A FADIGA FÍSICA NA ROTINA DE TRABALHO COMO ELEMENTO DESENCADEADOR DE FATORES PSICOSSOCIAIS

PHYSICAL FATIGUE IN WORK ROUTINE AS A UNLEASHING ELEMENT OF PSYCHOSOCIAL FACTORS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202503281556


Marcos de Paula Cougo¹
Mateus Silvestre Túlio²
Gabriela Theodoro Silva³


RESUMO

Os fatores físicos têm papel muito relevante no sistema psicossocial dos indivíduos, causando um stress relacionado ao trabalho que têm um impacto significativo na saúde mental, que compreende uma condição de pleno bem-estar físico, mental e social e não exclusivamente ausência de moléstias e enfermidades (OMS 2015). Dentre os fatores de risco à saúde mental destacam-se: as rápidas mudanças sociais, as condições de trabalho estressantes, a sobrecarga física de trabalho, onde estas condições citadas têm tido grandes impactos no entendimento psicossocial decorrentes da deficiências na organização da gestão do trabalho, bem como de um contexto social de trabalho problemático, podendo ter efeitos negativos a nível psicológico. Deste ponto de vista, as atividades profissionais que deveriam conferir a possibilidade de composição de uma identidade ocupacional e pessoal, mas existem situações em que o colaborador sofre vários tipos de estresses físico, como por exemplo sentir algum tipo de dor muscular proveniente de sua rotina de trabalho, tendo em vista este aspecto, ocorrem as mudanças de comportamento e estado de humor, a partir do referencial teórico da psicologia organizacional relacionada a fadiga física constituiu-se como objetivo principal deste trabalho.

Palavras-chaves: Mudanças de Comportamento. Condições Ergonômicas. Medidas Preventivas.

ABSTRACT

Physical factors play a very important role in the psychosocial system of individuals, causing work-related stress that has a significant impact on mental health, which comprises a condition of full physical, mental and social well-being and not exclusively the absence of disease and illness. (WHO 2015). The risk factors for mental health include: rapid social changes, stressful working conditions, physical work overload, where these conditions have had major impacts on psychosocial understanding resulting from deficiencies in the organization of work management, as well as a problematic social work context and may have negative psychological effects. From this point of view, professional activities should confer the possibility of composing an occupational and personal identity, but there are situations in which the employee suffers various types of physical stress, such as feeling some kind of muscle pain from his work routine. In view of this aspect, changes in behavior and mood occur, from the theoretical framework of organizational psychology related to physical fatigue constituted as the main objective of this work.

Keywords: Behavioral Changes. Ergonomic conditions. Preventive measures.

1 INTRODUÇÃO

Deve-se considerar os fatores e as características que podem interferir nas atividades desenvolvidas nos postos de trabalhos que podem resultar em vários níveis de desgastes físicos aos trabalhadores, nas funções onde a postura exigida por algum tipo de atividade, dentro deste contexto é de suma importância saber que a fadiga física depende da problemática a ser analisada no ambiente de trabalho, ou seja, deve-se nos orientar pelos riscos existentes nos postos de trabalho e dos aspectos englobados na problemática a ser analisada como (MAFRA, 2011):

  • Arranjo físico (layout);
  • Organização do Trabalho;
  • Fatores ambientais;
  • Trabalhos em turnos noturnos;
  • Posturas e movimentos;
  • Dispositivos, equipamentos de controles e indicadores nos painéis;
  • Levantamento e carregamento de peso;
  • Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT);
  • Psicofisiológicos e cognitivos (captados pelos sentidos e processados pelo cérebro).

As características físicas do colaborador como indivíduo único devem ser analisadas para cada atividade. Neste trabalho o foco é o estresse físico causado por falta de intervenções ergonômicas nos postos de trabalho em função dos fatores físicos exigidas pelo trabalho realizado. Estes fatores são os segundo Couto (2005).

De acordo com Silva (2010), dentro da organização do trabalho existe uma divisão dos colaboradores, em hierarquias dos postos de trabalho, para que se execute, na prática, o que foi decidido na teoria. Então ocorrerá uma divisão as relações que os colaboradores organizaram entre si, no conteúdo das atividades quanto às relações interpessoais. Por isso, estas relações firmadas no campo profissional afetam não somente o corpo do colaborador, mas, também, a sua afetividade e seu humor.

Dejours (1986) afirma que a composição das tarefas nas organizações é quem faz a ligação entre o indivíduo e o trabalho e que essa ligação pode auxiliar ou não um encontro satisfatório tanto para a organização (gerando altos resultados produtivos) quanto para o colaborador (possibilitando um reconhecimento profissional e social). A presença da fadiga física afetará as relações do indivíduo tem com o meio familiar, social e ideológico em que ele está, também, da condição de personalidade do colaborador, do modelo de relacionamento que estabelecido com a organização.

O objetivo deste trabalho foi estudar as condições de trabalho e dos processos, abrangendo tanto um diagnóstico no qual o indivíduo estará relacionado tanto âmbito profissional refletindo na sua saúde psicológica.

2 IDENTIFICAÇÃO DA FADIGA FÍSICA

Algumas determinações que dizem respeito às numerosas ressonâncias que a vida laboral ocasiona para o relacionamento e o cotidiano da família na estrutura temporal do trabalho, de que quanto maior a jornada, menor será o tempo possível para o convívio familiar e quanto maior o cansaço, mais será afetada a qualidade do relacionamento do trabalhador com seus familiares (SELIGMANN-SILVA, 1994).

Um estudo para identificar a fadiga física como causadora dos problemas psicossociais deve, avaliar e monitorar quaisquer situações que possam alterar o ritmo adequado do trabalho e a produtividade do trabalhador. A meta é que os processos realizados garantam as situações de ergonomia nas ocupações exercidas pelos trabalhadores e da produtividade. Desde do momento que existam programas de trabalho ergonomicamente bem definidos suas respectivas metas para alcançá-las, podemos dispor de vários elementos de avaliações críticas que possam garantir as atividades produtivas. Estas avaliações servem para a realização do levantamento de dados e para denominar o desempenho do trabalhador nos postos de trabalho e principalmente para avaliar os riscos de estresse físico devido à ausência de condições ergonômicas (BONFATTI, MAFRA, VIDAL, E AMETA 2011).

Para um estudo ergonômico das atividades desenvolvidas em uma organização, devemos enfatizar focos da fadiga física como:

  • Análise dos postos de trabalho: utilizando uma metodologia de investigação da jornada de trabalho, do ritmo de trabalho, das pausas utilizadas e das necessidades fisiológicas dos colaboradores, através de entrevistas formais e informais, observação e análise crítica (VIDAL, 2011);
  • Análise da população trabalhadora: utilizando a avaliação biomecânica dos grupos de músculos utilizados, os ângulos dos movimentos realizados, a repetitividade das operações, o uso de força muscular nas operações (HENDRICK, KLEINER, 2006);
  • Análise postural do corpo humano: as posturas do corpo humano são compreendidas como arranjos relativos entre as partes que compõem o organismo. Uma boa postura é caracteriza pelo equilíbrio entre os diversos segmentos corporais estruturais (ossos e músculos, de modo geral), que protegem nosso organismo contra quaisquer tipos agressões e deformidades, portanto, estas estruturas orgânicas desempenham suas funções de modo eficiente. Já uma má postura pode ser definida como aquela onde existe desequilíbrio entre partes do organismo na qual o relacionamento entre as estruturas é ineficiente, forçando nosso organismo a agressões e diversas lesões, que podem ser localizadas ou generalizadas (BONFATTI, MAFRA, VIDAL, E AMETA 2011);
  • Macroergonomia: é uma abordagem sistêmica que surge como um campo que enfatiza a interação entre os contextos organizacional e psicossocial de um sistema. Sua aplicação promove interações no contexto social e organizacional com vista à melhor adequação de processos e concepção de novos sistemas. A visão macro da ergonomia atual focaliza o homem, a organização, o ambiente e a máquina como um sistema mais amplo, deixando de restringir somente a questões do posto de trabalho (HENDRICK, KLEINER, 2006).

Sabe-se também que o sofrimento é inerente à condição humana e não poderia ser diferente no mundo do trabalho, assim se afirmar que toda organização do trabalho é de antemão desestabilizadora da saúde (DEJOURS, 2004).

Assim, é necessário entender o significado destes sintomas neste contexto em que ocorrem e ter grande tolerância quanto à expressão das queixas para que se tornem úteis a um tratamento bem-sucedido para eliminar a dor (DEJOURS, 2004).

3 AVALIAÇÃO DOS FATORES DE RISCOS PSICOSSOCIAIS

Os fatores de riscos psicossociais no ambiente de trabalho são aspectos que podem afetar a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores. A Norma Regulamentadora 1 (NR 1) estabelece disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho, enquanto a NR 17 trata especificamente da ergonomia, abordando a adaptação das condições de trabalho às características dos trabalhadores. A interação entre esses fatores é crucial, pois ambientes de trabalho que não consideram as necessidades psicossociais podem levar a problemas como estresse, ansiedade e depressão, impactando a produtividade e a qualidade de vida dos colaboradores (SILVA et al., 2021).

Além disso, a gestão de riscos psicossociais deve ser uma prioridade nas organizações, conforme preconizado pelas normas regulamentadoras. A identificação e a avaliação desses riscos são fundamentais para a elaboração de estratégias de prevenção e intervenção. A promoção de um ambiente de trabalho positivo, que inclua comunicação aberta, reconhecimento do trabalho e suporte emocional, pode mitigar os efeitos negativos dos fatores psicossociais. A literatura atual sugere que a implementação de programas de bem-estar e saúde mental no trabalho não apenas melhora a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também resulta em benefícios para a produtividade e a retenção de talentos nas empresas (MARTINS et al., 2023).

Sendo assim, a avaliação dos fatores de riscos psicossociais é fundamental para a prevenção de adoecimentos mentais e da fadiga física, uma vez que esses fatores podem impactar significativamente a saúde e o bem-estar dos indivíduos no ambiente de trabalho e na vida cotidiana. Estudos demonstram que a identificação e a mitigação de estressores psicossociais, como a carga de trabalho excessiva, a falta de apoio social e a insegurança no emprego, podem reduzir a incidência de transtornos mentais e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores (Leka & Cox, 2008). Além disso, a promoção de um ambiente de trabalho saudável, que considere esses riscos, contribui para a diminuição da fadiga física, resultando em maior produtividade e satisfação no trabalho (World Health Organization, 2010). Portanto, a avaliação sistemática desses fatores é uma estratégia essencial para a promoção da saúde mental e física.

A NR 17 enfatiza a importância de um ambiente de trabalho que promova a saúde física e mental, considerando fatores como carga de trabalho, ritmo de trabalho e condições de ergonomia. A falta de atenção a esses aspectos pode resultar em riscos psicossociais, como o assédio moral, a sobrecarga de tarefas e a falta de apoio social. Estudos recentes indicam que ambientes de trabalho que não oferecem suporte adequado e que impõem altas demandas podem aumentar significativamente o risco de doenças mentais entre os trabalhadores (COSTA et al., 2022). Portanto, é essencial que as empresas implementem medidas que promovam um ambiente de trabalho saudável e seguro.

4 INTERFACES ENTRE A FADIGA FÍSICA E OS TRANSTORNOS PSICOSSOCIAIS NO TRABALHO

A relação entre fadiga física e fatores psicossociais no ambiente de trabalho tem sido amplamente estudada na literatura, apontando para a interdependência entre aspectos ergonômicos, organizacionais e emocionais (KARASEK & THEORELL, 1990). O desgaste físico acumulado devido à ausência de condições ergonômicas adequadas, longas jornadas e tarefas repetitivas pode gerar impactos diretos na saúde mental dos trabalhadores, resultando em estresse, ansiedade, depressão e esgotamento profissional (BURNOUT) (MASLACH & LEITER, 2016). Assim, a fadiga física não deve ser vista isoladamente, mas sim como um elemento desencadeador de fatores psicossociais, demandando uma abordagem integrada para sua mitigação.

4.1 Fadiga Física e Saúde Mental: Uma Abordagem Psicossocial

O modelo de demanda-controle desenvolvido por Karasek (1979) propõe que o impacto do trabalho na saúde dos colaboradores depende da relação entre a carga de trabalho (demandas) e o grau de autonomia para tomar decisões (controle). Trabalhadores expostos a altas demandas e baixo controle tendem a apresentar níveis elevados de estresse e sofrimento psíquico. Quando a fadiga física se soma a essa equação, o risco de transtornos psicossociais se intensifica, pois o trabalhador, além do desgaste físico, enfrenta dificuldades cognitivas, irritabilidade e menor capacidade de regulação emocional (SIEGRIST, 1996).

Além disso, estudos indicam que a fadiga física compromete as funções cognitivas superiores, como atenção, memória e tomada de decisão, o que pode levar ao aumento de erros operacionais e a um ciclo de frustração e insegurança no trabalho (GRANDJEAN, 1988). Esse quadro contribui para a sensação de desamparo e desmotivação, elementos-chave na construção de transtornos psicossociais, como a síndrome de burnout e transtornos de ansiedade generalizada (HOBFOLL, 1989).

4.2 Impactos Psicossociais da Fadiga Física no Contexto Organizacional

Os impactos da fadiga física no ambiente organizacional não se restringem ao desempenho individual, mas também afetam o clima organizacional e as relações interpessoais. Dejours (1993) enfatiza que o sofrimento psíquico no trabalho pode desencadear mecanismos de defesa coletivos, como a negação da dor, a naturalização do sofrimento e a busca por culpabilização entre pares. Esses mecanismos agravam o estresse e dificultam a implementação de políticas eficazes de saúde ocupacional.

Outro aspecto relevante é a correlação entre fadiga física e absenteísmo. Trabalhadores expostos a esforços excessivos sem recuperação adequada tendem a apresentar maior incidência de afastamentos por doenças musculoesqueléticas e transtornos mentais (EUROFOUND, 2018). A alta rotatividade e os custos associados às licenças médicas demonstram a necessidade de um olhar atento para a ergonomia e para os fatores psicossociais no trabalho.

4.3 Estratégias para a Prevenção e Mitigação da Fadiga Física e Psicossocial

Diante desse cenário, algumas estratégias são essenciais para a promoção da saúde ocupacional e a redução dos impactos da fadiga física e psicossocial:

  • Adoção de programas de ergonomia: Ajustes nos postos de trabalho, pausas programadas e treinamentos sobre posturas adequadas são fundamentais para minimizar o desgaste físico (DUL & WEERDMEESTER, 2008).
  • Intervenções psicossociais: Programas de suporte psicológico, feedbacks construtivos e maior autonomia para os colaboradores auxiliam na gestão do estresse e na construção de um ambiente mais saudável (LIMONGI-FRANÇA, 2017).
  • Modelos de trabalho flexíveis: A implementação de escalas ajustáveis e políticas de trabalho híbrido pode reduzir a sobrecarga e melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (EU-OSHA, 2020).
  • Fomento à cultura organizacional saudável: O reconhecimento do esforço dos colaboradores, a valorização do bem-estar e a promoção de um ambiente colaborativo são fatores-chave para mitigar os riscos psicossociais (MARTIN & SCHAUFELI, 2016).

4.4 Intervenção e Prevenção da Fadiga Física e seus Efeitos Psicossociais

Para mitigar os efeitos da fadiga física e dos transtornos psicossociais no ambiente de trabalho, as empresas devem adotar práticas baseadas na ciência da ergonomia e psicologia organizacional. Algumas iniciativas fundamentais incluem:

  • Programas de Redução do Estresse Ocupacional: Sessões de mindfulness, ginástica laboral e práticas de relaxamento podem ajudar a reduzir o impacto da fadiga e aumentar a resiliência emocional dos colaboradores (KABAT-ZINN, 1990).
  • Monitoramento Contínuo da Saúde Ocupacional: Aplicação de questionários e avaliações periódicas sobre níveis de fadiga e saúde mental pode fornecer dados essenciais para ajustes nas políticas organizacionais (GOLLAC & VOLKOFF, 2000).
  • Design Organizacional Humanizado: Empresas que adotam princípios de job crafting e autonomia no trabalho reduzem significativamente os impactos da fadiga física sobre os fatores psicossociais (WRZESNIEWSKI & DUTTON, 2001).
  • Capacitação de Líderes para Gestão da Fadiga: Treinar gestores para identificar sinais de fadiga física e emocional nos colaboradores, promovendo ações preventivas e suporte adequado (BAKOTIC & BABIC, 2013).

A fadiga física no ambiente de trabalho transcende o impacto fisiológico e se torna um fator crítico para o desenvolvimento de transtornos psicossociais. A abordagem integrada, envolvendo ergonomia, gestão do trabalho e suporte psicossocial, é essencial para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo. Como demonstrado, a inter-relação entre fatores físicos e emocionais demanda uma atuação estratégica das empresas para minimizar os efeitos adversos e promover o bem-estar dos trabalhadores.

5 DOENÇAS ENVOLVENDO MÚSCULOS, TENDÕES E NERVOS E SEUS IMPACTOS PSICOSSOCIAIS

Por condições do local de trabalho é preciso entender, antes de tudo, ambiente físico (ruído calor, vibrações, radiações, trabalho em locais altos, etc), ambiente químico (poeiras, nevoas, vapores, gases tóxicos, fumaças, etc), o ambiente biológico (vírus, bactérias, parasitas, fungos), de segurança do trabalho e as condições de higiene, e as características ergonômicas do posto de trabalho. (DEJOURS, 1992).

Segundo MÁSCULO, VIDAL 2011, várias de doenças podem ocorrer nos nervos dos membros superiores e inferiores músculos e tendões, bem como a região cervical. Até o ano de 1998 eram conhecidas como Lesões por Esforços Repetitivos – LER, mas tal denominação estava errada, pois eram consideravas lesões seriam provenientes apenas do fato de o indivíduo desenvolver ações repetitivas. O que levou a outra conclusão de que existem vários outros tipos de fatores que levam a lesões. Desta forma, a partir da publicação da Ordem de Serviço 606 do MPAS, a designação foi mudada para Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT. Esta designação indica que a lesão, para que seja reconhecida, deve ter nexo ocupacional em relação a função desempenhada. Esta designação não impede, contudo, que o trabalhador, esteja exposto a fatores externos ao trabalho, como a prática esportivas (que podem provocar algum tipo de lesões), não tenha no ambiente de trabalho, situações em que também esteja sofrendo riscos que levem ao desenvolvimento de lesões. Esses traumas ou lesões são provocadas principalmente por posturas inadequadas e esforços excessivos sobre músculos, tendões e nervos, que se manifestam principalmente nas mãos, braços, ombros e pescoço. Os principais fatores de risco que podem levam às lesões;

  • Posturas inadequadas (com ângulos limite);
  • Forças excessivas aplicada em uma região do corpo;
  • Repetitividade (fazer uma só ação e várias muitas vezes);
  • Compressão de tecidos num ponto do corpo.

Um exemplo postura com ângulo-limite de um trabalhador fazendo a revisão de uma bobina de um motor elétrico. (VIDAL, 2011)

FONTE: Vidal, 2011

Considerações de doenças podem acometer músculos pela falta de condições ergonômicas:

A cadeira é estofada, mas o trabalhador não a usa, pois não há espaço para as pernas quando ele senta em frente à bobina, desta forma o trabalho é realizado em pé;

A mesa utilizada para apoiar a bobina não têm regulagem de altura, desta forma o trabalhador fica abaixado para ver o que está fazendo, estas ações podem ter várias consequências como:

  • Dor cervical, dorsal e lombar em flexão;
  • Dor para a lombar e dificuldade para circulação venosa nas pernas (carga hemodinâmica) devido ao trabalho constante em pé;
  • As articulações ficam constantemente fica em desvio ulnar o que pode causar dormência, formigamento e danos musculares na mão e nos dedos (DORT);
  • Os membros superiores trabalham sem apoio, mas em área de alcance ótimo que, neste caso, não adianta nada, o que pode causar DORT.

Este e um exemplo onde o trabalhador é obrigado a se adaptar rapidamente as novas exigências organizacionais e tecnológicas, o processo produtivo passa a ser caracterizado pela intensificação do ritmo de produção, prolongamento das jornadas de trabalho, pressões por maior produtividade. Esse quadro atual predispõe ao trabalhador sentimento de impotência, baixa autoestima, perda de identidade e altos níveis de ansiedade, além dos conflitos na vida social e familiar.

6 FADIGA

A maioria dos colaboradores trabalha em um ritmo acelerado e adota freneticamente uma rotina de aceleração, de maneira a preencher todo o seu campo de consciência com as pressões senso-motoras (DEJOURS, 1993).

Segundo Vidal (2011) a fadiga é denominada pela ergonomia como uma situação reversível de redução da capacidade funcional do indivíduo, ou seja, de algum um órgão específico, ou de todo o organismo. A fadiga é classificada com uma companheira inseparável do ser humano, isso se deve a:

  • Pouco tempo de repouso;
  • Alimentação de forma inadequada;
  • Muita solicitação da nossa memória, devido aos estudos, ao trabalho, etc.

6.1 TIPOS DE FADIGA:

  • Fadiga Aguda: é aquela que tem manifestação diária, que ocorre por alguns momentos.
  • Fadiga Crônica: é aquela que é acumulativa no dia a dia, semana a semana, pois os períodos de repouso, pausas e descanso, não conseguem recuperar nosso estado funcional do indivíduo, não são insuficientes e o cansaço vai acumulando (SWENSON, 2000).

7 CONSIDERAÇÕES SOBRE UMA ROTINA DE VIDA SAUDÁVEL

Adoção de medidas necessárias para que o indivíduo acerte no seu posto de trabalho, as condições cognitivas ergonômicas favoráveis que constituem uma causa relativamente da qualidade de vida no trabalho, além de conhecer as regras norteadoras para aumentar a confiabilidade humana e criação de estratégias que os trabalhadores utilizam para a superação e a transformação do trabalho em uma fonte de prazer (DEJOURS, 1993).

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Além dos riscos existentes ligados aos fatores organizacionais que geram as tensões musculares, as atividades quando realizadas em postura em pé, proporcionam uma distribuição do peso do corpo em coluna lombar, pernas e pés.

Foi sugerido a realização de pausas para proporcionar uma redução em riscos de mononeuropatias dos membros superiores e a prática da ginástica laboral dentro da organização é fundamental devido ao preparo da musculatura para o trabalho em atividades de alongamento e fortalecimento, devendo ser mais efetivo em membros superiores e tronco.

Com o ritmo de trabalho dos dias atuais o adoecimento decorrente do trabalho aumentou de forma significativa, e as LER/DORT emergiram em progressões geométricas que segundo informações do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), foram concedidos uma média nos últimos anos de 60 benefícios diários para colaboradores que precisaram solicitar auxílio doença por incapacidade relacionada a determinados tipos de estresses físico. Esta abordagem visa à reabilitação, a reintegração e a reinserção dos indivíduos nos papéis funcionais previamente desempenhados em sua vida diária ou, quando isso não é possível, a sua reabilitação sugere-se uma inclusão em novas atividades. Propõe-se, também, identificar e tratar os fatores psicossociais e comportamentais que influenciem a natureza, gravidade, persistência da dor, das incapacidades, limitações e dos comportamentos dolorosos.

REFERÊNCIAS

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¹Mestre em Ciências em Engenharia Mecânica pela UNIFEI. Graduado em Engenharia Mecânica pelo UNIS/MG. Pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho (UNIS/MG), Formação em Educação à Distância (UNIP/SP), Enfermagem do Trabalho (UNIS/MG), Psicologia Organizacional (UNIS/MG) e Ergonomia (UNICOR). E-mail: marcoscou@yahoo.com.br;
²Psicólogo pela Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS). Especialista em Psicologia Humanista/Fenomenológica (FAVENI). Pós-graduado em Gestão Estratégica de Pessoas (FIA Business School) e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e Organizações Sustentáveis (FEARP-USP/Fundace). E-mail: mateus.s.tulio@gmail.com;
³Graduada em Fisioterapia pelo UNIS/MG. Pós-graduada em Ergonomia pela Universidade Gama Filho/SP. E-mail: gabriela.ergonomia@hotmail.com.