PHYSIOTHERAPY IN HUMANIZED PRE-DELIVERY CARE: THE IMPORTANCE OF TECHNIQUES FOR PAIN RELIEF
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10142087
Leidiene Maria Nascimento Colares – Up201305851
Lívia Débora De Castro Araújo – Up201274672
Luciana De Oliveira Farias – Up201233843
Orientador: Prof. Esp. Felipe Eden Souza de Oliveira4
RESUMO
O parto é o momento mais aguardado pela gestante e familiares e cercado de sentimentos e sensações que acompanham a mulher até o nascimento do bebê. Assim, o objetivo da pesquisa é apontar a importância do fisioterapeuta na fase de pré-parto e no intraparto e os benefícios das técnicas e condutas para promover a redução da dor e desconfortos. Esse estudo, de natureza qualitativa, trata-se de uma Revisão Bibliográfica, no qual foram escolhidos 20 artigos de relevância sobre o assunto. Os resultados apontaram a importância do profissional no acompanhamento do trabalho de parto, pois possui competência técnica para dar suporte e incentivar um parto mais ativo e humanizado, garantido a segurança e bem-estar de mãe e filho.
INTRODUÇÃO
O parto representa um marco na vida da mulher e é uma experiência repleta de sentimentos. Durante a gestação, são criadas muitas expectativas e ansiedade pela chegada do bebê e o parto é a concretização de tudo o que foi idealizado durante esse período3.
O parto é influenciado por diversos fatores, tais como a preparação no pré natal, as expectativas criadas e os procedimentos obstétricos. Ao dar entrada em uma maternidade a gestante traz consigo também os temores desse momento, que incluem a morte, incisão, o pós-parto e o maior temor de todos: a dor1.
Nesse momento a parturiente busca por acolhimento já que possui um aumento doloroso em situações de tensão, medo, estresse, solidão, a permanência em um ambiente estranho, falta de conhecimento sobre o processo do parto e desamparo afetivo e social. Em contra partida, o acesso às informações corretas, o relaxamento, sentir-se ativa, a confiança, promovem a redução na sua percepção de dor e melhoram a sua qualidade de vida no pré-parto6.
Os métodos não farmacológicos vêm sendo utilizados como opção para substituir analgésicos e anestésicos no decorrer do trabalho de parto com a implantação de programas multidisciplinares que têm como objetivo proporcionar benefícios à parturiente, bem como diminuir os sintomas de dor e desconforto, controlar a ansiedade, do tempo de trabalho de parto, promover o bem-estar e o equilibro físico-psíquico da parturiente9.
O fisioterapeuta integra a equipe e tem uma grande função tanto no pré-parto quanto no parto, pois avalia e monitora as alterações fisiológicas e patológicas e promove o bem-estar da mãe e do bebê nesse momento importante e propicia à gestante viver esse momento com mais saúde e maior qualidade de vida10.
Isto para atender o Programa Nacional de Humanização do Parto do Ministério da Saúde lançado no ano 2000 que formalizou as iniciativas que já vinham sendo implantadas nas unidades hospitalares, no sentido de tornar a atenção menos intervencionista e a participação da parturiente mais ativa no processo do parto1.
JUSTIFICATIVA
A Resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) nº 401 de 18 de agosto de 2011 disciplinou a especialidade de profissional de fisioterapia da na saúde da mulher, estabelecendo as competências do fisioterapeuta nessa área de atuação, com destaque para a prescrição e aplicação de recursos e técnicas fisioterapêuticas de analgesia durante o trabalho de parto, bem como as orientações posturais.
Apesar dessa área se encontrar em expansão, a presença do fisioterapeuta ainda não está bem difundida, além de que são poucas as unidades hospitalares que oferecem esta modalidade de atendimento com vistas à humanização e acolhimento da parturiente, atendendo as suas necessidades e respeitando a sua individualidade.
Com a comprovação da eficácia das técnicas e recursos fisioterapêuticos no pré-parto e dos seus benefícios por meio das evidencias científicas, é necessário que essa área de atuação seja mais reconhecida e analisada pelos formados e formando em fisioterapia, justificando assim, a necessidade da pesquisa.
OBJETIVOS
GERAL:
- Apontar a importância do fisioterapeuta na fase de pré-parto e no intraparto e os benefícios das técnicas e condutas para promover a redução da dor e desconfortos.
ESPECÍFICOS:
- Descrever a fase do trabalho de parto e a sua evolução até o parto; • Identificar as técnicas fisioterapêuticas utilizadas no pré-parto e suas contribuições no alívio da dor;
- Analisar o papel do fisioterapeuta no suporte físico e emocional à gestante em trabalho de parto no contexto de assistência humanizada.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1 O PARTO
Até o final do XVII os partos eram realizados por parteiras, também chamadas comadres ou doulas, que possuíam muita experiência e conhecimento em partos que eram feitos na sua residência ou na residência da gestante. As parteiras acompanhavam as mulheres em toda a gestação, parto e pós-parto, da saúde da mulher e do bebê de uma maneira geral e eram pessoas de muita confiança das mulheres2.
Essa prática permaneceu ate por volta de 1940, quando os partos passaram a ser realizados em hospitais, o que contribuiu para a diminuição da mortalidade materna e de natimortos. O que antes era um ato natural e familiar, passou a ser um ato médico privativo, que tirou o protagonismo da gestante nesse processo e as parteiras passaram a ocupar o segundo plano6.
O parto é a finalização da gestação, é o momento em que o bebê deixa o útero da mãe e pode ocorrer de várias formas e há diversos fatores que influenciam na escolha do parto, sendo que os partos mais comuns são o parto normal e o parto cesárea8.
O primeiro tem início espontâneo, natural, pode ocorrer a qualquer hora, com dilatação e contração uterina e expulsão do feto e pode durar até doze horas. Já a cesárea é um procedimento cirúrgico com uso de anestesia raquidiana e corte no abdome, ultrapassando camadas até alcançar o útero para retirar o bebê, pode ser marcada convenientemente e dura aproximadamente vinte minutos10.
Ao chegar na maternidade a gestante se depara com um ambiente estranho, com pessoas desconhecidas e na maioria das vezes não sabe o que acontecerá daquele momento em diante. O trabalho de parto tem início espontâneo entre a 37ª e 40ª semana de gestação ocorre em três fases distintas
A primeira fase é dividida em latente, ativa e transição, sendo que na primeira se iniciam as primeiras contrações irregulares e é caracterizada pela dilatação gradual do colo do útero até cinco centímetros. Na fase ativa a dilatação é superior a cinco centímetros a dilatação pode chegar a seis centímetros e a mulher começa a ter contrações regulares, mais frequentes e dolorosas1.
A fase de transição é a fase final da primeira fase do trabalho de parto em que as contrações se tornam mais fortes e próxima uma da outra, o colo do útero atinge de oito a dez centímetros. Essa fase é considerada a mais intensa e mais desafiadora para a mulher em decorrência da dor10.
A segunda fase é denominada período expulsivo em que ocorre a dilatação total do colo do útero e pode durar de duas a três horas e é nesse período que o bebê vai nascer. Já o período de dequitação é a saída da placenta e geralmente tem duração aproximada de uma hora6.
Tanto a gestação quanto o parto são influenciados por hormônios produzidos no corpo da mulher. Em conjunto com o útero, o cérebro é o órgão mais ativo nesse processo, pois é ele quem controla todo o sistema hormonal que atua nos níveis físico, emocional e comportamental.
A contração uterina é controlada por dois hormônios que agem em momentos distintos na gestação: a progesterona age durante toda a gestação para inibir a contração uterina, evitando assim o nascimento prematuro e o estrogênio que estimula as contrações uterinas no final da gravidez2.
Além do estrogênio, outros hormônios estão envolvidos diretamente no processo do parto, sendo eles a ocitocina que auxilia na contratilidade uterina, principalmente no período expulsivo, as prostaglandinas que são liberadas pelo útero quando este é estimulado pelo estrogênio e o Hormônio Liberador da Corticotrofina que promovem a contração uterina2.
1.1 A DOR NO PARTO
Conforme mencionado anteriormente, há diversos fatores que influenciam na escolha do tipo de parto e entre esses fatores a dor da expulsão do bebê é o fator mais comum5. É importante destacar que o medo do parto não se refere apenas a dor, mas também à morte.
Muitas gestantes acabam tornando o parto um momento negativo, um motivo a isso é a preocupação com a dor, principalmente com a dor do momento da expulsão. O parto com dor seria considerado uma má experiência, já que a crença popular relata que o que é bom não inclui dor.6
O parto é um momento esperado e com significados construídos e reconstruídos dinamicamente na cultura em que estão inseridas e conforme as experiências vivenciadas e ao mesmo tempo, é um momento temido em razão de não saber o que pode vir a acontecer5.
Historicamente, em diversas culturas e grupos sociais, as vivências do trabalho de parto e parto têm sido associadas a termos como agonia, provação, medo, terror, sofrimento, morte. o medo da dor durante o trabalho de parto e parto como um dos aspectos que influenciam a incidência de cesáreas, na medida em que a dor é tida como algo insuportável por muitas mulheres que − juntamente com a ideia de que o parto normal pode trazer riscos para o feto ou mesmo provocar lesões anatômicas e fisiológicas − causa grande temor.2
As gestantes criam expectativas em relação ao parto com base em experiências anteriores por meio de relatos de terceiros e de informações de pessoas leigas. As evidências apontam que a ansiedade e o medo aumentam a dor significativamente no pré-parto e no parto e, se associado a sentimentos, pensamento, agem como mobilizadores da dor, ou seja, mente e corpo são indissociáveis5.
A dor também está pelos mecanismos mecânicos do parto, a ocitocina que atua no período expulsivo provoca distensão dos órgãos da musculatura lisa, que pode ser causada por movimentos fetais ou rompimento das membranas que irritam o colo uterino e afetam as regiões sensoriais terminais6.
A dor é mais que um processo fisiológico, ela é complexa e subjetiva, entretanto, a biomedicina não tem essa mesma concepção, pois privilegia as manifestações orgânicas, quantificáveis e universais. Isto pode ser percebido no momento do parto, quando as subjetividades da parturiente são desconsideradas na maioria das vezes pela equipe9.
O que se espera é que esta se “comporte bem” diante da dor, o que inclui obediência às ordens, acato aos conselhos da equipe, não se desesperar e não gritar e em caso de “mau comportamento”, podem ser ignoradas pela equipe ou submetidas à violência verbal e obstétrica1.
1.2 ASSISTÊNCIA HUMANIZADA
A promulgação da Constituição Federal em (1988) redemocratizou a saúde no Brasil e em 1990 a Lei nº 8.080/1990 em seu Art. 2º que a saúde é um direito fundamental sendo dever do Estado prover as condições ao seu pleno exercício. Isto representa um marco histórico na política de assistência à saúde e serviu de base de sustentação para o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) regulamentado no ano 2000 por meio da Portaria Nº 569/GM/2000 com o objetivo de introduzir uma nova cultura na assistência à saúde de gestante e RN no país6. Seu Art. 2º estabelece que:
a – toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério;
b – toda gestante tem direito ao acompanhamento pré-natal adequado de acordo com os princípios gerais e condições estabelecidas no Anexo I desta Portaria;
c – toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o acesso à maternidade em que será atendida no momento do parto;
d – toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja realizada de forma humanizada e segura, de acordo com os princípios gerais e condições estabelecidas no Anexo II desta Portaria;
e – todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura;
f – as autoridades sanitárias dos âmbitos federal, estadual e municipal são responsáveis pela garantia dos direitos enunciados nas alíneas acima11.
Essa Portaria determina ainda os princípios gerais e as condições para o adequado acompanhamento do pré-natal e todos os exames laboratoriais que devem ser realizados pela gestante. O documento assegura ainda a humanização da assistência obstétrica e neonatal para o acompanhamento adequado do parto e do puerpério12.
A humanização na saúde significa valorizar os diferentes sujeitos implicados no processo de assistência: usuários, profissionais e gestores. Enquanto política pública, a humanização deve criar espaços de construção e troca de saberes, investindo nos modos de trabalhar em equipe e inclui lidar com necessidades, desejos e interesses destes diferentes atores9.
Nesse contexto, a humanização na saúde significa comprometer-se em ofertar cuidados que aliam o uso da melhor tecnologia, acolhimento, ética e respeito ao usuário. A humanização está acumulada aos direitos humanos, um princípio que deve ser aplicado em todos os aspectos de cuidado6.
Na assistência humanizada a parturiente participa ativamente de todo o processo e tem a sua autonomia preservada, ou seja, a faz protagonista do próprio parto. A prática assistencial é voltada para a valorização, orientação, compreensão, apoio psicológico, com respeito ao seu tempo e aplicação de técnicas de relaxamento e alívio da dor12.
1.3 A FISIOTERAPIA NO PRÉ-PARTO E PARTO
Os programas multidisciplinares de assistência ao parto estão sendo implantados com o objetivo de proporcionar à parturiente bem-estar e equilíbrio psicológico e físico. Entre os integrantes da equipe está o fisioterapeuta, que atua na avaliação e na monitoria das alterações físicas e fisiológicas com foco na manutenção do bem-estar da mãe e do bebê em todas as etapas do trabalho de parto.
A Fisioterapia obstétrica tem um importante papel a desempenhar durante o trabalho de parto, diminuindo desconfortos e prevenindo complicações. A Fisioterapia obstétrica exerce um papel acolhedor, dando à parturiente suporte físico e emocional8.
O fisioterapeuta acompanha a parturiente durante o trabalho de parto com tecnologias não farmacológicas, estimulando a dilatação, auxiliando no controle da dor durante as contrações por meio da mobilização, coordenação respiratória e na flexibilização, podendo ainda acompanhar a equipe durante o parto13.
Ao longo do trabalho de parto, o fisioterapeuta desempenha um papel importante, pois a parturiente necessita de mobilidade pélvica e usa a musculatura do abdômen, diafragma respiratório e períneo intensamente. Ao aplicar técnicas respiratórias o profissional evita que a mãe tenha fadiga durante o parto, o treino de expulsão propicia segura para participar do parto e as técnicas de relaxamento reduzem a tensão e a dor.
Durante o pré-parto, é essencial o fisioterapeuta assistir a parturiente, procurando manter o corpo móvel e ajudando a coordenar a ação da musculatura e incentivando movimentos funcionais para cada fase da dilatação. Consequentemente, além da redução do número de cesáreas, os exercícios estimulam a diminuição da dor e a duração do trabalho de parto3.
O profissional está habilitado na área da saúde e a sua atuação é reconhecida e regulamentada pelo Decreto de Lei nº 9381/1969, Lei nº 6316/1975 que criou o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional Decreto nº 9640/1984 e Lei nº 8856/1994 define sua atuação reconhecida podendo aplicar seus conhecimentos e exercê-la em hospitais, sala de pré-parto, parto e puerpério.
1.4 A FISIOTERAPIA NO PRÉ-PARTO E PARTO
O fisioterapeuta compreende todos os movimentos do corpo e no momento do pré-parto trabalha todos os movimentos e articulações do corpo e prepara a parturiente para o parto utilizando condutas não invasivas, contribuindo para o processo de dilatação9.
Entre as condutas humanizadas mais executadas e que preparam a pacientes para o parto estão o banho quente, a deambulação, cinesioterapia, massagem terapêutica, exercícios com bola suíça, técnicas respiratórias e massagem terapêutica. Cabe ressaltar que é a paciente quem decide qual técnica será aplicada e receberá o protocolo de atendimento conforme a sua aceitação e capacidade de realizar os exercícios8.
1.4.1 Banho quente
O banho quente, seja por aspersão ou imersão, por meio da estimulação cutânea de calor superficial que somada ao tempo de aplicação e intensidade proporciona efeitos sistêmicos que contribuem para a redução do quadro álgico, da ansiedade e promove o relaxamento.
Essa técnica não interfere na progressão do trabalho de parto, ao contrário, a água sobre as costas quente restringe a sensibilidade dolorosa, principalmente na região lombar que é apontada como maior queixa das parturientes no trabalho de parto, causada pela apresentação posterior da cabeça do feto.
A água deve estar aquecida a uma temperatura de 37ºC a 38ºC e o jato deve ser direcionado para a região lombar, abdominal ou lombo-sacra onde a gestante deve permanecer por pelo menos vinte minutos em pé ou sentada para aliviar a dor e reduzir o desconforto causado pelas contrações13.
1.4.2 Deambulação
A deambulação assumida pela gestante e com a ajuda do fisioterapeuta vem ganhando destaque no parto humanizado e proporciona muitos benefícios no trabalho de parto em razão da melhora na circulação uterina, propiciando uma eficiência maior na função contrátil das fibras musculares, e a gravidade exercida durante a deambulação faz com que o movimento pélvico reduza o tempo de trabalho de parto na primeira etapa. Essa redução é atribuída à melhora na contratilidade uterina e a necessidade menor do uso da ocitocina e analgesia13.
Ao se manter em posição vertical em deambulação, a paciente previne a oclusão da veia cava ou da aorta, localizadas entre a coluna vertebral e o útero, bem como diminui o risco de sofrimento fetal ao assegurar os intercâmbios materno-fetal placentários por um período maior14.
1.4.3 Cinesioterapia
Cinesio significa movimento e a cinesioterapia é uma técnica aplicada que tem como base os conhecimentos em anatomia, fisiologia e biomecânica que utiliza o movimento ou exercício para tratar as diversas situações de desconforto, englobando exercícios em músculos hipotônicos, estressados e atrofiados que melhora a capacidade funcional e promove a amplitude do movimento1.
A cinesioterapia no pré-parto tem como objetivos aliviar a dor, fortalecer o assoalho pélvico para sustentar o útero, prevenir patologias, promover relaxamento e auxiliar na dilatação do colo uterino. O fisioterapeuta trabalha para melhorar a força, postura e sustentação do corpo da parturiente, proporcionando adaptações biomecânicas, controle do estresse muscular e alívio das dores lombares e pélvicas e dessa forma é possível que a parturiente tenha um parto mais humanizado e menos traumático12.
1.4.4 Massagem terapêutica
A massagem durante o trabalho de parto proporciona alívio da dor, relaxamento e diminuição do estresse emocional e pode ser realizada com técnicas de deslizamentos superficiais e suaves, amassamento ou pinçamento nos membros superiores e inferiores, na região dorsal na região lombo-sacra no nível entre T10 e L215.
O ato de massagear as costas utilizando cremes ou óleos com a gestante sentada ou deitada em decúbito lateral esquerdo nos intervalos entre as contrações é útil no controle da dor e mais eficiente do que várias tentativas em mudança de posição durante o primeiro estágio de trabalho de parto. Ao utilizar essa técnica simples e barata, o fisioterapeuta contribui para que a mãe sinta menos dor e ameniza o seu sofrimento17.
1.4.5 Bola Suíça
A bola suíça é usada pelo fisioterapeuta para trabalhar a movimentação pélvica, auxiliar na correção postural, alongamento, relaxamento e fortalecimento da musculatura, para facilitar a expulsão do bebê. Ajuda a facilitar a adoção da postura vertical da parturiente, proporcionando a mobilidade pélvica, aliviando o desconforto pélvico12.
A utilização da bola suíça é bem aceita pelas parturientes, pois promove o bem estar, produz melhoras nas contrações uterinas e reduz o tempo de trabalho de parto. Esse recurso, além de ter um baixo custo financeiro, corrige a postura e fortalece a musculatura do assoalho pélvico, principalmente os músculos levantadores do ânus e pubococcígeo e da fáscia da pelve, o que amplia a pelve e facilita a expulsão do bebê4.
1.4.6 Exercícios respiratórios
A respiração é imprescindível durante o trabalho de parto e os exercícios respiratórios envolvem a distensão do abdômen durante a inspiração e a contração do abdômen durante a expiração que auxiliam na redução da ansiedade e promove o relaxamento8.
No trabalho de parto são utilizadas as técnicas de respiração torácica no momento das contrações para favorecer a oxigenação ao promover maior expansão torácica e a respiração abdominal deve ser utilizada no intervalo das contrações para promover o relaxamento da parturiente14.
Na hora do parto, a literatura recomenda que a parturiente realize movimentos respiratórios lentos, associados a um freio-labial lento e progressivo, que ajuda a criar uma pressão externa no abdômen e modular o tônus, auxiliando no momento da força para a expulsão do feto16.
1.4.7 Eletroestimulação nervosa transcutânea (TENS)
A TENS é uma medida não farmacológica, não invasiva, segura e de baixo custo que envia impulsos elétricos por meio de eletrodos posicionados na região vertebral (T10 e L1) e na região do canal de parto e assoalho pélvico (S2 e S4). Esses impulsos são de fácil aplicação e inibem a transmissão dos impulsos dolorosos, proporcionando analgesia e estimulando a liberação de opioides endógenos, como a endorfina, para aliviar a sensação dolorosa10.
Deve ser utilizada durante o trabalho de parto para reduzir a dor e retardar o uso de fármacos e seus efeitos. A literatura diverge sobre os parâmetros de frequência a serem utilizados, mas sugerem de 80 a 100Hz e pulso de 75 a 100µs com intensidade de acordo com a sensibilidade da parturiente18.
MÉTODO
Optou-se por uma revisão bibliográfica, pois “trata-se do levantamento de toda a bibliografia já publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto […]”, numa abordagem qualitativa. Este tipo de pesquisa é fundamentado em diversos procedimentos metodológicos: escolha do tema, localização, seleção, leitura, fichamento, organização, resumo, análise e interpretação e redação19.
Foram realizadas buscas no banco de dados da Scielo, Medline, Pubmed, BVsalud, Lilacs e Google Acadêmico para encontrar pesquisas que abordaram o tema no período de 2018 a 2022 e os resultados retornaram 356 publicações.
Na sequência, foi realizada a leitura do resumo das pesquisas para verificar se atendiam às necessidades do estudo. Para a seleção das publicações, foram aplicados os critérios de inclusão: textos integrais, monografias, texto em língua portuguesa, com acesso livre e que tratavam exclusivamente fisioterapia no pré-parto e parto humanizado.
Os critérios de exclusão aplicados foram: textos parciais, em língua estrangeira, com acesso indisponível, as publicações duplicadas, que continham apenas resumo, artigos em língua estrangeira, apenas capítulos de monografias, dissertações e tesese pesquisas publicadas anteriormente a 2018. Após leitura das publicações, foram selecionadas 10 e excluídas 346 publicações. Foi realizado um resumo dos artigos e do tópico resultados e discussão e ainda, foi feita a seleção das citações diretas a serem utilizadas na pesquisa.
RESULTADOS
AUTOR/ANO | TÍTULO | METODOLOGIA |
1. SOUZA, SR. et al/2018 | A gestante no pré-parto: a fisioterapia traz benefícios? | Experimental |
2. LIMA. LO.; et al./2022 | Intervenção fisioterapêutica no parto humanizado | Revisão |
3. TENORIO. STS/2021 | Abordagem fisioterapêutica na saúde da mulher direcionada ao pré-parto | Estudo de caso |
4. TAVARES, SC.; TEIXEIRA CMPP./2022 | Atuação da fisioterapia durante o trabalho de parto humanizado | Coorte |
5. SOUZA. NM.; NICIDA. DP./2019 | A atuação da fisioterapia obstétrica: revisão de literatura | Revisão |
6. BASAGLIA. C.; et al./2020 | Atuação do fisioterapeuta no trabalho de parto humanizado | Relato de caso |
7. ARRUDA. SMC.; et al./2020 | Abordagem fisioterapêutica no pré parto: uma revisão integrativa | Revisão |
8. CRUZ. C.B da; et al./2020 | Recursos fisioterapêuticos aplicados no trabalho de parto natural humanizado: uma revisão bibliográfica | Revisão |
9. COELHO. KC;et al./2018 | Métodos não farmacológicos para alívio da dor durante trabalho de parto | Experimenta |
10. BRITO, M. dos S. et al./2019 | A importância da atuação da fisioterapia no parto humanizado: uma revisão sistêmica | Pesquisa de Campo |
Fonte: Os Autores (2023)
FLUXOGRAMA
DISCUSSÃO
O foco da pesquisa é a assistência fisioterapêutica humanizada voltada para o pré-parto que contribui para tornar o processo de parturição mais natural, ativo e satisfatório onde o fisioterapeuta exerce um papel acolhedor e oferece suporte físico e emocional à parturiente8.
A dor no trabalho de parto e no parto é apontada como o medo principal das gestantes e uma das queixas principais das parturientes, seguida pelo desconforto. Para minimizar os desconfortos e aliviar o quadro álgico, o fisioterapeuta integra a equipe multidisciplinar de assistência à mãe e bebê em que reúne seus conhecimentos para aplicar técnicas não farmacológicas e não invasivas para auxiliar e orientar a parturiente no pré-parto16.
A cinesioterapia se mostrou eficaz no alívio da dor e dos desconfortos, e se apresenta como uma técnica que promove a consciência corporal e direciona os movimentos para a hora do parto. As parturientes submetidas a essa técnica tiveram resultados satisfatórios na evolução do trabalho de parto10.
A TENS reduz significativamente a intensidade da dor e dos desconfortos durante o trabalho de parto e o suporte oferecido pelo fisioterapeuta ajuda a paciente a lidar com as contrações com pouco ou nenhum uso de fármaco, tornando a participação da mãe mais ativa e as etapas do trabalho de parto mais humanizado9.
No decurso do trabalho de parto, a água morna alivia a dor lombar e promove o relaxamento muscular nas parturientes sem provocar efeitos indesejados no perfil biofísico do bebê. Essa técnica também é bem aceita pelas parturientes e, se associada ao uso da bola suíça e da massagem, melhora os resultados e garante o bem-estar e conforto da paciente18,13.
Os exercícios respiratórios também apresentam efeitos positivos no pré-parto, pois ajudam as gestantes no controle da dor, na redução do estresse e a lidar com as contrações. As orientações do fisioterapeuta sobre a respiração correta ajudam a alivia o fundo uterino e favorece a oxigenação que resultam em tranquilidade e relaxamento8.
A deambulação, em conjunto com outras técnicas fisioterapêuticas, também resulta em efeitos positivos para a parturiente, assim como a massagem terapêutica. Ocorre que mesmo com tantos benefícios comprovados da assistência do fisioterapeuta para humanizar o pré-parto, a importância do profissional na obstetrícia dos centros hospitalares não é reconhecida3,14.
Essa crítica também foi observada em outros três artigos que apresentaram os resultados dos efeitos da intervenção fisioterapêutica às parturientes e destacaram a importância do profissional no acompanhamento do trabalho de parto, sendo necessário propagar as estratégias da fisioterapia nesse processo, pois o profissional possui competência técnica para dar suporte e incentivar um parto mais ativo e humanizado, garantido a segurança e bem-estar de mãe e filho ao observar os limites fisiológicos1,12,3.
CONCLUSÃO
A pesquisa conseguiu alcançar seus objetivos de apontar a importância do fisioterapeuta na humanização do trabalho de parto, bem como apontar as técnicas que podem ser utilizadas para aliviar a dor e promover o bem-estar físico e psicológico da parturiente.
Esse momento tão importante na vida da mulher não pode ser marcado como um evento negativo e sofrível e por essa razão, é preciso o acompanhamento do fisioterapeuta, um profissional acolhedor que utiliza o seu conhecimento para oferecer conforto, segurança e prepará-la para o parto com recursos de baixo custo e de fácil utilização para que a mesma seja protagonista da chegada do seu bebê.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. LIMA. LO.; et al. Intervenção fisioterapêutica no parto humanizado. Research, Society and Development, v 11, n 6, 2022. Disponível em https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/28880/25064
2. TOSTES. NA.; SEIDL. EMF. Expectativas de Gestantes sobre o Parto e suas Percepções acerca da Preparação para o Parto. Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2016, Vol. 24, nº 2, 681-693. Disponível em https://www.redalyc.org/pdf/5137/513754278015.pdf
3. SOUZA, SR.; et al. A gestante no pré-parto: a fisioterapia traz benefícios? Scire Salutis, v.8, n.2, p.104-114, 2018. Disponível em https://www.sustenere.co/index.php/sciresalutis/article/view/CBPC2236- 9600.2018.002.0011/1283
4. LIMA. EGS; et al. Intervenções fisioterapêuticas para os músculos do assoalho pélvico no preparo para o parto: revisão da literatura e proposta de manual de orientação. Fisioterapia Brasil 2021;22(2):216-229, 2021. Disponível em https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1284162
5. LOPES. RCS.; DONELLI. TS. O Antes e o Depois: Expectativas e Experiências de Mães sobre o Parto. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2015, 18(2), pp.247-254. Disponível em https://www.scielo.br/j/prc/a/MTBGL85GcSBfBc5SpJy4xBG/abstract/?lang=pt
6. SILVANI. CMB. Parto humanizado: uma revisão bibliográfica. TCC. Universidade Federal do Rio Grande do Sul., 2010.
7. MARCELINO TC, LANUEZ FV. Abordagem fisioterapêutica na massagem perineal no pré-parto. ConScientiae Saúde, vol. 8, núm. 2, 2009, pp. 339-344. Disponível em https://www.redalyc.org/pdf/929/92912014023.pdf
8. SOUZA. NM.; NICIDA. DP. A atuação da fisioterapia obstétrica: revisão de literatura. Revista Saúde e Desenvolvimento vol.13, n.15, 2019. Disponível em file:///C:/Users/drica/Downloads/911-Texto%20do%20artigo-3322-3714-10- 20200203.pdf
9. TENORIO. STS. Abordagem fisioterapêutica na saúde da mulher direcionada ao pré-parto. TCC. Faculdade UNIRB Arapiraca. 2021. Disponível em http://dspace.unirb.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/289
10. TAVARES, SC.; TEIXEIRA CMPP. Atuação da fisioterapia durante o trabalho de parto humanizado. Revista Faculdades do Saber, 08 (16), 1666-1676. 2022. Disponível em https://rfs.emnuvens.com.br/rfs/article/view/205/149
11. Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 569 de 1º de junho de 2000. Brasília. 2000. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2000/prt0569_01_06_2000_rep.html
12. BASAGLIA. C.; et al. Atuação do fisioterapeuta no trabalho de parto humanizado. TCC. Faculdades Integradas de Fernandópolis, FIFE. 2020. Disponível em: https://www.fef.br/upload_arquivos/geral/arq_60f7034de9a43.pdf
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1FAMETRO; Docente do Curso de Fisioterapia na Universidade Paulista (UNIP);
2Graduando do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP);
3Graduando do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP);
4Graduando do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP);4Especialista em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapias manuais por Bio cursos pela