A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA AO ENVELHECIMENTO ATIVO

THE IMPORTANCE OF A MULTIDISCIPLINARY TEAM IN PROMOTING QUALITY OF LIFE FOR ACTIVE AGING

LA IMPORTANCIA DEL EQUIPO MULTIDISCIPLINARIO EN LA PROMOCIÓN DE LA CALIDAD DE VIDA DURANTE EL ENVEJECIMIENTO ACTIVO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102491009


Maria Lucia de Lima Neves1
Lucia Adriana Bernardes de Paula2
Marilene Lopes de Jesus3
Márcia Calazans de Almeida Brunner4
Fabiola Regina Santos Calvet5
Lígia D’arc Silva Rocha Prado6
Solange Cunha Ferreira7
Solange Soares Martins8
Paula Rocha Louzada Villarinho9
Claudemir Santos de Jesus10
Zélia da Silva11


RESUMO

O envelhecimento é um processo que acontece por meio da transição demográfica e declínio da taxa de natalidade e que no Brasil foi reconhecido na década de 60. No entanto, não se deve classificar apenas pela idade cronológica, mas, também por outros fatores: biológico, psicológico e social. E com isso, o objetivo desse trabalho foi de discutir as condições dos idosos sob a perspectiva da qualidade de vida, destacando as principais propostas de melhoria para a saúde no contexto do envelhecimento ativo. Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa de revisão de literatura, com abordagem qualitativa. Na discussão, foi evidenciado que a qualidade de vida da população idosa se associa diretamente aos hábitos comportamentais, com baixo consumo de álcool e cigarros, no entanto a prática de atividades físicas e a alimentação de muitos idosos ainda são de baixa qualidade, indicando a importância de rever esses hábitos. Conclusão: A pesquisa mostrou, que a assistência de saúde ao idoso se desenvolveu positivamente em relação a qualidade de vida do idoso, pelos programas governamentais implantados ao longo dos últimos anos.

PALAVRAS-CHAVE: Envelhecimento; Idoso; Qualidade de vida.

Aging is a process that occurs through demographic transition and declining birth rates and was recognized in Brazil in the 1960s. However, it should not be classified solely by chronological age, but also by other factors: biological, psychological and social. Therefore, the objective of this study was to discuss the conditions of the elderly from the perspective of quality of life, highlighting the main proposals for improving health in the context of active aging. This study is characterized as a literature review research, with a qualitative approach. In the discussion, it was evidenced that the quality of life of the elderly population is directly associated with behavioral habits, with low consumption of alcohol and cigarettes. However, the practice of physical activities and the diet of many elderly people are still of poor quality, indicating the importance of reviewing these habits. Conclusion: The research showed that health care for the elderly has developed positively in relation to the quality of life of the elderly, through government programs implemented over the last few years.

PALAVRAS-CHAVE: Aging; Aged; Quality of Life.

El envejecimiento es un proceso que ocurre a través de una transición demográfica y una disminución de la tasa de natalidad, que en Brasil fue reconocida en la década de 1960. Sin embargo, no debe clasificarse sólo por la edad cronológica, sino también por otros factores: biológicos, psicológicos y sociales. Por lo tanto, el objetivo de este trabajo fue discutir las condiciones de las personas mayores desde la perspectiva de la calidad de vida, destacando las principales propuestas para mejorar la salud en el contexto del envejecimiento activo. Este estudio se caracteriza por ser una investigación de revisión de la literatura, con un enfoque cualitativo. En el conversatorio se destacó que la calidad de vida de la población adulta mayor está directamente asociada a hábitos comportamentales, con bajo consumo de alcohol y cigarrillos, sin embargo, la práctica de actividades físicas y la alimentación de muchas personas mayores aún son de baja calidad, indicando la importancia de revisar estos hábitos. Conclusión: La investigación demostró que la atención a la salud de las personas mayores se ha desarrollado positivamente en relación con la calidad de vida de las personas mayores, debido a los programas gubernamentales implementados en los últimos años.

PALAVRAS-CHAVE: Envejecimiento; Anciano; Calidad de Vida

INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população é um fenômeno multifacetado. O número de idosos tem aumentado consideravelmente, especialmente em países em desenvolvimento como o Brasil, o que demanda uma abordagem interdisciplinar (TOLDRÁ et al., 2014).

A qualidade de vida é entendida como a percepção que os indivíduos têm de suas condições de vida desejadas, englobando aspectos como a vida familiar, o ambiente de trabalho, além das condições de saúde e bem-estar. Portanto, a qualidade de vida é intrínseca ao indivíduo e se baseia em sua auto-percepção (TAVARES et al., 2018).

No caso dos idosos, observa-se que a visão que eles têm sobre sua saúde contribui para o prolongamento da vida e promove a busca por uma melhor qualidade de vida (SOUSA; RODRIGUES, 2015; SILVA et al., 2017).

Características sociodemográficos, capacidade funcional, qualidade do sono, ausência de doenças, fatores emocionais, entre outros, influenciam positivamente a qualidade de vida dos idosos. Envelhecer na contemporaneidade, com uma expectativa de vida entre 70 e 80 anos nos países em desenvolvimento e desenvolvidos, exige debate político e a implementação de ações fundamentais para proporcionar um envelhecimento saudável (ALENCAR et al., 2020).

O conceito de qualidade de vida refere-se à autoestima e ao bem-estar pessoal e envolve diversos aspectos, tais como capacidade funcional, nível socioeconômico, estado emocional, interação social, atividade intelectual, autocuidado, suporte familiar, estado de saúde, valores culturais, éticos e religiosidade, estilo de vida, satisfação com o trabalho e/ou com as atividades diárias e o ambiente em que se vive (TAVARES et al., 2018; PIMENTEL et al., 2015).

“Qualidade de vida” é um termo amplamente discutido, tanto nos meios científicos quanto na vida cotidiana. A OMS (2019) define qualidade de vida como “a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no contexto de sua cultura e sistema de valores em que vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito muito amplo que incorpora, de maneira complexa, a saúde física, o estado psicológico, o nível de dependência, as relações sociais, as crenças e a relação com características proeminentes no ambiente”.

A Teoria da Atividade sugere que um modelo de envelhecimento “ideal” é aquele em que o idoso mantém padrões de autonomia, um fenômeno denominado “envelhecimento ativo”. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2019), “envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem”.

Para que o envelhecimento seja uma experiência positiva, não basta apenas ter uma vida longa; é necessário também haver oportunidades nos campos da saúde, participação e segurança (TOLDRÁ et al., 2014).

O envelhecimento ativo se aplica tanto a indivíduos quanto a grupos populacionais. Ele permite que as pessoas realizem seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo da vida, participando da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades, enquanto recebem proteção, segurança e cuidados adequados quando necessário (ALENCAR et al., 2020; SILVA et al., 2017).

Assim, através dessa abordagem e considerando os aspectos legais, é essencial que a sociedade promova o envelhecimento ativo como uma forma de melhorar a qualidade de vida dos idosos. Diversos estudos apontam a necessidade de atenção social para a qualidade de vida dos idosos, pois uma integração social saudável contribui significativamente para a manutenção adequada da saúde desses indivíduos (TAVARES et al., 2018; PIMENTEL et al., 2015).

O estudo tem como objetivo discutir as condições dos idosos sob a perspectiva da qualidade de vida, destacando as principais propostas de melhoria para a saúde no contexto do envelhecimento ativo.

METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, pois se atém a uma abordagem teórica sobre a temática proposta. Quanto à natureza, trata-se de uma pesquisa básica. Em relação aos objetivos, é uma pesquisa exploratória, pois se aprofunda nos fenômenos relacionados aos impactos da atividade física, mantida por políticas públicas, na qualidade de vida e saúde dos idosos.

A presente pesquisa teve como eixo temático a seguinte questão norteadora: “Como o idoso está mantendo sua qualidade de vida para um melhor envelhecimento ativo?”

O levantamento de dados ocorreu no período de março a julho de 2023, de maneira individualizada e separada por cada autor, em um sistema cego, utilizando-se as seguintes bases virtuais: BVS, BDENF, SciELO, além das páginas e bibliotecas virtuais dos órgãos de referência em saúde no Brasil, como o Ministério da Saúde.

Os termos utilizados foram: “Envelhecimento”, “Idoso” e “Qualidade de Vida”. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: publicações disponíveis na íntegra, idioma em português e espanhol, publicados nos últimos cinco anos (2018-2022), já os critérios de exclusão foram retirados livros, monografias, dissertações e teses.

Por fim, realizou-se uma análise bibliográfica para a caracterização dos estudos selecionados. Foram identificados os conceitos principais abordados pelos artigos, categorizando-os por similaridade de conteúdo.

De acordo com a metodologia descrita, na primeira fase do levantamento dos dados, que abrangeu de maneira geral todos os conteúdos apresentados pelas bases de dados sem os critérios de filtragem estabelecidos, foi possível encontrar um número considerável de artigos, destacando-se a BVS como a fonte com o maior número de artigos encontrados.

Os artigos selecionados foram analisados em relação ao ano de publicação, com predomínio das publicações de 2018. Além disso, é importante salientar que a maioria dos trabalhos eram estudos qualitativos.

Posteriormente, após a filtragem dos resultados da busca inicial, aplicando os critérios de ano de publicação, disponibilidade na íntegra, idioma e eliminando as duplicatas, houve uma redução significativa do material bibliográfico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A qualidade de vida é entendida como a percepção que o indivíduo tem em relação à sua vida, abrangendo fatores sociais, culturais, econômicos e políticos. O campo social é especialmente importante para compreender a qualidade de vida (TAVARES et al., 2018; RODRIGUES, 2019).

É crucial estabelecer ações e atividades que mantenham a capacidade funcional, especialmente para profissionais que atuam ou atuarão na atenção à saúde. A independência no cotidiano proporciona à pessoa idosa o equilíbrio necessário para uma perspectiva de longevidade ativa, exaltando a velhice como uma nova fase de sua história. Envelhecer com saúde possibilita uma vida saudável (SILVA et al., 2017).

As mudanças que ocorrem com o processo de envelhecimento influenciam decisivamente o comportamento da pessoa idosa. Com o declínio gradual das aptidões físicas, o idoso tende a substituir seus hábitos de vida e rotinas diárias por atividades menos ativas. A redução no desempenho físico, na habilidade motora, na capacidade de concentração, de reação e de coordenação pode gerar processos de autodesvalorização, apatia, insegurança, perda da motivação, isolamento social e solidão (PIMENTEL et al., 2015).

Além disso, é importante refletir sobre os impactos sociais causados pela atual mudança no quadro demográfico, a fim de alertar as autoridades e a sociedade sobre a necessidade de preparar o país para um cuidado mais humanizado dos idosos, proporcionando-lhes qualidade de vida (TOLDRÁ et al., 2014; RODRIGUES, 2019).

O envelhecimento biológico refere-se ao conjunto de transformações físicas que reduzem consideravelmente a eficácia dos sistemas orgânicos e funcionais do organismo, tornando o idoso mais suscetível ao aparecimento de doenças crônicas. No entanto, embora o envelhecimento biológico aumente a incidência de certas condições patológicas, ele não deve ser considerado sinônimo de doença. Ao contrário de uma doença, o envelhecimento é um processo inevitável e natural que ocorre em todos os indivíduos ao longo do tempo (ALENCAR et al., 2020).

A chegada da velhice, segundo Moraes e Witter (2019, apud Skinner & Valghan, 2019), inclui as limitações de um corpo bastante vivido e cansado, com menor vitalidade, rapidez de raciocínio, percepção sensorial, motora e cognitiva. Muitas vezes, o idoso é acometido por doenças crônicas específicas da idade avançada; contudo, a qualidade de vida pode ser mantida por meio da criatividade e do lazer, sem negligenciar os cuidados com a saúde.

Com o passar do tempo, além das transformações mencionadas, o tempo dedicado à prática de atividades físicas e ao lazer tende a ser reduzido, o que pode causar dores e desconfortos físicos, redução da mobilidade e, em alguns casos, dependência física. Esses fatores contribuem para a diminuição da qualidade de vida, uma vez que representam perda de autonomia e independência (TAVARES et al., 2018).

Nesse contexto, a atividade física tem se mostrado um fator crucial para a melhora da saúde global do idoso, sendo uma importante medida na prevenção de quedas e, consequentemente, proporcionando maior segurança para a realização de suas atividades diárias. Além disso, os exercícios físicos aumentam o contato social, diminuindo os riscos de doenças crônicas e melhorando a saúde física e mental (SILVA et al., 2017; RODRIGUES, 2019).

Percebe-se, portanto, que as mudanças causadas pelo envelhecimento produzem perturbações no equilíbrio e requerem adaptações, frequentemente trazendo sentimentos de desvalorização. A sociedade muitas vezes contribui para esses sentimentos, uma vez que os idosos são frequentemente vistos como indivíduos que estão se despedindo da vida. A sociedade acaba privando os idosos de várias experiências, como a sexualidade e o lazer. A sexualidade na terceira idade é frequentemente vista com preconceito, complexos e frustrações, mas a terceira idade não precisa ser uma barreira para uma vida sexual ativa.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa no país deve triplicar até 2050. Esse envelhecimento da população traz a necessidade de cuidados especiais, pois muitos idosos precisam de ajuda para realizar tarefas cotidianas e manter sua saúde (PIMENTEL et al., 2015).

O processo de envelhecimento da população idosa se apresenta de várias formas: idosos solitários, inseridos em um seio familiar, em clínicas geriátricas ou hospitalizados. Independentemente da condição do idoso, a humanização, acolhimento, atenção, respeito e conforto são indispensáveis para a qualidade de vida, especialmente para os mais vulneráveis, que muitas vezes dependem integralmente da colaboração de outras pessoas para tarefas simples e complexas (SOUSA; RODRIGUES, 2015).

Observou-se, que a qualidade de vida, no que diz respeito ao cuidado físico e mental, é fundamental para uma velhice saudável e para uma melhor resposta ao processo de degradação natural que ocorre com o passar dos anos (TOLDRÁ et al., 2014).

O estilo de vida ao longo da vida contribui imensamente para que o corpo responda de forma eficaz e equilibrada às doenças e ao processo normal de envelhecimento de todos os seres humanos (TAVARES et al., 2018).

O papel da enfermagem é fundamental para o grupo que assiste o idoso, conhecimento é crucial para a sociedade pensar em estratégias para melhorar a qualidade de vida dos idosos e, consequentemente, de suas famílias (RODRIGUES, 2019).

Outra questão de suma importância para o público da terceira idade, que se torna cada ano mais numerosa, são as quedas, que muitas vezes resultam em internações e até óbitos. Essas quedas ocorrem em diversos locais, principalmente em casa, onde o idoso passa a maior parte do tempo, mas não se limitam a esse ambiente (ALENCAR et al., 2020; SILVA et al., 2017).

As quedas involuntárias são uma realidade constante, e cabe principalmente ao enfermeiro da atenção primária orientar o idoso sobre os riscos predisponentes a quedas. Essas orientações devem considerar o idoso como um todo, abrangendo seu domicílio, comunidade, hábitos e a participação dos familiares e cuidadores.

Na pesquisa, identificou-se a necessidade de criar instrumentos capazes de promover um planejamento voltado para uma assistência interdisciplinar e integral aos idosos. Houve uma concordância positiva da equipe de saúde em relação ao estudo e à variável “Utilidade de escalas para a prática”. Evidenciou-se, portanto, a necessidade de uma avaliação holística do idoso utilizando diversas escalas, como Braden, Barthel, Lawton, Tinetti e MNA para aspectos físicos; MMSE para aspectos cognitivos; e EDG e QASCI para aspectos emocionais e sociais. Esta pesquisa justifica o uso de escalas para obter dados multidimensionais (TAVARES et al., 2018; PIMENTEL et al., 2015).

No contexto do abrigo, 50% dos idosos estão no local devido a disfunções familiares, que se tornam mais prevalentes à medida que o idoso aumenta sua fragilidade. Justamente quando mais precisam de apoio familiar devido às dificuldades evidentes de sua condição, muitos idosos enfrentam negligência. A prática da avaliação da fragilidade do idoso nas consultas de enfermagem é importante para concretizar os cuidados integrados junto à equipe multiprofissional, visando manter o idoso mais saudável e proporcionar mais autonomia e autoestima (RODRIGUES, 2019).

O Brasil, assim como muitos outros países, está passando por um processo acelerado de envelhecimento da população. Este artigo evidencia a necessidade urgente de construir modelos de atenção integral que busquem colaborar e, se possível, solucionar as questões mais relevantes no atendimento social e de saúde. Dessa forma, promoveremos o envelhecimento efetivo de nossos idosos, tornando-os mais ativos e saudáveis, como já acontece em países desenvolvidos que prestam atenção integral de longo prazo a seus idosos, obtendo resultados animadores e que servem de exemplo para a saúde integral no Brasil (PIMENTEL et al., 2015).

O cuidado ao idoso com transtorno mental, evidenciou-se que existem contradições nas percepções das equipes de saúde e dos próprios idosos sobre como se sentem. Essas contradições podem gerar disfunção nas equipes de saúde e diminuir a adesão do paciente idoso com transtorno mental ao tratamento proposto. A ausência de estratégias no cotidiano e a necessidade de renovação da educação profissional são apontadas pelos profissionais como os principais motivos do desgaste, além da falta de recursos humanos (TOLDRÁ et al., 2014; SILVA et al., 2017).

Os significados de qualidade de vida podem variar conforme a faixa etária. No trabalho que aborda a qualidade de vida dos idosos, o significado depende de expectativas, sentimentos e objetivos delineados pela experiência de vida e pelos limites temporais próprios do ser humano. É necessário motivar e facilitar o exercício integral de competências físicas e mentais, ações que estão ligadas ao relacionamento pessoal, satisfação emocional, prestação de apoio social e ao despertar para o sentido da vida (TAVARES et al., 2018).

De acordo os estudos, 30% dos idosos, infelizmente, enfrentam realidades e dificuldades muito maiores, especialmente os idosos pretos e pardos em comparação aos brancos (RODRIGUES, 2019).

Estudos identificaram diversos fatores que levam os idosos pretos a atravessarem a vida com desigualdades estruturais, chegando à velhice com as mesmas desigualdades, que muitas vezes se agravam devido ao descaso e à falta de políticas públicas que reconheçam a importância de todos os idosos, especialmente os mais pobres e esquecidos (VERAS; OLIVEIRA, 2018; SOUSA; RODRIGUES, 2015).

A questão racial na autoavaliação de saúde, aponta que a mobilidade social intergeracional desfavorável é um importante mecanismo para explicar a iniquidade. Outros 50% dos idosos foram abandonados pelos familiares ou viviam em condições precárias nas ruas, e 20% dos idosos entrevistados procuraram o abrigo por conta própria, buscando um final de vida menos solitário e sem cuidado familiar (TOLDRÁ et al., 2014; ALENCAR et al., 2020).

A maioria dos artigos revisados sugere que ações devem ser tomadas para reduzir o tempo de internação, diminuindo assim a morbimortalidade e as reinternações (SILVA et al., 2017).

Através da análise das pesquisas direcionadas ao abrigo, entende-se que a política do envelhecimento ativo está diretamente associada à dependência de determinantes comportamentais positivos. Espera-se que a família e o indivíduo planejem e se preparem para a velhice, adotando um estilo de vida mais saudável ao longo da vida. Ambientes de apoio devem constituir opções saudáveis, tornando-as mais simples e viáveis (ALENCAR et al., 2020; PIMENTEL et al., 2015).

Além disso, a qualidade de vida da população idosa está diretamente associada aos hábitos comportamentais, como baixo consumo de álcool e cigarros. No entanto, a prática de atividades físicas e a alimentação de muitos idosos ainda são de baixa qualidade, indicando a importância de rever esses hábitos (RODRIGUES, 2019).

O crescente número de morbidades entre os idosos tem chamado a atenção para condições como hipertensão. Frequentemente, os idosos recorrem ao programa de farmácia popular, principalmente devido à presença de diabetes e hipertensão, e também buscam vacinas como método de prevenção de doenças (VERAS; OLIVEIRA, 2018).

Para promover um envelhecimento ativo, os profissionais de saúde devem buscar apoio em tecnologias que proporcionem cuidado integral, visando desenvolver a independência, autonomia e melhores condições de vida para os idosos, garantindo a qualidade da atenção à saúde e estimulando a participação e fortalecimento do controle social (TAVARES et al., 2018; PIMENTEL et al., 2015).

Os determinantes comportamentais dos idosos incluem a adoção de hábitos de vida saudáveis e a participação ativa no autocuidado. Ainda que seja um costume entre muitos idosos considerar tarde demais para adotar estilos de vida saudáveis, é sempre possível desenvolver atividades físicas, abster-se do álcool e do fumo, usar medicamentos de forma consciente e manter uma alimentação saudável, contribuindo para um envelhecimento de qualidade (SOUSA; RODRIGUES, 2015; SILVA et al., 2017).

Por outro lado, os determinantes socioeconômicos, que envolvem trabalho, renda e proteção social, mostram que atividades físicas como dança, caminhadas e musculação são essenciais para manter uma vida saudável. A atividade física estimula hormônios que aumentam a autoestima. Independentemente da idade, o exercício físico é prazeroso, aumenta a qualidade de vida e traz benefícios ao corpo e ao espírito, ajudando a prevenir problemas de saúde, aumentar a força, melhorar o equilíbrio, prevenir quedas e aumentar a flexibilidade (ALENCAR et al., 2020).

Grupos de convivência desenvolvidos por idosos, como os de abrigos, são fundamentais para o envelhecimento ativo. Eles funcionam como redes de apoio que mobilizam as pessoas em busca de autonomia, além de melhorar a autoestima, diminuir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência (VERAS; OLIVEIRA, 2018; RODRIGUES, 2019).

Esses grupos incentivam o desenvolvimento de atividades físicas e educativas, contribuindo para a interação social e o desenvolvimento de habilidades intelectuais dos idosos, melhorando também o convívio familiar e social, e o bem-estar físico e emocional (SILVA et al., 2017).

As sessões de pilates emergem como aliadas fundamentais no auxílio aos idosos, pois promovem uma melhoria significativa na flexibilidade e mobilidade da coluna vertebral. Isso proporciona ao usuário uma maior capacidade funcional e melhora sua qualidade de vida (SOUSA; RODRIGUES, 2015).

Para assegurar uma melhora na qualidade de vida dos idosos, é crucial que os enfermeiros busquem conhecimento técnico e científico. Eles devem desenvolver estratégias e ações que estimulem os idosos, além de oferecer um atendimento integral e holístico. Aprimorar a consulta de enfermagem, juntamente com um plano de orientações para a promoção da saúde, é essencial para manter um envelhecimento saudável, ativo e participativo (TAVARES et al., 2018; RODRIGUES, 2019).

A partir das pesquisas realizadas, foi possível identificar que a assistência ao envelhecimento ativo deve ser amplamente discutida nos serviços de saúde. Esses serviços precisam se preparar para atender a uma demanda crescente, oferecendo promoção, prevenção e acesso equitativo a cuidados de longa duração na atenção primária (ALENCAR et al., 2020; SOUSA; RODRIGUES, 2015).

A promoção da saúde por parte dos profissionais deve ser intensificada e oferecida de forma mais dinâmica, uma vez que a adoção dessas estratégias incentiva os idosos a participarem mais de rodas de conversa e atividades ao ar livre. Destacar a importância de uma alimentação saudável e de práticas regulares de atividades físicas é fundamental para garantir uma boa qualidade de vida e encorajar os idosos a envelhecerem ativamente (VERAS; OLIVEIRA, 2018; SILVA et al., 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa enfatiza a importância de uma qualidade de vida elevada na saúde do idoso, promovendo uma visão integral e individualizada do cuidado. Ela aborda de forma abrangente aspectos cruciais para a assistência aos idosos, desde a prevenção de doenças até o suporte necessário para aqueles que deixam abrigos e necessitam de hospitalização. O aumento da expectativa de vida dos idosos globalmente exige que profissionais de saúde estejam adequadamente preparados para enfrentar essa crescente demanda, guiados por pesquisas científicas que visam aprimorar continuamente o cuidado, tratamento e prevenção de enfermidades.

Os resultados da pesquisa destacaram avanços significativos na assistência à saúde dos idosos, refletindo positivamente em sua qualidade de vida. Perguntas relacionadas à perda de sentidos, ganharam destaque, revelando a importância e os resultados satisfatórios do trabalho realizado nos abrigos. No entanto, as entrevistas conduzidas ressaltaram a necessidade de mais estudos neste campo para promover uma melhor qualidade de vida para a terceira idade.

Foi verificado que a atividade física não apenas melhora a saúde física dos idosos, fortalecendo músculos e ossos e aumentando sua resistência diminuindo assim o risco de quedas, mas também beneficia significativamente sua saúde mental, retardando o declínio cognitivo associado à idade. Destaca-se a importância de adaptar os exercícios às habilidades e condições físicas de cada idoso, garantindo uma prática segura e adequada.

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1 Enfermeira pela UNIRJ/UNIESP
Instituição: Centro Universitário do Rio de Janeiro
Endereço institucional: Rua Engenheiro Trindade, 229, Rio de Janeiro/RJ, Brasil
E-mail: marialuciadelimaneves@gmail.com

2 Enfermeira pela Faculdade de Duque de Caxias/UNIESP
Instituição: Faculdade de Duque de Caxias
Endereço institucional: Rua Pedro Correia, 370, Duque de Caxias/RJ, Brasil
E-mail: labernardesdepaula@gmail.com

3 Mestre em Desenvolvimento Local pela UNISUAM
Instituição: Universidade Castelo Branco
Endereço institucional: Av. de Santa Cruz, 1631 – Realengo /RJ, Brasil.
E-mail: marilenejesus@gmail.com

4 Especialização em Enfermagem Saúde Mental – UFRJ
Instituição: Universidade Castelo Branco
Endereço institucional: Av. de Santa Cruz, 1631 – Realengo/RJ, Brasil.
E-mail: calazans_rj@yahoo.com.br

5 Especialização em Urgência e emergência pela UNESA
Universidade Castelo Branco/RJ, Brasil
Endereço institucional: Av. de Santa Cruz, 1631 – Realengo/RJ, Brasil.
E-mail: fabiolacalvet@gmail.com

6 Mestrado profissional em Enfermagem
Instituição: Universidade Castelo Branco
Endereço institucional: Av. de Santa Cruz, 1631 – Realengo/RJ, Brasil.
E-mail: enfaligiaprado@hotmail.com

7 Mestrado em Gestão da Saúde Pública
Instituição: Hospital Universitario Clementino Fraga Filho, Brasil.
Endereço institucional: Rua Prof. Rodolpho Paulo Rocco, 255, Cidade Universitária/RJ, Brasil.
E-mail: solferreira1306@gmail.com

8 Mestrado em Ciências da Saúde e Meio Ambiente
Instituição: Universidade Castelo Branco
Endereço institucional: Av. de Santa Cruz, 1631 – Realengo/RJ, Brasil.
E-mail: prof.solangebsoaresdocente@gmail.com

9 Mestrado em Enfermagem
Instituição: Universidade Castelo Branco
Endereço institucional: Av. de Santa Cruz, 1631 – Realengo/RJ, Brasil.
E-mail: paulalouzadaempreendedora@gmail.com

10 Mestre em Enfermagem
Instituição: Universidade Castelo Branco
Endereço institucional: Av. de Santa Cruz, 1631 – Realengo/RJ, Brasil.
E-mail: udemi34@gmail.com

11 Doutora em Administração e Gestão da Saúde Pública
Instituição: Hospital Universitario Clementino Fraga Filho, Brasil.
Endereço institucional: Rua Prof. Rodolpho Paulo Rocco, 255, Cidade Universitária/RJ, Brasil. E-mail: zelia3986@gmail.com