A FISIOTERAPIA NA ASSISTÊNCIA HUMANIZADA NO PRÉ-PARTO: AIMPORTÂNCIA DAS TÉCNICAS PARA O ALÍVIO DA DOR

PHYSIOTHERAPY IN HUMANIZED PRE-DELIVERY CARE: THE IMPORTANCE OF TECHNIQUES FOR PAIN  RELIEF 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10142087


Leidiene Maria Nascimento Colares – Up201305851 
Lívia Débora De Castro Araújo – Up201274672 
Luciana De Oliveira Farias – Up201233843
Orientador: Prof. Esp. Felipe Eden Souza de Oliveira4


RESUMO 

O parto é o momento mais aguardado pela gestante e familiares e cercado de  sentimentos e sensações que acompanham a mulher até o nascimento do bebê.  Assim, o objetivo da pesquisa é apontar a importância do fisioterapeuta na fase de  pré-parto e no intraparto e os benefícios das técnicas e condutas para promover a  redução da dor e desconfortos. Esse estudo, de natureza qualitativa, trata-se de uma  Revisão Bibliográfica, no qual foram escolhidos 20 artigos de relevância sobre o  assunto. Os resultados apontaram a importância do profissional no acompanhamento  do trabalho de parto, pois possui competência técnica para dar suporte e incentivar  um parto mais ativo e humanizado, garantido a segurança e bem-estar de mãe e filho. 

INTRODUÇÃO 

O parto representa um marco na vida da mulher e é uma experiência repleta  de sentimentos. Durante a gestação, são criadas muitas expectativas e ansiedade  pela chegada do bebê e o parto é a concretização de tudo o que foi idealizado durante  esse período3

O parto é influenciado por diversos fatores, tais como a preparação no pré natal, as expectativas criadas e os procedimentos obstétricos. Ao dar entrada em uma  maternidade a gestante traz consigo também os temores desse momento, que  incluem a morte, incisão, o pós-parto e o maior temor de todos: a dor1.  

Nesse momento a parturiente busca por acolhimento já que possui um aumento  doloroso em situações de tensão, medo, estresse, solidão, a permanência em um  ambiente estranho, falta de conhecimento sobre o processo do parto e desamparo  afetivo e social. Em contra partida, o acesso às informações corretas, o relaxamento,  sentir-se ativa, a confiança, promovem a redução na sua percepção de dor e  melhoram a sua qualidade de vida no pré-parto6

Os métodos não farmacológicos vêm sendo utilizados como opção para  substituir analgésicos e anestésicos no decorrer do trabalho de parto com a  implantação de programas multidisciplinares que têm como objetivo proporcionar  benefícios à parturiente, bem como diminuir os sintomas de dor e desconforto,  controlar a ansiedade, do tempo de trabalho de parto, promover o bem-estar e o  equilibro físico-psíquico da parturiente9.  

O fisioterapeuta integra a equipe e tem uma grande função tanto no pré-parto  quanto no parto, pois avalia e monitora as alterações fisiológicas e patológicas e  promove o bem-estar da mãe e do bebê nesse momento importante e propicia à  gestante viver esse momento com mais saúde e maior qualidade de vida10

Isto para atender o Programa Nacional de Humanização do Parto do Ministério  da Saúde lançado no ano 2000 que formalizou as iniciativas que já vinham sendo  implantadas nas unidades hospitalares, no sentido de tornar a atenção menos  intervencionista e a participação da parturiente mais ativa no processo do parto1

JUSTIFICATIVA 

A Resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional  (COFFITO) nº 401 de 18 de agosto de 2011 disciplinou a especialidade de profissional  de fisioterapia da na saúde da mulher, estabelecendo as competências do  fisioterapeuta nessa área de atuação, com destaque para a prescrição e aplicação de  recursos e técnicas fisioterapêuticas de analgesia durante o trabalho de parto, bem  como as orientações posturais.  

Apesar dessa área se encontrar em expansão, a presença do fisioterapeuta  ainda não está bem difundida, além de que são poucas as unidades hospitalares que  oferecem esta modalidade de atendimento com vistas à humanização e acolhimento  da parturiente, atendendo as suas necessidades e respeitando a sua individualidade. 

Com a comprovação da eficácia das técnicas e recursos fisioterapêuticos no  pré-parto e dos seus benefícios por meio das evidencias científicas, é necessário que  essa área de atuação seja mais reconhecida e analisada pelos formados e formando  em fisioterapia, justificando assim, a necessidade da pesquisa.  

OBJETIVOS 

GERAL: 

  • Apontar a importância do fisioterapeuta na fase de pré-parto e no intraparto e  os benefícios das técnicas e condutas para promover a redução da dor e  desconfortos.  

ESPECÍFICOS:  

  • Descrever a fase do trabalho de parto e a sua evolução até o parto; • Identificar as técnicas fisioterapêuticas utilizadas no pré-parto e suas  contribuições no alívio da dor; 
  • Analisar o papel do fisioterapeuta no suporte físico e emocional à gestante em  trabalho de parto no contexto de assistência humanizada.  

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

1 O PARTO 

Até o final do XVII os partos eram realizados por parteiras, também chamadas  comadres ou doulas, que possuíam muita experiência e conhecimento em partos que  eram feitos na sua residência ou na residência da gestante. As parteiras  acompanhavam as mulheres em toda a gestação, parto e pós-parto, da saúde da  mulher e do bebê de uma maneira geral e eram pessoas de muita confiança das  mulheres2.  

Essa prática permaneceu ate por volta de 1940, quando os partos passaram a  ser realizados em hospitais, o que contribuiu para a diminuição da mortalidade  materna e de natimortos. O que antes era um ato natural e familiar, passou a ser um  ato médico privativo, que tirou o protagonismo da gestante nesse processo e as  parteiras passaram a ocupar o segundo plano6

O parto é a finalização da gestação, é o momento em que o bebê deixa o útero  da mãe e pode ocorrer de várias formas e há diversos fatores que influenciam na  escolha do parto, sendo que os partos mais comuns são o parto normal e o parto cesárea8.  

O primeiro tem início espontâneo, natural, pode ocorrer a qualquer hora, com  dilatação e contração uterina e expulsão do feto e pode durar até doze horas. Já a  cesárea é um procedimento cirúrgico com uso de anestesia raquidiana e corte no  abdome, ultrapassando camadas até alcançar o útero para retirar o bebê, pode ser  marcada convenientemente e dura aproximadamente vinte minutos10

Ao chegar na maternidade a gestante se depara com um ambiente estranho,  com pessoas desconhecidas e na maioria das vezes não sabe o que acontecerá  daquele momento em diante. O trabalho de parto tem início espontâneo entre a 37ª e  40ª semana de gestação ocorre em três fases distintas 

A primeira fase é dividida em latente, ativa e transição, sendo que na primeira se iniciam as primeiras contrações irregulares e é caracterizada pela dilatação gradual  do colo do útero até cinco centímetros. Na fase ativa a dilatação é superior a cinco  centímetros a dilatação pode chegar a seis centímetros e a mulher começa a ter  contrações regulares, mais frequentes e dolorosas1

A fase de transição é a fase final da primeira fase do trabalho de parto em que  as contrações se tornam mais fortes e próxima uma da outra, o colo do útero atinge de oito a dez centímetros. Essa fase é considerada a mais intensa e mais desafiadora  para a mulher em decorrência da dor10

A segunda fase é denominada período expulsivo em que ocorre a dilatação  total do colo do útero e pode durar de duas a três horas e é nesse período que o bebê  vai nascer. Já o período de dequitação é a saída da placenta e geralmente tem  duração aproximada de uma hora6

Tanto a gestação quanto o parto são influenciados por hormônios produzidos  no corpo da mulher. Em conjunto com o útero, o cérebro é o órgão mais ativo nesse  processo, pois é ele quem controla todo o sistema hormonal que atua nos níveis físico,  emocional e comportamental. 

A contração uterina é controlada por dois hormônios que agem em momentos  distintos na gestação: a progesterona age durante toda a gestação para inibir a  contração uterina, evitando assim o nascimento prematuro e o estrogênio que  estimula as contrações uterinas no final da gravidez2

Além do estrogênio, outros hormônios estão envolvidos diretamente no  processo do parto, sendo eles a ocitocina que auxilia na contratilidade uterina, principalmente no período expulsivo, as prostaglandinas que são liberadas pelo útero  quando este é estimulado pelo estrogênio e o Hormônio Liberador da Corticotrofina  que promovem a contração uterina2. 

1.1 A DOR NO PARTO 

Conforme mencionado anteriormente, há diversos fatores que influenciam na  escolha do tipo de parto e entre esses fatores a dor da expulsão do bebê é o fator  mais comum5. É importante destacar que o medo do parto não se refere apenas a dor,  mas também à morte. 

Muitas gestantes acabam tornando o parto um momento  negativo, um motivo a isso é a preocupação com a dor,  principalmente com a dor do momento da expulsão. O parto com dor seria considerado uma má experiência, já que a crença  popular relata que o que é bom não inclui dor.6 

O parto é um momento esperado e com significados construídos e  reconstruídos dinamicamente na cultura em que estão inseridas e conforme as  experiências vivenciadas e ao mesmo tempo, é um momento temido em razão de não  saber o que pode vir a acontecer5

Historicamente, em diversas culturas e grupos sociais, as  vivências do trabalho de parto e parto têm sido associadas a  termos como agonia, provação, medo, terror, sofrimento, morte.  o medo da dor durante o trabalho de parto e parto como um dos  aspectos que influenciam a incidência de cesáreas, na medida  em que a dor é tida como algo insuportável por muitas mulheres  que − juntamente com a ideia de que o parto normal pode trazer  riscos para o feto ou mesmo provocar lesões anatômicas e  fisiológicas − causa grande temor.2 

As gestantes criam expectativas em relação ao parto com base em  experiências anteriores por meio de relatos de terceiros e de informações de pessoas  leigas. As evidências apontam que a ansiedade e o medo aumentam a dor  significativamente no pré-parto e no parto e, se associado a sentimentos, pensamento,  agem como mobilizadores da dor, ou seja, mente e corpo são indissociáveis5

A dor também está pelos mecanismos mecânicos do parto, a ocitocina que atua  no período expulsivo provoca distensão dos órgãos da musculatura lisa, que pode ser  causada por movimentos fetais ou rompimento das membranas que irritam o colo  uterino e afetam as regiões sensoriais terminais6.  

A dor é mais que um processo fisiológico, ela é complexa e subjetiva,  entretanto, a biomedicina não tem essa mesma concepção, pois privilegia as  manifestações orgânicas, quantificáveis e universais. Isto pode ser percebido no  momento do parto, quando as subjetividades da parturiente são desconsideradas na  maioria das vezes pela equipe9

O que se espera é que esta se “comporte bem” diante da dor, o que inclui  obediência às ordens, acato aos conselhos da equipe, não se desesperar e não gritar  e em caso de “mau comportamento”, podem ser ignoradas pela equipe ou submetidas  à violência verbal e obstétrica1

1.2 ASSISTÊNCIA HUMANIZADA 

A promulgação da Constituição Federal em (1988) redemocratizou a saúde no  Brasil e em 1990 a Lei nº 8.080/1990 em seu Art. 2º que a saúde é um direito  fundamental sendo dever do Estado prover as condições ao seu pleno exercício. Isto  representa um marco histórico na política de assistência à saúde e serviu de base de  sustentação para o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) regulamentado no ano 2000 por meio da Portaria Nº 569/GM/2000 com o objetivo de  introduzir uma nova cultura na assistência à saúde de gestante e RN no país6. Seu Art. 2º estabelece que: 

a – toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e  de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério;
b – toda gestante tem direito ao acompanhamento pré-natal  adequado de acordo com os princípios gerais e condições  estabelecidas no Anexo I desta Portaria; 
c – toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o acesso  à maternidade em que será atendida no momento do parto; 
d – toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao  puerpério e que esta seja realizada de forma humanizada e  segura, de acordo com os princípios gerais e condições  estabelecidas no Anexo II desta Portaria; 
e – todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de  forma humanizada e segura; 
f – as autoridades sanitárias dos âmbitos federal, estadual e  municipal são responsáveis pela garantia dos direitos enunciados nas alíneas acima11

Essa Portaria determina ainda os princípios gerais e as condições para o  adequado acompanhamento do pré-natal e todos os exames laboratoriais que devem  ser realizados pela gestante. O documento assegura ainda a humanização da  assistência obstétrica e neonatal para o acompanhamento adequado do parto e do  puerpério12

A humanização na saúde significa valorizar os diferentes sujeitos implicados no  processo de assistência: usuários, profissionais e gestores. Enquanto política pública,  a humanização deve criar espaços de construção e troca de saberes, investindo nos  modos de trabalhar em equipe e inclui lidar com necessidades, desejos e interesses  destes diferentes atores9

Nesse contexto, a humanização na saúde significa comprometer-se em ofertar  cuidados que aliam o uso da melhor tecnologia, acolhimento, ética e respeito ao  usuário. A humanização está acumulada aos direitos humanos, um princípio que deve  ser aplicado em todos os aspectos de cuidado6

Na assistência humanizada a parturiente participa ativamente de todo o  processo e tem a sua autonomia preservada, ou seja, a faz protagonista do próprio  parto. A prática assistencial é voltada para a valorização, orientação, compreensão,  apoio psicológico, com respeito ao seu tempo e aplicação de técnicas de relaxamento  e alívio da dor12

1.3 A FISIOTERAPIA NO PRÉ-PARTO E PARTO 

Os programas multidisciplinares de assistência ao parto estão sendo  implantados com o objetivo de proporcionar à parturiente bem-estar e equilíbrio  psicológico e físico. Entre os integrantes da equipe está o fisioterapeuta, que atua na  avaliação e na monitoria das alterações físicas e fisiológicas com foco na manutenção  do bem-estar da mãe e do bebê em todas as etapas do trabalho de parto. 

A Fisioterapia obstétrica tem um importante papel a  desempenhar durante o trabalho de parto, diminuindo  desconfortos e prevenindo complicações. A Fisioterapia  obstétrica exerce um papel acolhedor, dando à parturiente  suporte físico e emocional8

O fisioterapeuta acompanha a parturiente durante o trabalho de parto com  tecnologias não farmacológicas, estimulando a dilatação, auxiliando no controle da  dor durante as contrações por meio da mobilização, coordenação respiratória e na  flexibilização, podendo ainda acompanhar a equipe durante o parto13

Ao longo do trabalho de parto, o fisioterapeuta desempenha um papel  importante, pois a parturiente necessita de mobilidade pélvica e usa a musculatura do  abdômen, diafragma respiratório e períneo intensamente. Ao aplicar técnicas  respiratórias o profissional evita que a mãe tenha fadiga durante o parto, o treino de  expulsão propicia segura para participar do parto e as técnicas de relaxamento  reduzem a tensão e a dor. 

Durante o pré-parto, é essencial o fisioterapeuta assistir a  parturiente, procurando manter o corpo móvel e ajudando a  coordenar a ação da musculatura e incentivando movimentos  funcionais para cada fase da dilatação. Consequentemente,  além da redução do número de cesáreas, os exercícios  estimulam a diminuição da dor e a duração do trabalho de parto3

O profissional está habilitado na área da saúde e a sua atuação é reconhecida  e regulamentada pelo Decreto de Lei nº 9381/1969, Lei nº 6316/1975 que criou o  Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional  Decreto nº 9640/1984 e Lei nº 8856/1994 define sua atuação reconhecida podendo  aplicar seus conhecimentos e exercê-la em hospitais, sala de pré-parto, parto e  puerpério. 

1.4 A FISIOTERAPIA NO PRÉ-PARTO E PARTO 

O fisioterapeuta compreende todos os movimentos do corpo e no momento do  pré-parto trabalha todos os movimentos e articulações do corpo e prepara a  parturiente para o parto utilizando condutas não invasivas, contribuindo para o  processo de dilatação9.  

Entre as condutas humanizadas mais executadas e que preparam a pacientes  para o parto estão o banho quente, a deambulação, cinesioterapia, massagem  terapêutica, exercícios com bola suíça, técnicas respiratórias e massagem  terapêutica. Cabe ressaltar que é a paciente quem decide qual técnica será aplicada  e receberá o protocolo de atendimento conforme a sua aceitação e capacidade de  realizar os exercícios8.  

1.4.1 Banho quente 

O banho quente, seja por aspersão ou imersão, por meio da estimulação  cutânea de calor superficial que somada ao tempo de aplicação e intensidade proporciona efeitos sistêmicos que contribuem para a redução do quadro álgico, da  ansiedade e promove o relaxamento. 

Essa técnica não interfere na progressão do trabalho de parto, ao contrário, a água sobre as costas quente restringe a sensibilidade dolorosa, principalmente na  região lombar que é apontada como maior queixa das parturientes no trabalho de  parto, causada pela apresentação posterior da cabeça do feto. 

A água deve estar aquecida a uma temperatura de 37ºC a 38ºC e o jato deve  ser direcionado para a região lombar, abdominal ou lombo-sacra onde a gestante deve  permanecer por pelo menos vinte minutos em pé ou sentada para aliviar a dor e  reduzir o desconforto causado pelas contrações13

1.4.2 Deambulação 

A deambulação assumida pela gestante e com a ajuda do fisioterapeuta vem  ganhando destaque no parto humanizado e proporciona muitos benefícios no trabalho  de parto em razão da melhora na circulação uterina, propiciando uma eficiência maior na função contrátil das fibras musculares, e a gravidade exercida durante a  deambulação faz com que o movimento pélvico reduza o tempo de trabalho de parto na primeira etapa. Essa redução é atribuída à melhora na contratilidade uterina e a  necessidade menor do uso da ocitocina e analgesia13

Ao se manter em posição vertical em deambulação, a paciente previne a  oclusão da veia cava ou da aorta, localizadas entre a coluna vertebral e o útero, bem  como diminui o risco de sofrimento fetal ao assegurar os intercâmbios materno-fetal placentários por um período maior14

1.4.3 Cinesioterapia 

Cinesio significa movimento e a cinesioterapia é uma técnica aplicada que tem  como base os conhecimentos em anatomia, fisiologia e biomecânica que utiliza o  movimento ou exercício para tratar as diversas situações de desconforto, englobando  exercícios em músculos hipotônicos, estressados e atrofiados que melhora a  capacidade funcional e promove a amplitude do movimento1

A cinesioterapia no pré-parto tem como objetivos aliviar a dor, fortalecer o  assoalho pélvico para sustentar o útero, prevenir patologias, promover relaxamento e  auxiliar na dilatação do colo uterino. O fisioterapeuta trabalha para melhorar a força,  postura e sustentação do corpo da parturiente, proporcionando adaptações  biomecânicas, controle do estresse muscular e alívio das dores lombares e pélvicas e  dessa forma é possível que a parturiente tenha um parto mais humanizado e menos  traumático12

1.4.4 Massagem terapêutica  

A massagem durante o trabalho de parto proporciona alívio da dor, relaxamento  e diminuição do estresse emocional e pode ser realizada com técnicas de  deslizamentos superficiais e suaves, amassamento ou pinçamento nos membros  superiores e inferiores, na região dorsal na região lombo-sacra no nível entre T10 e  L215

O ato de massagear as costas utilizando cremes ou óleos com a gestante  sentada ou deitada em decúbito lateral esquerdo nos intervalos entre as contrações é  útil no controle da dor e mais eficiente do que várias tentativas em mudança de posição durante o primeiro estágio de trabalho de parto. Ao utilizar essa técnica  simples e barata, o fisioterapeuta contribui para que a mãe sinta menos dor e ameniza  o seu sofrimento17

1.4.5 Bola Suíça  

A bola suíça é usada pelo fisioterapeuta para trabalhar a movimentação pélvica,  auxiliar na correção postural, alongamento, relaxamento e fortalecimento da  musculatura, para facilitar a expulsão do bebê. Ajuda a facilitar a adoção da postura  vertical da parturiente, proporcionando a mobilidade pélvica, aliviando o desconforto  pélvico12

A utilização da bola suíça é bem aceita pelas parturientes, pois promove o bem estar, produz melhoras nas contrações uterinas e reduz o tempo de trabalho de parto.  Esse recurso, além de ter um baixo custo financeiro, corrige a postura e fortalece a  musculatura do assoalho pélvico, principalmente os músculos levantadores do ânus e  pubococcígeo e da fáscia da pelve, o que amplia a pelve e facilita a expulsão do bebê4

1.4.6 Exercícios respiratórios  

A respiração é imprescindível durante o trabalho de parto e os exercícios  respiratórios envolvem a distensão do abdômen durante a inspiração e a contração  do abdômen durante a expiração que auxiliam na redução da ansiedade e promove o  relaxamento8.  

No trabalho de parto são utilizadas as técnicas de respiração torácica no  momento das contrações para favorecer a oxigenação ao promover maior expansão  torácica e a respiração abdominal deve ser utilizada no intervalo das contrações para  promover o relaxamento da parturiente14. 

Na hora do parto, a literatura recomenda que a parturiente realize movimentos  respiratórios lentos, associados a um freio-labial lento e progressivo, que ajuda a criar  uma pressão externa no abdômen e modular o tônus, auxiliando no momento da força para a expulsão do feto16

1.4.7 Eletroestimulação nervosa transcutânea (TENS) 

A TENS é uma medida não farmacológica, não invasiva, segura e de baixo  custo que envia impulsos elétricos por meio de eletrodos posicionados na região  vertebral (T10 e L1) e na região do canal de parto e assoalho pélvico (S2 e S4). Esses  impulsos são de fácil aplicação e inibem a transmissão dos impulsos dolorosos,  proporcionando analgesia e estimulando a liberação de opioides endógenos, como a  endorfina, para aliviar a sensação dolorosa10

Deve ser utilizada durante o trabalho de parto para reduzir a dor e retardar o  uso de fármacos e seus efeitos. A literatura diverge sobre os parâmetros de frequência  a serem utilizados, mas sugerem de 80 a 100Hz e pulso de 75 a 100µs com  intensidade de acordo com a sensibilidade da parturiente18

MÉTODO 

Optou-se por uma revisão bibliográfica, pois “trata-se do levantamento de toda  a bibliografia já publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa  escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que  foi escrito sobre determinado assunto […]”, numa abordagem qualitativa. Este tipo de  pesquisa é fundamentado em diversos procedimentos metodológicos: escolha do  tema, localização, seleção, leitura, fichamento, organização, resumo, análise e  interpretação e redação19

Foram realizadas buscas no banco de dados da Scielo, Medline, Pubmed,  BVsalud, Lilacs e Google Acadêmico para encontrar pesquisas que abordaram o tema  no período de 2018 a 2022 e os resultados retornaram 356 publicações.  

Na sequência, foi realizada a leitura do resumo das pesquisas para verificar se  atendiam às necessidades do estudo. Para a seleção das publicações, foram  aplicados os critérios de inclusão: textos integrais, monografias, texto em língua  portuguesa, com acesso livre e que tratavam exclusivamente fisioterapia no pré-parto  e parto humanizado. 

Os critérios de exclusão aplicados foram: textos parciais, em língua estrangeira,  com acesso indisponível, as publicações duplicadas, que continham apenas resumo,  artigos em língua estrangeira, apenas capítulos de monografias, dissertações e tesese pesquisas publicadas anteriormente a 2018. Após leitura das publicações, foram  selecionadas 10 e excluídas 346 publicações. Foi realizado um resumo dos artigos e  do tópico resultados e discussão e ainda, foi feita a seleção das citações diretas a  serem utilizadas na pesquisa.  

RESULTADOS 

AUTOR/ANO TÍTULO METODOLOGIA
1. SOUZA, SR. et  al/2018A gestante no pré-parto: a fisioterapia traz  benefícios?Experimental
2. LIMA. LO.; et  al./2022Intervenção fisioterapêutica no parto  humanizado Revisão 
3. TENORIO.  STS/2021Abordagem fisioterapêutica na saúde da  mulher direcionada ao pré-partoEstudo de caso 
4. TAVARES, SC.;  TEIXEIRA  CMPP./2022Atuação da fisioterapia durante o trabalho  de parto humanizadoCoorte 
5. SOUZA. NM.;  NICIDA.  DP./2019 A atuação da fisioterapia obstétrica:  revisão de literatura Revisão
6. BASAGLIA. C.;  et al./2020Atuação do fisioterapeuta no trabalho de  parto humanizadoRelato de caso
7. ARRUDA.  SMC.; et  al./2020Abordagem fisioterapêutica no pré parto:  uma revisão integrativaRevisão
8. CRUZ. C.B da;  et al./2020 Recursos fisioterapêuticos aplicados no  trabalho de parto natural humanizado:  uma revisão bibliográficaRevisão 
9. COELHO. KC;et  al./2018Métodos não farmacológicos para alívio  da dor durante trabalho de partoExperimenta
10. BRITO,  M. dos S. et  al./2019A importância da atuação da fisioterapia  no parto humanizado: uma revisão  sistêmicaPesquisa de Campo 

Fonte: Os Autores (2023)

FLUXOGRAMA

DISCUSSÃO 

O foco da pesquisa é a assistência fisioterapêutica humanizada voltada para o  pré-parto que contribui para tornar o processo de parturição mais natural, ativo e  satisfatório onde o fisioterapeuta exerce um papel acolhedor e oferece suporte físico  e emocional à parturiente8

A dor no trabalho de parto e no parto é apontada como o medo principal das  gestantes e uma das queixas principais das parturientes, seguida pelo desconforto.  Para minimizar os desconfortos e aliviar o quadro álgico, o fisioterapeuta integra a  equipe multidisciplinar de assistência à mãe e bebê em que reúne seus  conhecimentos para aplicar técnicas não farmacológicas e não invasivas para auxiliar  e orientar a parturiente no pré-parto16

A cinesioterapia se mostrou eficaz no alívio da dor e dos desconfortos, e se  apresenta como uma técnica que promove a consciência corporal e direciona os  movimentos para a hora do parto. As parturientes submetidas a essa técnica tiveram  resultados satisfatórios na evolução do trabalho de parto10

A TENS reduz significativamente a intensidade da dor e dos desconfortos  durante o trabalho de parto e o suporte oferecido pelo fisioterapeuta ajuda a paciente  a lidar com as contrações com pouco ou nenhum uso de fármaco, tornando a  participação da mãe mais ativa e as etapas do trabalho de parto mais humanizado9

No decurso do trabalho de parto, a água morna alivia a dor lombar e promove  o relaxamento muscular nas parturientes sem provocar efeitos indesejados no perfil  biofísico do bebê. Essa técnica também é bem aceita pelas parturientes e, se  associada ao uso da bola suíça e da massagem, melhora os resultados e garante o  bem-estar e conforto da paciente18,13

Os exercícios respiratórios também apresentam efeitos positivos no pré-parto,  pois ajudam as gestantes no controle da dor, na redução do estresse e a lidar com as  contrações. As orientações do fisioterapeuta sobre a respiração correta ajudam a  alivia o fundo uterino e favorece a oxigenação que resultam em tranquilidade e  relaxamento8

A deambulação, em conjunto com outras técnicas fisioterapêuticas, também  resulta em efeitos positivos para a parturiente, assim como a massagem terapêutica.  Ocorre que mesmo com tantos benefícios comprovados da assistência do fisioterapeuta para humanizar o pré-parto, a importância do profissional na obstetrícia  dos centros hospitalares não é reconhecida3,14

Essa crítica também foi observada em outros três artigos que apresentaram os  resultados dos efeitos da intervenção fisioterapêutica às parturientes e destacaram a  importância do profissional no acompanhamento do trabalho de parto, sendo  necessário propagar as estratégias da fisioterapia nesse processo, pois o profissional  possui competência técnica para dar suporte e incentivar um parto mais ativo e  humanizado, garantido a segurança e bem-estar de mãe e filho ao observar os limites  fisiológicos1,12,3.  

CONCLUSÃO 

A pesquisa conseguiu alcançar seus objetivos de apontar a importância do  fisioterapeuta na humanização do trabalho de parto, bem como apontar as técnicas  que podem ser utilizadas para aliviar a dor e promover o bem-estar físico e psicológico  da parturiente. 

Esse momento tão importante na vida da mulher não pode ser marcado como  um evento negativo e sofrível e por essa razão, é preciso o acompanhamento do  fisioterapeuta, um profissional acolhedor que utiliza o seu conhecimento para oferecer  conforto, segurança e prepará-la para o parto com recursos de baixo custo e de fácil  utilização para que a mesma seja protagonista da chegada do seu bebê.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

1. LIMA. LO.; et al. Intervenção fisioterapêutica no parto humanizado.  Research, Society and Development, v 11, n 6, 2022. Disponível em  https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/28880/25064  

2. TOSTES. NA.; SEIDL. EMF. Expectativas de Gestantes sobre o Parto e  suas Percepções acerca da Preparação para o Parto. Trends in Psychology /  Temas em Psicologia – 2016, Vol. 24, nº 2, 681-693. Disponível em  https://www.redalyc.org/pdf/5137/513754278015.pdf 

3. SOUZA, SR.; et al. A gestante no pré-parto: a fisioterapia traz benefícios? Scire Salutis, v.8, n.2, p.104-114, 2018. Disponível em  https://www.sustenere.co/index.php/sciresalutis/article/view/CBPC2236- 9600.2018.002.0011/1283  

4. LIMA. EGS; et al. Intervenções fisioterapêuticas para os músculos do  assoalho pélvico no preparo para o parto: revisão da literatura e proposta de  manual de orientação. Fisioterapia Brasil 2021;22(2):216-229, 2021. Disponível em  https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1284162 

5. LOPES. RCS.; DONELLI. TS. O Antes e o Depois: Expectativas e  Experiências de Mães sobre o Parto. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2015, 18(2),  pp.247-254. Disponível em  https://www.scielo.br/j/prc/a/MTBGL85GcSBfBc5SpJy4xBG/abstract/?lang=pt 

6. SILVANI. CMB. Parto humanizado: uma revisão bibliográfica. TCC.  Universidade Federal do Rio Grande do Sul., 2010. 

7. MARCELINO TC, LANUEZ FV. Abordagem fisioterapêutica na massagem  perineal no pré-parto. ConScientiae Saúde, vol. 8, núm. 2, 2009, pp. 339-344.  Disponível em https://www.redalyc.org/pdf/929/92912014023.pdf 

8. SOUZA. NM.; NICIDA. DP. A atuação da fisioterapia obstétrica: revisão de  literatura. Revista Saúde e Desenvolvimento vol.13, n.15, 2019. Disponível em  file:///C:/Users/drica/Downloads/911-Texto%20do%20artigo-3322-3714-10- 20200203.pdf 

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19. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da  metodologia de pesquisa científica. procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica,  projeto e relatório publicações e trabalhos científicos. 8ª ed. Editora Atlas. São Paulo.  2017. 

20. Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. GEN Guanabara  Koogan. 2017. 


1FAMETRO; Docente do Curso de Fisioterapia na Universidade Paulista (UNIP);
2Graduando do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP);
3Graduando do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP);
4Graduando do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP);4Especialista em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapias manuais por Bio cursos pela