A FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA NA MULHER

Andréa Ferreira Silva
Nazete Araújo1
A incontinência urinária é uma condição decorrente de diversos fatores anatômicos e fisiológicos distintos, tornando-se cada vez mais comum na população feminina em qualquer faixa etária, independente de raça ou condição social e que traz consigo grande repercussão no aspecto físico, mental e social das mulheres por ela acometidas. Trata-se de um problema complexo que requer estudo e manejo interdisciplinar e que, contudo, até pouco tempo atrás era tratado exclusivamente com medicamentos e/ou cirurgias.
Os vários riscos e os efeitos colaterais potenciais das intervenções farmacológicas e cirúrgicas despertaram interesse na busca de novas alternativas para o tratamento conservador da incontinência urinária. A fisioterapia surgiu como nova aliada, atuando efetivamente na incapacidade da musculatura do assoalho pélvico em gerar força suficiente para efetivar a contração ou mantê-la durante um certo período de tempo, ou mesmo atuar na incapacidade de inibição reflexa das contrações detrusoras, obtendo excelentes resultados na contenção da urina.
A estratégia preventiva e terapêutica da fisioterapia na contenção da urina na mulher baseia-se na terapia comportamental, na cinesioterapia e na eletroestimulação.
A terapia comportamental visa reeducar a bexiga, separando a percepção da necessidade de urinar do ato de urinar, permitindo restabelecer o controle cortical sobre a bexiga. A cinesioterapia pélvica (exercício do assoalho pélvico), associada ou não ao biofeedback e aos cones vaginais, melhora a coordenação, a força e a capacidade de enduro dos músculos do assoalho pélvico, aumentando a pressão de fechamento da uretra e a capacidade de contração desses músculos diante do aumento súbito da pressão intra-abdominal. A utilização da corrente elétrica (eletroestimulação) produz contração da musculatura perineal, aumentando a percepção cortical da paciente, facilitando as contrações voluntárias e ativando o reflexo pudendo-pélvico, inibindo as contrações inadequadas do detrusor em pacientes com via neural intacta.
É fundamental, portanto, que a abordagem terapêutica da incontinência urinária feminina seja interdisciplinar para se obter, sobretudo, melhores resultados com riscos menores à saúde da paciente.