THE IMPORTANCE OF NURSING IN EMOTIONAL SUPPORT IN THE POST PARTUM
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410211652
Giovanna Lima Lins
Lethicia de Queirós Dias
Letícia Miranda Souza
Orientador: Prof. Allan Bruno de Souza Marques
Resumo: O período pós-parto, tradicionalmente considerado de seis semanas, pode variar em duração, estendendo-se desde o nascimento do bebê até a completa recuperação fisiológica da mãe. Esse período é dividido em três fases: puerpério imediato (do nascimento até o 10º dia), puerpério tardio (do 11º ao 42º dia) e puerpério remoto (do 43º dia até um ano após o parto). Durante essa fase, a mulher pode vivenciar instabilidade emocional, tornando-se suscetível a transtornos mentais. Segundo a Fiocruz (2021), cerca de 10% das gestantes e 13% das puérperas sofrem de distúrbios psicológicos, como disforia puerperal (baby blues) e depressão pós-parto. Objetivo: Buscar compreender as situações de risco psicológico que podem impactar negativamente a relação entre mãe e filho. Metodologia: Para realização da pesquisa foram utilizadas bases de dados Scientific Eletronic Librany Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico, entre 2014 a 2024. Foram utilizados os seguintes descritores da saúde (DECS): Enfermagem, Puerpério, Depressão Pós-Parto, Cuidados de Enfermagem, Baby Blues, Psicose Puerperal. Os resultados e discussões foram compostos por 21 artigos. Conclusão: Ao considerar a depressão pós-parto e o baby blues como desafios significativos para a saúde pública, é fundamental unirmos esforços para garantir que todas as mães recebam o apoio necessário. Isso permitirá que elas superem essas dificuldades e estabeleçam uma base sólida para o bem-estar de suas famílias.
Palavras-chave: Puerpério, Enfermagem, Saúde Mental, Depressão Pós-Parto, Baby Blues.
Abstract: The postpartum period, traditionally considered to be six weeks, can vary in length, extending from the birth of the baby until the mother’s complete physiological recovery. This period is divided into three phases: immediate puerperium (from birth to the 10th day), late puerperium (from the 11th to the 42nd day) and remote puerperium (from the 43rd day to one year after birth). During this phase, women may experience emotional instability, becoming susceptible to mental disorders. According to Fiocruz (2021), around 10% of pregnant women and 13% of postpartum women suffer from psychological disorders, such as puerperal dysphoria (baby blues) and postpartum depression. Objective: seek to understand psychological risk situations that can negatively impact the relationship between mother and child. Methodology: To carry out the research, the Scientific Electronic Librany Online (SciELO), Virtual Health Library (VHL) and Google Scholar databases were used, between 2014 and 2024. The following health descriptors (DECS) were used: Nursing, Puerperium, Postpartum Depression, Nursing Care, Baby Blues, Puerperal Psychosis. The results and discussions were composed of 21 articles. Conclusion: When considering postpartum depression and the baby blues as significant public health challenges, it is critical that we join forces to ensure that all mothers receive the support they need. This will allow them to overcome these difficulties and establish a solid foundation for the well-being of their families.
Keywords: Puerperium, Nursing, Mental Health, Postpartum Depression, Baby Blues.
Resumen: El período posparto, tradicionalmente considerado de seis semanas, puede variar en duración, extendiéndose desde el nacimiento del bebé hasta la completa recuperación fisiológica de la madre. Este período se divide en tres fases: puerperio inmediato (desde el nacimiento hasta el día 10), puerperio tardío (desde el día 11 hasta el día 42) y puerperio remoto (desde el día 43 hasta un año después del nacimiento). Durante esta fase, las mujeres pueden experimentar inestabilidad emocional, volviéndose susceptibles a sufrir trastornos mentales. Según Fiocruz (2021), alrededor del 10% de las mujeres embarazadas y el 13% de las puérperas padecen trastornos psicológicos, como disforia puerperal (tristeza posparto) y depresión posparto. Objetivo: buscar comprender situaciones de riesgo psicológico que pueden impactar negativamente la relación madre-hijo. Metodología: Para la realización de la investigación se utilizaron las bases de datos Biblioteca Científica Electrónica en Línea (SciELO), Biblioteca Virtual en Salud (BVS) y Google Scholar, entre 2014 y 2024. Se utilizaron los siguientes descriptores de salud (DECS): Enfermería, Puerperio, Posparto. Depresión, Atención de Enfermería, Baby Blues, Psicosis Puerperal. Los resultados y discusiones estuvieron compuestos por 21 artículos. Conclusión: Al considerar la depresión posparto y la tristeza posparto como desafíos importantes de salud pública, es fundamental que unamos fuerzas para garantizar que todas las madres reciban el apoyo que necesitan. Esto les permitirá superar estas dificultades y establecer una base sólida para el bienestar de sus familias.
Palabras clave: Puerperio, Enfermería, Salud Mental, Depresión Postparto, Baby Blues.
1 INTRODUÇÃO
O período pós-parto, embora tradicionalmente considerado como uma duração de seis semanas, pode variar em extensão, abrangendo desde o nascimento do bebê até a completa recuperação fisiológica da mãe. Esse intervalo é geralmente dividido em três fases: o puerpério imediato, que vai do nascimento até o 10º dia após o parto; o puerpério tardio, que se estende do 11º ao 42º dia; e o puerpério remoto, que abrange do 43º dia até um ano após o parto. (SANTOS et al., 2024)
Essa fase pode levar a uma instabilidade emocional, deixando a mulher vulnerável a transtornos mentais. De acordo com a Fiocruz (2021), aproximadamente 10% das mulheres grávidas e 13% das puérperas enfrentam algum tipo de distúrbio psicológico. Entre os transtornos que podem ocorrer após o parto estão a disforia puerperal (baby blues) e a depressão pós-parto. (OLIVEIRA et al., 2024)
A disforia puerperal é a mais comum, afetando cerca de 85% das mulheres e sendo de difícil diagnóstico, enquanto a depressão pós-parto é uma das principais complicações do período pós-parto, atingindo 1 em cada 4 mulheres no Brasil. Dada a similaridade nos fatores de risco associados a esses transtornos, é fundamental que os profissionais de enfermagem estejam atentos para identificar os sintomas de cada condição, possibilitando intervenções eficazes para a sua prevenção e tratamento. (BARROS et al, 2023)
O período gestacional é desafiador para as mulheres dado as diversas alterações fisiológicas que ocorrem em todos os segmentos, considerando a parte física e mental como fatores principais. O período pós-parto demanda da puérpera processos de adaptações para uma plena execução da maternidade. E dentro desta perspectiva, esta pesquisa tem como objetivo principal revelar as principais alterações do estado mental que a puérpera pode enfrentar, bem como demonstrar situações psicológicas de risco que podem impactar na relação do binômio mãe e filho e descrever as principais ações de enfermagem no apoio psicológico às puérperas.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica acerca do conhecimento científico produzido sobre a importância da enfermagem no suporte emocional no pós-parto. Essa revisão fundamenta-se em uma análise aprofundada da literatura possibilitando discussões acerca do determinado tema, assim como reflexões para base de futuros estudos.
Para realização da pesquisa foram utilizadas bases de dados Scientific Eletronic Librany Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico. Foram utilizados os seguintes descritores da saúde (DECS): Enfermagem, Puerpério, Depressão Pós-Parto, Cuidados de Enfermagem, Baby Blues, Psicose Puerperal.
A seleção de artigos foi pautada por critérios específicos, priorizando aqueles disponíveis nas bases de dados supracitadas, que versam a importância da enfermagem no suporte emocional no pós-parto, os desafios enfrentados pelas puérperas nos cuidados com o recém-nascido e a prevenção da depressão pós-parto e baby blues. Os artigos selecionados deveriam ter texto completo, com publicações entre 2014 a 2024, e estar disponíveis em português ou inglês. Inicialmente, foram encontrados 51 artigos, dos quais 21 foram escolhidos por atenderem aos critérios estabelecidos.
De acordo com os critérios de inclusão, foram selecionados: artigos eletrônicos disponíveis nas bases de dados supracitadas, que versam a importância da enfermagem no suporte emocional no pós-parto, os desafios das puérperas nos cuidados prestados ao recém-nascido, a prevenção da depressão pós-parto e baby blues, de forma a assegurar um acompanhamento emocional adequado; que dispunham de texto completo com data de publicação prioritariamente entre 2014 e 2024 e disponíveis na língua portuguesa e inglesa. Na pesquisa inicial foram encontrados 51 artigos e destes, 21 foram selecionados, pois continham os conteúdos de interesse dessa pesquisa.
Foram descartados artigos que não fossem ao encontro da temática proposta, que não contivessem conteúdos relevantes para os objetivos propostos, que não estivessem completos eletronicamente e artigos que não cumpriam o requisito de serem publicados nos últimos 5 anos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após análise em base de dados utilizando os descritores desta pesquisa e leitura reflexiva para desfecho do estudo e alcance dos objetivos propostos, o presente estudo foi organizado em 3 pilares do saber que se descrevem a seguir:
3.1 Principais alterações do estado mental que a puérpera pode enfrentar.
O puerpério é um período ambíguo, que começa logo após a expulsão da placenta e das membranas ovulares, podendo ter uma duração variável. (GOMES; SANTOS, 2017). A transição na vida das mulheres é notável, ocorrem ajustes e adaptações psicobiológicas que envolvem alterações metabólicas e hormonais complexas. Esse período é particularmente crítico para o surgimento e desenvolvimento de transtornos mentais. (BRITO et al., 2022).
As principais alterações identificadas incluem ansiedade moderada a severa, acompanhada de sensação de esgotamento, cansaço mental e físico, e insegurança nos cuidados com o bebê. Além disso, observam-se sentimentos depressivos, que se manifestam como tristeza, melancolia, desânimo, solidão e choro. Também há uma preocupação rigorosa, caracterizada por nervosismo e agitação.(CHEFFER et al., 2021).
Visto que essas alterações psicológicas são bem comuns no puerpério, com sintomatologias que podem ser de fácil confusão, faz-se necessário então que essa problemática seja melhor debatida no âmbito da enfermagem, em virtude dela ser melhor acessível pela mulher no pós-parto, para que o profissional consiga reconhecer essas alterações conseguindo diferenciá-las a fim de prestar uma assistência precisa e de qualidade. (OLIVEIRA; LIMA, 2024)
Em 1984, o Ministério da Saúde lançou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que vai além de questões reprodutivas, surgindo em um contexto de abertura política e fortalecimento dos movimentos sociais. Inspirado pelo feminismo, o programa busca atender necessidades da saúde da mulher de forma abrangente, oferecendo recursos e informações para o planejamento familiar. (GOMES; SANTOS, 2017)
Mais de 50% dos profissionais acreditam que os sinais e sintomas de sofrimento mental não têm impacto no período pós-parto tardio ou remoto, limitando-se ao período imediato pós-parto. Isso dificulta a identificação das psicopatologias que podem afetar as mulheres durante o período puerperal, uma vez que o início e a duração desses distúrbios podem variar, podendo se prolongar por dias ou meses após o parto. (BRITO et al., 2022)
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2022), aproximadamente 20% das mulheres podem desenvolver algum transtorno mental durante a gravidez ou no período pós-parto. Estatisticamente, isso significa que uma em cada cinco mulheres pode apresentar um episódio de transtorno mental durante a gestação ou até um ano após o parto. Dada a relevância do tema, foi criado o Dia Mundial da Saúde Mental Materna, celebrado em 4 de maio, com o objetivo de promover a conscientização sobre a importância de abordar os transtornos mentais relacionados à maternidade. (PAIVA et al., 2024)
As puérperas frequentemente relatam sentimentos negativos em relação às mudanças corporais após o parto. A insatisfação com o corpo pode impactar até mesmo a vida sexual, levando a sentimentos de vergonha e desconforto em relação ao parceiro. Para algumas mulheres, as mudanças físicas causam preocupação e afetam a autoestima. (CHEFFER et al., 2021)
Uma pesquisa apontou para a relevância e a necessidade do apoio familiar como um fator de proteção à saúde mental das mulheres, assim como, intervenções de psicoeducação devem ser promovidas com o cônjuge, familiares, a fim de desmistificar os transtornos mentais no puerpério. (GOMES; SANTOS, 2017). A rede de apoio pode ser constituída pela família, amigos, vizinhos, profissionais da saúde, dentre outros.
A rede de apoio é quem estará ao lado da mulher no puerpério e quem auxiliará com as necessidades do dia a dia para que ela cuide do seu filho, permitindo o vínculo mãe-bebê. O suporte auxiliará que mãe se desvincule dos problemas externos frente às emoções que ela está vivendo. Consequentemente, esses atos podem viabilizar o bem-estar, a saúde, e o bom relacionamento com o novo membro da família. (ALVES et al., 2022)
Embora o período puerperal seja de grande importância, observa-se na prática, que é pouco valorizado pelas mulheres, que após o parto mantém o olhar apenas para seu filho, não participando em geral da consulta de puerpério. (Gomes; Santos, 2017). Isso pode ocorrer porque muitas dessas mulheres não têm consciência de que sua condição mental não é exclusivamente causada pelas mudanças fisiológicas do período pós-parto. (BRITO et al., 2022)
Os enfermeiros têm uma função fundamental na avaliação e monitoramento da saúde mental das mulheres após o parto. Realizar uma triagem eficaz é vital para reconhecer aquelas que podem necessitar de intervenções e tratamentos adicionais. Além disso, é importante oferecer informações e orientações sobre o baby blues e a depressão pós-parto, esclarecendo as distinções entre essas condições, os sintomas que podem surgir e os momentos em que é necessário procurar ajuda profissional. (NASCIMENTO; DINIZ, 2024)
3.2 Situações psicológicas de risco que podem impactar na relação do binômio mãe e filho.
O puerpério é um momento de alegria para a mãe com a chegada do filho, mas também traz novas responsabilidades. Após o parto, a atenção frequentemente se volta para o bebê, e a mãe, antes protagonista, pode acabar sem os cuidados que recebia. Essa proteção ao recém-nascido pode levar a uma negligência do delicado período emocional que a mãe enfrenta, conhecido como baby blues, que se não cuidar, pode chegar a desencadear a depressão pós parto. (ANDRADE; MAINARDES, 2022)
O baby blues (BB) é uma condição comum e passageira de tristeza que afeta muitas mães logo após o parto, geralmente nos primeiros dias ou semanas após o nascimento do bebê (DINIZ; NASCIMENTO, 2024). Essa alteração temporária do humor é caracterizada por variações emocionais, tristeza, desconforto, confusão e episódios de choro (ANDRADE; MAINARDES, 2022). Se não for tratada, pode acarretar consequências prejudiciais para a saúde emocional, física e mental da mãe e do bebê, incluindo atrasos no desenvolvimento infantil na relação afetiva entre mãe e recém-nascido. (DINIZ; NASCIMENTO, 2024)
O BB afeta entre 30% e 75% das mães, sendo frequentemente subdiagnosticado, pois os sintomas costumam desaparecer sozinhos. As mudanças de humor estão ligadas a flutuações hormonais, ao estresse do parto e à nova responsabilidade emocional que a chegada do bebê traz. Essa condição é considerada uma alteração de humor não patológica, refletindo uma fase de transitoriedade emocional. (ANDRADE; MAINARDES, 2022)
Os hormônios estrogênio, progesterona e cortisol são fundamentais na síndrome dos baby blues. A queda do estrogênio após o parto pode prejudicar o humor e desregular neurotransmissores como a serotonina, contribuindo para tristeza e ansiedade. A deficiência de progesterona, que tem efeito calmante, pode causar flutuações emocionais. Além disso, o aumento do cortisol em resposta ao estresse pode afetar a serotonina, intensificando a irritabilidade e a ansiedade, especialmente em casos de privação de sono, que também aumenta a sensibilidade ao estresse. (SARI; SUSANT, 2023)
Há também a prolactina, hormônio vital para a produção de leite materno, essencial para a alimentação do bebê, mas pode gerar estresse e ansiedade em mães que têm dificuldades para amamentar. Embora a prolactina possa ajudar a reduzir o estresse com seu efeito relaxante, alterações nos seus níveis podem causar mudanças de humor e emoções intensas, especialmente em relação às ansiedades da nova maternidade. (SARI; SUSANT, 2023)
A dopamina está ligada ao sistema de recompensa do cérebro que gera sensações de prazer. Após o parto, as variações hormonais podem afetar os níveis de dopamina, resultando em desequilíbrios que contribuem para mudanças de humor e sintomas de baby blues. Além disso, é crucial para a motivação e a regulação do humor, influenciando a energia e as respostas emocionais ao ambiente. (SARI; SUSANT, 2023)
O baby blues não é considerado uma doença e não requer tratamento medicamentoso específico. Muitas mães precisam de uma rede de apoio. O acolhimento e o suporte a essas mulheres são essenciais. É importante destacar que, se a mãe já tiver um transtorno psicológico anterior, o baby blues pode desencadear problemas mais sérios como a depressão pós-parto. (ROCHA et al., 2024)
A Depressão pós-parto (DPP), considerada uma patologia, afeta tanto o estado biológico quanto o psicológico da mulher. Esse problema é visto como uma questão de saúde pública, com múltiplos fatores que podem provocar alterações na saúde mental das mulheres no período pós-parto. Os sinais clínicos podem aparecer nas primeiras semanas após o nascimento do bebê, impactando a saúde da mãe, o desenvolvimento e cuidados do bebê, além da relação de interação entre mãe e filho. (FRASÃO;BUSSINGUER, 2023)
Os sintomas mais frequentes da depressão pós-parto (DPP) incluem tristeza, culpa, distúrbios do sono, fadiga, sensação de desamparo, anedonia, baixa autoestima, variações significativas de peso, retardo ou agitação psicomotora, dificuldade de concentração e pensamentos suicidas. Além disso, observam-se alterações de humor, irritabilidade, ansiedade, sentimentos de inutilidade e preocupações obsessivas, frequentemente ligadas aos cuidados com o bebê. (MACHADO et al., 2022)
O desenvolvimento da DPP é gradual, podendo levar semanas ou meses para atingir um limiar. Para identificar precocemente essas situações, é fundamental o acompanhamento desde as primeiras semanas após o parto, pois esse cuidado pode ajudar a desmistificar certos conceitos e estigmas associados a essa fase. Entre esses estigmas, destacam-se o receio de não serem boas mães, a preocupação com a produção insuficiente de leite para atender às necessidades do bebê e o medo de não corresponder às expectativas da família. (PONSE et al.,2020)
Existem métodos para rastrear a depressão pós-parto (DPP)que incluem: a Escala de Monitoramento da Maternidade pelos Pais (MMSP) e a Escala de Depressão Pós-natal de Edimburgo (EPDS), que avaliam sintomas depressivos e necessidades. A EPDS é considerada o padrão-ouro na triagem da DPP, com uma versão japonesa apresentando 75% de sensibilidade e 93% de especificidade; uma pontuação de 8/9 indica alto risco. Recomenda-se utilizar o egograma junto com a EPDS. A MMSP avalia o humor depressivo pós-parto através de observadores. (BRANDÃO et al.,2024)
Como uma complicação da DPP, a psicose puerperal (PP) é uma grave emergência psiquiátrica que afeta entre uma a duas mulheres a cada mil partos, manifestando-se até quatro semanas após o nascimento. Seus principais sintomas incluem instabilidade de humor e preocupações excessivas com a segurança do bebê, representando risco significativo de infanticídio, frequentemente associado a alucinações ou delírios. Fatores de risco incluem o primeiro parto e histórico pessoal ou familiar de transtornos psiquiátricos, como o transtorno bipolar. (CARDOSO et al., 2019)
A mulher que sofre dessa síndrome apresenta um risco aumentado de suicídio, similar ao observado em outros quadros depressivos. As relações interpessoais são frequentemente afetadas, e o casal, quando presente, também experimenta impactos significativos, o que pode resultar em uma ruptura. Além disso, as interações precoces entre mãe e bebê são prejudicadas, o que pode comprometer o prognóstico cognitivo e comportamental da criança. (ROCHA et al., 2024)
O tratamento da depressão pós-parto é realizado com o uso de antidepressivos, que se demonstraram eficazes e fundamentais para a recuperação da puérpera. Além da farmacoterapia, é crucial que as puérperas recebam suporte psicológico, por meio de orientações e conversas que devem ser promovidas pelos profissionais de enfermagem. Esse acompanhamento não apenas facilita a adesão ao tratamento, mas também contribui para a construção de uma rede de apoio emocional, essencial para a recuperação integral da mulher nesse período. (FRASÃO; BUSSINGUER, 2023)
É possível diferenciar o baby blues da depressão pós-parto por algumas características: não existem estressores associados ou fatores culturais, já que essa condição é observada em todas as culturas conhecidas, não há desânimo e nem pensamentos suicidas, e não está relacionada ao histórico de transtornos de humor da mãe ou de seus familiares. No entanto, o choro e a instabilidade emocional são aspectos que se assemelham entre as duas condições. (ANDRADE; MAINARDES, 2022)
3.3 Principais ações de enfermagem no apoio psicológico às puérperas.
Durante o pré-natal, é fundamental estabelecer um espaço de educação em saúde que prepare a mulher para o puerpério. O Ministério da Saúde enfatiza que esse período proporciona acolhimento desde o início da gestação, assegurando não apenas o nascimento de crianças saudáveis, mas também o bem-estar materno. Para isso, é essencial realizar visitas domiciliares, fornecer aconselhamento e assistência qualificada, além de orientar as puérperas sobre práticas de amamentação e posturas adequadas, com o objetivo de prevenir complicações à saúde materna e evitar o desmame precoce. (PAIVA et al., 2024)
A enfermagem deve focar nas necessidades físicas e psicossociais da puérpera, promovendo um atendimento humanizado e esclarecendo suas dúvidas. (CUNHA; MATTOS,2021). Para assegurar a qualidade do cuidado e reduzir a morbimortalidade, é crucial investir no acompanhamento pós-parto desde a unidade hospitalar, o que proporciona conforto, segurança e permite a identificação precoce de complicações comuns. Essa abordagem reconhece a puérpera como protagonista de sua própria vida, desafiando a visão de que ela é um ser passivo. (SANTOS et al., 2024).
Algumas mulheres relatam que os profissionais de saúde são evasivos e desconsideram suas preocupações emocionais, o que intensifica o estigma e o preconceito social. A falta de conhecimento sobre os recursos disponíveis leva os prestadores de cuidados em saúde materna e neonatal a oferecer opções limitadas de tratamento às puérperas. Essa situação é preocupante, pois resulta em apenas 12% a 38,4% das gestantes e puérperas com sintomas depressivos clinicamente significativos recebendo a intervenção adequada. (BRITO et al., 2022)
É essencial que a equipe multiprofissional de saúde compreenda a realidade vivenciada por essas gestantes, integrando práticas de cuidado com escuta qualificada durante o pré-natal. Tal abordagem permite a formulação de estratégias que promovam melhorias significativas para as puérperas. Com um acompanhamento mais próximo da equipe de enfermagem, torna-se mais viável identificar as possíveis causas do desenvolvimento da depressão nas mulheres durante esse período crítico. (COSTA, 2021)
As instituições de saúde nos níveis primário, secundário e terciário devem implementar programas de treinamento para suas equipes, com o objetivo de assegurar uma assistência longitudinal e promover o desenvolvimento de habilidades profissionais voltadas ao acompanhamento do estado mental das mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal. Essa abordagem não apenas melhora a qualidade dos serviços prestados, mas também facilita a identificação precoce e o tratamento oportuno das alterações psíquicas perinatais. (BRITO et al., 2022)
A enfermagem deve responder às necessidades das puérperas elaborando um plano assistencial que promova a adaptação a essa fase. É fundamental orientar as puérperas não apenas sobre os cuidados com os filhos, mas a cuidarem de si mesmas, destacando a importância do autocuidado e estratégias para manter a saúde mental e física, ajudando-a a se sentir mais capaz de enfrentar os desafios pós-parto. (CHEFFER et al.,2021)
O COREN-DF (2018) enfatiza a importância do enfermeiro,destacando sua função de acolher a gestante no aleitamento materno. Além disso, ressalta a relevância desse profissional na orientação e apoio às gestantes e puérperas, evidenciando que seu conhecimento técnico e abordagem humanizada são essenciais na assistência gravídico-puerperal. (SANTOS et al., 2022)
Diversas intervenções não farmacológicas podem ser aplicadas no puerpério, incluindo caminhadas, massagens, respiração profunda e banhos tranquilizantes. Essas práticas servem como complementos às abordagens assistenciais convencionais, com o objetivo de otimizar o alívio da dor e do estresse, especialmente em casos de procedimentos invasivos durante o parto, como cesarianas e episiotomias. (SANTOS et al., 2024)
É essencial que a gestante tenha espaço para expressar seus medos, queixas e ansiedades. Nesse contexto, o profissional de enfermagem desempenha um papel crucial, monitorando sinais de Baby Blues, Depressão Pós-Parto e Psicose Puerperal, ajudando a identificar mães que podem precisar de serviços de saúde mental ou apoio especializado. (PEDROSA et al., 2020)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em conclusão, a enfermagem desempenha um papel crucial no suporte emocional das puérperas, sendo fundamental para garantir não apenas a saúde física, mas também o bem-estar psicológico das mães. A revisão da literatura indica que transtornos como baby blues e depressão pós-parto afetam uma parcela significativa das puérperas, tornando essencial a identificação precoce desses problemas.
A criação de uma rede de apoio que inclua familiares e profissionais de saúde é crucial para o acolhimento das mulheres. Estratégias de escuta ativa, autocuidado e educação em saúde durante o pré-natal e o puerpério são necessárias para prevenir complicações emocionais e fortalecer a resiliência das mães, capacitando-as a lidar com as demandas dessa nova fase da vida.
Assim, é fundamental que as políticas de saúde priorizem o suporte emocional desde o pré-natal, garantindo que, no pós-parto, se reconheça sua importância para a saúde integral da mulher e promovendo um ambiente de cuidado humanizado que favoreça o vínculo entre mães e bebês. O estudo serve como um alerta para a valorização da saúde mental materna nas práticas de enfermagem e nas políticas de saúde.
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