim de evitar estas situações, a ergonomia faz uma análise que tem por objetivo, avaliar as adaptações das condições de trabalho ás características psicofisiológicas dos trabalhadores, abordando as condições de trabalho, conforme estabelecido na. A análise de um posto de trabalho para adequação ergonômica deve ser feita levando em consideração todos os aspectos ligados á postura, tipo e quantidade de esforço físico e ocorrência de acidentes (NR 17, 1978).
No que se refere ao trabalhador ele ressalta que, a postura inadequada principalmente ao sentar-se pode desencadear lesões acentuadas como: a lombalgia, lesão da coluna vertebral, pulsos, mãos, braços, entorses e deslocamento de discos (BRUNNER et al., 2010).
Segundo Azevedo (2010) a ergonomia na medicina é desenvolvida ou aplicada pelo médico do trabalho com o objetivo contribuir na recuperação de trabalhadores acidentados, e na prevenção de doenças ocupacionais. Além de orientar sobre fatores que melhorem a qualidade no trabalho e dicas de biomecânicas são fundamentais para evitar danos físicos ao funcionário. Uma destas faz referência ao uso do computador que é importante tomar algumas medidas: olho no conforto visual, punho neutro é fundamental, pés bem apoiados, dê um descanso para as costas, temperatura, acústica, iluminação adequadas e humanização do ambiente de trabalho.
Diante das inadequadas condições de trabalho oferecidas aos trabalhadores principalmente os de enfermagem, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), desde a década de 40, tem considerado o problema como tema de discussão e tem feito recomendações referente à higiene e segurança com a finalidade da adequação das condições de trabalho desses profissionais (COUTO, 1995).
Essas condições insatisfatórias estão relacionadas aos fatores biológicos, físicos, químicos, psicossociais e ergonômicos, os quais podem causar danos à saúde dos profissionais que ali atuam (MARZIALE, 1990).
Segundo Couto (1995), através da aplicação dos princípios da Ergonomia pode ser propiciada uma interação adequada e confortável do ser humano com os objetos que maneja e com o ambiente onde trabalha e ainda melhorar a produtividade, reduzir os custos laborais que se manifestam através de absenteísmo, rotatividade, conflitos e pela falta de interesse para o trabalho. No entanto, acreditamos que a mobilização dos trabalhadores e de seus sindicatos também sejam necessárias para que efetivas e profundas mudanças ocorram nas condições de trabalho.
A autora Daniellou (1996) mencionam o desenvolvimento rápido e contínuo da tecnologia, a grande variedade de procedimentos e exames realizados, o aumento constante do conhecimento teórico e prático exigido na área da saúde, a especialidade do trabalho, a hierarquização e a dificuldade de circulação de informação, o ritmo e o ambiente físico, o estresse e o contato com o paciente, a dor e a morte como elementos que potencializam a carga de trabalho, ocasionando riscos à saúde física e mental dos trabalhadores do hospital.
A mesma ainda refere análise ergonômica tem sido utilizada para a adaptação dos equipamentos usados no cuidado à saúde e os estudos ergonômicos constituem-se em um caminho para a obtenção de informações específicas e relevantes sobre a melhoria da qualidade do cuidado e da qualidade de vida do trabalhador no trabalho.
No Brasil, Mauro et al., (1976) foram os pioneiros em utilizar os princípios ergonômicos para analisar o trabalho de enfermagem e na última década houve uma maior utilização da referida abordagem e um número crescente de estudos tem sido realizados.
Estudos ergonômicos têm sido realizados para analisar as posturas físicas adquiridas na execução das atividades de trabalho de Enfermagem buscando a adequação dessas atividades respeitando os princípios da Biomecânica (BENEDITO e CONTIJO, 1996).
Através dos referidos estudos foi constatado que grande parte das agressões à coluna vertebral estão relacionadas à inadequação de mobiliários e equipamentos utilizados nas atividades cotidianas e com a adoção de má postura corporal adotadas pelos trabalhadores.
Desta forma consideramos a aplicação dos princípios ergonômicos condizentes com a fase de desenvolvimento em que está profissão se encontra, onde o corpo de conhecimento científico, embora ainda em formação, está sendo construído, vislumbrando não apenas a técnica, mas o embasamento teórico engajados nos modelos assistenciais contextualizados no atual momento sócio-político e econômico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Ergonomia é fundamental para que o trabalho seja fonte de saúde e produtividade, favorecendo uma melhor realização de tarefas pelos trabalhadores e organizações. Ela possibilita que o trabalho seja bem dimensionado, otimizando sua eficácia ao mesmo tempo permitindo a saúde e prevenção de certas doenças ocupacionais.
A ergonomia é aplicada ao trabalho em diversas profissões. No presente estudo fizemos menção à enfermagem do trabalho. Onde o enfermeiro especialista, visa oferecer uma solução ergonômica completa, planejando o posto de trabalho de modo a evitar condições ergonômicas desfavoráveis. Através desse planejamento será possível proporcionar maior bem-estar do trabalhador e alcançar melhores índices de produtividade. Principalmente no que se refere à saúde postural do trabalhador em que a posição sentada, por exemplo, terá um menor índice de doenças ocupacionais nas instituições. Na qual, a preocupação com a segurança e saúde dos funcionários são fatores primordiais para qualidade do meio ambiente de trabalho, gerando uma melhor qualidade de vida nas mesmas.
Portanto, não se pode deixar de frisar que todas as atividades ocupacionais mencionadas podem realmente produzir lesões, como comprovam as explanações ergonômicas citadas no decorrer do texto. Acredita-se que é urgente a necessidade de estudos ergonômicos envolvendo as tarefas e as posturas adotadas pelo pessoal de enfermagem durante o trabalho seja ele sentado ou em pé.
Enfim, a pesquisa identificou o déficit de artigos atualizados sobre a temática. Nessa linha de pensamento, encontram-se hoje publicações voltadas para os problemas ergonômicos específicos de trabalhadores da enfermagem.
Assim, chegou-se à conclusão de que é fundamental o conhecimento pelo pessoal de enfermagem, deste o risco ocupacional e de alguns fatores relacionados com o aparecimento destas lesões, no contexto de trabalho da realidade brasileira.
Acredita-se também que é urgente o estabelecimento de estratégias sistematizadas de prevenção, dentro de uma estrutura ergonômica. Assim o enfermeiro do trabalho se faz necessário, pois ele elabora métodos práticos que ajudam a avaliar, corrigir e tentar prevenir doenças causadas pela má postura além de suscitar o interesse da necessidade de realizar mais estudos sobre a temática proposta.
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[1] Médico, Pós graduando em medicina do trabalho pela PGGSI.