REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10802367
Glauber Moraes Silva1
Carla Dourado Leão2
Ronnes de Azevedo Dias3
Ben Jhonson Silva da Silva4
Cleison da Silva Vilhena5
Reginaldo dos Santos Camelo6
Milleno Ramos de Souza7
RESUMO
O presente estudo visa a abordar sobre um assunto que vem ganhando intensas proporções nos diversos continentes do mundo, uma vez que é cada vez maior o número de resíduos que são despejados erroneamente no meio ambiente. Diante deste enfoque, buscou-se demonstrar a importância da coleta seletiva no meio organizacional. Para isso, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica com base em autores especializados no assunto, como Dias (1999), Amorim (1995), Torquato (2002), Vilhena e Almeida (2000), entre outros. Por fim, conclui-se apresentando quais os benefícios diretos e indiretos que podem ser gerados em prol da sociedade e do meio ambiente.
Palavras–chave: Coleta Seletiva. Resíduos. Empresa. Organização. Meio ambiente.
Introdução
A produção excessiva e o aumento diversificado de resíduos no âmbito empresarial é algo comumente percebido tanto pelos indivíduos que estão inseridos nas mesmas, como também, pela própria sociedade que, de uma forma negativa, torna-se detentora de uma triste realidade.
Em contrapartida a esta realidade, faz-se necessário adotar medidas mais emergentes no que diz respeito à coleta de resíduos sólidos através de uma gestão sustentável mais promissora sobre a questão do lixo que é produzido nas empresas. Para isso, criar meios que permitam uma melhor separação e destinação de tudo que é produzido dentro das empresas é poder contribuir significativamente para a preservação do meio ambiente, através de todo um programa e um projeto que possa dar uma correta destinação ao material que não aproveitado.
Afinal, a saúde humana e também do próprio ecossistema podem ficar acometidos com procedimentos impróprios e inadequados realizado pelo próprio homem. Eis porque é viável que se implante o processo de coleta seletiva e também de reciclagem nas organizações, uma vez que ao procurar se reduzir a geração de resíduos sólidos nas empresas, automaticamente se tem melhorias para a própria humanidade através de todo um gerenciamento integrado, sustentavelmente econômico, justo de um modo geral na sociedade e um meio ambiente mais limpo e conservado para as futuras gerações.
Segundo Dias (1999, p. 34-35):
Hoje, somos mais de 6 bilhões espalhados pro todo o globo. Esse aumento desenfreado ocorrido em grande parte nos últimos séculos e as concentrações urbanas trouxeram grandes transformações, negativas em sua maior parte, para o ambiente terrestre e aquático. Isto nos obrigou a repensarmos na preservação dos diferentes ecossistemas para a continuidade de nossa existência nesse planeta.
Diante disto, é necessário que haja toda uma conscientização de todos os envolvidos para a busca de soluções para este grave problema. Isto, porém, só será possível através de palestras, manual de Coleta Seletiva e cartazes que venham revelar as vantagens da reciclagem, da preservação dos recursos naturais e a não poluição do meio ambiente.
Com o decorrer do tempo, deverá se buscar realizar a sinalização e, assim, disponibilizar coletores específicos para cada tipo de material em lugar comum a todos e de fácil acesso. Atualmente, percebe-se que além dos coletores coloridos, é possível disponibilizar sacos de lixos nas cores padrões de cada material.
Depois de realizado tais mudanças, deve-se, então, buscar um criar um sistema pré-determinado para o recolhimento dos materiais selecionados e que deverão ser encaminhados para as usinas de reciclagens.
Diante deste enfoque, buscar-se-á responder a seguinte problemática: Como a coleta seletiva pode ser de grande importância para as organizações?
Nesse ensejo, têm-se como objetivos geral e específicos os seguintes itens:
Objetivo Geral
– Demonstrar a importância da coleta seletiva no meio organizacional, revelando, assim, quais os benefícios diretos e indiretos que podem ser gerados em prol da sociedade e do meio ambiente.
Objetivos Específicos:
– Identificar quais os procedimentos necessários para que se possa implementar a coleta seletiva no âmbito organizacional.
– Apresentar conceitos vinculados à temática, no intuito de poder melhor nortear e consolidar o presente estudo.
– Demonstrar que a coleta seletiva gera benefícios não só para as organizações, mas, principalmente, para toda sociedade em geral.
Nesse sentido, a temática em estudo foi escolhida no intuito de permitir desenvolver uma conscientização ecológica a respeito da relevância que há adotar medidas que permitam melhor destinar os resíduos sólidos que são produzidos no meio organizacional, permitindo, assim, através de um processo de implementação da coleta seletiva, melhores condições e qualidade de vida a todos aqueles que ali atuam e, de certo modo, contribuir para que haja todo um processo de preservação e conservação ao meio ambiente que traga benefícios à sociedade em geral.
Para a consolidação do presente estudo, buscou-se reunir todo um acervo teórico que pudesse contribuir significativamente para que o mesmo pudesse alcançar seus objetivos, tendo como procedimento metodológico a abordagem de uma pesquisa bibliográfica baseada em autores especializados no assunto, dentre os quais, destacam-se: Dias (1999), entre outros.
Desenvolvimento
Neste momento, busca-se apresentar conceitos que estão relacionados à temática, dentre os quais se procura melhor situar o leitor para que haja uma melhor compreensão sobre o assunto abordado.
Conforme exposto nos primeiros encontros sobre a questão dos resíduos que são lançados erroneamente no meio ambiente, a Agenda 21, considerada como um dos principais resultados da conferência ECO-92, ocorrida no Rio de Janeiro, no Brasil, revela que:
Um dos maiores desafios do século XXI é reduzir os milhões de toneladas de lixo que nossa civilização produz diariamente. Existe um consenso de que a geração excessiva de resíduos sólidos afeta a sustentabilidade urbana e que a sua redução depende de mudanças nos padrões de produção e consumo da sociedade. A extração dos recursos naturais para a produção dos bens de consumo encontra-se acima da capacidade de suporte do planeta e a produção crescente de resíduos sólidos causa impactos no ambiente e na saúde – o uso sustentável dos recursos naturais ainda é um sonho distante (AGENDA 21, 1997, p.12).
A partir de então, pode-se observar que muitos foram os momentos em que se vem discutindo sobre a questão dos resíduos sólidos nos últimos anos. Nas últimas duas décadas, percebe-se que muitas são as organizações que vêm se preocupando com esta questão, aumentando, assim, sua responsabilidade social sobre este tema que, através de uma gestão mais preocupada com as questões ambientais, visa a criar uma relação ética e transparente da organização com todos os tipos de público com os quais mantém qualquer tipo de relacionamento, almejando, desta maneira, preservar recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando, sobretudo, a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.
De certo modo, quando uma empresa passa a agir desta maneira, a mesma estará procurando fazer com que sua imagem passe a ser vista de uma maneira mais positiva dentro da própria sociedade, aumentando ainda mais a possibilidade de conseguir agregar valor aos seus produtos e serviços, de maneira que visa a contribuir para uma boa relação com fornecedores, revendedores e principalmente seus funcionários, que neste trabalho serão denominados clientes internos.
Para isso, faz-se necessário que seja revista e implementada toda uma cultura ambiental, a partir de todo um processo de educação ambiental em todos aqueles que ali atuam diretamente dentro do ambiente organizacional. Logo, toma-se como embasamento Dias (1999, p.34) que afirma que a Educação Ambiental (EA), vem evoluindo, gradativamente, nas mais diversas localidades, sobretudo, considera-se que a mesma sempre esteve vinculada “à evolução do conceito de meio ambiente que, por sua vez, passou a ser percebido de uma nova visão que vem sendo estudado por inúmeros estudiosos no mundo todo”.
Nesse sentido, deve-se compreender que quando se trata de Educação Ambiental, trata-se, portanto, de um fator relevante e que é fundamental para a preservação ambiental, haja vista que a mesma mostra que há outros modos de viver, ressaltando, contudo, sobre o relevante papel que deve ser exercido pelos indivíduos que almejam entender e ajudar a preservar todos os recursos naturais e seres vivos existentes no meio ambiente.
Assim sendo, compreender a Educação Ambiental é fazer com que a sociedade consiga aprender a melhor discutir tais temas de maneira mais séria e responsável, obrigando, diretamente, os políticos e os governantes a transformá-los em questões prioritárias. Dado esse primeiro passo, é preciso compreender os conceitos que compõem este assunto, no qual, apresenta-se agora a definição de resíduos sólidos, coleta seletiva e reciclagem a seguir.
Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT, 2004, p.11), fundamentada na NBR 10.004, os resíduos sólidos podem ser definidos como:
Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível.
Waldman e Schneider (2000) consideram a coleta seletiva como sendo o tipo de coleta no qual os materiais são separados distintamente, composto por materiais de fração seca como vidro e papel, e de fração molhada como restos de comida e por materiais inaproveitáveis que são denominados rejeitos, como, por exemplo, etiquetas adesivas, fotografias e lâmpadas e pneus. Tais materiais provenientes do lixo humano são separados no lugar em que foram gerados, mediante um acondicionamento distinto para cada componente.
Contudo, conforme Amorim (2004) para que dê certo um programa de coleta seletiva, faz-se necessário identificar as pessoas interessadas, realizar todo um planejamento através da obtenção das informações sobre o lixo do local e suas características, bem como definir o destino do lixo através da verificação de todo o processo, desde a coleta até a entrega do lixo, implementando um programa adequado que atenda a essas exigências, verificando continuamente os ajustes que precisam ser feitos, e a manutenção do programa que finaliza o ciclo, através do acompanhamento, divulgando os resultados do programa e o andamento do mesmo.
Novamente tomando como base Waldman e Schneider (2000), observa-se o crescente número de empresas e pessoas em geral que vêm se conscientizando em relação às questões ambientais, uma vez que as pessoas estão adotando novas posturas no que diz respeito ao seu modo de vida e agir, desde conceitos básicos como jogar menos lixo na rua e evitando adquirir produtos com embalagens não recicláveis, até a doação de itens não mais utilizados, mesmo quebrados, para instituições que possam ter um melhor aproveitamento.
No que diz respeito à reciclagem, Vilhena e D’Almeida (2000) consideram-na como o resultado de uma série de atividades que envolvem materiais que se tornariam lixo ou estão no lixo e passam a ser coletados, separados e processados para, novamente, serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos, trazendo, assim, vários benefícios, dentre os quais, mencionam: diminuição da quantidade de lixo a ser aterrado, preservação de recursos naturais, economia de energia, diminuição dos impactos ambientais, geração de empregos diretos e indiretos.
Conforme elucida Amorim (1995, p.46), o ato de reciclar significa refazer o ciclo, permitindo, então, trazer de volta a matéria – prima daqueles materiais que não se degradam com tanta facilidade e que, por isso, podem ser reprocessados e reaproveitados, mantendo, contudo, suas características básicas e originais.
Ressalta-se que o processo de reciclagem é, atualmente, visto como uma das melhores opções para a destinação final e, por isso, deve ser percebida como um importante mecanismo para os problemas de escassez de matéria-prima e de energia, uma vez que pode ser considerado como uma fonte geradora de emprego e renda, oferecendo, até mesmo, melhores condições financeiras para inúmeras pessoas que dependem deste tipo de atividade.
Porém, faz-se necessário lembrar que para que isso possa realmente se tornar uma realidade, precisa haver todo um processo de conscientização e desenvolvimento significativo por parte da sociedade através de todo um procedimento que envolva a Educação Ambiental, no qual o ser humano busque a melhor maneira de manter uma relação saudável com meio ambiente.
Afinal, isso tudo vai refletir significativamente sobre a imagem da empresa, pois, como bem elucida Vaz (1995, p.39):
O conceito de imagem é constituído por um conjunto de idéias que um indivíduo tem ou assimila a respeito de um objeto formado em sua consciência, um entendimento particular sobre este, que pode ser um fato, pessoa ou instituição, que confronta com outras idéias mais pertinentes à sua apreciação, as quais são referenciais próprios de cada indivíduo, resultantes na experiência de vida individual. Com isso, as organizações expandiram sua ação mercadológica para o mercado simbólico, desenvolvendo ações institucionais para que pudessem obter uma boa imagem da organização junto a diversos públicos do mercado.
Ferratoni (2000, p.43), enfatiza que ao se construir uma boa imagem, constrói-se, automaticamente, “uma marca que vai ser reflexo de todo um processo que consiste em adequar o comportamento com os padrões esperados”, através de atitudes politicamente corretas que, administrada de maneira correta, torna-se o caminho para o sucesso.
Com argumentos ecologicamente corretos, Torquato (2002) diz ser possível criar uma imagem forte da empresa, sendo esta comprometida com a ecologia. A partir disso, torna-se possível criar uma imagem estética e limpa que, consequentemente, poderá se tornar o cartão de visita da empresa.
Gracioso (1995) diz que a boa imagem institucional não é imposta, mas sim, conquistada, sendo, normalmente, fruto de um reflexo natural de uma administração orientada para o mercado e os anseios da sociedade. Porém, alguns esforços ambientais pró-ativos devem incluídos, tais como: mudança no processo e na conservação do uso de recursos, diminuição na geração de poluição; criação de programas de reciclagem de papel e vidro envolvendo todos os empregados e utilização de papel reciclado e tintas à base de soja nas publicações.
Vale ressaltar que isso só será possível caso todos os envolvidos se comprometam em adotar medidas ecologicamente corretas, visando a aperfeiçoar as comunicações ambientais empresariais, bem como conseguir o apoio dos órgãos especializados, como também de autoridades governamentais.
Conclusão
Diante de tais premissas apresentadas, conclui-se que desenvolver a coleta seletiva no âmbito organizacional traz benefícios não só para a imagem da empresa, mas, sobretudo, para toda a sociedade e também para o meio ambiente.
A coleta seletiva serve como uma ferramenta fundamental para que novos paradigmas sejam adotados, uma nova postura seja tomada e uma melhor destinação seja dada para os resíduos sólidos que são produzidos dentro da empresa.
A partir de toda uma conscientização, consegue-se, através da educação ambiental, despertar o interesse sobre o assunto que, cada vez mais, é tratado com mais delicadeza e seriedade nos mais diversos debates que acontece no mundo todo.
Importante ressaltar também que a partir da coleta seletiva, permite-se a geração de empregos com o processo de reciclagem, resultando em benefícios para muitas famílias que fazem deste seu meio de sobrevivência.
Logo, poder fazer parte deste grupo, é poder fazer parte de pessoas que estão responsavelmente preocupadas com a preservação da natureza e, consequentemente, comprometidas com a vida das gerações futuras.
REFERÊNCIAS
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnica. Resíduos sólidos: classificação. NBR 10004, 2004.
AMORIM, Carlos. 50 maneiras de cuidar da Terra. Galileu. n. 150, p.43-54, jan. 2004.
DIAS, G. F. Educação ambiental princípios e práticas. 2ª Edição. São Paulo: Gaia, 1995.
FERRATONI, Clóvis Ely Bianchi. Contribuição da Comunicação Empresarial na Formação da Imagem Pública das Organizações Junto ao Público Interno. São Paulo: Pioneira, 2000
GRACIOSO, Francisco. Propaganda Institucional – nova arma estratégica da empresa. São Paulo: Atlas, 1995.
TORQUATO, Gaudêncio. Cultura, Poder, Comunicação e Imagem – Fundamentos da Nova Empresa. São Paulo: Pioneira, 2002.
VAZ, Gil Nuno. Marketing Institucional – o mercado de idéias e imagens. São Paulo: Pioneira, 1995.
VILHENA, André; D’ALMEIDA, Maria Luiza Otero (ORG.) Lixo Municipal – Manual de Gerenciamento Integrado. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 2000.
WALDMAN, Maurício; SCHNEIDER, Dan Moche. Guia ecológico doméstico. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2000.