REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202411250942
Gisely da Silva Fontes¹,
Julia Gabriela Lima²,
Lethycia Dias de Carvalho³,
Reysa Kelly da Silva Almeida⁴,
Conceição Ceanny Formiga Sinval Cavalcante⁵
RESUMO
Pacientes surdos enfrentam desafios importantes na comunicação com profissionais de saúde devido à falta de preparo em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) entre os enfermeiros. Esse obstáculo prejudica o acolhimento, o vínculo profissional-paciente e compromete a adesão ao tratamento, essencial para o sucesso das disciplinas. Objetivos: Destacar a importância da comunicação em LIBRAS na enfermagem para melhorar o atendimento de pacientes surdos. Metodologia: A pesquisa foi dada por meio de revisão de literatura cientifica utilizando a base de dados PubMed, Google Scholar e Scielo, foram utilizados artigos atuais publicados nos anos de 2019 a 2024, pesquisados nas bases de dados do seguintes descritores: LIBRAS, enfermagem, deficiente auditivo, surdos e mudos. Após a análise, constatou-se que a falta de preparo dos enfermeiros em LIBRAS gerou barreiras de comunicação, impactando qualidades no atendimento e no acolhimento de pacientes surdos. Esse déficit de comunicação prejudica o estabelecimento de vínculos de confiança, limita a adesão ao tratamento e dificulta a transmissão adequada de informações sobre cuidados e procedimentos. A revisão ressalta que a inclusão de LIBRAS na formação acadêmica e a capacitação contínua dos profissionais são essenciais para garantir um atendimento acessível e respeitoso, promovendo a inclusão e melhorando a qualidade do cuidado em saúde para essa população. Conclusão: A capacitação de enfermeiros em LIBRAS é essencial para proporcionar um atendimento inclusivo e de qualidade aos pacientes surdos. A inclusão desse conhecimento no currículo de enfermagem fortalece o vínculo de confiança e respeito, promovendo a equidade e garantindo direitos fundamentais. A adoção de políticas públicas que incentivem a formação de profissionais em LIBRAS é uma necessidade urgente para a construção de um sistema de saúde acessível e justo.
Palavras – chaves: Libras; Enfermagem; Deficiente Auditivo; Surdos e mudos
ABSTRACT
Deaf patients face significant challenges in communicating with healthcare professionals due to the lack of training in Brazilian Sign Language (LIBRAS) among nurses. This obstacle hinders reception, the professional-patient bond, and compromises adherence to treatment, which is essential for the success of the disciplines. Objectives: To highlight the importance of communication in LIBRAS in nursing to improve the care of deaf patients. Methodology: The research was carried out through a review of scientific literature using the PubMed, Google Scholar, and Scielo databases. Current articles published in the years 2019 to 2024 were used, searched in the databases of the following descriptors: LIBRAS, nursing, hearing impaired, deaf and mute. After the analysis, it was found that the lack of training of nurses in LIBRAS created communication barriers, impacting the quality of care and reception of deaf patients. This communication deficit hinders the establishment of bonds of trust, limits adherence to treatment, and hinders the adequate transmission of information about care and procedures. The review highlights that the inclusion of LIBRAS in academic training and the ongoing training of professionals are essential to ensure accessible and respectful care, promoting inclusion and improving the quality of health care for this population. Conclusion: Training nurses in LIBRAS is essential to provide inclusive and quality care to deaf patients. Including this knowledge in the nursing curriculum strengthens the bond of trust and respect, promoting equity and guaranteeing fundamental rights. The adoption of public policies that encourage the training of professionals in LIBRAS is an urgent need for the construction of an accessible and fair health system.
Keywords: Libras; Nursing; Hearing Impaired; Deaf and Mute
1 INTRODUÇÃO
Deficiência Auditiva é o nome usado para identificar perda de audição ou diminuição na capacidade de escutar os sons, muitas vezes tem como sinônimo o termo “surdo”, é largamente utilizado pelos pesquisadores e membros da sociedade surda. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define surdez como perda auditiva quase total ou total em ambas as orelhas (OMS, 2020).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2022), atualmente existem 9.717.318 deficientes auditivos no Brasil, sendo 2.143.173 destes com deficiência auditiva severa. Isso corresponde a aproximadamente 5,09% da população brasileira total. Quando se trata dessa parcela da população, é preciso que a equipe de saúde tenha preparo para que ocorra um acolhimento adequado, uma vez que “os serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva”. As pessoas surdas ou com deficiência auditiva devem ter garantia de atendimento na rede de serviço do SUS, conforme o Decreto nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei 10.436, de 24 de abril de 2002 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
O enfermeiro é um dos profissionais chaves na atenção as populações. Se tratando do atendimento de pessoas com necessidades especiais em especial indivíduos surdos e mudos tem a mesma importância. Mais atualmente não foi criada uma política pública que torna obrigatório ao estado, para que os profissionais nas unidades de saúde tenham treinamento adequado para atender esta população. Isso significa então que a demanda não exista. Porém além de existir é notório o crescimento do número de estudos que apontam o aumento dessa população. Se tornando então indispensável aos profissionais a especialização e o conhecimento em LIBRAS para que a atenção dada a este público seja de maior qualidade (BORGES, 2023).
Apesar de o cuidado e a comunicação serem temas de vários estudos e reflexões na área da enfermagem, nota-se que entender o significado e planejar intervenções para o cuidado de saúde de pacientes surdos ainda representa um desafio para os profissionais de enfermagem (GOMES et al. 2020). Em outras palavras, é importante não só o reconhecimento das LIBRAS como meio de expressões das pessoas surdas, mas é preciso também uma preparação (formação) de todos aqueles que irão atuar diretamente com essa população. Além disso, faz-se necessário que a sociedade como um todo esteja consciente pelas lutas e conquistas da comunidade surda. Desse modo podemos afirmar que preparar profissionais para atender esse público é uma ação da cidadania que visa a inclusão social (SANTOS, 2019).
Diante disso, é necessário capacitar profissionais de enfermagem em língua de sinais, tendo em vista que é uma habilidade que ainda não é dominada de forma efetiva pelos profissionais de saúde. Isso acarreta barreiras de comunicação devido à falta de conhecimento, impactando negativamente o acolhimento, a construção de vínculos entre profissional e paciente, o estabelecimento de diagnósticos e a prestação de assistência em saúde (GOMES et al. 2020).
Portanto, diante dessas barreiras na comunicação verbal entre profissionais de saúde e pessoas surdas, é importante refletir sobre a eficácia do processo de assistência em saúde. Isso se deve à necessidade de diálogos convergentes para estabelecer uma comunicação efetiva, fundamental para a prestação de cuidados humanizados e abrangentes, que atendam às necessidades da pessoa afetada pela deficiência auditiva (GOMES et al. 2020).
O objetivo da pesquisa é destacar a importância da comunicação em LIBRAS na enfermagem para melhorar o atendimento de pacientes surdos e mudos, além de mostrar como essa competência pode influenciar a qualidade dos cuidados e a adesão ao tratamento.
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo integrativo da literatura do tipo descritivo de caráter exploratório. Para a seleção do conteúdo foram utilizadas as seguintes bases de dados do Google acadêmico, Scielo e Pubmed, utilizando os descritores: Libras, Enfermagem, Deficiente Auditivo e Surdo.
2.1 Critérios de inclusão e exclusão
Foram utilizados artigos publicados no período de 2019 a 2024, no idioma português, e que e que explorassem sobre o problema alvo. Materiais que fugiram da problemática foram excluídos. Depois de selecionado o material dentro dos critérios de inclusão foi realizado uma analise e inserção do conteúdo que explora sobre a importância da comunicação no atendimento e assistência em saúde entre enfermeiros e pacientes com deficiência auditiva.
2.2 Seleção de estudos
Após análise, foram selecionados 14 artigos de relevância para o trabalho. Considerando os critérios propostos de inclusão e exclusão, as obras, selecionadas foram revisadas criteriosamente. Os mesmos foram agrupados em categorias e analisados conforme literatura pertinente ao tema.
3 RESULTADOS
Com base na revisão de literatura feita nas bases de dados citadas, foram identificados 486 artigos científicos, sendo selecionadas aleatoriamente para fazer parte do estudo 93 obras, foram excluídos 24 artigos por serem duplicados, 30 artigos excluídos após a leitura do titulo e não se adequarem ao tema e 22 artigos não estavam no espaço temporal de 2019 a 2024, sendo 17 artigos que se adequaram as analises e utilizados para formação da pesquisa. O fluxograma na figura 1 detalha toda a etapa de seleção.
Figura 1– Fluxograma de identificação e seleção dos estudos
Fonte: Autores 2024
Foram selecionados alguns autores para compor os resultados, os autores demonstram a importância da comunicação em LIBRAS na enfermagem, no quadro 1 é demonstrado relatos de pesquisas com autores/ ano, o tipo de estudo, objetivos e a conclusão do estudo de cada obra.
Quadro 1: A importância da comunicação em LIBRAS na enfermagem
Autor/ Ano | Tipo de estudo | Objetivos | Conclusão |
MOREZ, H.O. et al. (2024) | Pesquisa Integrativa, descritiva e exploratória | O objetivo demonstrar a importância do conhecimento de Libras pelos enfermeiros, uma vez que a comunicação é a porta de entrada para qualquer atendimento, e o uso da linguagem de sinais facilita a comunicação através de gestos, numa linguagem própria, feita através de sinais, gerando acolhimento, assistência, compromisso, respeito e responsabilidade do ato de salvar vidas. | Diante dos pressupostos apresentados, percebe-se que existe um despreparo dos enfermeiros, levando em conta que o instrumento básico para uma boa assistência é a comunicação e o paciente surdo deve ter liberdade de escolha para o local onde ele deseja ser atendido para acompanhamento de saúde. Portanto, todos os enfermeiros devem estar capacitados para cuidar desses pacientes, demonstrando seu compromisso com a promoção e melhoria da qualidade de vida da população, observando cada paciente, levando em consideração suas condições biológicas, sociais, culturais, econômicas e psicológicas. |
RAMOS, E.R. et al. (2019). | Pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva, tipo exploratório | Verificar a opinião dos graduados de enfermagem em relação à inclusão da língua brasileira de sinais no curriculum profissional. | Verificar a opinião dos graduados de enfermagem em relação à inclusão da língua brasileira de sinais no curriculum profissional. O processo de mudança na formação do profissional de saúde ainda precisa ser acompanhado e avaliado, portanto sugere-se investigar a percepção dos estudantes (surdos ou não) sobre a discussão da inclusão social das pessoas e da cultura dos surdos. E a realização de outros estudos na área, objetivando avaliar a qualidade da oferta do componente Libras, para tornar efetiva e eficiente a contribuição desse novo e importante conhecimento para os profissionais de saúde. |
SILVA, I.V.P.J et al. (2021) | Pesquisa exploratória, descritiva de abordagem qualitativa | Descrever os aspectos que interferem na comunicação entre enfermeiro e paciente com deficiência auditiva durante assistência à saúde. E especificamente: conhecer a preparação dos enfermeiros quanto ao uso de técnicas de comunicação não verbal no atendimento específico à pessoa surda. | O estudo demonstra que é imprescindível uma reflexão sobre essa problemática, reforçando a aplicabilidade dos critérios legais entre eles a inclusão das LIBRAS na formação acadêmica como necessidade, bem como repensar as políticas públicas de inclusão a este segmento populacional, como forma de garantir acessibilidade e um acolhimento adequado aos serviços de saúde. |
LEITE, K.A.O. et al. (2023). | Estudo qualitativo realizado com dez enfermeiras | Compreender os aspectos que interferem na comunicação entre enfermeiro e pessoas surdas durante a assistência à saúde. | Constatou-se que a maioria dos profissionais de enfermagem entrevistados apresentaram dificuldades para interagir com pessoas surdas durante as consultas, reforçando a aplicabilidade dos critérios legais, entre eles a implementação/implantação da Libras na formação acadêmica destes profissionais da saúde. |
SILVA, E. M. et al. (2024) | Revisão integrativa | Elucidar a importância do conhecimento da língua de sinais para os profissionais de enfermagem na assistência às mulheres com deficiência auditiva na atenção básica. | Embora seja disposto em lei que haja um quantitativo de profissionais de saúde com conhecimento em LIBRAS ou interprete nos locais que prestam assistência de saúde, isto não é posto em prática. Isto torna-se preocupante devido a necessidade de atenção especializada e das consequências que o déficit de comunicação pode causar. A LIBRAS precisa ter sua importância reconhecida desde o início da formação do enfermeiro e no decorrer da sua atuação através de qualificações. |
Fonte: Autores 2024.
4 DISCUSSÃO
Embora a lei n° 10.436 de 2002 disponha sobre a inclusão de LIBRAS como disciplina curricular em diversos cursos, essa não é a realidade difundida entre os cursos da área da saúde, bem como, do curso de enfermagem. Como resultados percebeu-se que é de suma importância a existência de políticas públicas que possam garantir para os acadêmicos a existência de disciplinas e treinamentos que tragam conceitos básicos de Libras para que a atenção ao paciente não seja prejudicada, trazendo então para o futuro profissional a capacidade de proporcionar mais qualidade no atendimento que será ofertado ao paciente deficiente auditivo (SILVA,2022).
Capacitar enfermeiros em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) é essencial para promover uma cultura de inclusão e respeito em ambientes hospitalares. A formação em LIBRAS não apenas beneficia os pacientes surdos, mas também aprimora as competências dos profissionais, tornando-os mais aptos a lidar com diversas situações. Instituições de saúde que incorporam LIBRAS em seus programas de capacitação demonstram um compromisso com a diversidade e a qualidade do atendimento (BRASIL,2024).
Para Silva (2023) a comunicação eficaz em LIBRAS é crucial para a adesão ao tratamento, um fator vital para a recuperação dos pacientes. Quando os enfermeiros conseguem se comunicar diretamente com os pacientes surdos, isso não só melhora a compreensão das orientações médicas, mas também faz com que os pacientes se sintam respeitados e valorizados. A presença de enfermeiros capacitados em LIBRAS pode ter um impacto significativo, especialmente em situações que exigem acompanhamento contínuo.
Nascimento (2019) demonstra em seus estudos que a comunicação é um dos pilares fundamentais no atendimento de saúde, pois permite que os profissionais compreendam as necessidades dos pacientes e ofereçam um cuidado personalizado e humanizado. Em enfermagem, onde o contato direto com o paciente é contínuo, essa competência torna-se ainda mais relevante. Para pacientes surdos, no entanto, a falta de profissionais capacitados em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) representa uma barreira significativa, dificultando o acesso a um atendimento de qualidade e comprometendo a adesão ao tratamento prescrito.
Pacientes surdos frequentemente relatam que sentem um certo preconceito por parte do profissional e experiências negativas em serviços de saúde devido à falta de comunicação efetiva. Estudos mostram que, sem o uso de LIBRAS, muitos profissionais de saúde recorrem à comunicação escrita ou gestual improvisada, o que nem sempre é compreendido pelos pacientes e pode gerar interpretações equivocadas. Esse problema é agravado quando o paciente surdo tem limitações na leitura e escrita, um cenário comum em populações com menores níveis de escolaridade (SILVA, 2024)
Segundo Vasconcelos (2020) a inclusão de LIBRAS na prática de enfermagem traz um impacto positivo na relação entre profissionais de saúde e pacientes. Ao utilizar uma forma de comunicação que os pacientes compreendem, os enfermeiros podem não apenas transmitir informações importantes sobre o tratamento, mas também promover a autonomia do paciente surdo no ambiente hospitalar. Esse tipo de empoderamento do paciente fortalece a confiança no profissional, o que é essencial para uma relação de cuidado eficaz.
Carmo (2023) relata que a qualidade do atendimento melhora substancialmente quando os profissionais de enfermagem têm capacitação em LIBRAS. A comunicação clara e acessível não só facilita o entendimento dos procedimentos e cuidados necessários, como também contribui para a redução de erros médicos. Por exemplo, enfermeiros capacitados em LIBRAS podem explicar melhor as instruções de uso de medicamentos, procedimentos pós-cirúrgicos ou cuidados domiciliares, diminuindo assim os riscos de complicações decorrentes de mal-entendidos.
Para Silva (2023) a comunicação eficaz em LIBRAS é crucial para a adesão ao tratamento, um fator vital para a recuperação dos pacientes. Quando os enfermeiros conseguem se comunicar diretamente com os pacientes surdos, isso não só melhora a compreensão das orientações médicas, mas também faz com que os pacientes se sintam respeitados e valorizados. A presença de enfermeiros capacitados em LIBRAS pode ter um impacto significativo, especialmente em situações que exigem acompanhamento contínuo.
Em relação à prática clínica, o uso da LIBRAS pelos enfermeiros também favorece a organização do atendimento e a prevenção de conflitos. Com uma comunicação eficiente, há menos riscos de atrasos e mal-entendidos, o que facilita a gestão dos cuidados e reduz a sobrecarga de trabalho causada por retrabalhos ou esclarecimentos posteriores. Esse aspecto é especialmente importante em ambientes de alta rotatividade, como hospitais e clínicas (SOUZA, 2022).
O despreparo dos profissionais de saúde para atender pacientes surdos gera uma grande insegurança, pois o maior obstáculo nesse atendimento é a falta de comunicação eficaz entre ambas as partes. Esse desafio impacta não apenas os profissionais, que muitas vezes sentem-se incapazes, impotentes e constrangidos ao tentar comunicar-se com esses pacientes, mas também os próprios pacientes surdos, que experimentam frustração e insatisfação ao buscar serviços de saúde sem se sentirem compreendidos ou acolhidos . Estudos como o de Pereira (2019), mostra que a ausência de uma comunicação adequada limita a experiência de cuidado e dificulta a criação de um ambiente seguro e confortável para o paciente.
Apesar das legislações que defendem a inclusão de pessoas surdas Costa (2021), fala que na prática, muitos desses pacientes ainda se sentem ignorados e inseguros no atendimento de saúde. A dificuldade em estabelecer uma comunicação eficiente com a equipe médica coloca sua saúde e até sua vida em risco, pois a falta de compreensão mútua pode gerar erros graves e até fatais. Esse problema, torna a comunicação um dos maiores desafios para os profissionais da saúde, que muitas vezes não conseguem entender as reais necessidades desses pacientes, comprometendo a qualidade e a segurança do atendimento.
As estratégias de comunicação como mímicas, leitura labial, gestos e escrita são tentativas da equipe de saúde para entender e responder às necessidades dos pacientes surdos, buscando um atendimento mais personalizado e humanizado. No entanto, essas práticas nem sempre são suficientes para garantir uma comunicação plena, já que muitas vezes falta aos profissionais de saúde o treinamento necessário para usar essas técnicas de forma eficaz. A ausência de um canal direto de comunicação entre os profissionais e os pacientes surdos muitas vezes exige a intermediação de um acompanhante, o que pode prejudicar o estabelecimento de um vínculo de confiança e comprometer a qualidade do atendimento oferecido (MELO, 2021).
Por fim Ramos (2022) destaca que Para garantir a adoção dessas práticas, é essencial que as instituições de ensino e os hospitais ofereçam treinamentos regulares em LIBRAS para os profissionais de enfermagem. A inclusão da LIBRAS na série curricular dos cursos de enfermagem também é uma ação importante, uma vez que os futuros enfermeiros já se formaram com essa habilidade, prontos para oferecer um atendimento mais inclusivo e completo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As reflexões trazidas ao longo deste trabalho evidenciam a relevância da comunicação em LIBRAS na assistência de enfermagem para garantir um atendimento inclusivo e humanizado às pessoas surdas. A presença de profissionais de saúde capacitados em LIBRAS não apenas facilita a compreensão e adesão ao tratamento por parte dos pacientes, como também fortalece o vínculo de confiança e respeito, essencial para uma assistência de qualidade.
A assistência de enfermagem é crucial para pacientes surdos, pois o enfermeiro atua diretamente no cuidado e na comunicação, sendo um ponto de apoio essencial para compreender e responder adequadamente às necessidades de saúde desses pacientes. A capacitação em LIBRAS permite que os profissionais de enfermagem criem um ambiente seguro e acolhedor, facilitando a adesão ao tratamento e promovendo um atendimento inclusivo e humanizado, o que fortalece o vínculo de confiança entre profissional e paciente.
Diante dos dados apresentados, observa-se que ainda há uma lacuna significativa no sistema de saúde brasileiro quanto à capacitação em LIBRAS, o que reforça a necessidade de políticas públicas que promovam a inclusão e a formação adequada dos profissionais de saúde. A enfermagem, por seu papel central na assistência, destaca-se como uma área que se beneficiaria imensamente com essas competências, promovendo uma comunicação eficaz e respeitosa com pacientes surdos e com deficiência auditiva.
Assim, conclui-se que a implementação de cursos e treinamentos em LIBRAS para profissionais de enfermagem não deve ser vista como opcional, mas como uma necessidade urgente para a construção de um sistema de saúde acessível e igualitário. Este estudo, portanto, contribui para o fortalecimento da discussão sobre a inclusão no atendimento em saúde e incentiva a promoção de ações que assegurem direitos fundamentais, ampliando o acesso à saúde e promovendo a equidade no cuidado.
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