A FISIOTERAPIA COMO PREVENÇÃO NOS COMPROMETIMENTOS FUNCIONAIS DO CLIMATÉRIO E MENOPAUSA

PHYSIOTHERAPY AS PREVENTION IN FUNCTIONAL IMPAIRMENTS IN CLIMACTERIUM AND MENOPAUSE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411222248


Emilly Dayane de Souza1
Ingryd Raiany Silva de Oliveira2


Resumo

O climatério é uma fase que começa após a menopausa. Embora não seja considerado uma patologia, é uma parte natural do ciclo de vida da mulher. No entanto, durante esse período, podem surgir condições associadas que podem causar complicações. O objetivo desta pesquisa é demonstrar como a fisioterapia pode ser benéfica nesse estágio e como certas práticas, como exercícios e terapias, podem ajudar a aliviar os sintomas e promover a qualidade de vida. Com base nos achados, a fisioterapia pode intervir utilizando métodos como pilates, exercícios de Kegel, cinesioterapia, hidroterapia e eletroestimulação.

PALAVRAS-CHAVE: Climatério; Menopausa; Fisioterapia; Saúde da Mulher.

1. INTRODUÇÃO

As mulheres constituem a maior parte da população brasileira e são as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), enfrentam desafios relacionados não apenas à saúde física, mas também a aspectos como alimentação, lazer, trabalho, moradia, educação, renda, e suas relações sociais e autoestima. E nessa perspectiva observa-se o descuido relacionado à terceira idade.

O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo que desencadeia alterações importantes no organismo da mulher. Os termos climatério e menopausa marcam a vida das mulheres de meia-idade e muitas vezes são usados como sinônimos, porém possuem significados distintos. O climatério é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma fase biológica da vida e não um processo patológico, que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher. 

A palavra climatério, derivada de klimater (grego), significa “período crítico” e compreende a transição da fase reprodutiva para a fase não reprodutiva. Geralmente ele ocorre entre 40 e 65 anos e caracteriza-se pela irregularidade menstrual até o fim dos ciclos menstruais. A menopausa é um marco desta fase, que corresponde ao último ciclo menstrual e só é reconhecida 12 meses depois de ocorrer, geralmente por volta dos 48 a 50 anos. 

A fisioterapia desempenha um papel importante na prevenção e tratamento dos sintomas da menopausa, aplicando recursos terapêuticos para melhorar sua condição física, prevenir complicações futuras e proporcionar benefícios físicos e psicológicos. Portanto, o objetivo desta investigação foi elencar e aprofundar através de uma revisão de literatura os possíveis benefícios da intervenção fisioterapêutica em pacientes na menopausa, através de técnicas como pilates, exercícios de Kegel, cinesioterapia, hidroterapia e eletroestimulação.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Este trata-se de um estudo de caráter descritivo objetivando a partir da literatura compilar informações e fazer inferências a partir destas, buscando avaliar melhores indicações e protocolos. Para tal análise foi realizada uma busca nos principais bancos de dados: PubMed (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/), Web of Science (www.webofscience.com.br) e google acadêmico (www.scholargoogle.com.br). No qual foi utilizado palavras-chave “Climatério”, “Menopausa” e “Fisioterapia”. Os artigos coletados estão entre os anos de 2015 até 2023. Foram incluídos artigos sobre a temática principal, artigos que trabalham com mulheres durante a menopausa e climatério, que tratem diretamente patologias associadas a esses termos, e artigos originais que sejam empregados em outros protocolos de tratamento por meio de intervenção. Foram excluídos os artigos que não empreguem protocolos ou não tratem a mulher diretamente. Os dados foram analisados conforme a proposta, na qual buscou-se avaliar protocolos que apresentassem atividades direcionadas para mulheres em período de menopausa e climatério e a partir dessa perspectiva, analisar os protocolos empregados e quais os mais eficientes.

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 Climatério e Menopausa

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o climatério compreende uma fase biológica da vida e não um processo patológico, que consiste na transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher. A menopausa é a interrupção fisiológica dos ciclos menstruais devido ao fim da secreção hormonal dos ovários, é o termo mais conhecido da etapa de transição da vida da mulher. Esse período é definido como “quando uma mulher para de ovular e não pode mais procriar” (Papalia & Olds, 2000, p.)

A insuficiência ovariana faz com que a produção hormonal diminua e depois pare. Essa deficiência hormonal pode causar sintomas de curto, médio e longo prazo. No curto prazo, experimentamos sintomas autonômicos ou vasomotores. Os mais comuns são ondas de calor e sudorese. Quanto à neuropsicologia, ocorrem alterações de humor e memória, insônia, tensão e ansiedade. A médio prazo, podem ocorrer distúrbios geniturinários como dispareunia, diminuição da libido e diminuição da lubrificação. A longo prazo, existe uma tendência ao desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas.

A prática de atividade física tem demonstrado promover efeitos benéficos nos pacientes em fase de climatério, melhorando muitos desses sintomas. A insônia, o humor triste e as dores musculares são os que apresentam diminuição de intensidade significativa (GONÇALVES et al.,  2011). No século passado, esse assunto não era motivo de preocupação para a sociedade já que as mulheres nem chegavam à menopausa devido à expectativa de vida ser bem menor na população feminina. Hoje, com o aumento da expectativa de vida feminina e aumento do envelhecimento populacional, este tem sido assunto de novas pesquisas para auxiliar a definir condutas terapêuticas, visando à promoção da saúde. Por isso esta pesquisa teve como objetivo avaliar e comparar os efeitos da Fisioterapia no climatério, na sua sintomatologia e na qualidade de vida da mulher.

3.2 Avaliação

A avaliação da mulher no climatério deve focar tanto na sua saúde atual quanto na história médica anterior, envolvendo uma equipe multidisciplinar. O atendimento deve englobar a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o manejo dos sintomas clínicos e as dificuldades dessa fase. Muitas vezes, o ginecologista assume também o papel de clínico geral. É comum que surjam condições sistêmicas que podem se manifestar como dores articulares ou musculares, ganho gradual de peso, depressão ou até sintomas de hipotireoidismo, que podem ser confundidos com as mudanças hormonais da transição ovariana.

O exame consiste em uma avaliação física geral, com atenção voltada para alguns aspectos específicos deste grupo etário. Inicialmente, a verificação do peso e altura para cálculo do Índice de Massa Corpórea – IMC (peso/altura²) define a necessidade de um maior cuidado com a alimentação, quando detectados índices de baixo peso (IMC25) ou obesidade (IMC>30). A verificação da pressão arterial também é de suma importância, sendo uma boa oportunidade para rastreamento de alterações, acompanhamento e encaminhamentos necessários. A simples medida da circunferência abdominal (> 80 cm nas mulheres), associada a outros fatores, indica a atenção para a avaliação da síndrome metabólica e risco cardiovascular. A inspeção deve iniciar pelo fáscies, aspecto da pele, fâneros, mucosas, seguida da ausculta cardíaca e pulmonar, palpação da tireóide e do abdômen e observação dos membros inferiores à procura de edema e outras alterações circulatórias ou ortopédicas. 

Na primeira consulta da mulher no climatério, a rotina básica de exames inclui avaliações para prevenção de doenças, detecção precoce e avaliação geral da saúde. Esses exames devem ser realizados periodicamente (semestral, anual, bianual ou trianual), conforme os protocolos estabelecidos, podendo ser ajustados em função de intercorrências ou alterações. A experiência da menopausa e do climatério varia de acordo com a história individual de cada mulher, levando em consideração fatores hereditários, culturais, sociais e econômicos, o que afeta a frequência e intensidade dos sintomas e desconfortos. A promoção da saúde nesta fase envolve compreender a relação de cada mulher com seu corpo e as mudanças físicas e emocionais que estão ocorrendo.

3.3 Sobrepeso e Sedentarismo

As prevalências de sobrepeso e obesidade e do grupo das outras doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) cresceram de maneira importante nos últimos 30 anos. Neste cenário epidemiológico, destaca-se a obesidade por ser simultaneamente uma doença é um fator de risco para outras DCNT, com destaque para as cardiovasculares e diabetes que consistem nas principais causas de óbitos em adultos. Este risco aumenta progressivamente de acordo com o ganho de peso. O excesso de peso também está associado a doenças como litíase biliar, osteoartrite, alguns tipos de câncer, apnéia do sono, refluxo gastroesofágico e hérnia de hiato. Quanto às diferenças de sexo e idade, pode-se observar que as prevalências de obesidade são semelhantes para homens e mulheres até os 40 anos, mas entre a idade 40 a 65 anos as mulheres passam a apresentar prevalência duas vezes maior que os homens. Indivíduos com excesso de gordura abdominal (definida como obesidade andróide) apresentam aumento do tecido adiposo visceral, que confere risco para distúrbios metabólicos, em especial a hipertensão arterial, independentemente do IMC, ao passo que a distribuição mais igual e periférica (definida como obesidade ginecóide) apresenta menores implicações à saúde. Dessa forma, a prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos para a promoção da saúde e redução de morbimortalidade, aumento na duração e melhoria na qualidade de vida, como também influencia nas relações sociais e na auto-estima da mulher. O IMC é recomendado para a avaliação da obesidade em nível populacional e na prática clínica. Os profissionais da Atenção Básica/Saúde da Família devem dar orientações gerais relacionadas à alimentação e às práticas corporais/atividade física. Quando forem necessárias orientações nutricionais e de atividades físicas específicas, as equipes dos municípios com nutricionista e/ou educador físico na Atenção Básica devem elaborar um plano de ação coordenado. O sedentarismo, aliado a uma alimentação inadequada, é identificado como a principal causa do ganho de peso.

A combinação de exercícios físicos com restrição energética contribui para a redução do peso corporal, favorecendo a perda de gordura e preservando a massa magra. A prática regular de exercícios proporciona diversos benefícios, como a melhoria da capacidade cardiovascular e respiratória, o aumento da densidade óssea, a redução da pressão arterial em indivíduos hipertensos, e a melhoria na tolerância à glicose e na ação da insulina. Portanto, é essencial que as mulheres sejam incentivadas a se engajar em atividades físicas regulares. Manter um equilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético é crucial para a redução do peso.

3.4 Atividade Física  

O exercício escolhido pela mulher no climatério deve ser agradável, acessível e fácil de fazer, contribuindo assim para seu bem-estar, auto-estima e regularidade. São recomendadas atividades de variadas naturezas, dando-se prioridade aos exercícios aeróbicos (caminhada, natação, hidroterapia) e à musculação, desde que devidamente orientados por profissionais da área. Estes podem ser exercícios programados (em academias, clubes ou parques) ou ainda em atividades de lazer (dança, jardinagem, jogos ao ar livre, brincadeiras com crianças, andar de bicicleta ou mesmo passear com o animal de estimação precisam ser estimulados).

Durante o climatério, que integra mais uma etapa do processo de envelhecimento aumenta a possibilidade de desenvolvimento de algumas desordens metabólicas, sendo mais freqüente a ocorrência e o agravamento de determinadas doenças crônicas. A prática de exercícios respiratórios, como pilates, hidroterapia e cinesioterapia, meditação, além de melhorar o condicionamento físico, auxiliam na promoção do equilíbrio mental e emocional entre as mulheres. Além de melhorar a saúde global, a prática de atividades físicas constitui uma excelente estratégia contra a baixa auto-estima.

3.5 Patologias associadas ao Climatério

Doenças cardiovasculares O risco relativo de desenvolver doenças cardiovasculares associado ao sedentarismo é estimado em 1,9; para hipertensão arterial, é de 2,1; e para o hábito de fumar, é de 2,5. Estudos demonstram uma relação inversa entre a pressão arterial e a prática de exercícios aeróbicos, com redução significativa da pressão arterial sistólica e diastólica, tanto em indivíduos normotensos quanto hipertensos, mesmo após ajuste para peso e percentual de gordura corporal.

Diabetes mellitus Pesquisas longitudinais revelam que o aumento da atividade física reduz o risco de desenvolver diabetes tipo 2, independentemente do nível de gordura corporal. A combinação de exercícios aeróbicos de intensidade leve a moderada com uma leve redução de peso e uma dieta equilibrada pode diminuir em 50% o risco de progressão para diabetes em indivíduos com intolerância à glicose. Ensaios clínicos randomizados mostram que a prática regular de exercícios físicos, aliada a alterações na dieta, reduz o risco de evolução para diabetes em 58% em menos de três anos.

Obesidade O aumento da atividade física isoladamente não é suficiente para perda ou manutenção de peso em pessoas obesas. Contudo, quando combinado com uma dieta adequada, o exercício físico acelera a perda de peso, preserva a massa magra e reduz a probabilidade de reganho de peso. Em relação à dislipidemia, o exercício aeróbico de intensidade moderada pode aumentar os níveis de HDL-colesterol (HDL-C) e reduzir o colesterol total e os triglicérides. Após a menopausa, as mulheres frequentemente apresentam um perfil lipídico desfavorável, com aumento de colesterol total, LDL-colesterol (LDL-C) e triglicérides, e redução de HDL-C. Estudos mostram que exercícios aeróbicos regulares após a menopausa podem melhorar o perfil lipídico, aumentando o HDL-C e reduzindo o LDL-C, o colesterol total e a gordura corporal.

Síndrome metabólica Essa síndrome é definida predominantemente por obesidade central, dislipidemia (com níveis baixos de HDL-C e elevados de triglicérides), hiperglicemia, hipertensão arterial sistêmica e frequentemente diminuição da fibrinólise. Está frequentemente associada à resistência à insulina e à inflamação crônica e leve. A prática regular de atividade física de intensidade moderada pode ser eficaz no combate a essas condições.

3.6 Anatomia

Os órgãos externos femininos localizam-se do púbis até o períneo. Conhecido como pudendo, ou vulva, são nomeados os órgãos genitais externos femininos quando considerados coletivamente. São eles: clitóris, monte do púbis, lábios maiores, bulbo do vestíbulo, lábios menores, vestíbulo da vagina e as glândulas vestibulares maiores. Os grandes lábios são duas pregas longitudinais, incluindo a fenda vulvar, já os pequenos lábios ficam na parte interna dos grandes lábios, unidos ao clitóris (Spence, 1991).

O clitóris é um órgão erétil, constituído de um corpo e uma glande, sua estrutura é homologa à porção distal do pênis, sensível ao toque, e fica engurgitado com sangue e rígido quando estimulado, favorecendo para o estímulo e excitação sexual da mulher. A região do púbis, é uma proeminência localizada anteriormente ao púbis, que no decorrer da puberdade se reveste de pelos (Barrote & Souza, 2000).

Os bulbos do vestíbulo são massas pares de tecido erétil alongados e localizam-se ao longo dos óstio vaginal sob a cobertura dos músculos bulboesponjosos. O local entre os lábios menores é nomeado de vestíbulo da vagina, entre as paredes da uretra há as aberturas dos ductos das glândulas uretrais (de skene) que secretam muco e nos lados do orifício vaginal estão as glândulas de Bartholin, que fazem a produção do muco para a ver a lubrificação durante o ato sexual (Moore & Dalley, 2011).

O assoalho pélvico feminino é dividido em três compartimentos: posterior (reto), anterior (bexiga e uretra), e médio (vagina). Os componentes que auxiliam no suporte do assoalho são: o diafragma pélvico compostos pelos músculos coccígeos e elevadores do ânus, as fáscias pélvicas, e o diafragma urogenital ou espaço perineal profundo onde se localiza o músculo transverso profundo do períneo (Moreno, 2004). Standring (2010), observou que a musculatura superficial do períneo corresponde às fibras dos músculos transverso superficial do períneo, bulboesponjoso e isquiocavernoso que auxilia nas funções sexuais do assoalho pélvico.

O músculo bulboesponjoso tem origem na região anterior do ânus e se anexa no clitóris, realizando a função de ereção do clitóris, contração vaginal e remoção da secreção de glândulas mucosas no decorrer do ato sexual (Fortunato et al., 2014). Os músculos isquiocavernoso e bulbocavernoso tem como função promover a contração voluntária e ajudar no orgasmo e na excitação, e são responsáveis pelas contrações rítmicas e involuntárias que acontece no período do orgasmo (Ferreira et al., 2007).

O músculo isquioscavernoso tem como função manter a ereção e tem origem na tuberosidade isquiática que se insere na raiz do clitóris, e os músculos buboesponjoso e bubocavernoso inseridos na base do clitóris auxiliam nessa ereção que são inervados pelo nervo pudendo. (Baracho, 2002). A musculatura do assoalho pélvico é formada por 70% de fibras do tipo I (contração lenta), e 30% de fibras do tipo II (contração rápida) (Silva, 2003; Nolasco, 2007).

3.7 Fisioterapia pélvica

A fisioterapia pélvica dispõe de diversos recursos, além dos exercícios de contração e relaxamento dos músculos do assoalho pélvico, podemos usar: A eletroterapia, pilates, exercício de kegel, terapias comportamentais, terapias manuais, hidroterapia e cinesioterapia.

3.7.1 Eletroestimulação: 

A eletroestimulação do assoalho pélvico é uma abordagem terapêutica que emprega estímulos elétricos para tratar condições como incontinência urinária e insensibilidade genital. Seus objetivos incluem: restaurar a capacidade de contração e a percepção dos músculos do assoalho pélvico, aumentar a força e resistência muscular, aliviar a dor, melhorar a circulação sanguínea e reduzir espasmos musculares. Amplamente utilizada na fisioterapia, a eletroestimulação envolve a aplicação de correntes elétricas de baixa intensidade por via transcutânea, promovendo contração muscular fisiológica, analgesia, e a recuperação das funções neuromusculares. Além disso, pode contribuir para a melhora das funções dos sistemas endócrino, vascular e tegumentar.

3.7.2 Pilates: 

O Pilates é uma ferramenta terapêutica valiosa na fisioterapia para o tratamento do assoalho pélvico, especialmente durante o climatério. Esta prática é fundamental para fortalecer os músculos do assoalho pélvico, que podem se enfraquecer devido à diminuição dos níveis de estrogênio nessa fase, resultando em incontinência urinária e prolapsos. Adicionalmente, o Pilates melhora a postura e o alinhamento corporal, reduzindo a pressão sobre o assoalho pélvico e promovendo uma distribuição mais uniforme do peso corporal. A prática do Pilates também incrementa a consciência corporal, permitindo que os pacientes aprendam a ativar e relaxar adequadamente os músculos do assoalho pélvico, o que é essencial para prevenir e tratar disfunções na região. Além disso, o Pilates pode aliviar dores e desconfortos relacionados ao enfraquecimento do assoalho pélvico, favorecendo uma melhor circulação e redução das tensões musculares. 

Durante o climatério, a mobilidade e a flexibilidade podem ser comprometidas, e o Pilates contribui para a melhoria da função geral do corpo e da mobilidade, beneficiando a saúde do assoalho pélvico. Para mulheres que passaram por cirurgias ou intervenções na região pélvica, o Pilates oferece uma abordagem eficaz para reabilitação, auxiliando na restauração da função e força muscular. Além dos benefícios físicos, o Pilates pode reduzir o estresse associado ao climatério, promovendo um maior bem-estar por meio de técnicas de respiração e controle corporal. Em resumo, o Pilates proporciona uma abordagem abrangente e eficaz para o tratamento e manutenção da saúde do assoalho pélvico durante o climatério, melhorando a força muscular, a postura e o bem-estar geral.

3.7.3 Exercícios de Kegel: 

Os exercícios de Kegel são de extrema importância durante o climatério, um período em que o enfraquecimento do assoalho pélvico pode ocorrer devido à redução dos níveis de estrogênio. Estes exercícios são eficazes no fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, ajudando a prevenir e aliviar condições como incontinência urinária e prolapso genital.

Para realizar os exercícios de Kegel, é essencial primeiro identificar os músculos do assoalho pélvico. Uma forma prática de localizá-los é tentar interromper o fluxo de urina durante a micção; os músculos envolvidos nessa ação são os alvos do fortalecimento. Em seguida, execute os exercícios em uma posição confortável, que pode ser deitada, sentada ou em pé. À medida que a força muscular aumenta, é possível gradualmente ampliar a duração das contrações e o número de repetições. Os exercícios de Kegel podem ser realizados de forma discreta em qualquer ambiente, o que os torna uma opção conveniente para o fortalecimento do assoalho pélvico. Incorporá-los à rotina diária durante o climatério pode aprimorar a função do assoalho pélvico, reduzir os sintomas de incontinência e promover um melhor bem-estar geral.

3.7.4 Cinesioterapia: 

Durante o climatério, a cinesioterapia é uma abordagem crucial para preservar a saúde do assoalho pélvico, uma vez que as alterações hormonais dessa fase podem levar ao enfraquecimento muscular, resultando em condições como incontinência urinária, prolapsos e desconfortos pélvicos. A cinesioterapia para o assoalho pélvico no climatério engloba diversas técnicas e métodos para promover a saúde e o bem-estar da região. Inicialmente, a cinesioterapia inclui exercícios específicos para fortalecer os músculos do assoalho pélvico, como os exercícios de Kegel, que visam restaurar a força e a resistência dos músculos afetados pelo declínio hormonal, prevenindo ou aliviando sintomas como a incontinência urinária. Além do fortalecimento, a cinesioterapia aborda a coordenação e o controle muscular, empregando exercícios de contração e relaxamento para assegurar um funcionamento muscular eficiente e equilibrado. A cinesioterapia também aborda aspectos posturais e de alinhamento corporal, que influenciam a pressão sobre o assoalho pélvico. Isso promove uma distribuição uniforme do peso corporal e reduz a pressão excessiva na região pélvica. 

Parte importante do tratamento é a educação sobre práticas diárias benéficas para o assoalho pélvico, como técnicas adequadas de levantamento e controle de peso, além da orientação para evitar pressão e tensão excessivas na região. Para mulheres que se submeteram a cirurgias pélvicas, como reparos de prolapsos, a cinesioterapia desempenha um papel vital na reabilitação, ajudando a restaurar a força muscular e a função normal do assoalho pélvico. Adicionalmente, a cinesioterapia incorpora técnicas de respiração e relaxamento para reduzir a tensão muscular e promover um equilíbrio saudável entre contração e relaxamento, auxiliando na gestão de sintomas relacionados ao climatério e melhorando a qualidade de vida. 

Portanto, a cinesioterapia oferece uma abordagem holística para a saúde do assoalho pélvico durante o climatério, combinando fortalecimento muscular, coordenação, educação e técnicas de relaxamento para melhorar a função, aliviar sintomas e promover o bem-estar geral.

3.7.5 Hidroterapia: 

A hidroterapia é uma técnica terapêutica que utiliza exercícios aquáticos para auxiliar na reabilitação de diversas condições. No contexto da fibromialgia, a hidroterapia é amplamente recomendada para o manejo dos sintomas de dor e desconforto associados à síndrome. Esta abordagem é fundamentada na realização de exercícios na água, que oferece suporte ao peso corporal e resistência suave, facilitando maior mobilidade e alongamentos mais eficazes. Os exercícios em ambiente aquático proporcionam baixo impacto, o que é particularmente vantajoso para indivíduos com dor crônica e sensibilidade articular. A prática regular de hidroterapia pode melhorar a flexibilidade e a amplitude de movimento das articulações. Adicionalmente, a aplicação de termoterapia com temperaturas variando entre 30°C e 34°C pode ajudar na redução da dor por meio do alívio da hipersensibilidade e promoção do relaxamento muscular.

Os benefícios da hidroterapia incluem o aumento da força muscular, o relaxamento muscular, a redução de espasmos e a diminuição da sensibilidade à dor. A terapia também contribui para a melhora do condicionamento físico, do perfil de sono e da circulação corporal, resultando em uma melhoria global na qualidade de vida dos pacientes. Para mulheres idosas, a hidroterapia é particularmente benéfica, pois pode melhorar a mobilidade, aumentar a força muscular e aliviar a dor sem sobrecarregar as articulações. Essa abordagem também ajuda a melhorar a flexibilidade, a capacidade aeróbica e a qualidade do sono, além de oferecer um ambiente seguro e de baixo impacto para a prática de exercícios.

4. DISCUSSÃO

A fase do climatério chega para todas as mulheres, com as buscas percebe-se que existe muito desconhecimento das consequências desse período e poucos profissionais que se voltam a tratar mulheres que tem passado por isso, onde se encontram desamparadas. Nos estudos feitos, todos os artigos elencam a importância de uma junta médica para tratar. 

Como citado, a fisioterapia desempenha um papel de fundamental importância no cuidado e no fortalecimento do Assoalho pélvico, sendo uma valiosa ferramenta utilizada para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. Para o Coffito (2013), a eletroestimulação é um recurso amplamente utilizado no ramo da fisioterapia, ele ocorre através da aplicação de correntes elétricas de baixa intensidade por via transcutânea, promovendo contração muscular fisiológica, analgesia, restituição das funções neuromusculares e melhorar funções do sistema endócrino, vascular e tegumentar. De forma similar, estudo de Aguado-Henche, Arriba e Rodríguez-Torres (2017), analisou que a promoção de um período controlado e supervisionado de treinamento físico de Pilates pode elevar a força muscular geral, assim como a composição corpórea e o equilíbrio motor, o que auxilia na melhoria das atividades diárias. 

Os resultados sobre a aptidão física de mulheres em pós-menopausa indicam que o Pilates se torna eficaz no aumento da força das partes superiores e inferiores do corpo. Avaliando-se o desempenho em tarefa única e dupla, nota-se a necessidade de uma ampla prática de sessões por Pilates Em 2016, tendo como protocolo de tratamento o método Pilates, BENELI LM e CARVALHO CF realizaram um estudo com quatro mulheres de aproximadamente 51 anos de idade, onde avaliaram oito itens (capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, quadro álgico, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental) em forma de questionário. As pacientes deveriam auto avaliar-se 0 a 100, sendo 0 o menor índice de qualidade de vida. Segundo Ramos (2010), a incontinência urinária (IU) é uma das consequências da fraqueza de assoalho pélvico, e neste artigo foi feito um estudo de caso onde mulheres na faixa etária dos 45 aos 60 anos de idade, que apresentassem a sintomatologia para IU foram submetidas ao método de Kegel. Para Correa (2015), os resultados obtidos pelos exercícios de Kegel são conflitantes, pois a eficácia dessa modalidade terapêutica é baixa comparada com outros métodos, visto que cerca de 1/3 das pacientes com IU não são capazes de realizar a contração muscular proposta, realizando uma contração dos músculos retoabddominal ou glúteo máximo ao mesmo tempo. 

A cinesioterapia tem sido considerada uma ferramenta chave utilizada no tratamento fisioterápico para o fortalecimento do assoalho pélvico. Basicamente, ela trabalha os músculos pelo movimento e trata da enfermidade, podendo ser utilizada de duas formas: ativa e passiva (VALÉRIO, 2013, p. 5).

No que se refere a hidroterapia ela contribui para que o paciente não tenha tanto impacto devido à pressão hidrostática e à própria gravidade. Montoya-González et al. (2022), afirmam que a intervenção em piscina terapêutica promove uma redução do impacto nas articulações, levando ao movimento e ao fortalecimento musculoesquelético, através da flutuação, consequentemente permitindo a realização do movimento em diferentes planos, somado a uma diminuição da rigidez muscular, alívio de espasmos e promoção do relaxamento, evidenciando uma melhora do equilíbrio e risco de quedas.

5. CONCLUSÃO

Diante dos achados dessa investigação, é possível inferir que diversas técnicas da fisioterapia se mostram potencialmente benéficas no contexto do controle de sintomas no geral característicos da fase de climatério e menopausas. Préticas como o pialtes, cinesioterapia, hidroterapia e atividades físicas tem impacto benéfico, quando associada a outras intervenções, seja ela medicamento ou psicológica, podem melhorar significativamente a qualidade de vida da mulher nesse período. Além disso, foi constatado, por meio dessa pesquisa, que existe na literatura estudos acerca dessas intervenções voltados para esse público, mas existem poucos profissionais voltados a área, o que torna urgente a necessidade de investimentos  e divulgação desse período em específico da mulher e pesquisas voltados para área, para que assim, exista feedback da melhora de qualidade de vida desses paciente .

6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa, 2008.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2008. 192 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Caderno, n.9)

ALBUQUERQUE, C. F. M. et al. Doença Periodontal e Osteoporose em Mulheres na Pós Menopausa. Revista FEMINA, [S.l.], v. 32, n. 4, maio de 2004.

ALMEIDA, A. B. Reavaliando o Climatério: Enfoque atual e multidisciplinar. São Paulo: Atheneu, 2003.

Ribeiro, Micaella Giovanna de Sousa ; Leal, Alexandre Vieira ; Mendonça, Luciano dos Santos; Lopes MB. Recursos de hidroterapia utilizados em pacientes com fibromialgia : Uma revisão Hydrotherapy resources used in patients with fibromyalgia : A review Recursos de la hidroterapia utilizados en pacientes con fibromialgia : Una revisión. Res Soc Dev. 2022;11:10–5. 

S. Montoya-González, M. Jimeno López, D. Tobón Olaya, A. López Muñoz SGG y EMH. Efectos de la hidroterapia sobre el dolor en osteoartritis y fibromialgia: una revisión narrativa. Rev Soc Esp del Dolor. 2022;29(2):78–87. 

Kümpel C, Porto EF, Morgana K, Moura O, Aguiar SD De, De PB. ARTIGO ORIGINAL Estudo comparativo dos efeitos da hidroterapia e método Pilates sobre a capacidade funcional de pacientes portadores de fibromialgia Comparative study of the effects of hydrotherapy and the Pilates method on the functional capacity of fibr. 2020;64–70.

Amaro, J. L., & Gameiro, M. O. O (2001). Tratamento Não Cirúrgico Cinesioterapia. In: Rubinstein, I., Clínicas Brasileiras de Urologia Incontinência Urinária na Mulher. l1. Atheneu.

Araujo, T., G. D., & Scalco, S. C. P. (2019). Transtornos de dor gênito-pélvica/penetração: uma experiência de abordagem interdisciplinar em serviço público. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, 30(1), 54-65.

Baracho, E., Baracho, S. M., & Almeida, L. C (2007). Fisioterapia aplicada a obstetrícia, uroginecologia e aspectos de mastologia. Adaptações do sistema musculoesqueléticos e suas implicações. (4a ed.), Guanabara Koogan. 34 e 35.

Baracho, E., Lotti, R. C. B., & Reis, A. B (2002). Anatomia Feminina In: Baracho, E. Fisioterapia Aplicada à Obstetrícia, Uroginecologia e Aspectos de Mastologia. (3a ed.), Medsi.

Baracho, E. (2014). Fisioterapia aplicada à saúde da mulher. (5a ed.) Guanabara Koogan,2014. 243-254.

Barbosa, L. J. F (2014). Função dos músculos do assoalho pélvico: comparação entre mulheres praticantes do método pilates e sedentárias. 2014. 67f.

Dissertação (Mestrado em Ciência do Movimento Humano) – Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre.

ALENCAR MS, SILVA ES. A Influência do Método Pilates em Mulheres na Fase do Climatério. Revista Cathedral 2(1): 1-13, 2020

ABREU, D.C.C. Abordagem fisioterapêutica no climatério. Fisioterapia na Saúde da Mulher: Teoria    e    Prática.    Rio    de    Janeiro:    Guanabara    Koogan,    p.    147-173,    2011.    

BARACHO,  E.;  ALMEIDA,  M.  B.  A.;  GUIMARÃES,  T.  A. A  importância  da  Fisioterapia durante  o  climatério  e  terceira  idade.  In:  BARACHO,  E.  (org.).  Fisioterapia  Aplicada  à Obstetrícia,  Uroginecologia  e  Aspectos  de  Mastologia.  4.  ed.  Rio  de  Janeiro:  Guanabara Koogan,2007.p.465472.

BERTOLDI  JT  et  al. A  influência  do  método  pilates  na  musculatura  do  assoalho  pélvico  em mulheres no climatério: estudo de caso. Rev. do Departamento de Educação Física e Saúde e do Mestrado  em  Promoção  da  Saúde  da  Universidade  de  Santa  Cruz  do  Sul,  Santa  Cruz  do  Sul 

BEM  MICC  et  al. Climatério  e  menopausa. Rev. Cubana  Med  Gen  Integrado,  Havana. 2011. 

BARACHO,  E.;  ALMEIDA,  M.  B.  A.;  GUIMARÃES,  T.  A. A importância  da Fisioterapia  durante  o  climatério  e  terceira  idade.In:  BARACHO,  E.  (org.). Fisioterapia Aplicada à Obstetrícia, Uroginecologia e Aspectos de Mastologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007, p. 465472.

ALVES, E.R.P.; COSTA, A.M.; BEZERRA, S.M.M.S.; NAKANO, A.M.S.; CAVALCANTI, A.M.T.S.; DIAS, M.D. Climatério: a intensidade dos sintomas e o desempenho sexual, v. 24, p. 64-71, 2015.


1Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Instituição de Ensino Superior de Cacoal (FANORTE). e-mail: emillydayanedesouza@gmail.com
2Docente e Coordenadora do Curso Superior de Fisioterapia da Instituição de Ensino Superior de Cacoal (FANORTE). e-mail: coord.ingrydoliveira@gmail.com