A IMPORTÂNCIA DA CINESIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA (IU), ADQUIRIDA PÓS GESTAÇÃO: Revisão Bibliográfica

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Beatriz Gomes Rocha;
Warlley Silva Santos Júnior.


Trabalho de Curso, apresentado ao Centro Superior UNA de Catalão – UNACAT, como requisito parcial para a integralização do curso de FISIOTERAPIA, sob orientação do professor Carlos Ricardo Alves Sousa.

RESUMO

Segundo a Sociedade Internacional de Continência (ICS) a incontinência urinária (IU) é definida como perda involuntária de urina, sendo assim, um problema de saúde pública no mundo todo. O tratamento fisioterápico e a utilização de técnicas cinesioterapêuticas, tem como objetivo reforçar a resistência uretral, sendo este um mecanismo importante na homeostase do sistema urinário. A cinesioterapia firma que, movimentos voluntários de forma repetida geram força muscular, portanto, a cinesioterapia do assoalho pélvico possui o mesmo objetivo quando realizada. Foi realizado revisão bibliográfica de caráter analítico, abordando a importância da cinesioterapia no tratamento da incontinência urinária adquirida pós gestação, utilizando bases de dado como: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Google Acadêmico, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), National Library of medicine (PUBMED) e acervos da biblioteca digital e física do Centro Universitário UNA – Polo Catalão. Por se tratar de um fator comum para algumas mulheres, devido processo gestacional, a falta de informação para as parturientes, e os danos que essa IU gestacional não tratada geram, podem perdurar no pós-parto. Estudos apontam que o tratamento convencional da IU, possui grande eficácia mediante casos não cirúrgicos, por se tratar de uma problemática pouco abordada as mulheres desconhecem a importância da fisioterapia especializada em tratamentos uroginecológicos na redução dos impactos causados pela IU. Após a realização dessa pesquisa conclui-se com a análise das revisões bibliográficas dos últimos 5 anos, a importância da cinesioterapia no tratamento da incontinência urinária adquirida pós gestação.
Palavras-chave: Incontinência Urinária. Fisioterapia. Cinesioterapia. Gestação.

1 – INTRODUÇÃO

Segundo a Sociedade Internacional de Continência (ICS) a incontinência urinária (IU) é definida como perda involuntária de urina, sendo assim, um problema de saúde pública no mundo todo. O Ministério da Saúde (2018) afirma, que a prevalência da IU é mais frequente no sexo feminino alterando drasticamente suas vidas, podendo restringir a realização das atividades de vida diária (AVD’s), porém, algumas mulheres consideram que este seja apenas um importuno em decorrência do parto. Contudo, a IU pode ocasionar piora na saúde da mulher refletindo em mudanças no estilo de vida (LIMA, LOPES, 2016).

São inúmeras as adaptações que as mulheres passam no decorrer da vida, sobretudo na gestação, raramente essas alterações terão impactos positivos, em particular na musculatura do assoalho pélvico (MAP), estrutura fundamental para o suporte uretral e mecanismo de continência urinária. O parto vaginal é um dos principais fatores que influenciam o surgimento da IU no pós-parto, outros aspectos são a presença da IU na gestação, a multiparidade e bebês acima de 4,000g. Sendo assim, conhecer essa alteração permite aos profissionais da área da saúde autonomia, para identificar precocemente essa condição, possibilitando medidas preventivas para esse agravo de saúde (MORENO,2009; LEROY, et al 2015).

Os tipos de incontinência diferem conforme o quadro clinico que resulta em divergentes episódios de escape estabelecidos nas puérperas. São classificados em incontinência urinária de esforço (IUE), segundo as literaturas abordadas, o tipo mais prevalente em mulheres onde há presença de situações que requerem um certo esforço como: tossir, espirar, levantar pesos. Bem como a incontinência urinária de urgência (IUU), que se refere à vontade repentina de urinar, isto é a perda involuntária associada a forte desejo miccional ou ainda a incontinência urinária mista (IUM) que se define pela associação dos dois tipos de IU. Em alguns casos encontra-se a presença da IU associada a prolapso genital, a IU por transbordamento eventualmente observadas nas bexigas neurogênicas arreflexas, onde o músculo detrusor não realiza contração resultando em extravasamento urinário (BALDUINO, et al, 2017; GIRÃO, SARTORI, NAZÁRIO, 2012).

O tratamento fisioterápico e a utilização de técnicas cinesioterapêuticas, tem como objetivo reforçar a resistência uretral, sendo este um mecanismo importante na homeostase do sistema urinário. A abordagem da incontinência nos centros de saúde, por meio da atenção primaria é de suma importância ao acesso de informações e a interação com os profissionais da área da saúde, impactando de forma positiva e beneficiando as mulheres na prevenção do escape (CÂNDIDO, et al 2017; BAROCHO, 2012).

A cinesioterapia firma que movimentos voluntários de forma repetida geram força muscular, sendo assim a cinesioterapia do assoalho pélvico possui o mesmo objetivo quando realizada. Um protocolo de atendimento bem elaborado irá propiciar o fortalecimento da MAP uma vez que haverá um aumento na síntese proteica, diminuição da degradação de proteínas e melhora no recrutamento de fibras musculares. A cinesioterapia como ferramenta para ganho de força desta musculatura, tem como principal objetivo a reeducação e o fortalecimento da MAP. Os exercícios de Kegel, um dos mais utilizados no tratamento da IU, visam a prevenção e o tratamento curativo, pois, através de técnicas e exercícios se obtém a base necessária para o uso de forma adequada da musculatura (MOURA, 2015).

No decorrer da formação acadêmica evidenciou-se a importância da fisioterapia e suas linhas de tratamento para diversas patologias onde, a cinesioterapia se destaca, em sua grande maioria, no tratamento da IU. Sabendo de sua grande importância na recuperação da motricidade, fortalecimento, melhora do tônus muscular e elasticidade pélvica despertou-se o interesse em estudar a utilização das técnicas cinesioterápicas e os avanços científicos abordando o tratamento da IU pós-gestação. O presente estudo tem como objetivo realizar um levantamento bibliográfico de modo a analisar a importância da cinesioterapia no tratamento da incontinência urinária (IU), adquirida pós gestação.

2-METODOLOGIA

Foi realizado revisão bibliográfica de caráter analítico, abordando a importância da cinesioterapia no tratamento da incontinência urinária adquirida pós gestação, utilizando bases de dados como: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Google Acadêmico, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), National Library of medicine (PUBMED) e acervos da biblioteca digital e física do Centro Universitário UNA – Polo Catalão. Foram utilizados os descritores: “Incontinência Urinária”, “Fisioterapia”, “Cinesioterapia”, “Gestação”, utilizando como critério de inclusão: data de publicação a partir de 2015, abordagem dos efeitos e/ou utilização da cinesioterapia no tratamento da incontinência urinária, o tratamento da IU em mulheres pós-parto, artigos com textos completos disponíveis e artigos em Português.

3- RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram encontrados 454 artigos nas bases de dados, por meio dos critérios de inclusão, pré-selecionados, 35 artigos que tinham maior relação com o objetivo deste trabalho. Após a pré-seleção, foram aplicados os critérios de exclusão, descritos na metodologia, e selecionados apenas 12 artigos, 23 artigos foram excluídos por não atenderem os critérios estabelecidos. Para o desenvolvimento desse artigo foram selecionados estudos de caso e revisões bibliográficas. As pesquisas foram minuciosas devido grande dificuldade de encontrar trabalhos disponíveis nas plataformas de pesquisas e artigos gratuitos dentro dos últimos 5 anos estabelecidos, e a escassez de resultados sobre a problemática abordada.

As alterações decorrentes do período gestacional podem ocorrer de diversas formas, devido ao desenvolvimento fetal e necessidade do organismo de acomodar o feto, essas modificações anatômicas do corpo feminino, podem gerar alterações que influenciaram na presença da IU. Os estudos demostram que os surgimentos exatos da IU continuam desconhecidos, devido suas causas multifatoriais correlacionadas com possíveis alterações mecânicas como aumento da pressão intra-abdominal e as repetitivas repercussões no pavimento pélvico. Martinez (2017), realizou uma revisão da literatura, expondo fatores que transcendem o risco da IU, presume-se que a obesidade seja auto consequência da pressão intraabdominal provocada, a paridade e prevalência de partos normais aumentam a incidência da IU, além de mudanças hormonais causadas durante o período da menopausa.

Rocha et. al (2017), realizaram um estudo observacional e transversal, que englobou uma amostra de 237 mulheres com vias de parto distintas que apresentaram sintomas da IU, durante a gestação e após o parto. A prevalência da IU, obteve maior proporção no período gestacional e 82% das mulheres analisadas apresentaram incontinência por stress e/ou esforço. Sendo que 48,5% das mulheres relataram que não foram abordadas acerca dos sintomas de IU na assistência pré-natal.

Por se tratar de um fator comum para algumas mulheres, devido processo gestacional, a falta de informação para as parturientes, e os danos que essa IU gestacional não tratada geram, podem perdurar no pós-parto. Os dados expostos remetem a falta de instrução sobre essa problemática que acomete mulheres de todas as faixas etárias e discorre que a maioria das portadoras de IU, no pós-parto não solicitaram aconselhamento médico e consequentemente não obtiveram tratamentos adequados durante o período gestacional e puerpério.

Sob o mesmo ponto de vista Henkes et, al (2015), realizou um estudo qualitativo descritivo e exploratório sobre impacto na qualidade de vida das mulheres acometidas pela IU e o significado que a abordagem fisioterapêutica poderia promover na vida dessas mulheres. Os resultados obtidos foram por meio de entrevistas semiestruturadas, a maioria das entrevistadas demostrou desconhecer o tratamento conservador e a importância que os métodos fisioterápicos possuem na melhoria da força, controle da MAP e sintomatologia da IU e ressaltam intervenção cirúrgica como o único procedimento que resolveria os seus sintomas.

O assoalho pélvico é constituído por músculos, ligamentos e fáscias tendo como finalidade sustentar órgãos, manter ação esfincteriana e promover a passagem do feto, está ligado a pelve, cavidade formada por dois ossos ilíacos, sacro e cóccix. Em seu interior localizase o trato urinário, dividido em porção superior e inferior, compostos respectivamente, pelos rins, ureteres, bexiga e uretra. Desde os primeiros meses gestacionais os rins aumentam em volume e consequentemente trabalham com maior sobrecarga. No período gravídico há uma compressão e dilatação dos ureteres, o útero exerce pressão sobre a bexiga, e o aumento da produção de progesterona inibem o peristaltismo uretral na musculatura lisa do trato urinário. Essas adaptações nos indicam as possíveis alterações que levam ao surgimento da IU (BAROCHO, 2012; CALAIS-GERMAIN, 2005; MARTINI et, al 2014).

A MAP se mantêm em contração sem fadigar, esse funcionamento é proporcionado devido ao percentual de fibras musculares tipo I de contração lenta, permitindo a continência uretral e anal. Ao realizar um esforço as fibras estriadas tipo II, promovem contração rápida, e aumentam ainda mais a tensão da MAP, em curtos espaços de tempo. Moura e Marsal (2015), nos esclarecem que a pressão e a sobrecarga na musculatura do assoalho pélvico como partos, elevação de peso excessivo e outras modificações, geram alongamentos e a mucosa vaginal acompanha respectivamente, entretanto a fáscia não possui elasticidade, gerando o rompimento e defeitos no assoalho pélvico que resultam na IU.

Sob o ponto de vista Ziegler Vey, et, al (2016) apud Galhardo; Katayama (2007), apresentam em seu estudo o diafragma pélvico como rede de sustentação e fator primordial na continência urinaria, sendo formado pelos músculos levantadores do ânus e coccígeo e fáscias contribuindo para o processo de micção e defecação. Alterações no músculo levantador do ânus, inervado pelos ramos do nervo pudendo, indicam o surgimento de incontinência urinária de esforço, urgência urinária, incontinência anal e prolapsos dos órgãos, sendo a integridade nervosa de extrema importância para continência urinária.

O diagnóstico fisiopatológico é primordial para se detectar o tipo de IU, visto que a manifestação dos sintomas se diferem em cada portadora, a IUE caracteriza-se pela deficiência esfincteriana ou pela hipermobilidade da uretra e a IUU está correlacionada à instabilidade do músculo detrusor. Na análise dos estudos percebe-se que há uma maior incidência da IUE, sendo a forma mais frequentes de perda urinaria. O diagnóstico é feito por exame de urodinâmica, meio bastante eficaz de se detectar a IU, que mede o enchimento e o esvaziamento vesical, fluxo urinário e o enchimento da bexiga, avaliando a capacidade de armazenamento vesical, tipo de perda de urina a partir da pressão de perda e também o esvaziamento vesical através do fluxo urinário (MORENO, 2009).

Os estudos apontam que o tratamento convencional da IU, possuem grande eficácia mediante casos não cirúrgicos, e por se tratar de uma problemática pouco abordada as mulheres desconhecem a importância do profissional especializado em tratamentos uroginecológicos na redução dos impactos causados pela IU. A utilização de um protocolo de atendimento bem elaborado irá proporcionar o fortalecimento da MAP, gerando um aumento na síntese proteica, redução da degradação de proteínas e melhora no recrutamento de fibras musculares. (MOURA, 2015).

Arnold Kegel, em 1948 foi o primeiro a estabelecer uma sequência de contrações da MAP atuando diretamente no tratamento da IU. O método descrito por Kegel, passou por evoluções e modificações, e por meio de estudos e aplicação do tratamento na IU, analisou-se que o controle e percepção do recrutamento da MAP são primordiais, visto que o efeito e a qualidade dos movimentos são determinantes para bom êxito do tratamento (MORENO, 2009).

A fisioterapia possui como recurso a aplicação da cinesioterapia, programa de exercícios que possibilita a melhora da capacidade funcional, resultando maior condicionamento físico, alinhamento postural, minimizando a incapacidade, promovendo relaxamento e alivio de quadro álgicos, e proporcionando melhoria na qualidade de vida. Diante os seus fundamentos e objetivos já citados, tem sido considerada modelo quanto ao que se diz respeito ao tratamento e fortalecimento da MAP, podendo ser utilizada de forma isolada ou associada a outras técnicas (TAVARES, MARQUES, 2019; apud VILELA-JUNIO 2018; VALÉRIO 2013).

Através de uma revisão narrativa da literatura, Silva (2017), ressalta sobre a eficácia dos recursos terapêuticos no tratamento da IU no pós-parto e as técnicas que permitem estagnar ou até mesmo reduzir o processo patológico estando entre elas a utilização do treinamento da MAP com propriedades cinesioterapêuticas, demostrando seu papel fundamental por ter como objetivo a reorganização e reeducação mediante a contrações isoladas desses músculos associados ao trabalho respiratório.

Vindo de encontro aos pontos abordados na revisão de Silva (2017), somados aos critérios de exclusão de pacientes para os estudos de caso, evidencia-se como um fator a ser observado a falta de compreensão quanto ao que abrange a MAP. Embora englobe contrações involuntárias e voluntárias, sua existência pode ser “despercebida” na vida de muitas mulheres.

Essa falta de conscientização corpórea nos coloca diante a dificuldade que algumas pacientes tem em conseguir corresponder aos comandos verbais e contrair a musculatura pélvica de forma isolada, levando-as a contrair musculaturas adjacentes, que atuam sinergicamente, como o glúteo máximo, adutores da coxa e reto abdominal (CALAISGERMAIN, 2005). Ainda que estes músculos contribuam para a contração simultânea da MAP durante as atividades diárias, a falta de entendimento dos comandos verbais acrescida da falta de conscientização da região pélvica, para realização das contrações voluntárias, comprometem a eficácia da cinesioterapia, considerando essa uma problemática, que pode ser abordada na rede de saúde pública como forma de prevenção ao surgimento da IU.

Almeida (2017), realizou um estudo com objetivo de avaliar a qualidade de vida das mulheres antes e após um protocolo cinesioterapêutico, tendo como critério mulheres portadoras de incontinência urinaria mista (IUM), com idade entre 40 e 65 anos, na duração de dois atendimentos semanais, por oito semanas seguidas, participaram do estudo uma amostra de 29 mulheres sendo consideradas para análise apenas 26 delas. Os atendimentos foram realizados individualmente com orientações e material educativo sobre a anatomia, localização e fisiologia da MAP, bexiga e intestino. Os pontos positivos referentes a sua pesquisa não se remetem apenas na melhora do quadro de escape mas, também, na disponibilização de informações referente a melhora da percepção da MAP, conhecimento e educação sobre o próprio corpo, que dão autonomia, independência e confiabilidade no enfrentamento da sintomatologia.

Os dados obtidos no estudo de Almeida (2017), remetem que 48,3% das participantes com IU, tiveram prevalência de partos normais, indo de encontro a outras pesquisas que apontam que a multiparidade e partos vaginais interferem no surgimento da IU no pôs parto. Acrescentando-se que as técnicas cinesioterapêuticas escolhidas podem ser implantadas facilmente na rede pública de saúde, por se necessitar de poucos equipamentos como a bola suíça e nenhum aparelho de alto custo elevado, por exemplo.

A cinesioterapia é inserida de forma positiva no tratamento da IU, sua aplicação também se demostra eficaz associada a outros recursos terapêuticos, fato esse observado no estudo de Silva et.al (2016). Por meio de um protocolo associando da cinesioterapia a eletroestimulação, obteve-se o ganho de força de 2 para 4 na contração perineal de uma paciente com sobrepeso e queixa de incontinência aos esforços. O protocolo de atendimento foi aplicado 1 vez por semana, por 40 minutos, com duração total de 7 semanas. A avaliação de graduação de força foi feita por meio do teste da avaliação da força muscular do assoalho pélvico (AFA).

Similarmente Carvalho, et.al (2019) associou a cinesioterapia a eletroestimulação e a terapia comportamental com intuito de reestabelecer o ritmo miccional adequado, pois devido a insegurança, preocupação e medo de escapes inoportunos as portadoras passam a buscar o esvaziamento da bexiga em curtos períodos.

Almeida (2017) e Carvalho, et, al (2019), expõe nos estudos protocolos de atendimento que se assemelham e demostram a vasta gama de exercícios e os benefícios que a aplicação cinesioterápica resultam na MAP e estruturas adjacentes, presenciando, exercícios diafragmáticos, utilização de recursos terapêuticos como a bola suíça, exercícios que propiciam mobilidade pélvica, agachamentos e exercícios de ponte, visando o recrutamento das fibras tipo II, melhorando o desconforto e concedendo autonomia a paciente, após todo protocolo e conhecimento adquirido, dar continuidade a alguns exercícios em casa.

Os protocolos cinesioterapêuticos são flexíveis e devem ser estipulados mediante a prévia anamnese, avaliação funcional e estrutural da paciente, aplicação de testes e escalas para quantificação da perda de função. O fisioterapeuta deve ainda identificar a capacidade de compreensão da paciente aos comandos verbais, para que a interação seja de fácil entendimento e a execução dos exercícios sejam eficazes, além de trabalhar a conscientização da região pélvica. Após essa fase inicial o atendimento pode ser realizado em grupo que correspondam as mesmas disfunções ou condicionamento físico (MORENO, 2009).

A cinesioterapia proporciona a integridade e a independência da portadora em realizar os exercícios de forma ativa em posição ortostática, ponte, sentada, decúbito dorsal, pernas flexionadas, joelhos apoiados e em variados decúbitos que levem ao aumento da pressão intraabdominal e tensão muscular para recrutamento das fibras tipo I e II, já citadas nos estudos de Moura e Marsal (2015). As contrações realizadas nas séries podem ser rápidas ou sustentadas com períodos, em média, de 5 e 15 segundos, repetidas vezes. Salienta-se ainda a importância de trabalhar as contrações durante as atividades de esforço e, paralelamente aos exercícios, trabalhar-se o controle respiratório e postural diretamente ligados ao processo miccional. A evolução deve ser feita de forma progressiva quanto a dificuldade e ganho de força, iniciando sempre em posições antigravitacionais (MORENO, 2009).

A literatura considera a IU como um fator de contraindicação a hidrocinesioterapia (PARREIRA, BARATELLA, COHEN, 2011), porém, Ziegler Vey, et, al (2016), na perspectiva de avaliar a incontinência urinária de esforço feminino, obtiveram bons resultados ao aplicar a hidrocinesioterapia no tratamento da IU. Em seu estudo pode se observar a melhoria significativa da sintomatologia e interações pessoais das participantes. A amostra era composta por 8 mulheres com diagnóstico clinico de IUE, primíparas e multíparas, todas haviam passado por partos vaginais e se encontravam no período pós menopausa. As mulheres foram submetidas a 15 sessões de 2 atendimentos semanais com duração de 60 minutos, ao início e fim do tratamento responderam ao questionário de qualidade de vida e Pad Test, conhecido pela nomenclatura de teste do absorvente, tendo como resultado uma melhora significativa de 20%, quando comparado ao pré tratamento.

Barbosa 2017, sujeita, em uma revisão da literatura, a hipótese que a cinesioterapia do assoalho pélvico se faz eficaz no tratamento da IUE, podendo demostrar sua importância na prevenção e no tratamento da disfunção. A IU, como já citado é considerada normal para algumas parturientes, por se tratar de um sintoma imperceptível ao meio social, que implica em resultados negativos a mulher, que correlaciona o problema com o período gestacional e a via de parto. Essa cultura, em muitos casos, se dá devido ao constrangimento e a falta de encorajamento para a busca de auxílio médico e fisioterapêutico, analogamente Saboia (2017), expõe através de uma revisão sistêmica a indisposição das mulheres, falta de tempo e até questões relacionadas a fatores socioeconômicos como justificativas para a postergação do tratamento, ressaltando que o treinamento da MAP realizada no pós-parto tardio resultam em fortalecimento da musculatura e prevenção da IU.

4-CONSIDERAÇÕES

São muitas as evidências encontradas sobre a eficácia e os benefícios da cinesioterapia como via de tratamento da IU, desde a melhora da continência urinária, aumento do grau de força, melhora da mobilidade, conscientização da região pélvica e MAP, melhora de disfunções sexuais causadas pela IU e na interação social. O que nos possibilita afirmar ser uma excelente terapêutica em diferentes fases de vida da mulher.

Diante aos impactos, gerados pela IU, na vida da mulher e que seus efeitos negativos podem perdurar por toda a vida em portadoras que não recebem informação ou procuram solucionar a sintomatologia que gerou o escape, ressalta-se a importância da difusão do atendimento cinesioterapêutico no tratamento da IU.

Conclui-se, portanto, por meio da análise das revisões bibliográficas dos últimos 5 anos, a eficácia e importância da cinesioterapia no tratamento da incontinência urinária adquirida pós gestação. No entanto, denota-se a necessidade de estudos mais específicos, com foco exclusivo em mulheres no pós-parto, visto que a escassez de artigos científicos, tratando dessa problemática, foi um grande obstáculo para a realização dessa revisão, além da sugestão de implementação de abordagens específicas de caráter preventivo nas redes públicas de saúde.

5-REFERÊNCIAS

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