The importance of speech therapy in the diagnosis of ankyloglossia in neonates
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10174796
Deusa Maria Luana Silva Gonçalves1
Resumo
Esta pesquisa concentra-se na análise da importância da atuação fonoaudiológica diante do diagnóstico precoce da anquiloglossia, a partir de estudos datados de 2018 até 2023. Conhecida como língua presa, impacta a funcionalidade da língua, especialmente em neonatos. A base genética, relacionada ao gene T-BOX, e fatores externos, como o uso de substâncias (cocaína) durante a gestação, são apontados como possíveis causas. Intervenções cirúrgicas como frenotomia e frenectomia são comuns para restaurar a funcionalidade da língua. Destaca-se o papel vital do fonoaudiólogo não apenas na terapia específica, mas também na promoção da saúde, enfatizando a importância da intervenção precoce para melhorar a fala, sucção e amamentação em neonatos. Estratégias multidisciplinares e tecnológicas, como o apoio matricial e clínica ampliada, enriquecem a abordagem fonoaudiológica. Este estudo atualiza a compreensão da condição, propondo uma visão contemporânea a partir da análise de artigos recentes, contribuindo para um entendimento mais atualizado, o que reforça a importância da intervenção precoce para a promoção da saúde e bem-estar dos recém-nascidos e suas famílias.
Palavras-Chave: Anquiloglossia. Neonatos. Fonoaudiologia.
Abstract
This research focuses on analyzing the importance of speech therapy in the early diagnosis of ankyloglossia, based on studies dating from 2018 to 2023. Known as tongue-tie, it impacts the functionality of the tongue, especially in newborns. The genetic basis, related to the T-BOX gene, and external factors, such as the use of substances (cocaine) during pregnancy, are identified as possible causes. Surgical interventions such as frenotomy and frenectomy are common to restore tongue functionality. The vital role of the speech therapist is highlighted not only in specific therapy, but also in health promotion, emphasizing the importance of early intervention to improve speech, sucking and breastfeeding in newborns. Multidisciplinary and technological strategies, such as matrix support and expanded clinic, enrich the speech therapy approach. This study updates the understanding of the condition, proposing a contemporary view based on the analysis of recent articles, contributing to a more updated understanding, which reinforces the importance of early intervention to promote the health and well-being of newborns and their families.
Keywords: Ankyloglossia. Neonates. Speech therapy.
1 INTRODUÇÃO
A Anquiloglossia é uma anomalia que afeta a língua e seu movimento. Esta condição pode apresentar-se de forma assintomática em alguns casos, mas frequentemente desencadeia uma série de desafios clínicos e sociais em neonatos. A compreensão de suas causas e impactos é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de intervenção eficazes. (ABREU; NUNES, 2021)
A literatura científica sugere que as origens da Anquiloglossia podem ser genéticas, com uma alta probabilidade de herança autossômica dominante, envolvendo o gene T-box. Estudos têm apontado para a relação entre esse gene e a ocorrência da anomalia em famílias, onde reforça a importância de uma abordagem genética na investigação dessa condição. Além disso, fatores externos, como o uso de substâncias como a cocaína durante a gestação, têm sido associados a um maior risco de desenvolvimento de Anquiloglossia (FERREIRA et al., 2018).
Um dos métodos mais utilizados e conhecidos para avaliação do frênulo lingual em neonatos é o Teste da Linguinha, exame que objetiva detectar e diagnosticar precocemente a anquiloglossia, assim prevenir as limitações do frênulo lingual ou vir a comprometer as funções de sugar, mastigar ou deglutir. (GOMES, 2021)
A intervenção precoce e eficaz para a Anquiloglossia é essencial, uma vez que essa condição pode afetar significativamente a fala, a sucção e a amamentação dos recém-nascidos. Nesse contexto, a atuação do fonoaudiólogo desempenha um papel fundamental, que proporciona uma abordagem abrangente que inclui não apenas a terapia específica para a anomalia, mas também a promoção da saúde no contexto social e coletivo. (CABRERA; ELIASSEN; ARAKAWA-BELAUNDE, 2018)
Este trabalho tem como objetivo geral analisar a importância da atuação fonoaudiológica diante do diagnóstico precoce da Anquiloglossia. Como objetivos específicos, busca-se: apontar as possíveis causas da Anquiloglossia; descrever os impactos em recémnascidos; e identificar os benefícios da intervenção fonoaudiológica na maternidade. Ao abordar esses objetivos, busca-se contribuir para o conhecimento e manejo adequado dessa condição, visando à promoção da saúde e bem-estar dos recém-nascidos e suas famílias.
2 METODOLOGIA
Neste trabalho realizou-se uma revisão teórica de literatura, que de acordo com TEIXEIRA (2005) apresenta o resultado da pesquisa bibliográfica sobre o tema escolhido, que neste trabalho é a Anquiloglossia. Foi analisado as publicações datadas 2018 a 2023, em revistas indexadas nas plataformas Google Acadêmico e SciElo. O objetivo foi investigar como a atuação do fonoaudiólogo interfere no progresso do tratamento, frente ao diagnóstico precoce do paciente. Foram utilizados os localizadores: Anquiloglossia, Frenotomia, Fonoaudiologia e Neonatos, no idioma português. Foram selecionados 13 artigos para a revisão, onde suas inclusões se deram a partir da inspeção de seus resumos, que inclui outros tópicos do trabalho como a metodologia e os objetivos. Excluíram-se aqueles que não abordavam o tema da pesquisa, que tinham um enfoque diferente do proposto, que estavam repetidos, duplicados ou não acessíveis.
3 ANQUILOGLOSSIA EM NEONATOS E SUA RELAÇÃO COM A FONOAUDIOLOGIA
3.1 Características da Anquiloglossia
A origem da palavra anquiloglossia vem das palavras gregas “agkilos” (curvas) e “glossa” (língua). A patologia pode ser denominada de anciloglossia, glossopexia e popularmente de “língua presa”. Na literatura são encontradas várias classificações: frênulo longo, frênulo curto, anquiloglossia, língua aderente, freio anteriorizado e outras (ABREU; NUNES, 2021).
A língua é um órgão composto por músculos, envolvida por membranas mucosas que possui um sulco em formato de V, está posicionado na face elevada posterior, onde ficam as papilas responsáveis pela gustação, abaixo, encontra-se o freio lingual, responsável por restringir sua mobilidade (GOMES et. al., 2021). São relevantes para a execução das funções fisiológicas do sistema estomatognático pois realizam o processo de mobilidade da fala, deglutição e mastigação (DANTAS, I. N. 2022).
O frênulo lingual, é formado de tecido conjuntivo, fibras elásticas, colágenas e musculares, células gordurosas e vasos sanguíneos, coberto por epitélio pavimentoso estratificado (ABREU, 2021).
Segundo Da Silva et. al. (2023), de forma clínica a língua com traços de anquiloglossia, tem um freio que apresenta encurtamento, de aparência normal, mas com impedimentos para fazer a ascensão lingual até o palato, como consequência seus movimentos ficam limitados, o que prejudica a fala e amamentação.
A anquiloglossia é uma desordem autossômica dominante, ligada ao cromossomo X, de possível manifestação em familiares próximos e muitas vezes é uma anomalia isolada. Pode apresentar-se como um dos aspectos de síndrome raras: Síndrome de Kindler, Fenda Palatina e Opitz. (GOMES et. al., 2021). É potencializada pelo uso de cocaína, por mães usuárias, assim aumentam as chances de terem filhos com essa anomalia (GOMES, 2021).
A ocorrência dessa patologia varia de 2% a 10% nos recém-nascidos, onde prevalece o sexo masculino com maior número de casos. (BONATTI et al., 2023)
3.2 Impactos da Anquiloglossia nos Neonatos
A patologia em questão provoca problemas periodontais, alterações oclusais, problemas na mastigação, deglutição e alteração dos sons da fala. Como não há elasticidade do frênulo curto, torna-se comum a dificuldade na amamentação, o que ocasiona uma alimentação precária para os recém-nascidos acometidos. Existem dois tipos de anquiloglossia, parcial e total, sendo mais comum a parcial, onde o frênulo lingual não está totalmente fundido ao pavimento bucal. A anquiloglossia total é a fusão completa da língua ao interior da boca. Ao examinar a incidência e o grau de dificuldade do total, esta torna-se mais rara. A parcial é a mais estudada e com tratamento (FERREIRA et al., 2018).
A anquiloglossia na amamentação ocasiona prejuízo ao bebê e a mãe. Na amamentação a mama é comprimida e achatada pela língua do bebê contra a papila palatina. O frênulo curto acarreta a pega imprópria do bebê no decorrer da amamentação, onde causa lesões na mama, dores no mamilo, desconforto e traumas à genitora. Bebês com frênulo lingual curto com dificuldades na amamentação, podem apresentar engasgos, tosse, asfixia ou vômitos. Pacientes com essa patologia tem características de alimentarem-se rápido ou lentamente, com mastigação de forma desapropriada. Outro problema está associado aos movimentos de retrusão, protrusão, lateralização e vibração da língua (ABREU; NUNES, 2021).
No recém-nascido com diagnóstico de anquiloglossia, não ocorre protusão da língua além do sulco alveolar inferior, não permite selar corretamente, usa a mandíbula para segurar a mama na boca. Nota-se limitação na extração do leite, que pode causar dor mamilar. Essa mesma dor sentida pela mãe acarreta uma redução de leite para o bebê. Os recém-nascidos ganham pouco peso ou são levados ao desmame precoce. (MACHADO; RODRIGUES, 2021)
Foram relatados problemas de amamentação em 55% dos pacientes com anquiloglossia, evita assim a movimentação lingual, que relaciona-se com a ação de sucção, deglutição, respiração e encarregado do vedamento anterior. Os movimentos incorretos da amamentação, acarreta cansaço nos recém-nascidos, dores no mamilo, no qual favorece a perda de peso, leite insuficiente e desmame precoce. (AZAMBUJA; TOSTES; PORTELA, 2022)
Segundo Abreu e Nunes (2021), a língua inicia sua formação ao término do segundo mês de vida intrauterina. Em seu desenvolvimento algumas células sofrem apoptose, o que ocasiona retração no freio para longe do seu ápice e gera uma prega fibromucosa chamada de frênulo lingual. Os aspectos anatômicos do freio lingual classificam-se em: curto (seu comprimento é menor que o padrão), anteriorizado (encontra-se em posição muito próxima da ponta da língua) e curto e anteriorizado (quando apresenta os dois). Tratamento conservador é menos invasivo na intervenção da anquiloglossia (sessões de fonoterapia). O objetivo é alongar a estrutura do freio lingual.
Há duas classes de tratamentos da anquiloglossia, o conservador e o não consevador (cirúrgico). Podem ser realizados juntos para um resultado de sucesso ao paciente, nesses casos é considerado a idade da criança e implicações das funções orofaciais. (GOMES, 2021)
A avaliação do frênulo lingual é realizada pela observação visual das características do freio, podendo ser diagnosticado como normal ou alterado, conforme o cirurgião dentista aplicou em seus métodos. A anquiloglossia diagnosticada em curto prazo de tempo é importante para que o recém-nascido não venha ter problemas com a amamentação e tão logo perda de peso. (ABREU; NUNES, 2021)
São diferentes tipos de protocolo para diagnóstico da anquiloglossia. Não há um protocolo que todos aceitem como padrão ouro. Para o diagnóstico, existem diferentes testes, como: Hazelbaker Assessment Tool Lingual Frenulum Function, que é pouco usado por ser extenso e complexo. Teste da Linguinha, criado por Roberta Martinelli, se divide em três etapas: 1. avaliação anátomo funcional, 2. avaliação histórica clínica, 3. avaliação sucção nutritiva e não nutritiva; a pontuação vai de 0 a 25 pontos, sendo que a soma igual ou maior que 13 indica que o frênulo pode influenciar a movimentação da língua. Bristol Tongue Assessment Tool que propõe um teste simples, objetivo e confiável, a avaliação da língua de recém-nascidos baseia-se em quatro aspectos: 1. Aparência da ponta da língua, 2. Fixação do frênulo à crista gengival inferior, 3. Elevação da língua boca aberta (chorando), 4. Projeção da língua. A pontuação varia de 0 a 8, sendo que 0 a 3 apontam uma redução grave de função da língua. TABBY (Tongue Assessment Tool for Tongue-Tie in Breastfeed Babies), que consiste em 12 imagens que mostram diferentes características da língua, como a forma da ponta, o local de fixação na gengiva, a altura de elevação com a boca aberta e a extensão de protrusão, pontuação vai de 0 a 8, sendo que 0 representa uma anomalia severa e 8 uma normalidade (AZAMBUJA; TOSTES; PORTELA, 2022).
No Protocolo de Coryllos, o frênulo lingual é classificado em diversos modelos baseado na morfologia do freio e sua posição de união no ventre lingual. Utilizado em neonatos para avaliação durante a amamentação. Divide-se em: Tipo 1, frênulo fino elástico, unida da ponta da língua ao rebordo alveolar, formato de coração ou V. Tipo 2, freio fino e elástico, unida de 2 a 4mm da ponta da língua à perto da crista alveolar. Tipo 3, frênulo espesso, não elástico e fibroso. Tipo 4, freio fino unido com o ventre da língua ao pavimento da boca. Os Tipos 3 e 4 por restringirem a alimentação dos neonatos e merecem mais atenção. Protocolo de KOTLOW, é realizada pela análise da distância da inserção do frênulo lingual ao ápice da língua. Dividida em classes, são elas: Classe 1, leve (12-16 mm), Classe 2, moderada (8-11 mm), Classe 3, severa (3-7 mm), Classe 4, completa (3 < mm). Por restringir a mobilidade da língua, as Classes 3 e 4
merecem mais atenção (ABREU; NUNES, 2021).
O número de gestantes que não tem nenhum conhecimento sobre Avaliação de Frênulo da Língua em Bebês é de 93%, somente 18% ouviram falar sobre o protocolo. Essa carência de conhecimento pode estar entre os profissionais da saúde que não entendem do assunto. Destacase a importância de cirurgiões dentistas nas equipes multiprofissionais de saúde (GOMES, 2021).
3.3 Atuação do Fonoaudiólogo do diagnóstico precoce de Anquiloglossia em neonatos
A equipe multiprofissional: odontopediatras, pediatras, fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas devem fazer o diagnóstico de anquiloglossia. O diagnóstico realizado de forma prévia gera benefícios na funcionalidade da língua, da infância à fase adulta (ABREU; NUNES, 2021).
Em 20 de junho de 2014, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei Nº 13.002, que torna obrigatória a realização do Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês nas maternidades e hospitais (públicos e privados) do Brasil, para crianças nascidas nessas instituições (GOMES, 2021).
O tratamento não-conservador após a detecção da Anquiloglossia no paciente é a intervenção cirúrgica, com os dois tipos mais usados para essa anomalia: frenotomia e frenectomia. Para o recém-nascido com anquiloglossia, a frenotomia é considerada o procedimento mais simples a ser realizado, por conta do frênulo lingual estar pouco vascularizado e quase não causar sangramento, além de sua praticidade pela realização de um simples corte nessa área. Esse procedimento pode ser realizado após 24 horas do nascimento do bebê, visto que o primeiro dia de vida não qualifica-se como um prazo ideal para a amamentação ser trabalhada com a equipe médica (ABREU; NUNES, 2021).
A frenectomia é considerada uma intervenção mais invasiva, nesta ocorre a excisão total do frênulo, que está maior e volumoso. O pós-cirúrgico devolve a mobilidade completa da língua (GOMES et. al., 2021).
Quem realiza o protocolo cirúrgico é o Cirurgião-Dentista, este que especifica a técnica utilizada para cada paciente antes de iniciar o procedimento (AZEVEDO, MARINHO, BARRETO., 2020). Segundo Gomes (2021), o profissional Odontopediatra tem conhecimento de técnicas mais simples e menos invasivas para evitar o estresse do bebê.
As ferramentas utilizadas nesse tipo de operação variam, desde o bisturi convencional ou elétrico e procedimento por laser. Deixou de ser recomendado o uso de benzocaína tópica combinada com outro anestésico local para anestesia, por conta de casos de intoxicação e risco de desenvolvimento de metemoglobinemia, mas a alternativa para bebês e crianças de até 2 anos, a lidocaína tópica, embora quando administrada em sobredosagem, também não deixe de apresentar risco (AZAMBUJA; TOSTES; PORTELA, 2022).
Não existem diretrizes corretas para a realização da cirurgia, por conta da carência de um padrão de diagnóstico, o que causa diversidade de opiniões, mas a dificuldade na amamentação é um fator decisivo (AZEVEDO, MARINHO, BARRETO., 2020).
No pós-cirúrgico da frenotomia, o paciente deve ser amamentado, pois isso ajuda a restabelecer os movimentos do bebê, além de acalmá-lo e permitir que ele melhore imediatamente ou nas primeiras 72 horas (GOMES et al., 2021).
O papel do Fonoaudiólogo, em sua área de atuação, consiste em estudar a comunicação e os seus distúrbios, além de praticar a promoção da saúde. A necessidade de inserir a área fonoaudiológica na atenção básica, visa promover informações para a população e abranger as mais diversas áreas em conjunto com os profissionais de saúde, o que procede em uma maior resolução de ocorrências (CABRERA, ELIASSEN, ARAKAWA-BELAUNDE, 2018).
Conhecido como o método conservador, uma alternativa para a intervenção cirúrgica é a inclusão de sessões de Fonoterapia e Terapia Miofuncional (ABREU; NUNES, 2021). O profissional deve fazer a avaliação com base na singularidade de cada paciente, de acordo com Azevedo, Marinho e Barreto (2020), e assim promover um diagnóstico correto.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nos critérios de seleção estabelecidos, foram selecionados 13 artigos dos últimos 5 anos, onde buscou-se analisar os principais estudos sobre Anquiloglossia em Neonatos e papel da Atuação Fonoaudiológica, considera-se as indicações dos fatores que originam a anomalia, apresentação das consequências da condição em neonatos e as vantagens da atenção fonoaudiológica na maternidade.
No Quadro 1 a seguir, apresenta-se a síntese dos artigos incluídos na presente revisão.
TÍTULO | AUTOR | OBJETIVO GERAL | RESULTADOS |
1 | Abordagens terapêutica de anquiloglossia: uma revisão de literatura | ABREU, M. A. S. (2021) | “Analise da literatura acerca da abordagem terapêutica de anquiloglossia, incluindo aspectos do diagnóstico, possíveis fatores causais e suas formas de tratamento atuais.” | “A literatura relata que a anquiloglossia pode ser encontrada em bebês, adolescentes e adultos. Dessa forma, é de suma importância que o cirurgião dentista obtenha conhecimento de todos os protocolos diagnósticos e técnicas cirúrgicas, a fim de melhor orientar o paciente a escolher o tratamento adequado e juntamente com o fonoaudiólogo, promovendo a saúde e o bem- estar do paciente.” |
2 | Anquiloglossia: revisão de literatura | FERREIRA et al., (2018) | “Relacionar as malformações da língua, dando ênfase a anquiloglossia, caracterizar a área afetada e relatar sobre os possíveis tratamentos para essa patologia” | “Um dos fatores para a causa dessa anomalia é o hereditário, de origem autossômica dominante, relacionado ao cromossomo X. Apesar de existir vários tipos de anquiloglossia, a mais comum é a parcial, em que um frênulo lingual não fundido completamente, é tratado através da frenotomia.” |
3 | Teste da linguinha e sua importância no diagnóstico e tratamento da anquiloglossia | GOMES, (2021) | “Colaborar com Odontopediatras em relação ao exame, diagnóstico e tratamento da anquiloglossia.” | O teste da linguinha é extremamente importante para a avaliação do freio lingual e diagnostico final para realizar o procedimento correto. Todos os testes disponíveis fazem parte de um grupo eficaz contribuindo ao tratamento de forma exata. |
4 | Fonoaudiologia e promoção da saúde: revisão integrativa | Cabrera, M. F. B., da Silva Eliassen, E., & Arakawa- Belaunde, A. M. (2018). | “Verificar as ações de promoção da saúde realizadas pelos fonoaudiólogos em âmbito nacional, assim como as temáticas abordadas em suas ações.” | “É relevante a ampliação da atuação do fonoaudiólogo com outros profissionais da saúde no desenvolvimento de ações e práticas de promoção da saúde, além do (re)conhecimento dos gestores sobre a importância do trabalho fonoaudiológico.” |
5 | Influência da frenotomia na amamentação em recém- nascidos com anquiloglossia | Lima, A. L. X. D., & Dutra, M. R. P. (2021) | “Avaliar a influência da frenotomia sobre a amamentação de recém-nascidos com diagnóstico de anquiloglossia.” | “A intervenção cirúrgica, denominada frenotomia, possibilitou a melhora dos sintomas negativos da amamentação em neonatos com diagnóstico de anquiloglossia.” |
6 | Anquiloglossia em bebês: da embriologia ao tratamento-uma revisão de literatura | Azambuja, I. Z., Tostes, M. A., & Portela, M. B. (2022) | “Realizar uma revisão narrativa de literatura sobre a anquiloglossia em bebês, apresentando os critérios para diagnóstico, implicações na amamentação e formas de tratamentos” | “Faz-se necessário a realização de estudos controlados e com baixo viés metodológico sobre diagnóstico, tratamento e impactos da anquiloglossia na amamentação para padronizar e nortear a conduta clínica da equipe multidisciplinar responsável pelo binômio mãebebê no período puerperal.” |
7 | Anquiloglossia e Frenectomia: uma revisão de literatura | Azevedo, A. V., Marinho, J. L., & Barreto, R. C. (2020) | “Apresentar uma revisão de literatura sobre a anquiloglossia, suas principais características e as principais técnicas cirúrgicas indicadas para a realização da frenectomia ou frenotomia.” | “A literatura relata que a anquiloglossia é considerada rara e pode ser encontrada em bebês, adolescentes e adultos. É essencial que o cirurgião dentista obtenha conhecimento de todas as técnicas cirúrgicas, a fim de melhor orientar o paciente a escolher o tratamento adequado e juntamente com o fonoaudiólogo, promover a satisfação, saúde e bem-estar.” |
8 | Anatomia, diagnóstico e tratamento de anquiloglossia na primeira infância | Gomes, J. D. L., de Freitas, R. C., da Costa, T. N., & Carlos, A. M. P. (2021) | “Abordar através de uma revisão narrativa sobre anatomia, diagnóstico e tratamento de anquiloglossia na 1º infância para mostrar a relevância de uma intervenção | “Quando o problema é bem assinalado poderá cooperar para o melhor progresso do psíquicoemocional do indíviduo, proporcionando uma melhor mobilidade do movimento da língua, assim como uma melhor pronúncia das palavras.” |
odontológica nesses casos” | |||||
9 | Anquiloglossia, frenotomia e frenulotomia em recém-nascidos: revisão de literatura | DANTAS, I. N. (2022) | “conhecer anquiloglossia e os procedimentos cirúrgicos para tratamento em recém-nascidos a partir da literatura científica, mediante uma revisão bibliográfica” | “A anquiloglossia afeta qualidade de vida de indivíduos, desde o período neonatal, podendo ser diagnosticada e tratada precocemente pelo cirurgiãodentista, o que favorecerá o seu melhor desenvolvimento, bem como o do bebê.” | |
10 | Anquiloglossia sob a visão da odontologia: um panorama de evidências científicas | da Silva Caldas, T. T., Carvalho, W. C., & Thomes, C. R. (2023) | “Este trabalho teve como objetivo analisar o panorama geral de evidências científicas relevantes existentes sobre a anquiloglossia em âmbito odontológico.” | “A anquiloglossia é caracterizada por freio lingual muito curto capaz de com diminuição da mobilidade lingual. Sua etiologia é multifatorial e ainda em partes desconhecida. O diagnóstico da anquiloglossia não é padronizado, mas se baseia em inspeções orais. A terapêutica dessa condição pode ser não-cirúrgica ou cirúrgica, dependendo de cada caso.” | |
11 | Anquiloglossia e frenotomia lingual em bebês | Bonatti et. al,. (2023) | “apresentar uma revisão integrativa sobre o diagnóstico da anquiloglossia, implicações técnicas da frenotomia lingual em bebês e eventuais benefícios da realização desse procedimento nas fases iniciais da vida.” | “O diagnóstico da anquiloglossia em bebês, quando realizado de forma correta por uma equipe multidisciplinar de saúde, associado à execução satisfatória da técnica de frenotomia lingual, leva a melhor qualidade de vida para o bebê e para a mãe, uma vez que aprimora o desenvolvimento psíquico-emocional da criança, devolve adequadamente as funções da língua para a fala, deglutição, fonação e pega de amamentação, além de contribuir para a redução da dor, na mãe, durante o processo de aleitamento natural.” | |
12 | Impactos da anquiloglossia em bebês | de Oliveira Machado, G., & Rodrigues, I. A. L. C. (2021) | “Discutir impactos anquiloglossi vida do neona demonstrar protocolos existentes permitem avaliação destacar importância diagnóstico’ | os da a na to e os que a e a do | “O trabalho justificou-se e tornou-se relevante por destacar a participação do fonoaudiólogo no diagnóstico da anquiloglossia e nas intervenções que prevenirão alterações de sucção, deglutição, fala e articulação.” |
13 | Prevalência de anquiloglossia em bebês no município de Caicó | Souza, A. N. D. (2022) | “O estudo se propôs a verificar a prevalência de anquiloglossia em bebês atendidos pelo Projeto Teste da Linguinha, em Caicó/RN, bem como avaliar a relação dessa alteração com a sucção nãonutritiva e nutritiva.” | “A anquiloglossia é uma alteração comum, que pode prejudicar a experiência de amamentação, em razão de estar associada à dificuldade nos movimentos da língua durante a sucção e ordenha do leite materno.” | |
QUADRO 01 – Objetivos e Resultados dos estudos coletados
A anquiloglossia é considerada uma anomalia em que existem registros históricos voltados para 1800, onde as parteiras cortavam o frênulo com a unha, sem ter conhecimento de qualquer prevenção a infecção ou doenças. Alguns autores abordam a anquiloglossia e seu aparecimento de maneira incerta, embora a genética comprometa-se, por estar relacionada ao Cromossomo X. (BONATTI et al., 2023) O uso de cocaína durante a gestação aumenta cerca de 3x mais as chances de apresentar a condição, por conta de diminuir as taxas mitóticas do desenvolvimento do embrião. (FERREIRA et. al, 2018)
Após a realização da cirurgia de Frenotomia, ocorre a melhora da amamentação, que sem sua realização poderia ser prejudicada pela fadiga do bebê e pela falta de coordenação dos movimentos de pega, sucção, deglutição e respiração durante a mamada. (DANTAS, 2022)
O teste da linguinha é um procedimento simples e rápido que detecta se o bebê tem alguma anormalidade no frênulo lingual, que é um tecido que conecta a língua ao fundo da boca
(GOMES, 2021). Essa anormalidade pode atrapalhar a amamentação, a fala e a deglutição do bebê, leva-o ao desmame precoce dentro dos seis primeiros meses de vida, que é prejudicial para a saúde (ABREU; NUNES, 2021).
O papel do fonoaudiólogo é fundamental na promoção da saúde das mães gestantes e dos recém-nascidos, visto que o diagnóstico afeta o lactente e a mãe, pois ele pode orientar sobre a importância do teste da linguinha, realizar o exame, indicar a cirurgia de frenotomia se necessário, e acompanhar o desenvolvimento da alimentação e da comunicação do bebê. Muitas mães gestantes não sabem do teste da linguinha, o que pode comprometer a saúde e o bem-estar de seus filhos. (GOMES, 2021).
Na fase escolar, essas crianças podem sofrer bullying, que pode causar problemas na autoestima, na autoimagem e na saúde mental das vítimas, que se sentem humilhadas, excluídas e inferiores. (ABREU; NUNES, 2021).
Segundo Abreu e Nunes (2021), a anquiloglossia ocorre mais frequentemente em bebês do sexo masculino, porém Souza (2022) defende que a alteração é mais prevalente nos homens do que nas mulheres, outros autores contestam essa tese e não acham evidências suficientes para confirmar que há uma diferença de incidência entre os sexos, mesmo que alguns estudos apontem o contrário.
É importante que o diagnóstico da anquiloglossia seja feito por uma equipe multidisciplinar, composta por pediatra, neonatologista, otorrinolaringologista, odontopediatra, cirurgião pediátrico e fonoaudiólogo. Esses profissionais podem avaliar a condição do frênulo lingual, indicar o tratamento mais adequado, como a cirurgia ou a terapia, e acompanhar o desenvolvimento de acordo com cada característica do bebê ou da criança (AZAMBUJA; TOSTES; PORTELA, 2022).
Alguns estudos sugerem que a alteração do frênulo pode causar dificuldades na pega, sucção e deglutição do bebê, o que leva a problemas como baixo ganho de peso, dor e trauma mamilar, e menor duração do aleitamento materno. Nesses casos, a frenotomia, ou seja, o corte cirúrgico do frênulo, seria uma intervenção benéfica para melhorar a qualidade e a eficiência da amamentação (ABREU; NUNES, 2021). No entanto, outros estudos não encontraram evidências consistentes de que a anquiloglossia interfere na amamentação, nem de que a frenotomia traz benefícios significativos para as mães e os bebês, essa anomalia não é o único fator que pode prejudicar o aleitamento, a anatomia das mamas e dos mamilos, a experiência materna e a produção de leite materno também podem afetar a lactação e essas questões devem ser levadas em consideração na escolha do tratamento, principalmente antes do encaminhamento para a cirurgia (AZAMBUJA; TOSTES; PORTELA, 2022).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa destacou a anquiloglossia, condição congênita que afeta a língua, com presença de dois tipos (total e parcial), no qual a parcial é mais comum e tratável. A origem indeterminada, possivelmente ligada à hereditariedade e ao Cromossomo X, causa complicações como prejuízos na amamentação, sucção e deglutição, onde ocasiona dores mamilares e traumas para a mãe e o bebê.
Os objetivos da pesquisa foram alcançados ao enfocar a necessidade de um diagnóstico mais eficaz da anquiloglossia por equipes multidisciplinares, mediante o uso de protocolos como o Teste da Linguinha, obrigatório no Brasil pela Lei 13.002/2014. Ressaltou-se a importância da análise conjunta de profissionais na orientação, avaliação e decisão sobre métodos adequados, com a essencial participação de uma equipe multidisciplinar na reabilitação do neonato.
Com isso, constatou-se que a incorporação da fonoaudiologia na atenção básica à saúde desempenha função importante na promoção do bem-estar de mães gestantes e recém-nascidos. O fonoaudiólogo, como parte da equipe multidisciplinar, contribui não só ao orientar e promover o Teste da Linguinha, mas também ao recomendar a frenotomia quando necessário para buscar benefício geral.
A anquiloglossia, condição congênita acomete a movimentação da língua, é influenciada pelo uso de cocaína durante a gestação, aumenta três vezes as chances em neonatos. Algumas síndromes, como Fenda palatina, Optiz, Van der Wonde e Kindler, apresentam características semelhantes. O fonoaudiólogo desempenha papel fundamental na observação e avaliação e orienta sobre a necessidade cirúrgica. Este estudo tem destaque na condição, abordando origem incerta, hereditariedade, uso de substância ilícita e síndromes relacionadas. A proposta visa disseminar a relevância de protocolos diagnósticos, como o Teste da Linguinha, e promover o papel vital da equipe multidisciplinar na saúde, em especial destaque ao fonoaudiólogo. Sugere-se, para futuras pesquisas, aprofundar as práticas da fonoaudiologia na atenção básica, com enfoque no impacto da resolução de casos de anquiloglossia e no bem-estar de mães e bebês.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1Deusa Maria Luana Silva Gonçalves Graduanda do Curso de Bacharel em Fonoaudiologia pela Universidade Nilton Lins – UNILINS; E-mail: luanaamaria084@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0006-3499-4420.