A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA AUTOEFICÁCIA EM PACIENTES COM LOMBALGIA

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Dra. Josilainne Marcelino Dias (MS) Fisioterapeuta, Doutora, Membro do Grupo PAIFIT, Professora do Departamento de Medicina da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Campo Grande – MS.

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Dra. Laís Faganello Dela Bela (PR) Fisioterapeuta, Doutora, Membro do Grupo PAIFIT, Professora do Departamento de Fisioterapia da Universidade Positivo, Curitiba – PR.

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Dr. Jefferson Rosa Cardoso (PR) Fisioterapeuta, Doutor, Coordenador do Laboratório de Biomecânica e Epidemiologia Clínica – Grupo PAIFIT, Professor do Departamento de Fisioterapia da Universidade Estadual de Londrina, Londrina – PR.

Contextualização: A lombalgia crônica possui uma etiologia complexa, com fatores de risco múltiplos, específicos para populações e de característica biopsicossocial, não se encaixando ao modelo reducionista biomédico. A teoria social cognitiva defende que a crença na capacidade de realização de uma determinada tarefa, seja ela mecânica ou cognitiva, é um fator determinante para motivação, resultados e experiências emocionais relacionadas à atividade. Logo, o sucesso na realização da tarefa está fortemente relacionado ao juízo que o indivíduo possui sobre suas capacidades operativas. Esta crença dos indivíduos sobre sua capacidade de realizar uma tarefa é chamada de autoeficácia, que é um senso de autoconfiança para desempenhar uma atividade específica, onde o indivíduo é capaz de apontar ações que levem a situações desejáveis ou não.

Desenvolvimento: Diversos estudos têm avaliado a relação entre a lombalgia e a autoeficácia e demonstraram que testes cognitivos, como a avaliação da autoeficácia funcional, têm maior poder explicativo sobre a incapacidade que avaliações específicas de dor. Também foi demonstrado que pacientes com baixa autoeficácia apresentam 113% mais chance de incapacidade do que aqueles com alta autoeficácia. Além disso, os fatores psicológicos já estão estabelecidos como preditores de cronicidade nestes pacientes. Nos últimos anos, alguns estudos têm avaliado a autoeficácia como método de tratamento. Por exemplo, Khodadad et al. compararam a efetividade de um tratamento cognitivo funcional com a estabilização lombar e encontraram que ambos são igualmente capazes de melhorar a dor e o controle de movimento em pacientes com lombalgia. Ainda, Ferrari et al. avaliaram o efeito da fisioterapia centrada em princípios comportamentais e cognitivos em pacientes com espondilolistese e demonstraram uma melhora na funcionalidade, dor e testes clínicos.

Portanto, avaliar e prescrever tratamento para pacientes com lombalgia sob a perspectiva da autoeficácia pode ser a solução para as dificuldades terapêuticas encontradas frente à cronicidade da doença. Este desfecho já possui escala específica validada para língua Portuguesa, a Low Back Activity Confidence Scale – LoBACS Brasil. O instrumento é auto aplicativo e possui 15 itens em formato de escala Likert de 11 pontos, variando de 0% (sem confiança) até 100% (confiança completa). Sua pontuação varia de 0 a 100, onde quanto maior o valor maior a autoeficácia. Sua versão brasileira se mostrou confiável, válida e responsiva para pacientes com lombalgia crônica.

Considerações finais: A autoeficácia é um desfecho importante para pacientes com lombalgia, especialmente quando se leva em consideração o modelo biopsicossocial da doença. Sua análise provê ao profissional uma avaliação diferenciada, com predição de incapacidade, aderência ao tratamento e chance de cronicidade. Além disso, o uso de ferramentas objetivas e confiáveis permite uma avaliação completa, uma prescrição baseada em evidências e um método sistemático para monitorar o curso clínico.

Leitura complementar: ARNSTEIN, Paul. The mediation of disability by self-efficacy in different samples of chronic pain patients. Disability and Rehabilitation, v.22, n.17, p.794-801, 2000. doi:10.1080/09638280050200296 DIAS, Josilainne Marcelino. Avaliação das propriedades de medida da versão brasileira da Low Back Activity Confidence Scale em pacientes com dor lombar crônica. 2016. 76 pg. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Educação Física UEL/UEM) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2016. KHODADAD, Behrouz et al. Comparing the effectiveness of cognitive functional treatment and lumbar stabilization treatment on pain and movement control in patients with low back pain. Sports Health, v.12, n.3, p.289-295, 2020. doi:10.1177/1941738119886854

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