THE IMPORTANCE OF NURSING IN MONITORING ADVANCED PREGNANT WOMEN
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202410192255
Luciana Paiva Brito Rebouças Peixoto
Mariana Abem Athar Lima
Thayane Soares Rabelo
Orientador: Prof. José Willian De Aguiar
Resumo: Apesar de representar grande parcela dos nascimentos, a gravidez tardia ainda é um grande problema gestacional. No Brasil, 11% dos nascidos vivos são de gestações tardias. A probabilidade de morte materna em países desenvolvidos é 2 vezes maior; se passa de 40 anos, é 5 vezes maior. Mulheres com mais de 35 anos possuem maior chance de: abortamentos espontâneos e induzidos, baixo peso fetal (18,1%), maior chance de cesárea, macrossomias (12,5%) e aneuplodias, partos prematuros (11,6%), partos pós termo (25%) e eclampsias. O Índice de Apgar no primeiro minuto foi menor do que 7 em 13,2% dos casos e 35% no quinto em gestantes mais velhas. Em comparação com grávidas em idade normal, tiveram média de 3,192 quilos por recém-nascido contra 3,204. 77,7% das gestantes tardias alegam que sofreram algum problema na gestação. Gestantes tardias tiveram 6 vezes mais incidência de diabete mellitus gestacional e 1,23 maior risco de cesárea. Outro estudo indica que gestantes mais velhas possuem maior chance de ter ao menos uma complicação na gravidez, 18,1% contra 9,1%. Cuidados necessários: acompanhamento médico adequado com enfermeiros e médicos, atingir peso normal, se alimentar bem, fazer exercícios e diminuir complicadores: como pressão arterial e diabete.
Palavras-chave: Gravidez Tardia. Riscos da Gravidez Tardia. Cuidados necessários da Gravidez Tardia.
Abstract: Despite representing a large portion of births, late pregnancy is still a major gestational problem. In Brazil, 11% of live births are late pregnancies. The probability of maternal death in developed countries is 2 times higher; if it passes 40 years, it is 5 times greater. Women over 35 years of age have a greater chance of: spontaneous and induced abortions, low fetal weight (18.1%), greater chance of cesarean section, macrosomia (12.5%) and aneuploidies, premature births (11.6%), post-term births (25%) and eclampsia. The Apgar Score in the first minute was less than 7 in 13.2% of cases and 35% in the fifth in older pregnant women. Compared to pregnant women of normal age, they had an average of 3,192 kilos per newborn versus 3,204. 77.7% of late pregnant women claim that they suffered some problem during pregnancy. Late pregnant women had a 6 times higher incidence of gestational diabetes mellitus and a 1.23 higher risk of cesarean section. Another study indicates that older pregnant women are more likely to have at least one complication during pregnancy, 18.1% versus 9.1%. Necessary care: adequate medical monitoring with nurses and doctors, achieving a normal weight, eating well, exercising and reducing complications: such as blood pressure and diabetes.
Keywords: Late Pregnancy. Risks of Late Pregnancy. Necessary Care for Late Pregnancy.
1. INTRODUÇÃO
Pascual e Langaker (2023) definem como gravidez o implante de produtos de concepção, localizados no útero, ou em algum outro lugar do corpo (gravidez ectópica). A gestação sempre termina via aborto (espontâneo, ou não espontâneo), ou parto (normal ou cesárea). No entanto, apesar de só existirem 4 destinos para uma gravidez, os seus tipos são inúmeros (GLICK et al., 2021).
Entre os diversos tipos de gravidez, existe a gravidez tardia, definida como uma gravidez que se inicia depois dos 35 anos completos de uma mulher e vai até os 40 anos (Advanced Maternal Age, ou AMA). Depois dos 40 anos, a gravidez é chamada de idade maternal muito avançada (Very Advanced Maternal Age, ou VAMA) (GLICK et al., 2021).
A mudança do papel da mulher fez com que elas se tornassem parte basilar da economia. Isso alterou fatos culturais centrais, incluindo a gravidez (PINTO; BAHAMONDES, 2005).
Segundo a Organização Mundial da Saúde, países em desenvolvimento retém grande parte dos partos tardios. Isso gera uma preocupação muito grande, pois uma gestação tardia traz risco à saúde do bebê e da gestante, que precisa de atenção específica e tem riscos adicionais se comparado a uma gravidez gerada em idade menor. Em países em desenvolvimento, grande parte das grávidas têm problemas em ser atendidas de maneira acelerada e correta (GLICK et al., 2021).
Dentre os problemas da gestação em idade avançada, artigos encontraram grandes adversidades: Chang et al. (2003) encontrou que a probabilidade de morte materna em uma gestação depois dos 35 anos (AMA) é duas vezes maior que uma gestação normal. Caso a mulher passe dos 40 anos (VAMA), a chance de morte materna é 5 vezes maior que em uma gravidez normal.
Outras preocupações fazem parte do escopo de mulheres de gravidez tardia, pois tem, respectivamente: maior chance de aborto espontâneo, gravidez ectópica (quando o embrião começa a se desenvolver fora da cavidade uterina), anormalidades cromossômicas e malformações congênitas (FRETTS, 2009).
Fretts (2009) demonstrou que abortamentos espontâneos ocorrem com maior frequência entre gestantes mais idosas devido ao aumento de trissomias (3 cromossomos ao invés de 2 num organismo) e aneuplodias (falta ou excesso de cromossomos numa gestação). Esse problema é gerado pela menor quantidade e qualidade dos óvulos e variações hormonais naturais desse período materno. O trabalho visa analisar em detalhes o estado da arte sobre os artigos detalhando os riscos, precauções e como aumentar o sucesso da gravidez tardia.
2. MATERIAL(IS) E MÉTODOS
O artigo começou usando dados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC), buscando qual a porcentagem de gestações tardias se incluía no cadastro. Além disso, buscou-se no DATASUS mudanças demográficas que indicassem uma maior prevalência desse tipo de gestação. Para entender a gestação em idades superiores, de 35-40 , ou, em alguns casos, de mais de 40 anos buscou-se embasamento utilizando as plataformas da Scielo e da Pubmed, além de alguns artigos complementares para mensurar os riscos de uma gravidez tardia (35 anos ou mais) as comparando com uma gravidez normal, se valendo de forma absoluta quanto relativa, comparando com gravidez em idade entre 20 e 34 anos.
Na segunda parte do trabalho, buscou-se formas de atenuar, ou eliminar os riscos adicionais de uma gravidez tardia, buscando-se práticas diárias e exames que pudessem ser utilizados para melhor verificar a situação da gestante. Por fim, buscamos as complicações mais comuns e graves que acometem esse tipo de gravidez, as categorizamos e indicamos formas de tratar ou reduzir os seus impactos gestacionais.
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 RISCOS DA GRAVIDEZ TARDIA
No Brasil, por exemplo, conforme dados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC, 2013), de 100% dos nascidos vivos, 11% são de gestantes com 35 anos ou mais. Há uma mudança no padrão da gravidez no Brasil, entre 2000 e 2018, segundo o Sistema de informações de nascidos vivos (SINASC) apontou aumento de 70% no total de mulheres dos 35 aos 38 anos grávida (DATASUS, 2020).
O número de mulheres que engravidam numa faixa etária mais avançada é significativo e preocupante, pois vários estudos têm evidenciado associação importante entre idade materna igual ou superior a 35 anos e resultados perinatais adversos (problemas que podem ocorrer durante a gravidez, no trabalho de parto e no período neonatal inicial), representado um maior risco de complicações maternas, complicações fetais e no recém-nascido.
Mulheres de 35 a 39 anos, por exemplo, correm risco duas a três vezes maior de mortalidade materna do que as mulheres com idade na casa dos 20 anos e este risco é ainda mais acentuado para as mulheres com 40 anos ou mais, segundo Chang (2003).
Em comparação com mulheres mais jovens, no grupo de mulheres com mais de 35 anos, tem sido observado mais abortamentos espontâneos e induzidos, maior risco para mortalidade perinatal, baixa vitalidade do recém-nascido, baixo peso ao nascer, parto pré-termo (partos que ocorrer antes de 37 semanas de gestação, quando o feto não está preparado para nascer) e fetos pequenos para idade gestacional (DELPISHEH et al., 2008). Cabe salientar que as alterações mais frequentes de peso do recém-nato nestas mulheres envolvem tanto os casos de macrossomia quanto os de peso pequeno para a idade gestacional (AZEVEDO et al., 2002).
Quando se avalia a característica de aneuplodias cromossômicas (caracterização de excesso ou falta de cromossomos no cariótipo, cujos exemplos mais comuns são síndrome de Down, ou trissomia 21, na qual existem três repetições do cromossomo 21 ao invés de um par) sexuais em gestações em idades avançadas, verificou-se a incidência de 47 cromossomos maior em mulheres com idade superior a 35 anos, também foi apontado a maior probabilidade de trissomias como XXX e XXY, revelando-se os dois resultados estatisticamente robustos a 5% de significância (LEI; DONG, 2019).
Os resultados encontrados por Lei e Dong (2019) confirmam a hipótese de maior incidência de alterações cromossômicas durante gravidez tardia devido a uma diminuição de fertilidade, já observados por Costa (1997).
As gestações de mulheres de idade materna avançada tradicionalmente têm sido consideradas como gestações de alto risco, em decorrência principalmente da incidência crescente de síndromes hipertensivas, maior ganho de peso, presença de obesidade, miomas, diabetes, aborto e cesárea (CLEARY-GOLDMAN et al., 2005).
Artigos mais recentes corroboram com os antigos no que tange à gravidez tardia. Complicações em gestações tardias estão altamente correlacionadas a eclampsias (complicação que ocorre quando uma gestante tem convulsões generalizadas e inexplicadas, ela é caracterizada por uma pressão arterial de 140/90 mmHg após a vigésima semana de gravidez), partos prematuros. Segundo Alves et al. (2017), 77,7% das gestantes tardias sofreram alguma complicação em sua gestação.
Estudos anteriores apontam que essa condição ocorre devido à intolerância materna às proteínas fetais, reduzindo a probabilidade de fixação da placenta no útero, além de ocasionar respostas imunes por parte da gestante, ocasionando a presença de proteínas na urina (OLIVEIRA et al., 2010; BRASILEIRO-FILHO, 2017).
Para detectar a saúde da criança, muitas vezes se usa o índice de apgar, cerca de 90% dos bebês apresentam ótimas condições (pontuações de 8-10). O método que avalia o recém-nascido é baseado em 5 aspectos: cor, frequência cardíaca, respiração, irritabilidade reflexa e tônus muscular. A pontuação, para cada aspecto varia de 0 a 2 pontos, com 0 sendo ausência de sinal e 2 sua total existência. A soma dos valores resulta num valor entre 0 e 10. A irritabilidade reflexa é avaliada quando o bebê reage a estímulos, como choro ou caretas, ou ao ser aspirado para desobstruir as vias respiratórias.
Segundo Gravena et al. (2011), comparando mulheres com idades normais de gestação (20 a 34 anos) e mulheres que possuem gravidez tardia, se encontra a seguinte tabela sobre condições sociodemográficas e resultado do parto:
Gravena et al. (2011)
As varáveis escolhidas foram: escolaridade, estado civil, tipo de parto, peso ao nascer, idade gestacional, Índice de Apgar 1° minuto, índice de Apgar 5° minuto e óbito fetal.
Verificou-se no estudo que a proporção de partos cesáreas é quase três vezes maior em relação ao parto normal. Todos os outros resultados perinatais também estão presentes: maior proporção de recém nascidos com baixo peso (18,1%), macrossomia (12,5%), partos prematuros (11,6%), partos pós termo (o que acontece depois de 42 semanas de gestação) (25%), Índice de Apgar no primeiro minuto menos que 7 (13,2%) e no quinto (35%), além dos óbitos do feto, que não estiveram presentes na amostra em mulheres com gravidez tardia.
Vale notar também que a média de peso da amostra de mulheres em idade normal de gestação foi maior do que as que tiveram gravidez em idade avançada, sendo respectivamente 3,204 quilos e 3,192 quilos. O estudo também mediu o Índice de Apgar abaixo de 7 no quinto minuto nas mulheres que deram à luz em idade normal e as comparou com as que tiveram em gravidez tardia.
É importante salientar que a diferença de peso ao nascer vem de ser um dos fatores associados no aumento dos índices de mortalidade perinatal. A associação com o baixo peso ao nascer é mais comum entre mulheres com gravidez tardia devido à uma série de doenças ou problemas, entre eles: artrite, hipertensão arterial crônica, depressão, infarto agudo do miocárdio, diabete mellitus gestacional, pré-eclâmpsia e eclampsia, que é um dos fatores que mais afetam a mulher nos extremos da vida reprodutiva. Esses são fatores que precisam ser monitorados durante todo o período gestacional (DIEJOMAOH, 2006).
Em mulheres com gestação tardia, foi observado um aumento de 6 vezes na incidência de Diabete Mellitus Gestacional (KOOERTEKAAS et al., 2020). A alteração é derivada das alterações no metabolismo de carboidratos que passam a ocorrer quando a mulher envelhece (LOHSE et al., 2018).
A pré-eclâmpsia tem maior predominância em gravidez tardia, isso ocorre pelo aumento de estresse oxidativo e disfunção endotelial (condição onde não há obstrução das artérias cardíacas, porém, os vasos na superfície cardíaca se contraem em vez de se dilatarem) com a idade (BRUNO et al., 2018).
Cabe diferenciar que a pré-eclâmpsia é caracterizada por uma hipertensão arterial que ocorre durante a gestação, podendo ser identificada após a vigésima semana. A pré-eclâmpsia pode ser assintomática, ou apresentar sintomas, tais como: pressão alta, inchaço, náuseas, vômitos, dor de cabeça e alterações visuais. A principal diferença entre a eclâmpsia e a pré-eclâmpsia é que a primeira é uma complicação da segunda, caracterizada por convulsões tônico-clônicas (DUNLAY, 2020).
Como aduz a Fiocruz (2019), condições tônico-clônicas caracterizam-se por duas fases: a tônica e a clônica. Na fase tônica, a gestante cai e o corpo se contrai e enrijece; na fase clônica, o paciente contrai e contorce as extremidades do corpo, perdendo a consciência, que é recobrada de forma gradual após a crise. Outras características da convulsão incluem: dilatação pupilar, elevação da pressão arterial e pulso, incontinência urinária e estado profundo de depressão da consciência após a crise.
Gravena et al. (2011)
Gravena et al. (2011)
Como observado por Gravena et al. (2011) a regressão encontrou que mulheres mais velhas possuem 1,23 vez mais risco para cesárea. É interessante salientar que outros estudos corroboram o que foi encontrado em outros países. Em Taiwan, um estudo com 39.763 mulheres evidenciou que o risco de cesárea foi de 1,6 vez maior para mulheres entre 35 e 40 anos e 2,6 vezes maior para mulheres com idade superior a 40 anos (HSIEH et al., 2010). Outro problema foi que mulheres com gravidez tardia possuem 5,78 vezes mais risco para Apgar abaixo de 7 no 5° minuto. Isso é relevante pois um Índice de Apgar de 8 indica que o recém-nascido está em ótimo estado, qualquer índice abaixo de 8 pode indicar riscos à criança.
É preciso salientar que o resultado do estudo em que partos cesáreos em mulheres em idade avançada ultrapassa o índice de 15% recomendado pela Organização mundial da saúde (GRAVENA et al., 2011).
Outras causas como indicações médicas e complicações na gestação ajudam a explicar a maior taxa de cesarianas em gestações tardias. Além desse, a deterioração da função miometrial (camada intermediária do útero, formada por musculatura lisa, sua importância é caracterizada por ser a parede mais espessa do órgão e ser responsável por permitir as contrações uterinas durante o parto) pode ser um fator gerador no aumento de cesarianas (GRAVENA et al., 2011).
O grande problemas de recorrer à cesarianas é que ele duplica a probabilidade de morbidade neonatal (evento que pode quase resultar na morte de um recém nascido nos primeiros 28 dias de vida), a cesariana também aumenta a chance de morbidade materna no período perinatal (fase gestacional onde o feto atinge 1000 gramas, equivalente a 28 semanas de gestação) (DIEJOMAOH et al., 2006; LUKE; BROWN, 2007).
Outro estudo declara que, em relação ao nascimento, depois de 42 semanas, não existem diferenças significativas entre mulheres entre 20 e 34 anos e gestantes de 35 anos a 40 (JARHROMI; HUSSEINI, 2008). Em estudo realizado no Rio Grande do Norte, 1,4% das mulheres com mais de 35 anos e 1,5% das mulheres com 20 a 34 anos tiveram parto pós termo, já comparando com partos de mulheres com mais de 40 anos a diferença entre gestantes mais novas e mais velhas foi de 1,5% e 4,5% (AZEVEDO et al., 2002).
Estudos mais recentes apontam que mulheres com gravidez tardia têm uma probabilidade relevantemente maior de possuir ao menos uma complicação de gravidez, se comparada a parcela mais jovem, 18,1% contra 9,2% (KORTEKAAS et al., 2020).
3.2 CUIDADOS RELATIVOS À GRAVIDEZ TARDIA
As precauções que uma mulher deve ter antes de se tornar uma gestante tardia são: primeiramente se informar dos riscos e atenções especializadas que precisará observar. Este trabalho é rico em evidências que apontam para um risco exacerbado em se optar em ter, ou simplesmente a gravidez ocorrer, como aneuploidias e abortamentos (GRAVENA et al., 2011; HSIEH et al., 2010).
É necessário que uma grávida tardia seja aconselhada por uma equipe médica e de enfermagem prontas para auxiliar e dirimir ao máximo as chances e riscos de uma gestação em idade avançada. Fazer também um pré-natal adequado é parte basilar de uma gestação saudável, que proporciona diversas consultas, exames laboratoriais, físicos e ultrassonográficos para garantir diminuir os riscos de uma gravidez tardia (GLICK et al., 2021; ALBERTINI et al., 2019).
O primeiro passo é a mulher (se antes da gestação), ou gestante tardia (se depois de grávida) tomar é tratar sua saúde para se preparar para a gravidez, se for o caso, o objetivo é atingir o peso normal para a mulher, isso é feito através de uma dieta saudável e exercícios. Além disso, deve-se parar de beber álcool e fumar, tomar ácido fólico e estabilizar comorbidades (GLICK et al., 2021).
Segundo o Ministério da Saúde, ter um peso adequado durante a gravidez diminui o risco de diabetes (como vimos a Diabete Mellitus Gestacional é um problema grave durante a gravidez tardia) e a pressão alta. Do outro lado, gera complicações para a gestante e para o recém-nascido na hora do parto, além de aumentar a retenção de peso para a mãe.
De acordo com pesquisas realizadas pela Fundação Oswaldo Cruz (2019), o número de fetos malformados em mulheres obesas é maior que em mulheres com o peso adequado. Se a gestante tiver peso baixo deve, também, merecer atenção especial e aconselhamento nutricional.
A cartilha “Conversando com a Gestante” do ministério da Saúde recomenda se alimentar várias vezes ao dia com refeições balanceadas, com grãos, carboidratos, legumes, queijos e carnes. A fase da gravidez necessita o consumo de alimentos ricos em fibras para que se evite a prisão de ventre e consumir alimentos ricos em proteína e ferro para prevenir a anemia. Nessa fase, deve-se evitar a todo custo dietas restritivas, que imponham limitações ao consumo de macronutrientes necessários para o feto.
Para a cartilha, o exercício também é muito importante para gravidez tardia para a cartilha. Ele ajuda no condicionamento e ameniza sintomas típicos da gestação, além de reduzir inchaços e fortalecer o coração, reduzindo risco de problemas cardíacos durante a gravidez. Esses exercícios ajudam a manter o peso, fortalecer os músculos e melhorar a circulação sanguínea.
Os principais e mais comuns complicadores para uma gravidez tardia são: hipertensão, diabetes, doenças sexualmente transmissíveis, pielonefrite (infecção bacteriana de um, ou ambos os rins); problemas cirúrgicos agudos; exposição a teratógenos (infecções, drogas e agentes físicos); natimorto prévio; parto prematuro anterior; lesão antes do nascimento. Esses complicadores necessitam, se possível serem resolvidos, ou atenuados antes de se considerar uma gravidez tardia. Sobre a gravidez tardia, 2 tópicos se evidenciam como maiores causadores de problemas na gestação: a hipertensão e a diabetes (ARTAL-MITTELMARK, 2022).
A hipertensão tem várias classificações: hipertensão crônica (se desenvolve até 20 semanas de gestação); hipertensão gestacional (hipertensão maior que 140 mmHg e 90 mmHg em 2 ocasiões com intervalo de pelo menos 4 horas após 20 semanas de gestação); pré-eclampsia; pré-eclâmpsia com características graves ( pré-eclâmpsia com pressão arterial sistólica ou diastólica maiores que respectivamente 160 e 110 mmHg persistentes e outros sinais de lesões em órgãos alvo); síndrome de HELLP (forma de pré-eclâmpsia grave com hemósile, enzimas hepáticas elevadas e baixa contagem de plaquetária); hipertensão arterial crônica com pré-eclâmpsia sobreposta: proteinúria nova (presença de proteínas e albumina acima do normal), ou outros sinais lesivos em órgão-alvo após 20 semanas de gestação em grávida com hipertensão arterial preexistente; (ARTAL-MITTELMARK, 2022).
A hipertensão crônica aumenta o risco de restrição do crescimento fetal, pois diminui o fluxo sanguíneo entre o útero e a placenta, pré-eclâmpsia e eclampsia, resultados maternos e fetais adversos. É recomendado a mulheres hipertensas a, antes da concepção, sobre o risco gestacional. Caso engravidem, o pré-natal deve se iniciar o mais cedo possível. O cuidado deve conter mensuração da função renal inicial, exame de fundo de olho e avaliação cardiovascular direcionada. A cada trimestre deve-se medir a proteinúria, ácido úrico sérico e hematócrito. A ultrassonografia deve ser realizada com 28 semanas e a cada 4 semanas, desde então (ARTAL-MITTELMARK, 2022).
A Diabete mellitus preexistente ocorre em pelo menos 6% das gestações e a diabetes gestacional ocorre em cerca de 8,5% das gestações. A diabete preexistente aumenta o risco dos seguintes: pielonefrite (infecção bacteriana em um, ou nos dois rins); cetoacidose, pré-eclâmpsia, morte fetal, malformações fetais, macrossomia fetal (feto com mais de 4,5 kg), restrição do crescimento fetal, aumento do risco de parto prematuro, cesárea, ou parto cirúrgico. A incidência de macrossomia fetal é 50% superior se comparada a gestantes em geral, as mortes perinatais também são muito mais comuns. A diabete exige aumento da necessidade de insulina durante a gestação (ARTAL-MITTELMARK, 2022).
O tratamento do diabetes gestacional ideal deve conter: modificação da dieta, exercícios e monitoramento do nível de glicose. Controlando essas 3 variáveis é possível reduzir em grande escala o resultado materno adverso, fetais e neonatais.
Segundo Glick et al. (2021), gravidez tardia não deve ser considerada uma indicação para procedimentos diagnósticos invasivos. No entanto, grávidas tardias devem ser estimuladas e aconselhadas a realizar testes pré-natais não invasivos para rastreio de aneuploidias (de preferência o teste de DNA livre de células conhecido como cfDNA), que é um tipo de teste que visa encontrar anormalidades cromossômicas fetais pela análise de ácidos nucleicos presentes na amostra de sangue materno. O cfDNA deve ser acompanhado de ultrassonografia e de amniocentese (exame utilizado para estudar os genes e cromossomos no feto, possibilitando a descoberta de várias doenças, inclusive síndrome de down. Esse exame é mais invasivo, pois coleta o líquido amniótico da parede abdominal do útero da mãe.
O Ministério da Saúde também oferece diretrizes para gestações tardias através do “Manual Técnico de Gestação de Alto Risco” (BRASIL, 2012), cujo objetivo é intervir em um resultado desfavorável e oferecer uma gestação mais saudável.
Segundo o Ministério da Saúde, através da cartilha “Manual Técnico de Gestação de Alto Risco”, recomenda-se a aminioscopia (método utilizado para observar a câmara amniótica), endoscopia cervical uterina cujo objetivo é avaliar a cor e transparência do líquido amniótico, eventualmente encontrando-se pequenos coágulos. A depender da cor apresentada, é possível que seja indicativo de sofrimento fetal recente, ou antigo, hemorragia, óbito fetal entre outros.
Ainda segundo o “Manual Técnico de Gestação de Alto Risco”, é muito importante fazer a ultrassonografia, principalmente quando realizada entre a décima primeira e décima quarta semana, conhecida como USG morfológica do primeiro semestre de gestação. Esta é usada para determinar a idade gestacional, diagnóstico de malformações, rastreamento de pré-eclâmpsia, que pode ser assintomática, e restrição do crescimento intrauterino (PERALTA et al., 2011; BRASIL, 2012).
A indução de trabalho de parto pode ser uma alternativa viável para gravidez tardia, ou para gravidez muito tardia (a partir dos 40 anos). Dado o risco de morte fetal, é razoável oferecer indução do parto a partir de 39 semanas de gestação (DHANJAL; KENYON, 2013).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de se tornar uma parcela cada vez mais importante e frequente na sociedade, a gravidez tardia ainda é um assunto pouco discutido. Há muitos artigos internacionais sobre a gravidez em idade avançada, mas poucos nacionais. No que tange aos cuidados sobre a gestação para mulheres acima de 35 anos, há raríssimos trabalhos dedicados. Geralmente tratam sobre gravidez de risco e apontam que a idade pode ser um complicador. Quanto ao cuidado específico desse tipo de gravidez, são praticamente nulos.
A gravidez tardia é um problema social que tende a ficar cada vez maior, visto o que já ocorre nos países desenvolvidos, e há complicadores severos para as mães, recém-nascidos e fetos. O trabalho tenta mensurar os desafios da maternidade em idade avançada, têm êxito em comprovar que é uma gravidez com muito mais chances de problemas do que uma gestação normal. Por isso, é necessário a produção de mais conteúdo acadêmico sobre o assunto e, principalmente, sobre os cuidados específicos desse tipo de gestação.
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