A FUNCIONALIDADE E AS INTERCORRÊNCIAS NA UTILIZAÇÃO DO ÁCIDO HIALURÔNICO NA ESTÉTICA

THE FUNCTIONALITY AND INTERCURRENCES IN THE USE OF HYALURONIC ACID IN AESTHETICS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11493543


MELO, I.S[1]
LOUREIRO, R.R[2]


RESUMO

Considerando que o aumento da procura por procedimentos estéticos pela população em geral tem crescido exponencialmente, os estudos relacionados a esses procedimentos, técnicas e produtos utilizados para satisfazer esse anseio social também tem aumentado. Essa ascensão impacta diretamente a área biomédica e os profissionais ligados a esta ciência. Assim, partindo desse pressuposto e diante da vasta necessidade de conhecimento aprofundado em razão da ligação direta à saúde e bem-estar das pessoas, busca-se aprofundar os estudos das principais intercorrências da aplicação do ácido hialurônico como preenchedor facial. Para tanto, na elaboração deste projeto de pesquisa foi realizado um levantamento bibliográfico com foco na abordagem dos efeitos adversos decorrentes da aplicação do ácido hialurônico como procedimento estético. Sobretudo, quanto aos riscos decorrentes desses procedimentos, em especial, do ácido hialurônico aplicado na face e servir como alerta das consequências desfavoráveis decorrentes da aplicação, tanto aquelas conhecidas pela ciência quanto aquelas que ainda necessitam de estudos mais aprofundados, ainda com a indicação de possíveis tratamentos que possam mitigar a ocorrência e/ou consequência de tais intercorrências e, sendo elas inevitáveis, apresentar caminhos já conhecidos pela ciência para reparação das consequências decorrentes de tal aplicação.

Palavras – chave: Estética; Intercorrências; Ácido Hialurônico.

INTRODUÇÃO

Desde os tempos mais remotos é percebido o anseio dos indivíduos em ter uma aparência jovial, sendo levado em consideração o envelhecimento cutâneo responsável por provocar alterações no funcionamento muscular, na sustentação da pele, atenuação, degeneração e dispersão do volume de secção de adiposes faciais, o que acabam por provocar transformações significativas na fisionomia e anatomia do rosto, fato este que faz com que as pessoas busquem cada vez mais por procedimento estéticos invasivos e não invasivos, afim de aperfeiçoar sua aparência [1]

O ácido hialurônico (AH), é produzido por células encontradas no organismo humano, tendo como sua fórmula molecular (C14H21NO11), sendo ainda composto por ácido glucurônico e N-acetigluconamina, os quais possuem como sua principal função manter o desempenho do fluido sinoval das articulações, olhos e das cartilagens [1]

Além disso, o AH é capaz de oferecer resistência à compressão em razão de suas propriedades elásticas, o que faz com que a pele esteja protegida por danos existentes no meio exterior.[1]. Ressalta-se que a presença do AH no corpo humano age de forma decrescente, ou seja, dimunui com o passar dos anos, contribuindo para o surgimento de rugas na pele [1]

O AH sempre será encontrado no organismo humano, porém com o envelhecimento natural da pele acaba tornando-se mais escasso e justamente essa escassez é a responsável por desenvolver as marcas de expressão, as rugas e depressões na derme que sofre pela falta da hidratação [2]. Neste viés, sendo realizada a aplicação de AH trazendo o rejuvenescimento cutâneo [2].

Frente ao aumento na demanda pela busca de profissionais da áera da estética, os quais são indicados para a realização desses procedimento, é evidenciado também um aumento das intercorrências, podendo ser advindas de vários fatores, seja pela inaptidão dos profissionais, que muitas vezes não se encontram capacitados para a realização de procedimentos que tenham como sua matéria-prima o AH, ou até mesmo pela própria ação da subustância no organismo de cada indivíduo [2]. É importante individualizar cada paciente, tendo um objetivo mais adequado que atenda às suas necessidades, custos e expectativas e para isso é necessário que haja um planejamento antes do procedimento e uma boa anamnese [2].

Com este cenário em mente, o objetivo desta pesquisa versa mostrar a funcionalidade e as intercorrências trazidas pela utilização do AH nos procedimentos estéticos, além de  apresentar o conceito e função do AH; mostrar as principais causas que levam às intercorrências devido à sua má administração e identificar como ocorre o tratamento nos casos de intercorrências.

MÉTODO

No presente estudo foi realizada uma revisão da literatura, neste sentido, foram utilizados como critérios para o desenvolvimento da pesquisa: artigos publicados nos últimos 05 anos, com textos principalmente em português; tendo esses o foco voltado para os profissionais de Biomedicina e Estética. Além disso, também foram buscadas informações sobre a legislação relacionada ao tema, assim, como a visita à sites confiáveis como: Google Acadêmico, Scielo, PubMed, Lacas, Medline, entre outros.

Como critério para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizados 16 artigos publicados no período de 05 anos (2019 a 2023); com textos principalmente em português, tendo esses o foco voltado para os profissionais de biomedicina.

Com as três palavras chaves escolhidas, ácido hialurônico, intercorrências e autoestima, foram eleitas como cenário para coleta de dados a Biblioteca Virtual em Saúde / Bireme.

JUSTIFICATIVA

Justifica-se a pesquisa por ser percebido que, embora exista no mercado tratamentos que possam reverter algumas intercorrências, é imprescindível a capacidade técnica do profissional especializado para realização do procedimento estético em que se utiliza o AH em razão da observância nos mais diversos aspectos que podem influenciar tanto no procedimento, quanto em relação ao paciente.

DESENVOLVIMENTO

ÁCIDO HIALURÔNICO (AH)

O AH, é produzido a partir de células que estão presentes no organismo humano, sendo representado pela fórmula molecular C14H21NO11, encontrado em sua composição ácido glucurônico e N-acetilglucosamina, os quais possuem como seu principal objetivo manter o desempenho do fluido sinoval das articulações, principalmente dos olhos e cartilagens [2].

O AH age de forma a oferecer uma resistência à compreensão em razão das propriedades elásticas presentes em sua composição, o que faz com que a pele se encontre protegida de danos existentes no meio exterior [2]. Assim, se faz de grande importância destacar que a presença de AH no organismo humano é vista de maneira decrescente, ou seja, vai diminuindo com o tempo, o que contribui para o aparecimento de rugas na pele [2].

A escassez do AH é a maior responsável para que sejam notados os sinais de envelhecimento da pele, sendo perceptível marcas de expressão, rugas e ainda depressões na derme provenientes da falta de hidratação dérmica [3]. Neste viés, a realização da aplicação de AH é capaz de trazer o rejuvenescimento cutâneo [3].

No que se refe as características do AH, este é injetável e atua nas regiões dérmicas superficiais, médias e profundas [3]. Sua administração é realizada através da utilização de uma agulha ou cânula, sendo levado em consideração que a profundidade de aplicação dependerá da sua viscoelasticidade [3].

Afirma-se que o AH pode ser considerado como uma das moléculas com maior capacidade de retenção de àgua, cerca de até mil vezes o seu peso [4]. Logo, a capacidade de hidratação do AH é de suma importância, já que apresenta uma ação hidratante e preenchedora a qual colabora para manter ou resgatar a hidratação da pele [4].

As características que envolvem o AH variam entre sua concentração total, ou seja, por grau de reticulação, tamanho de partículas, força de estrussão e de porcentagem de AH reticulado, que age através de ligações intermoleculares que estabiliza sua estrutura, aumentando a meia vida e firmeza do gel [5]. Porém, o AH não reticulado não apresenta um efeito volumizador e tem uma curta duração, tendo a capacidade de se difunir nos tecidos periférico, o que é importante para que ocorra a hidratação da pele [5].

Os preenchedores de AH apresentam duas classificações: monofásicos e bifásicos [5]. No que se refere aos monofásicos, são homogêneos de combinação de alto e baixo peso molecular, fato que acaba facilitando a sua aplicação, podendo até mesmo ser reticulados de uma única vez  (monodensificados) ou reticulado mais vezes (polidensificados) [5]. Já os bifásicos, possuem alta viscosidade e elasticidade, através de suas partículas heterógenas [5].

Percebe-se que o AH necessita de massa molar de forma apropriada para que sua aplicação ocorra de maneira segura, portanto precisa ser revestido e ter um grau elevado de pureza devido ao seu peso molecular, o qual pode fazer com que seja desencadeadas reações após a sua aplicação [6].

O AH possui tipos de reticulação (cross-linking) que tem como intuito aumentar a duração do preenchedor, sendo um processo químico em que as substâncias proporcionam ligações intermoleculares para estabilizar a molécula e diminuir sua degradação enzimática [6].

INTERCORRENCIAS RELACIONADAS AO ÁCIDO HIALURÔNICO (AH)

O AH, é encontrado na derme, sendo essa a camada mais profunda da pele, oferecendo mais firmeza, hidratação e uma textura homogênea dando a pele a aparência de preenchida [7]. Quando ocorre sua escassez, percebe-se a formação de sulcos profundos, e nesta situação ocorre a procura por clínicas e centro estéticos na busca de procedimentos estéticos que tenham como sua matéria-prima o AH [7].

Ressalta-se que, como qualquer outro tipo de substância, o AH também apresenta algumas intercorrências, podendo ser advindas do próprio produto, da técnica utilizada ou até mesmo pela inexperiência do profissional ao realizar a aplicação do mesmo, fazendo com que apareçam efeitos colaterais, que podem ser vistos em caráter precoce ou tardio [7].

É percebido que o uso de preenchedores à base de AH teve um aumento significativo quando se trata em rejuvenescimento facial, sendo observado ainda que seu uso traz inúmeros benefícios para a pele [8]. Com essa demanda, é de se esperar que ocorram efeitos indesejáveis e, algumas vezes graves, mesmo que o AH seja uma substância degradável pelo organismo, algumas complicações demandam tratamentos rápido, por isso o acompanhamento pós procedimento é de extrema importância, de forma a diminuir o risco de sequelas podendo ser irreversíveis [8].

As complicações trazidas pela utilização do AH, podem estar relacionadas a inúmeros fatores, neste sentido, podendo estar incluídos a qualidade do produto que são utilizados nos procedimentos, o profissionalismo, e até mesmo a falta de individualização de cada paciente [8].

Percebe-se que muitos profissionais pecam em não mostrar um trabalho de forma individual, onde na primeira consulta seja percebido e destacado qual o melhor caminho a percorrer com o paciente, se o procedimento atenderá suas necessidades, e vá suprir suas expectativas [8].

A aplicação do AH pode ser realizada com o auxílio de cânulas ou agulhas tradicionais, em contraste, sendo visto que a agulha, por apresentar pontas cortantes, pode vir a causar desconforto ao paciente, sendo ainda mais dolorosa a aplicação, podendo acabar por danificar a parede de pequenos vasos sanguíneos causando hematomas; já as cânulas, sendo mais longa e mais flexível do que a agulha, apresentam em suas pontas rombas e uma abertura lateral, o que faz com que o produto ao ser injetado seja distribuído, de forma mais suave e uniforme [9]. Ressalta-se que, tanto para a utilização das agulhas, quanto para as cânulas, é de extrema importância que o profissional tenha conhecimento anatômico para que possa ser minimizado ao máximo qualquer tipo de intercorrência que possa surgir durante ou após o procedimento [9].

A diferença na injeção de AH com agulha e cânula pode ser observada na figura (01):

Figura (01): Diferença entre agulha e cânula ao atingir um vaso.

Fonte: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=265542585009 – Acesso em: 19 nov.2023

Com a utilização do AH podem ocorrer efeitos adversos, estando estes divididos em imediatos ou precoces e tardios, que podem variar desde um edema, dor considerável como leve, intensa, equimose, isquemia, eritema leve até a necrose [10].

Eritema e edema são manifestações imediatas e de curta duração, observadas na maioria dos procedimentos realizados, podendo ter consequências no local preenchidos se houver múltiplas aplicações [10]. Para amenizar essas manifestações indica-se manter a cabeça elevada e uso de compressa de gelo com intervalos de 5 a 10 minutos. [10, 11]. Lembrando que o uso de anestésicos com vasopressor, compressa fria e um menor número de picadas na pele pode amenizar ou até evitar o aparecimento de edema [10, 11].

Figura (2): Edema e Eritema

Fonte:http://www.rbcp.org.br/details/2466/celulite-em-face-apos-preenchimento-com- acido

Sobre as intercorrências mais graves, ressalta-se os nódulos, que são manifestações de curto/médio prazo, onde pápulas esbranquiçadas ou normocromicas ou nódulos são observados e, na maioria das vezes, ocorre devido a má técnica de aplicação [12]. Como tratamento, recomenda-se massagem local, corticoide oral e, em casos graves, remoção cirúrgica. [12].

Antes do aparecimento da necrose, o paciente relata dor intensa e, horas depois, a coloração da pele fica pálida (isquemia), evoluindo para o tom cinza-azulado, apresentando úlceras e só depois necrose local [12]. Diversos estudos demonstram que a região da glabela apresenta o maior risco de necrose tecidual por oclusão arterial [12]

A maioria dos nódulos ocorrem devido erros na técnica na aplicação, ou pelo preenchedor ser aplicado de forma superficial [12]. Sobre o tratamento, é indicado massagem local e em alguns casos mais severos utiliza-se o corticoide. [12]

A figura (03), mostra a formação de nódulos após a injeção de preenchimento nos lábios.

Figura (03): Formação de nódulos após injeção de preenchimentos nos lábios.

 Fonte: https://faculdadefacsete.edu.br/monografia/files/original/07ed9d59828dd913a8b39ca058

Para que tais intercorrências não sejam percebidas, é de extrema importância que seja observado a reação do organismo do paciente após a aplicação do AH, já é descrito na literatura que os eventos adversos imediatos geralmente se manifestam a partir de uma inflamação leve, dor com sensibilidade no local onde foi realizada a aplicação da substância, hematomas e eritemas, os quais podem variar de intensidade e também em sua duração, no que diz respeito aos eventos tardios, estes tendem a ter como principais sintomas: a apresentação de nódulos, o encapsulamento do produto e a hipercorreção tecidual [13].

A ocorrência de complicações com a utilização do AH, na maioria das vezes, são vistas como leves, sendo raros os eventos graves [13]. A importância que se deve ter em relação a seleção e colocação do produto de forma correta, já que a colocação do produto pode ajudar a prevenir complicações a curto e a longo prazo [13].

 Percebe-se que o AH tem propriedades hidrofílicas podendo aumentar alguns efeitos como edema, equimose, hematoma, não alterando o resultado final do procedimento [13]. Se a técnica e o produto não forem selecionados corretamente pode agravar essas consequências [13]. A ruptura de vasos profundos pode ocasionar sangramentos volumosos, portanto a iluminação, conhecimento da topografia vascular da região e cautela são importantes para diminuir o risco de perfuração de vasos, se o sangramento for intenso pode ser necessária a cauterização do vaso [13]

Em relação a classificação dos eventos entendidos como adversos, estão de fato relacionados ao tempo de surgimento das intercorrências, o que pode ser dividido em três intervalos compreendidos como: início imediato (quando ocorre em até 24 horas, após a utilização da substância), início precoce (quando as intercorrências se manifestam entre 24 horas e até 30 dias, da utilização do AH), ou de início tardio (quando os sintomas aparecem após o período de 30 dias do uso de AH) [14].

De forma geral, os efeitos adversos mais severos e graves, vistos após a utilização do AH, estão relacionados na maioria das vezes à falta de conhecimento da anatomia facial por parte dos profissionais que estão manipulando o procedimento. [14]. Levando ao paciente consequências como: como isquemia por compressão vascular e embolia por depósito do produto de forma intravascular, que pode levar a graves complicações como embolias, cegueira, necrose e acidente vascular encefálico. [14]

TRATAMENTOS DISPONÍVEIS PARA INTERCORRENCIAS COM ÁCIDO HIALURÔNICO (AH)

No que se refere aos tratamentos disponíveis para as intercorrências provocadas pela utilização do AH, podem ocorrer reações adversas e nenhuma técnica está isenta de riscos, mesmo que sejam raros os casos [15].

A pele é um dos órgãos afetados pelo envelhecimento,  sendo o maior e mais pesado órgão do organismo humano, constituída por duas camadas principais e uma subcutânea, sendo elas epiderme, derme e hipoderme e com várias funções, dentre elas: proteção microbiológica, fisiológica e mecânica do organismo, regulação da temperatura, recepção de estímulos e produção da vitamina D [15].

Estudos revelam que complicações precoces arteriais podem ser evitadas com o uso de ultrassonografias de alta frequência [15]. Modelo que tem como principal finalidade diminuir os riscos e ainda visualizar de maneira exata a quantidade de produto que deve ser injetado, o que faz com que seja reduzido e evitado os riscos vasculares na área cutânea [15]

A introdução de equipamentos de alta frequência, podendo estes ser ou não com Doppler, acabam por permitir a visualização das estruturas superficiais, o que fornece uma exploração mais detalhada da pele. [15]. Importante ressaltar que quanto maior for a frequência do transdutor, maior será a definição trazida na imagem entre dois pontos próximos entre si, mecanismo este que permite definir na imagem a distinção da epiderme e da derme e suas respectivas camadas, como pode ser evidenciado na figura (04). [15]

Figura (04): Camadas da pele

Fonte: Rodrigues (2021, p.02)

Outra técnica utilizada para que haja a correção de complicações provocadas pela má utilização do AH, é a enzima hialuronidase derivada do testículo bovino e ovino [15]. É uma enzima catalizadora, ou seja, ela catalisa a matriz que existe entre as células do tecido conectivo e por consequência desenvolve a ação de despolimerizar a molécula de AH, fazendo desta matriz menos densa, assim, degradando o produto [15].

Sobre a utilização desta enzima, afirma-se que teve seu uso inicialmente para tratar de intercorrências como: edema, eritema, nódulos entre outros, e que mesmo apresentando raros efeitos adversos é necessário que o profissional tenha cautela ao utilizá-lo, iniciando por doses baixas de enzima com o objetivo de reduzir reações alérgicas, o que é demonstrado na figura (05) [15].

          Figura (05): Aplicação de hialuronidase e degradação do ácido hialurônico.

 Fonte:http://www.ciodonto.edu.br/monografia/files/original/b457a8ea6f229211dbfa14b7fc

A hialuronidase age despolimerizando de forma reversível o AH existente ao redor das células do tecido conjuntivo, reduzindo de forma temporária a viscosidade desse tecido e ainda o tornando permeável em relação a difusão de líquidos [16].

Segundo os estudos, verifica-se uma rara reação no que tange a hipersensibilidade com o uso da enzima, no entanto não se faz necessário que seja realizado testes alérgicos para que seja utilizada [16]. Porém, o profissional habilitado deve estar preparado para esta rara possibilidade alérgica ou reação anafilática. [16].

É percebido que a hialuronidase deve ser injetada em áreas onde a circulação de sangue parece estar reduzida. [16]. Não existe a necessidade de injetar mais do que alguns pontos na região afetada, uma vez que a enzima se funde através dos planos faciais, sendo necessário que sejam realizadas massagens no local. [16]

Conclui-se que, embora sejam apresentados alguns tratamentos que possam fazer com que as intercorrências sejam sanadas, é necessário que os procedimentos estéticos sejam realizados com profissionais habilitados, qualificados e especializados no assunto, em razão da observância de que as intercorrências podem surgir através da substância utilizada, do próprio organismos do paciente e ainda do trabalho desempenhado pelo profissional

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na revisão bibliográfica apresentada acerca da funcionalidade e as intercorrências na utilização do AH na estética, foi percebido que na contemporaneidade há uma grande demanda de profissionais, serviços estéticos e também um grande número de pessoas cada vez mais adeptos aos procedimentos estéticos, dentre eles destaca-se o AH, utilizado como preenchedor facial.

Constatou-se que o AH, é produzido por células que são encontradas no próprio organismo humano, e possui como sua principal função manter o desempenho do fluido sinoval das articulações, olhos e das cartilagens. Além de oferecer resistência à compressão em razão de suas propriedades elásticas, o que faz com que a pele esteja protegida por danos existentes no meio exterior. Sendo ressaltado que a presença do AH no corpo humano age de forma decrescente, ou seja, dimunui com o passar dos anos, contribuindo para o surgimento de rugas na pele, motivo que leva as pessoas a procurarem cada vez mais por procedimentos estéticos.

Sobre as intercorrências, foi observado que estas podem ser advindas do próprio produto, pela técnica utilizada ou até mesmo pela inexperiência do profissional ao realizar a aplicação do mesmo, fazendo com que apareçam seus efeitos colaterais, que podem ser vistos em caráter precoce ou tardio. Em relação as intercorrências mais percebidas destacam-se: edema, nódulos, dores de leve a intensa, equimose, isquemia, eritema leve até a necrose, entre outras.

No que se refere ao seu tratamento, foi percebido que pode ser utilizado o uso de ultrassonografias de alta frequência, que tem como sua principal finalidade diminuir os riscos e ainda visualizar de maneira exata a quantidade de produto que deve ser injetado, o que faz com que seja reduzido e evitado os riscos vasculares na área cutânea; e a utilização da enzima hialuronidase que age despolimerizando de forma reversível o AH existente ao redor das células do tecido conjuntivo, reduzindo de forma temporária a viscosidade desse tecido e ainda o tornando permeável em relação a difusão de líquidos.

Por fim, é percebido com o fim da pesquisa que mesmo que as intercorrências ocorram de forma rara, e que hoje a medicina disponibiliza de maneiras de tratar as mesmas, é indispensável a busca por profissionais capacitados e qualificados para desenvolver da melhor forma o procedimento estético, trazendo a alegria, a autoestima que o paciente deseja e é claro sua saúde e bem-estar.

REFERÊNCIAS

[1] ALMEIDA, Ada Regina. Diagnóstico e tratamento dos eventos adversos do ácido hialurônico: recomendações de consenso do painel de especialistas da América Latina.2017. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-880344 Acesso em: 17 nov.2023.

[2] BARBA, José. Efeito da Microdeermoabrasão no Envelhecimento facial. Revista Inspirar, v. 1, n. 1, 2009. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ Acesso em: 17 nov.2023.

[3] BRAGA, Júlio. Uso de ácido hialurônico em procedimentos de harmonização facial por farmacêutico estético: uma revisão integrativa. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, [S. l.], v. 11, n. 4, pág. 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i4.26949. Disponível em: https://rcec.com.br/journal/index.php/rcec/article/view/68 Acesso em: 18 nov.2023.

[4] CAZERTA, Camila. Manejo e complicações de preenchedores dérmicos. 2016. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=265549460019. Acesso em: 20 nov.2023.

[5] COIMBRA, Daniel. Quadralização facial no processo de envelhecimento.2014. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2655/265530997015 Acesso em: 19 nov.2023.

[6]CROCCO, Elisete Isabel. Eventos adversos do ácido hialurônico injetável. Surgical & Cosmetic Dermatology, vol. 4, núm. 3, 2016.

[7]DIAS. Jéssica Rodrigues. Intercorrências com ácido hialurônico. 2019. Disponível em: http://faculdadefacsete.edu.br/monografia/ Acesso em: 20 nov.2023.

[8]LUVIZUTO, E. Arquitetura facial. 1°edição. São Paulo: Napoleão, 2019.

[9]MAIO, M. Tratado de Medicina Estética. 6. ed. V. 5, São Paulo: Roca, 2015.

[10]NEGRÃO, Mariana MC. Microagulhamento: bases fisiológicas e práticas. São Paulo: CR8 Editora, 2014.

[11]RODRIGUES, Antônio. Aplicação de Ácido Hialurônico em região labial guiado por ultrassonografia de alta frequência com Doppler. Archives of Health, [S. l.], v. 2, n. 2, 2021. Disponível em:  https://latinamericanpublicacoes.com.br Acesso em: 20 nov.2023.

[12]SANTAROSA, Carlos. Fios de Polidioxanona associado com Ácido Hialurônico para rejuvenescimento. Ciência e Inovação, v. 6, p. 41–46, 2021.

[13]SILVA, Luiz Carlos. Fios de sustentação de polidioxanona (PDO) e ácido hialurônico para fins estéticos: revisão de literatura. Research, Society and Development, v. 12, n. 3. 2019.

[14]SILVA, Mônica Fernanda de Souza; Intercorrências na estética com injetáveis: uma revisão de literatura, 2022.

[15]SOUZA Felix Bravo. Uma necessidade de todo dermatologista que aplica ácido hialurônico injetável. Dermatologia Cirúrgica e Cosmética 2014. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=265535765003 Acesso em: 18 nov.2023.

[16]VASCONCELOS, Silvio. O uso do ácido hialurônico no rejuvenescimento facial. Rev. Brasileira Militar, de Ciências, v. 6, n. 14, 30 jan. 2020.Disponível em: https://rbmc.emnuvens.com.br/rbmc/article/view/28 Acesso em: 20 nov.2023


[1] Irene Santiago de Melo, graduanda do curso de Biomedicina no Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas –FMU/ Universidade de São Paulo – SP.

[2]  Dra. Renata Ruoco Loureiro, orientadora.