A FORMAÇÃO DE LEITORES NO CICLO DE ALFABETIZAÇÃO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7211482


Autores:
Dileta Loureiro de Camargo1
Suele Fernanda Destri2
Orientador:
Vera Lúcia Macedo de Oliveira Teixeira3


RESUMO

Este artigo tem como tema leitura e o desenvolvimento da formação de leitores no ciclo da alfabetização. Partiu-se de um questionamento: de que maneira a prática pedagógica utilizada na escola tem contribuído para a formação de leitores? Para a análise deste processo de formação, foi utilizado um questionário que teve uma abordagem qualitativa e quantitativa, buscando dar respostas às indagações desta pesquisa. O objetivo deste estudo é verificar estratégias pedagógicas que contribuem no processo de formação de alunos leitores, de modo a oportunizar a aprendizagem por meio da leitura significativa e prazerosa. Seguindo o foco do que determina os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa, que é o desenvolvimento de alunos leitores na escola, destaca-se a formação continuada dos professores que fortalece a prática Pedagógica no ambiente escolar. 

Palavras-chave: Formação de Leitores. Leitura. Ciclo da Alfabetização.

ABSTRACT

This article focuses on reading and the development of training players in literacy cycle. Left is a question: how the pedagogical practice used in the school has contributed to the formation of readers? For the analysis of this training process, a questionnaire that had a qualitative and quantitative approach, seeking to respond to inquiries of this research was used. The aim of this study is to investigate strategies that contribute in the formation of readers, students in order to create opportunities for learning through meaningful and enjoyable reading. Following the focus of what determines the National Curriculum Parameters of the Portuguese language, which is the development of readers students in school, there is the continuing education of teachers that strengthens the pedagogical practice at school.

Keywords: Readers formation. Reading. Literacy cycle.

1. INTRODUÇÃO

Na alfabetização, a leitura e a escrita são formas de linguagens que possibilitam a expressão, comunicação e criatividade. Nesse processo a leitura é uma atividade indispensável para a vida do ser humano, como fonte de informação na construção do conhecimento promovendo descobertas do mundo. Enquanto o aluno aprende a ler, ao mesmo tempo estará desenvolvendo e reforçando a interação e a sociabilidade. O gosto pela leitura é adquirido aos poucos em um longo processo de prática e de atividades significativas, formando leitores para atuar na sociedade do futuro.

É necessário buscar práticas e métodos pedagógicos aliados a educadores que tenham interesse na formação de leitores. É preciso aguçar nos alunos o prazer pela leitura, despertando a sua autonomia e livre expressão. Nesse momento é fundamental o papel do professor, sendo este, o responsável por orientar e acompanhar o desenvolvimento das crianças nesse período da sua vida escolar. São eles agentes principais nesse processo, enquanto leitor e mediador, pois são indivíduos que tem em suas mãos outros indivíduos e o principal espaço para a leitura acontecer é a escola. Diante do exposto, justifica-se a importância desta pesquisa que buscou dar respostas aos questionamentos, uma vez que esta, parte de uma hipótese: de que maneira a prática pedagógica utilizada na escola tem contribuído para a formação de leitores? Sabe-se que um dos principais problemas na educação da atualidade é a dificuldade que os alunos têm de ler, interpretar e produzir textos. Este é o desafio constante não só dos professores da disciplina de Língua Portuguesa, mas de toda as demais áreas do conhecimento.

Um dos maiores desafios que os professores do ciclo da alfabetização enfrentam é conseguir despertar em seus alunos o hábito e o prazer pela leitura. É visível a necessidade de estimular nas crianças o gosto pela descoberta dos livros e do mundo encantado que se esconde entre suas páginas. A leitura e interpretação são essenciais para o desenvolvimento do ser humano, porem há uma grande defasagem de leitores comprometidos e estimulados nas salas de aula. Este estudo teve como objetivo identificar estratégias pedagógicas que contribuem no processo de formação de alunos leitores na etapa de alfabetização.

Constatou-se o interesse por parte dos educadores quanto à necessidade de refletir a prática pedagógica direcionada às crianças na etapa da alfabetização. A sociedade mudou, a escola mudou, a educação mudou. Diante de tantas transformações o profissional docente precisa modificar também suas práticas educativas, adequando-as à realidade.

2. FORMANDO LEITORES NO CICLO DA ALFABETIZAÇÃO

De acordo com Alves (2000) para que uma criança ou adolescente desperte o prazer pela leitura, é preciso ler e gostar do que está lendo. Para isso é necessário serem estimulados em uma ação conjunta a família, a escola e os professores. São mediadores e agentes se interpondo na promoção de alunos leitores.

Penso que, de tudo o que as escolas podem fazer com as crianças e os jovens, não há nada de importância maior que o ensino do prazer da leitura. Todos falam na importância de alfabetizar, saber transformar símbolos gráficos em palavras. Concordo. Mas isso não basta. É preciso que o ato de ler dê prazer (ALVES, 2000, p.61).

De acordo com Grossi (1990) um aspecto relevante das histórias infantis é o poder mágico que é dado aos personagens que criam de outras realidades e vivem em outros mundos. As palavras criam mundos novos e aguçam a imaginação, por isso elas resistem ao passar dos tempos. Ao ler ou ouvi-las, recriam todo o universo de magia e encantamento descrito.

A leitura de histórias infantis é um contato essencial com textos escritos. Elas encerram um interesse particular para as crianças e envolvem elementos fecundos para sua iniciação sobre o que é ler e escrever. As histórias são, por excelência, forjadoras de imagens mentais (GROSSI, 1990, p. 84).

De acordo com os PCNs (1997), ao desenvolver o processo em sala de aula, é fundamental que as instituições de ensino tenham consciência da importância da leitura para o desenvolvimento sociocultural das crianças e adolescentes. Tendo consciência de que a leitura deve ser um hábito, que proporcione prazer e lazer, é interagir com o seu meio, fazendo o uso da mesma.

Se o objetivo é formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos com os quais se defrontam, é preciso organizar o trabalho educativo para que experimentem e aprendam isso na escola. Principalmente quando os alunos não têm contato sistemático com bons materiais de leitura e com adultos leitores, quando não participam de práticas onde ler é indispensável, a escola deve oferecer materiais de qualidade, leitores preparados e práticas de leituras produtivas. Essa pode ser a única oportunidade de esses alunos interagirem significativamente com textos cuja finalidade não seja apenas a resolução de pequenos problemas do cotidiano (BRASIL, 1997, p. 41).

Com base em Antunes (2007), mesmo que as crianças ainda não saibam ler, quando ouvem o professor lê textos escritos em voz alta, elas ficam atentas, o que lhes proporciona acolhimento e afeto. Da mesma forma quando esta é feita pelos pais, pela família, ela ouve atentamente interagindo com a história e os personagens, precipitando-se em hipóteses com resultados significativos, fortalecendo o desenvolvimento da linguagem, resultando em um grande efeito sobre noções da língua escrita que contribuirá para sua alfabetização.

Quando o professor lê em voz alta, prende a atenção da criança e, ao comentar o texto lido e conversar com ela, faz com que a própria exploração do texto leve a criança a se concentrar no que está acontecendo, nas situações que lhe vão sendo apresentadas, estimulando-a a expressar seus pensamentos e a colocar suas dúvidas (ANTUNES,2007, p. 24).

De acordo com o Ministério da Educação, a alfabetização é um dos assuntos centrais, quando se trata de educação. Os governos federais estaduais e municipais estabelecem meta, em que todas as crianças devem estar plenamente alfabetizadas até oito anos de idade. A formação continuada ofertada aos professores (pacto) ocorreu, com intuito de dar maior clareza e precisão sobre o que fazer, como fazer, para quem fazer. Isso, para assegurar o direito às crianças dos seis aos oito anos de idade a alfabetização, e garantir que até o terceiro ano do Ensino Fundamental, os alunos tenham o domínio básico da leitura e da escrita.

A Educação Básica empreende seu trabalho político-pedagógico em busca de garantir o direito à alfabetização de crianças dos seis aos oito anos de idade, pois a linguagem constitui o sujeito na interação social. Para isto, é necessário proporcionar-lhes vivências e experiências de oralidade, leitura e escrita que envolvam seu mundo físico, social, cultural, a partir das quais possam compreender e produzir textos orais e escritos variados e de qualidade, de diferentes gêneros textuais, com diversas finalidades, com vistas à sua participação autônoma em variadas esferas de interação social (BRASIL, 2012, p. 36)

Para Zilberman (2007) a leitura é um mundo e o professor deve identificar-se como leitor, ser entusiasta dos livros, transmitindo esse gosto aos alunos, investigando o que eles gostam de ler. É um momento difícil, pois, as crianças rejeitam a leitura por confundir com o livro escolar e a obrigação de aprender. Cabe ao professor quebrar esse gelo, dar a chave que abre as portas do universo permitindo que seja informada, autônoma e dona do destino de sua própria vida.

[….] a premissa é a de que o professor seja um leitor. Não apenas um indivíduo letrado, mas alguém que, com certa frequência, lê produtos como jornais, revistas, bulas de remédio, histórias em quadrinho, romances ou poesias (ZILBERMAN, nova escola,2007).

De acordo com Antunes (2007), o ato de ler na escola deve começar pelo professor, e eles em sua vida quando alunos, não vivenciaram a leitura terão dificuldades em formar leitores. Há grande quantidade de professores que mesmo ciente do dever de ler, do seu compromisso na formação de alunos leitores, sentem essa dificuldade e reconhecem.

Portanto, o trabalho de leitura na escola deve começar pelo professor, para que ele, o professor, se aproxime do livro, vença suas dificuldades pessoais, amplie seus conhecimentos e cultive o gosto pela leitura e pelas atividades com livros de leitura (ANTUNES,2007, p. 31).

De acordo com o Ministério da Educação sinaliza que a literatura promove a socialização e contribui para desenvolver capacidades de interpretação, contribuindo com o saber dos leitores, favorecendo uma apropriação do sistema de representação da língua escrita. A sala de aula como ambiente alfabetizador, favorece as interações entre as áreas do conhecimento numa perspectiva interdisciplinar, interagindo com a diversidade de gêneros textuais que circulam em diferentes ambientes sociais, para que dessa maneira as crianças possam compreender e produzir textos orais e escritos.

No que diz respeito a garantir a alfabetização, na perspectiva do letramento, às crianças, no tempo de 600 dias do Ciclo de Alfabetização, é preciso assegurar-lhes que se apropriem do sistema de escrita alfabética, cujo conhecimento é requisito para a realização de atividades de compreensão e produção de textos orais e escritos com autonomia, ou seja, sem a ajuda de leitores / escritores mais experientes. Isso demanda experiências curriculares planejadas, dinâmicas e interdisciplinares (BRASIL, 2012, p. 37).

De acordo com Freire (1989) o professor tem em suas mãos uma preciosa ferramenta que pode possibilitar o desenvolvimento intelectual e pessoal de seus alunos. Porém, é preciso dar condições para que esse aluno desenvolva hábitos de leitura espontânea, pelo simples prazer da leitura:

[…] o processo da alfabetização tem, no alfabetizando, o seu sujeito. O fato de ele necessitar da ajuda do educador, como ocorre em qualquer relação pedagógica, não significa dever a ajuda do educador, anular a sua criatividade e sua responsabilidade na construção de sua linguagem escrita e na leitura desta linguagem (FREIRE, 1989, p.13).

De acordo com Fiorin (2004) grande parte da aprendizagem e do estudo de qualquer disciplina depende da leitura de textos, ou seja, compreender as informações nelas contidas, o que não depende apenas da capacidade de decifrar as palavras, mas também do conhecimento geral de mundo. Aí a necessidade de se trabalhar uma leitura contextualizada e interdisciplinar, pois ler, escrever e interpretar são tarefas amplamente complexas.

A leitura é uma atividade permanente da condição humana, uma habilidade a ser adquirida desde cedo e treinada em suas várias formas. Lê-se para entender e conhecer. Lê-se por sonhar, viajar com a imaginação. Lê-se por prazer e curiosidade. Lê-se para aprender e ficar informado. Lê-se para questionar e resolver problemas. Sendo a mais geral das habilidades, a leitura acaba determinando o sucesso ou fracasso na vida escolar (FIORIN, 2004, p.03).

Para Lajolo (1986) a importância de o professor ser um leitor assíduo e crítico, aumenta as chances de instigar seus alunos a também serem bons leitores. Essa constatação ressalta a importância do papel do professor diante dos seus alunos e o compromisso social que o profissional da educação tem em suas mãos.

Se a relação do professor com o texto não tiver um significado, se ele não for um bom leitor, são grandes as chances de que ele seja um mau professor. E, à semelhança do que ocorre com ele, são igualmente grandes os riscos de que o texto não apresente significado nenhum para os alunos, mesmo que eles respondam satisfatoriamente a todas as questões propostas (LAJOLO, 1986, p.53).

O professor deve manter-se atualizado, bem informado não apenas sobre as ocorrências e fatos do mundo, mas principalmente em relação aos conhecimentos pedagógicos e as novas tendências educacionais. A formação continuada não descarta a necessidade de uma boa formação inicial do profissional, mas para os que já atuam por muito tempo ou há pouco, faz-se necessário um aperfeiçoamento da profissão, vivenciando novas experiências, novas pesquisas para que tenham uma nova visão sobre o “pensar a escola”, devido ao avanço das tecnologias e as exigências da sociedade.

A formação continuada deve conscientizar o professor de que todo o material que disponibiliza não é uma receita para solucionar os problemas, é preciso compreender que a teoria e a prática andam de mãos dadas, ou seja a teoria propicia a compreensão e a prática, possibilita o aprendizado com significado.

3. METODOLOGIA

Nessa pesquisa a análise de dados teve uma abordagem qualitativa e quantitativa, uma vez que os questionários utilizados propiciaram a aquisição de dados das duas naturezas. No aspecto qualitativo foi possível analisar as respostas dos professores e na redução quantitativa foi possível fazer uma análise do que determina a Lei dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), da Língua Portuguesa quanto a formação de leitores na escola, o incentivo à leitura, e o objetivo da formação continuada dos professores para o exercício da prática Pedagógica. 

De acordo com Cervo e Bervian (2002) a pesquisa é uma atividade voltada para solução de problemas teóricos ou práticos utilizando processos científicos. Gil (2010) assevera que esta é realizada quando se tem um problema e não há informações para solucioná-lo e, por isso, é desenvolvida mediante os conhecimentos disponíveis e utilização de métodos e técnicas de investigação científica.

Vale ressaltar que o estudo contou com uma revisão bibliográfica sobre o assunto ora em questão, bem como consultas à legislação no que se refere especialmente ao Bloco Pedagógico de Alfabetização.

Um dos principais objetivos de uma pesquisa bibliográfica é colocar o cientista em contato com o que foi produzido sobre determinado assunto, inclusive por meio de conferências (MARCONI e LAKATOS, 2005). Esse tipo de pesquisa permite ao pesquisador, conhecer o debate acerca do assunto que se propõe, conforme aponta Gil (2010) a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.

A investigação contou com 04 (quatro) professoras que atuam efetivamente no bloco pedagógico de uma Escola da rede municipal de ensino, na cidade de Barra do Garças-MT. Para a coleta de dados utilizou-se como instrumentos básicos o questionário o qual propiciou captar o sentido, a interpretação e as concepções que estes sujeitos dão ao tema proposto. Inicialmente realizou-se o contato com a Coordenação Pedagógica da Escola por meio de ofício, solicitando a autorização para a realização do questionário junto aos docentes. Após a liberação, procedeu-se com o questionário em datas previamente marcadas.

A escolha pelas professoras do ciclo da alfabetização, se deve ao fato de que estes já passaram por várias etapas de formação no Pacto – Alfabetização na Idade Certa e além disso, encontram-se habilitadas para o exercício da docência na Educação Infantil e Anos Iniciais. O roteiro do questionário contemplou dados sobre a formação acadêmica, tempo de exercício na docência, contribuição da escola para o desenvolvimento de sujeitos leitores, as práticas pedagógicas utilizadas na escola, bem como o programa de formação de professores alfabetizadores.

Diante do exposto, seguem as discussões dos dados coletados, tendo em vista os fatos que puderam contribuir para a investigação da configuração da formação de leitores no ciclo da alfabetização do Ensino Fundamental em uma Instituição de Ensino da rede Municipal.

4. ANÁLISE DE DADOS COLETADOS, RESULTADOS, RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados da pesquisa realizada, seguem buscando dar respostas aos questionamentos iniciais, os quais incluem a maneira da prática pedagógica utilizada na escola, no sentido de identificar se esta, contribui para a formação de leitores.

De acordo com os resultados, foi possível observar que todos os professores possuem licenciatura em Pedagogia, com experiência há mais de oito anos. Apenas uma professora atua no curso há menos de cinco anos. Trata-se, portanto de um resultado favorável, tendo em vista que a experiência docente é um fator indispensável no processo de ensino e aprendizagem.  No contexto dessa discussão fica visível que o corpo docente possui formação inicial compatível com a sua atuação profissional.

A Resolução de 15 de maio de 2006 que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura, define  “docência” como: Ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, constituído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da pedagogia, desenvolvendo-se na articulação entre conhecimentos científicos e culturais, valores éticos e estéticos inerentes a processos de aprendizagem, de socialização e de construção do conhecimento, no âmbito do diálogo entre diferentes visões de mundo.

Os professores foram indagados sobre a maneira como a escola tem favorecido o desenvolvimento de sujeitos-leitores. Os resultados obtidos afirmaram que a escola desenvolve projetos de leitura, possui biblioteca para empréstimo de livros aos alunos e ainda com leitura deleite em sala de aula. Esse resultado revela que de fato a escola tem favorecido o desenvolvimento de sujeitos leitores, e que o ensino da leitura está estreitamente relacionado ao fazer pedagógico. Portanto, fica claro que a responsabilidade dessa formação é do próprio professor, bem como de todos que buscam pela qualidade no ensino.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, o objetivo principal do ensino de Língua Portuguesa é o domínio da linguagem, e dentro disso está o ensino da leitura. Para o domínio de uma competência leitora, é fundamental que as instituições de ensino tenham consciência da importância da leitura para o desenvolvimento sociocultural das crianças e adolescentes.

Em relação ao tipo de texto que trabalha em sala de aula, todos os professores responderam que trabalham com diversos gêneros textuais, para que possam interpretar e identificar a finalidade dos mesmos. Quando são levados em consideração os diversos tipos de leitura que permeiam o mundo e não apenas a leitura escrita, percebe-se que os primeiros estão presentes na vida do ser humano desde muito cedo.

De acordo com Costa (2007) conclui que o trabalho com os gêneros em sala de aula não deve ser reduzido aos aspectos formais, uma vez que eles não são determinados só pela forma, mas também pela função, pelo suporte, pelo contexto em que circulam e, sobretudo, pela ação de linguagem que efetivam nos contextos sociais em que ocorrem.

Se os gêneros se caracterizam pela sua função, pela ação de linguagem que concretizam nos diferentes contextos sociais, outra conclusão importante é que eles devem ser abordados na sala de aula de maneira funcional. Isso significa trabalhar com o objetivo de que os alunos aprendam a usá-los (COSTA, 2007, p.24).

Os professores foram indagados de que maneira intervém junto aos alunos na compreensão e interpretação dos textos lidos. Assim, três professoras responderam que esta intervenção ocorre através de leitura deleite, oral e escrita, e outra, informou que procede com uma proposta recheada de interpretação, leitura, recortes e montagem de pequenos textos, socialização dos textos lidos, momento em que, segundo ela, deixamos a criança entender, com uma ajudinha sobre o que ele compreende”.

Ao serem indagados se a prática pedagógica utilizada pela Escola garante que até o terceiro ano do Ensino Fundamental 100% dos alunos tenham o domínio básico da leitura, uma professora afirmou que sim, e três responderam que é em parte.

A alfabetização é a base da vida escolar. O professor é a peça principal no processo da alfabetização, e o desafio de alfabetizar na idade certa, tem como principal objetivo garantir que todas as crianças brasileiras até oito anos sejam alfabetizadas plenamente. Há registros de que no Brasil, tem professores alfabetizadores com formação incompleta, precária e sem oportunidades de participar de cursos de formação continuada (BRASIL, 2012).

Os professores foram indagados se há na rede de ensino municipal, um programa estruturado e permanente de formação de professores alfabetizadores. Todos os professores afirmam que sim. Sobre este assunto, destaca-se a Resolução Normativa CME nº 1, de 3 de abril de 2013, que institui o Bloco Pedagógico de Alfabetização e Letramento no Sistema Municipal de Ensino de Barra do Garças-MT, e estabelece diretrizes para o seu funcionamento. A partir deste período, ficou evidente a necessidade do fortalecimento das práticas pedagógicas, incluindo o trabalho coletivo, no sentido de adequar o Projeto Político Pedagógico das Unidades de Ensino, às reais necessidades de aprendizagem dos alunos, especialmente no que se refere ao letramento.

Ao serem indagados se a escola implanta novas propostas, em consonância com a Secretaria de Educação, para solucionar problemas detectados quanto às metas de aprendizagem para cada ano do ciclo de alfabetização, todas as professoras responderam que sim. Uma respondeu que é a capacitação dos profissionais, e três informaram que é a avaliação diagnóstica.

Mesmo com a diminuição do índice de analfabetismo no Brasil, e o aluno permanecendo por mais tempo na escola, os resultados das avaliações (Prova Brasil, Ana entre outras) não são satisfatória, nos deparamos com crianças concluindo o ciclo da alfabetização sem o domínio básico de leitura (BRASIL, 2012).

Ao serem indagados sobre a análise dos resultados de alfabetização, leitura e escrita, bem como os indicadores de avaliação externa disponíveis em seu Estado ou em âmbito nacional, como, por exemplo, a Prova Brasil, todas as professoras responderam que sim, consideram importante a Prova Brasil, Provinha Ana, pois estas identificam as falhas e promovem prática de melhorias.

Entendemos que, é preciso cada vez mais, envolver o professor em ações de reflexão sobre as práticas pedagógicas buscando desta forma a construção do conhecimento, tornando possível uma nova pedagogia coerente com o atual momento e necessidades do contexto escolar.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou, através de pesquisas de teóricos na área da alfabetização, entender o processo pelo qual o discente aprende a ler e a importância da leitura para a sua vida. Procurando dar respostas ao questionamento inicial, de que maneira a prática pedagógica utilizada na escola tem contribuído para a formação de leitores. Compreendendo assim o papel da escola e do professor neste processo.

A escola e os educadores devem aperfeiçoar a prática da leitura como elemento fundamental na construção do saber, elencando dentro do currículo um tempo considerável para exercê-la. A leitura é uma competência necessária que precisa ser desenvolvida e o professor é o mediador deste processo, com uma pedagogia consciente que leva os educandos da leitura das letras para a leitura do mundo.

Dessa forma, uma criança que desenvolveu na sua vida escolar a competência da leitura terá condições de entender o mundo que a cerca bem como transformar a sua realidade.

REFERÊNCIAS

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ALVES, Rubens. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2000.

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BRASIL, Conselho Nacional de Educação. RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 15 DE MAIO DE 2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Elementos Conceituais e Metodológicos para definição dos Direitos de Aprendizagem e desenvolvimento do Ciclo de alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do Ensino Fundamental. Brasília 2012.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Makron Books, 2002.

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FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam / Paulo Freire. – São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. (Coleção polêmicas do nosso tempo; 4). http://forumeja.org.br/files/A_importancia_do_ato_de_ler.pdf. Acesso em:  05/06/2016.

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LAJOLO, Marisa. O texto não é pretexto, In Leitura em crise na escola: as alternativas metodológicas. ZILBERMAN, Regina (org.) – 6ª Ed – Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamento de metodologia cientifica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

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