A FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NA FIBROSE CÍSTICA: A EFICÁCIA DAS MANOBRAS DE HIGIÊNE BRÔNQUICA PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES PEDIÁTRICOS COM FIBROSE CÍSTICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412041244


Karen Gabriella dos Santos Almeida1
Karen Ravenna Bandeira Nogueira1
Lara Vitória Lima de Sousa1
Orientador: Me. Jader Rodrigues Figueiredo da Silva2


RESUMO

Introdução: A fibrose cística também conhecida como mucoviscidose ou doença do beijo salgado é uma doença genética hereditária,  caracterizada pela disfunção do gene cystic fibrosis transmembrane conductance regulator (CFTR). Trata-se de uma doença multissistêmica que afeta principalmente o sistema respiratório e gastrintestinal, as manifestaçoes clinicas se apresentam logo após o nascimento. A fisioterapia respiratória atua principalmente na remoção das secreções, complicações ventilatórias, reabilitação pulmonar, aplicação de exercícios posturais e recondicionamento cardiorespiratórios, fazendo parte do processo de restauração do quadro clinico e da qualidade de vida do paciente fibrocistico. Objetivo: Caracterizar a eficácia da terapia de higiene brônquica no tratamento de pacientes pediátricos com fibrose cística.Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa, exploratória e de abordagem descritiva. Utilizando artigos científicos em português e inglês, publicados entre os anos de 1999 a 2024. As bases de dados selecionadas utilizadas: Grupo Brasileiro de estudos de Fibrose Cistica- GBEFC, Biblioteca Eletrônica Científica Online- SCIELO, PubMed, Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde –LILACS e GOOGLE ACADEMICO. Resultados: Observou-se que as técnicas de higiene brônquica demonstram-se eficazes no tratamento de pacientes pediatricos com fibrose cistica, obtendo resultados satisfatorios quando usados individualmente, contudo a combinação entre elas potencializa a eficácia do tratamento. Conclusão: A partir do que foi esclarecido neste estudo, sobre as características da fibrose cística, é importante salientar a relevância da fisioterapia respiratória dando ênfase nas técnicas de higiene brônquica visando a qualidade de vida dos pacientes. Entretanto, mais estudos devem ser feitos para evidenciar com mais propriedade a eficácia das manobras.

Palavras-chave: Fisioterapia respiratória, fibrose cística e higiene brônquica.

ABSTRACT

Introduction: Cystic fibrosis also known as cystic fibrosis or salty kiss disease is a hereditary genetic disease, characterized by dysfunction of the cystic fibrosis transmembrane conductance regulator (CFTR) gene. It is a multisystemic disease that mainly affects the respiratory and gastrointestinal system, the clinical manifestations occur soon after birth. Respiratory physiotherapy acts mainly in the removal of secretions, ventilatory complications, pulmonary rehabilitation, application of postural exercises and cardiorespiratory reconditioning, being part of the process of restoring the clinical picture and quality of life of the fibrocystic patient. Objective: To characterize the effectiveness of bronchial hygiene therapy in the treatment of pediatric patients with cystic fibrosis.Methodology: This is an integrative, exploratory and descriptive review. Using scientific articles in Portuguese and English, published between the years 1999 and 2024. The selected databases used: Brazilian Group of Cystic Fibrosis Studies- GBEFC, Online Scientific Electronic Library- SCIELO, PubMed, Latin American Literature in Health Sciences -LILACS and GOOGLE ACADEMICO. Results: It was observed that bronchial hygiene techniques prove effective in the treatment of pediatric patients with cystic fibrosis, obtaining satisfactory results when used individually, however the combination between them enhances the effectiveness of the treatment. Conclusion: From what was clarified in this study, on the characteristics of cystic fibrosis, it is important to emphasize the relevance of respiratory physiotherapy, emphasizing bronchial hygiene techniques aiming at the quality of life of patients. However, more studies should be done to more effectively show the effectiveness of the maneuvers.

Keywords: Respiratory physiotherapy, cystic fibrosis and bronchial hygiene.

1.     INTRODUÇÃO

A Fibrose Cística (FC), também conhecida como mucoviscidose, é um distúrbio autossômico recessivo resultante de uma mutação genética que afeta diversos sistemas do corpo, com ênfase no sistema respiratório. Essa condição é caracterizada pelo declínio progressivo da função pulmonar, sendo que as complicações respiratórias são as principais responsáveis pela morbidade e mortalidade associadas à doença (SILVA FILHO et al., 2016). Embora a FC tenha uma maior incidência na raça caucasoide, também tem sido diagnosticada com frequência em outras etnias (ATHANAZIO et al., 2017).

  As manifestações clínicas se apresentam após o nascimento e ocorre estritamente devido   a   alterações   pulmonares, digestivas   e   de   glândulas   sudoríparas (STOLTZ et al., 2015).  Mocelin et. al. (2017), retrata-se sobre possuir um gene chamado de CFTR, esse gene resulta na produção de muco espesso e pegajoso em que nos pulmões, bloqueiam as vias aéreas resultando assim, em infecções pulmonares frequentes. Esse muco causa o bloqueio dos ductos do pâncreas que, por sua vez, impede que as enzimas digestivas pancreáticas atinjam o intestino delgado e desempenhem sua função de costume.

A doença provoca alterações patológicas nos órgãos em que o CFTR atua com as glândulas exócrinas, incluindo as células secretoras, seios da face, pulmões, pâncreas, fígado e trato reprodutor. Segundo Madureira et al. (2019), a comutação mais importante é notada nas vias aéreas, na qual o defeito genético básico causa infecção pulmonar crônica persistente e precoce. A má absorção de gordura causada pela ausência de enzimas pancreáticas provoca quadros recorrentes de diarreia e desnutrição calórica, assim como baixo peso e estatura. Tórax em barril, baqueteamento digital (devido ao acometimento pulmonar), redução da força muscular e fadiga durante as atividades de vida diárias também fazem parte do quadro do paciente com FC. (CONTO et al., 2014).

O paciente com FC apresenta secreções mucosas espessas e viscosas, obstruindo ductos das glândulas exócrinas, que contribuem para o aparecimento de doença pulmonar obstrutiva crônica e níveis elevados de eletrólitos no suor. A doença também é caracterizada por disfunção das glândulas exócrinas. Os produtos de secreção das glândulas mucosas no pulmão e no trato gastrintestinal apresentam alterações físicas e as complicações clínicas associadas com essas alterações incluem o desenvolvimento de bronquite crônica supurativa com destruição do parênquima pulmonar, insuficiência pancreática, diabetes mellitus, doença hepática e comprometimento do sistema reprodutor masculino e feminino. (HAACK A et al. 2014, p. 247)

O tratamento fisioterapêutico dispõe de técnicas que contribuem para desobstrução das vias aéreas e são de extrema importância quando se trata de higienização e limpeza do muco que obstrui a passagem do ar pelos pulmões (THEILMANN et al.,2016).  As técnicas de higiene brônquica têm o objetivo de mobilizar secreções das vias aéreas periféricas para que possam ser eliminadas pela tosse ou aspiração traqueal, em pacientes com fibrose cística têm demonstrado eficácia na remoção do muco, com consequente melhora na função pulmonar e aptidão aeróbica (SOUZA et al.,2021).

Pressão expiratória positiva (PEP) ou PEP oscilatório, drenagem postural, compressão torácica de alta frequência são técnicas que facilitam a depuração das vias aéreas. Assim como, a prática de exercícios físicos também influencia na eliminação do muco melhorando a função pulmonar (MARTINIANO et al., 2014).

De acordo com Couto e Oliveira (2020), as principais técnicas utilizadas para a remoção de conteúdo mucoso dos brônquios, incluindo drenagem postural, vibrocompressão, drenagem autogênica, aceleração do fluxo expiratório, expiração lenta total com a glote aberta em decúbito infralateral, máscara de pressão positiva expiratória e exercícios aeróbicos. No entanto, os autores preferem o Aumento do Fluxo Expiratório (AFE), que consiste em um exercício que manipula o fluxo de ar que entra nos pulmões da criança. Essa técnica envolve o posicionamento da mão do profissional no abdome da criança para promover aumento do fluxo respiratório.

O objetivo primário dessa pesquisa foi caracterizar a eficácia da terapia de higiene brônquica no tratamento de pacientes pediátricos com Fibrose Cística, enquanto os demais objetivos consistem em compreender a Fibrose Cística, suas manifestações clínicas e complicações, descrever as técnicas fisioterapêuticas para higiene brônquica na fibrose cística e citar a eficacia e os benefícios das técnicas de higiene brônquica na Fibrose Cística.

2.     MÉTODOS

Na presente pesquisa, quanto a metodologia, é de caráter exploratória e descritiva e faz o uso de técnicas de revisão de literatura. Para isso, foram utilizadas bases de dados científicas reconhecidas, como SciELO, PubMed, LILACS e Google Acadêmico. A busca foi realizada com os descritores “fisioterapia respiratória”, “fibrose cística” e higiene brônquica”. Inicialmente, foram encontrados 1428 artigos.

Os critérios de inclusão utilizados, são artigos completos publicados entre 2009 e 2024 que abordassem especificamente a higiene brônquica na fibrose cística, artigos na língua portuguesa e inglesa. Os de exclusão foram artigos incompletos, duplicados e aqueles fora do período estabelecido.

Esses artigos foram analisados qualiquantativamente, levando em conta as metodologias utilizadas, os resultados obtidos e as implicações clínicas para a prática da fisioterapia respiratória em pacientes com fibrose cística.

O Fluxograma abaixo descreve o desenho metodológico para se chegar a população e amostra:

Imagem 1: Fluxograma baseado nos métodos.

Fonte: Autores, 2024.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

A Fibrose Cística, suas manifestações clínicas e complicações.

            O Ministério da Saúde (MS, 2018) classifica a Fibrose Cística (FC) conhecida popularmente como “doença do beijo salgado” como uma doença genética que não possui cura, afetando principalmente o pâncreas, os pulmões e os intestinos. A fibrose cística (FC) é uma enfermidade genética hereditária causada por mutações no gene que codifica o regulador da condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR), resultando em disfunção da proteína CFTR.

 Essa proteína tem um papel crucial no transporte de íons e água através das membranas celulares, afetando várias glândulas exócrinas e tecidos do corpo (VIJFTIGSCHILD et al., 2016). A FC é transmitida de forma autossômica recessiva, o que implica que ambos os pais precisam ser portadores da mutação para que a doença se manifeste. Estima-se que cerca de 1 em cada 2500-3500 recém-nascidos nasça com FC, tornando-a uma das doenças genéticas mais comuns entre os caucasianos (MIDDLETON et al., 2019). 

Sobre o gene CFTR: A condição é provocada por mutações no gene que codifica o regulador de condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR), localizado no braço longo do cromossomo 7. Este gene é responsável pela produção de uma proteína que atua como um canal iônico transmembrana regulador de cloreto. Assim, as mutações nesse gene levam à disfunção ou à ausência da proteína CFTR funcional, resultando em distúrbios no transporte de íons nas células epiteliais.

 As mutações no gene CFTR comprometem a função normal da proteína de diversas maneiras. Em pacientes com fibrose cística, tais mutações podem resultar em uma proteína CFTR defeituosa que não consegue se dobrar adequadamente ou que não atinge a membrana celular, ou, alternativamente, em uma proteína que, embora funcionalmente ativa, apresenta instabilidade e é rapidamente degradada. Dessa forma, o transporte de íons, especialmente o cloreto, nas células epiteliais é prejudicado, o que resulta em distúrbios na homeostase iônica e na produção de muco espesso e viscoso nas vias respiratórias e em outros sistemas do organismo. (LIMA et al, 2024)

 Essa condição é hereditária e se origina nas glândulas exócrinas do corpo humano, podendo resultar em diversas complicações clínicas, como insuficiência pancreática, doenças hepatobiliares e altos níveis de eletrólitos na sudorese. Os sistemas mais impactados são os gastrintestinais e respiratórios (BORGES, et al; 2020).

Entre os sintomas mais comuns estão a pele e o suor salgados, tosse com secreção, infecções pulmonares recorrentes, dificuldade para respirar, chiados na ausculta pulmonar e o aparecimento de pólipos nasais, além do baqueteamento digital (ABAM, 2016). As crianças com FC têm uma maior predisposição a infecções bacterianas, hipersecreções pulmonares e processos inflamatórios que comprometem as vias respiratórias. Isso pode levar a episódios severos de bronquiectasia e até insuficiência respiratória (LUGAO et al., 2022). A doença provoca danos significativos ao sistema respiratório, especialmente aos pulmões, dificultando cada vez mais a respiração (STEFANO et al, 2020).

Nos pulmões, o acúmulo de secreções espessas nos brônquios e bronquíolos propicia a proliferação de bactérias, resultando em infecções pulmonares recorrentes, inflamação crônica e, eventualmente, na destruição progressiva do tecido pulmonar. Clinicamente, os sintomas respiratórios mais prevalentes incluem tosse crônica, produção de escarro, dispneia e infecções respiratórias frequentes. À medida que a doença avança, os pacientes podem desenvolver insuficiência respiratória, a qual se configura como uma das principais causas de mortalidade em indivíduos acometidos pela fibrose cística (ONG & RAMSEY, 2023).

A hemoptise é a expectoração de sangue que se origina das vias aéreas. Embora episódios leves e esporádicos sejam comuns em pacientes com Fibrose Cística (FC), a gravidade da situação depende da quantidade de sangue expelido. A hemoptise maciça é definida como um sangramento superior a 240 mL em 24 horas ou mais de 100 mL ao longo de vários dias, afetando cerca de 1% das crianças e entre 4 a 10% dos adultos com a doença. Essa condição pode levar à aspiração, destruição das vias aéreas e até choque, exigindo um tratamento imediato. (VERONEZI, 2019)

O pneumotórax é caracterizado pela presença de ar no espaço pleural. Na Fibrose Cística, essa complicação geralmente ocorre como resultado de doenças pulmonares já existentes. Pode ser causado pela ruptura de bolhas subpleurais na pleura visceral ou por alterações no fluxo aéreo em pulmões danificados. A obstrução endobrônquica, acompanhada por inflamação, pode resultar em aprisionamento aéreo, aumentando a pressão no tecido alveolar e provocando a ruptura do parênquima pulmonar. Pacientes com pneumotórax frequentemente sentem dor e dispneia, e o diagnóstico é confirmado por meio de um raio-x de tórax. (EBELING et al, 2005)

Pacientes com FC frequentemente enfrentam secreções abundantes e purulentas, o que contribui para o colapso segmentar ou lobar dos pulmões. A atelectasia ocorre devido à presença de plugs mucosos e à gravidade da doença parenquimatosa. Embora muitos pacientes respondam bem ao tratamento com antibióticos intravenosos e fisioterapia respiratória, o colapso pode persistir, aumentando o risco de bronquiectasias crônicas. (SALAMONE et al, 2017)

As exacerbações pulmonares são episódios em que há uma piora nos sinais e sintomas, exigindo um tratamento mais intensivo. Os pacientes podem apresentar aumento na frequência ou gravidade dos sintomas, como agravamento da tosse, maior produção de secreção, dispneia, redução na saturação periférica de oxigênio (SpO2) ou o surgimento de febre, perda de peso e hemoptise. Essas exacerbações podem ocorrer em qualquer fase da doença e têm um impacto negativo significativo na qualidade de vida dos pacientes. (VANDEVANTER et al, 2015)

5.0 RESULTADOS
5.1 Descrição das técnicas fisioterapêuticas na higiene brônquica.

A Drenagem Postural é uma abordagem que utiliza a gravidade, empregando posições invertidas para facilitar a eliminação das secreções acumuladas nos pulmões do paciente. Essa técnica é realizada com o paciente em decúbito dorsal, posicionando os ombros de forma que fiquem mais baixos do que os quadris. Embora existam 12 posições possíveis, apenas 9 são comumente utilizadas. A prática deve ser realizada em sessões de 15 minutos, com repetições de 3 a 4 vezes ao dia. (IKE, 2017).

Na Expiração Lenta Total com a Glote Aberta em decúbito lateral (ELTGOL), a pesquisa realizada por Feiten et al. (2016) destacou a ELTGOL como uma das técnicas mais eficazes para o fisioterapeuta. Essa abordagem promove a eliminação de secreções pulmonares, especialmente aquelas localizadas nas regiões distais dos pulmões; facilita a desobstrução brônquica; melhora a clearance das vias aéreas; auxilia na desinsuflação pulmonar; diminui o trabalho respiratório; reduz a dispneia; e também contribui para a eficácia da tosse.

 A Técnica de Expiração Forçada (TEF), consiste em realizar uma ou duas expirações forçadas, iniciando à partir do volume pulmonar médio e cessando em um volume pulmonar baixo, sem o fechamento da glote. Essa manobra é seguida por períodos de respiração diafragmática e relaxamento. Durante a expiração, o paciente pode emitir simultaneamente o som de “H” (huff). O “Huff” realizado em baixo volume pulmonar ajuda a mobilizar secreções periféricas e em alto volume, removendo o muco localizado nas vias aéreas superiores. (CABRAL,2021).

A Drenagem Autogênica (DA), consiste na respiração nos diferentes volumes pulmonares. Através do volume do pulmão inferior, é usado para mover os mucos mais periféricos e a expiração move o muco. Essa técnica o paciente pode ficar sentado, realizando a respiração lenta profunda, fazendo com que o fluxo seja movido para a traqueia e sendo expelidas através de tosse. (VERONEZI,2011).

Valandro e Heinzmann-Filho (2019), explicam a técnica de Expiração Lenta e Prolongada (ELPr), que consiste em comprimir o tórax e o abdômen do paciente ao final da expiração, promovendo a redução dos volumes pulmonares de acordo com o volume residual.

O Aumento do Fluxo Expiratório (AFE) é um exercício que envolve a manipulação do fluxo de ar que entra nos pulmões da criança. Essa técnica é realizada com o profissional posicionando a mão no abdômen da criança, visando aumentar o fluxo respiratório. (COUTO e OLIVEIRA, 2020).

Quadro 1- Benefícios e eficácia das técnicas de higiene brônquica

TÍTULOAUTOR/ANOMETODOLOGIATÉCNICASRESULTADOS
Fisioterapia respiratória na fibrose cística: técnicas e recursos utilizados em um serviço de referência.PEREIRA, 2022  Estudo de campo. Amostra: 22 crianças e adolescentes com diagnósticos de fibrose cística, ambos os sexos com idade de zero a 19 anos. A amostra foi do tipo não pro balística por conveniência.Tef- Ruffing, Vibrocompressão, Drenagem Autogênica    Com as técnicas desobstrutivas foi possível mobilizar e eliminar secreções de via aérea inferior e podem ser aplicadas independentemente da idade do paciente, podendo destacar as técnicas citadas como facilitadoras de um tratamento eficaz para pacientes com FC. Sendo assim é possível melhorar o quadro da doença e a qualidade de vida, por meio das técnicas de higiene brônquica.
Técnicas de higiene brônquica durante exacerbações de pacientes com fibrose cística: uma revisão de literaturaALVES et al 2021).Estudo de campo Amostra: 41 pacientes sendo 20 no grupo intervenção e 21 no grupo controle. O grupo intervenção recebia 30 minutos de HFCWO e o grupo controle não recebia nenhuma intervenção.  Drenagem Autogênica, Drenagem Postural, TEF (técnica de expiração forçada)  Essas abordagens melhoraram a depuração mucociliar, aumentando a expectoração e o peso do escarro, e aprimoraram a ventilação pulmonar. Sendo assim, é possível constatar que as técnicas são eficazes sozinhas ou combinadas com métodos tradicionais de fisioterapia respiratória.
Fisioterapia respiratória em fibrose cística- estudo de casoBERTOLINI et al, 1999Estudo de caso. C.S, paciente do sexo feminino, cor branca. Diagnostico de fibrose cística aos 9 meses de idade, encaminhada pelos pais ao serviço de fisioterapia aos 4 anos e 7 meses de idadeTécnicas de vibração e percussões, técnicas de expiração forçada (huff) e drenagem posturalO programa de fisioterapia respiratória foi fundamental para prevenir o acúmulo de secreções pulmonares, mantendo as vias respiratórias desobstruídas e reduzindo infecções. Isso resultou em boa higiene brônquica, tosse produtiva e menos desgaste energético, contribuindo para a remissão dos sintomas e evitando hospitalizações, além de melhorar a qualidade de vida da paciente.
Pratica fisioterapêutica no tratamento da fibrose císticaCONTO et al, 2014Revisão da literatura  TEF (técnica de expiração forçada), OOAF (terapia por oscilação oral de alta frequência) DA (drenagem autogênica), DP (drenagem postural)A técnica de expiração forçada (TEF) e a drenagem postural (DP) são eficazes na higiene das vias aéreas e na função pulmonar, A terapia por oscilação oral de alta frequência (OOAF) reduz a viscosidade do muco, já a drenagem postural melhora o fluxo expiratório. O ciclo ativo de respiração (CAR) favorece a expectoração e evita a dessaturação de oxigênio. Assim, as técnicas tornam-se  essenciais para a redução da viscosidade do muco brônquico.
Intervenções de fisioterapia respiratória para crianças e adolescentes com fibrose císticaVALANDRO et al, 2020Revisão integrativa  Drenagem postural  A revisão mostrou grande variabilidade nas intervenções fisioterapêuticas para remoção de secreções em crianças e adolescentes com fibrose cística, com um leve predomínio das técnicas convencionais, como drenagem postural, vibração e percussão, auxiliando positivamente da remoção de secreções
A abordagem sobre a fibrose cística pulmonar e seus tratamentos  MORINI et al, 2024  Revisão sistemática  Pressão Expiratória Positiva (PEP) ciclo ativo de respiração (ACBT)  Tanto a pressão expiratória positiva (PEP)  e o ciclo ativo de respiração (ACBT) demonstraram ser eficazes na facilitação da expectoração de secreções e na melhoria da função pulmonar dos pacientes. Essas técnicas atuam tanto na pressão nas vias aéreas durante a expiração, contribuindo para manter os pulmões abertos e mobilizar o muco, quanto aprimora a ventilação pulmonar e promove a limpeza das vias áreas.
Fonte: Autores, 2024.
6. DISCUSSÃO

De acordo com Gomide (2007), apesar de apontado na literatura que a atuação da fisioterapia em pacientes com fibrose cística é imprescindível, ainda não há um consenso à respeito da forma de intervenção mais efetiva. A utilização de métodos convencionais como Drenagem Postural de forma exclusiva não foi validada em nenhum trabalho. O que se opõe com Alves (2021), que aponta a técnica de drenagem postural como eficaz sozinha ou combinada com métodos tradicionais de fisioterapia respiratória.

Como apontado por Morgan et al, (2015) a drenagem autógena mostrou resultados significativos na eficácia da expectoração da secreção, ocorrendo o aumento do fluxo de ar nas vias aéreas, melhorando a curto prazo a capacidade vital forçada do paciente com fibrose cística. Assim como, o autor Pereira (2022), que destaca a técnica de drenagem autógena como facilitadora de um tratamento eficaz para pacientes com FC.

De acordo com BERTOLINI et al., (1999) apesar da dificuldade em se definir o tempo para as técnicas a vibração e a vibrocompressão previnem o acúmulo de secreções pulmonares, mantendo as vias respiratórias desobstruídas e reduzindo infecções.Todavia, conforme demonstrado no estudo de Moran et al. (2017), a técnica de vibração e vibro compressão torácica existe uma certa dificuldade em se mensurar qual seria a frequência ideal e o tempo suficiente para que os efeitos sejam eficientes.

Como observado por Thomas et al. (2022) a utilização das técnicas como a drenagem postural demonstraram e promoveram um aumento importante da expectoração e, quando integradas ao exercício físico, aumentaram o volume expiratório forçado no primeiro segundo em pacientes fibrocísticos. Valandro et al (2020), entra em concomitância com autor, visto que segundo o mesmo, as técnicas convencionais, como drenagem postural, vibração e percussão, auxiliando positivamente da remoção de secreções

Segundo Sutton et al., (2014) os estudos demonstram benefícios da TEF (técnica de expiração forçada) na higiene das vias aéreas e na melhora da função pulmonar. Demonstraram que quando a TEF (técnica de expiração forçada) é associada à DP (drenagem postural) ela se torna mais eficaz que percussão e vibração na remoção de secreções das vias aéreas. De acordo com Conto et al, (2014) a técnica de expiração forçada (TEF) e a drenagem postural (DP) são eficazes na higiene das vias aéreas e na função pulmonar, o que consolida a visão de Sutton.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fisioterapia respiratória é indicada para pacientes com fibrose cística devido aos benefícios que suas técnicas trazem para a melhora significativa do quadro do paciente fibrocístico. Dentre as formas de atuação da fisioterapia respiratória destacam-se as técnicas de higiene brônquica, que contribuem consideravelmente para a eliminação de mucos e desobstrução das vias aéreas.

As técnicas de higiene brônquica, essenciais para pacientes com fibrose cística, incluem drenagem postural, técnica de expiração forçada (TEF), drenagem autogênica, aumento do fluxo expiratório, expiração lenta total com a glote aberta e expiração lenta e prolongada. Essas abordagens ajudam na mobilização e eliminação de secreções pulmonares, desobstrução brônquica e aumento do fluxo de ar. Embora cada técnica tenha seus benefícios, a combinação delas potencializa a eficácia do tratamento.

Contudo mais estudos devem ser feitos no que diz respeito a fisioterapia respiratória e as técnicas de higiene brônquica pois a reduzida quantidade de pesquisas tornou-se dificultosa a comprovação científica das manobras.

REFERÊNCIAS

ARTIGO DE REVISÃO RESUMO. [s.d.]. https://portalnepas.org.br/abcshs/article/view/629/644

CAMILA; CAMILA. Parte 1. Avaliação do paciente com Fibrose Cística. Brazilian Journal of Respiratory, Cardiovascular and Critical Care Physiotherapy, v. 10, n. Suplemento 1 – Recomendação Brasileira de Fisioterapia na Fibrose Cística, p. 21–60, 18 nov. 2019. https://www.bjrassobrafir.org/article/5dd2df6e0e88250817c63493

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DOM BOSCO CURSO DE FISIOTERAPIA THALIA DOS SANTOS DINIZ O PAPEL DA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA EM CRIANÇAS DE 8 A 12 ANOS COM FIBROSE CÍSTICA: revisão de literatura São Luís. [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://repositorio.undb.edu.br/bitstream/areas/910/1/THALIA%20DOS%20SANTOS%20DINIZ.pdf>.

FERNANDA. Fisioterapia Respiratória Na Fibrose Cística: Técnicas E Recursos Utilizados Em Um Serviço De Referência. Ufpb.br, 2014. https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/30397

GONÇALVES, M.; RIBEIRO, O. 2. TÉCNICAS DE REMOÇÃO DE SECREÇÃO DAS VIAS AÉREAS. Maio, v. 10, p. 61–98, 2019.  http://www.assobrafir.periodikos.com.br/article/5dd2dfc10e88254118c63493/pdf/1571231544-10-Suplemento+1+-+Recomenda%C3%A7%C3%A3o+Brasileira+de+Fisioterapia+na+Fibrose+C%C3%ADstica-61.pdf

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/rcr2.214

KIOUMIS, I. P. et al. Pneumothorax in cystic fibrosis. Journal of thoracic disease, v. 6, n. Suppl 4, p. S480-7, 2014.  https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4203988/

MACIEL, J. M. DE S.; SALES, W.; BARBOSA, R. R. T. EVIDÊNCIAS DA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NO TRATAMENTO DA FIBROSE CÍSTICA. Scientia: Revista Científica Multidisciplinar, v. 6, n. 2, p. 41–60, 5 maio 2021. https://www.revistas.uneb.br/index.php/scientia/article/view/10129

MENEZES, T. B. DE et al. Atuais técnicas de intervenções fisioterapêuticas para remoção de secreção em crianças diagnosticadas com Fibrose Cística: uma revisão integrativa de literatura: Current techniques of physiotherapeutic interventions in children diagnosed with Cystic Fibrosis: an integrative literature review. Brazilian Journal of Health Review, v. 5, n. 6, p. 22075–22087, 7 nov. 2022. https://www.conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/950

MORINI, C. S.; RAIMUNDO, R. J. DE S.; LIMA, K. OLIVEIRA DE. Abordagem sobre a fibrose cística pulmonar e seus tratamentos. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 7, n. 15, p. e151495, 24 out. 2024. http://www.revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/1495

SALAMONE, I. et al. Bronchial tree‐shaped mucous plug in cystic fibrosis: imaging‐guided management. Respirology Case Reports, v. 5, n. 2, 12 jan. 2017.

SILVA, L. et al. ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO ATENDIMENTO A PACIENTES COM FIBROSE CÍSTICA: UMA REVISÃO DE LITERATURA. ENCICLOPEDIA BIOSFERA, v. 14, n. 25, 2017. https://www.conhecer.org.br/ojs/index.php/biosfera/article/view/950

Terapias de higiene brônquica durante exacerbações de pacientes com fibrose cística: uma revisão de literatura | FACSETE Health Sciences. facsete.com.br, 1 fev. 2024. https://facsete.com.br/revista/index.php/FACSETEHealthSciences/article/view/46/55

VALANDRO, A. F.; HEINZMANN-FILHO, J. P. Intervenções de fisioterapia respiratória para crianças e adolescentes com fibrose cística: uma revisão integrativa. ASSOBRAFIR Ciência, v. 10, n. 1, p. 49, 14 set. 2020. https://www.bjr-assobrafir.org/article/doi/10.47066/2177-9333.AC.2019.0006

VANDEVANTER, D. R.; KONSTAN, M. W. Outcome measures for clinical trials assessing treatment of cystic fibrosis lung disease. Clinical Investigation, v. 2, n. 2, p. 163–175, fev. 2012. https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4486293/

Vista do Fisioterapia respiratória em Fibrose Cística – estudo de caso. Disponível em: https://unipar.openjournalsolutions.com.br/index.php/saude/article/view/949/831

ZIEGLER, B. 5. EXACERBAÇÃO, COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS E SITUAÇÕES ESPECIAIS NA FIBROSE CÍSTICA. Maio, v. 10, p. 169–188, 2019. https://www.bjr-assobrafir.org/article/5dd2e0900e8825c719c63493/pdf/assobrafir-10-1-169.pdf


1 Graduandos(a) no curso do fisioterapia pelo Centro Universitário de Ensino Superior de Floriano – PI (UNIFAESF). E-mail: karengabriella765@gmail.com; karenravenna2019@hotmail.com; e laravls22@hotmail.com.

2 Professor Orientador Me. em Genética e Toxologia aplicada;Especialista em Fisioterapia Hospitalar e Especialista em Osteopatia. E-mail: jrf.fisio@outlook.com