A EVOLUÇÃO DA ENERGIA SOLAR E SUA CONTRIBUIÇÃO SOCIOAMBIENTAL NO BRASIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8401234


Cristiano Almeida Carvalho1


RESUMO

A constante busca pela diversificação da matriz energética do Brasil está cada vez mais necessária, principalmente pelo aumento progressivo do preço da conta de luz e ainda pela procura de explorar os recursos renováveis que trazem maior sustentabilidade. Diante disso, este artigo trata da evolução da energia solar no Brasil e a relação entre o serviço e a contribuição socioambiental. As energias renováveis, nos últimos anos, se posicionaram como uma forte fonte de serviço para a população através de meios limpos e aspectos sociais. Nesse viés, o objetivo geral deste trabalho é apresentar os números referentes ao crescimento do segmento solar no Brasil, bem como, a evolução da energia solar e sua contribuição sócia ambiental. Por meio da pesquisa histórica descritiva foi realizado um levantamento das características do momento histórico de evolução da energia solar no Brasil e influências socioambientais. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, cujas fontes são livros, órgão competentes e artigos acadêmicos de bases de dados, de forma a garantir que sejam fontes confiáveis. Foram escolhidas as obras/artigos mais relevantes para o tema. O período estudado é o de 2015 a 2022. A escolha do período se deve pela evolução e crescimento da energia Solar após a assinatura do tratado de Paris. Pode-se afirmar que os resultados obtidos mostram que o crescimento da energia solar está em franca expansão, de forma estruturada e as contribuições crescem para apoiar as demandas socioambientais brasileiras.

Palavras-chave: Energia solar. Energia fotovoltaica. Contribuição Socioambiental.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é líder mundial no que se refere a energias renováveis, tais como a energia hidrelétrica. Todavia, ainda deve aprimorar nas energias renováveis não convencionais, como na regulamentação do quadro legal, no planejamento de energia em longo prazo (considerando questões climáticas e econômicas) e na atualização das instituições que apoiam esse tipo de energia, como as agências energéticas mais especificas (BONDARIK; PILATTI; HORST, 2018).

De acordo com o Governo do Brasil (2021), quase metade da energia elétrica do Brasil é produzida pelas fontes renováveis. A grande parte é produzida pelas usinas hidrelétricas, no entanto, a energia eólica e solar estão em grande crescimento (GOV, 2021). A energia eólica representa, aproximadamente, 10,9% da matriz elétrica brasileira e há uma expectativa de que esse número cresça 2,7% até o fim de 2025. A energia solar gerada por grandes usinas cresceu, nos últimos três anos, 200%, representando, em 2020, 2% da matriz elétrica brasileira (GOV, 2021).  

Segundo a CNN Brasil (2022), a energia solar fotovoltaica está com um crescimento exponencial. Afirmação dada pelo fato de que, em 2022, o aumento já foi de 80% durante o mês de fevereiro, comparado ao ano de 2021. Esse crescimento é devido à expansão de usinas solares no Brasil. Há dois fatores que justificam o número maior de usinas brasileiras: os leilões organizados pelo governo e outra pelas próprias empresas (CNN, 2022).

Nesse viés, a energia solar fotovoltaica é considerada uma fonte renovável, muito promissora. Neste artigo serão abordados estudos sobre os aspectos econômicos, sociais, ambientais e acadêmicos, no que tange as tecnologias para melhor captação desta energia. 

Para Da Silva Tomadon et al. (2019), a energia solar fotovoltaica é uma fonte de energia limpa e com grande potencial a ser explorado, por ser uma das mais abundantes em toda superfície terrestre e inesgotável na escala de tempo humano. O autor ainda afirma que o estudo sobre fontes de energias renováveis, na engenharia de produção, sustentabilidade e responsabilidade social, se enquadra melhor na subárea de sustentabilidade e sistemas indicadores.

Diante do pressuposto, as energias renováveis se posicionaram como uma forte fonte de serviço para a população através de meios limpos e aspectos sociais, por isso, foi escolhida como tema a evolução da energia solar e sua contribuição socioambiental no Brasil.

Diante disso, este artigo é focado na análise e exposição de informações e aspectos relacionados às energias renováveis fotovoltaicas e suas metas. 

Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho é apresentar os números referentes ao crescimento do segmento solar no Brasil, bem como, a evolução da energia solar e sua contribuição sócia ambiental.

Para os objetivos específicos pretende-se descrever o momento histórico do crescimento do segmento solar no Brasil; analisar os critérios estabelecidos no tratado de Paris; e apresentar dados comparativos do segmento solar com a matriz energética do Brasil e do mundo.

Com o aumento das contas de luz, a energia solar será a melhor opção para os consumidores brasileiros. Segundo a Insole (2022), a capacidade instalada da energia solar está em grande crescimento e vai aumentar o dobro em 2022, em comparação em 2021. O estudo ainda afirma que o Brasil ultrapassou 1 milhão de unidades consumidoras com geração de energia a partir da fonte solar (INSOLE, 2022). Por esse motivo, a relevância deste trabalho dar-se-á por meio de apresentar a necessidade da exploração de recursos renováveis que trazem maior sustentabilidade e flexibilidade na sua utilização, bem como contribuir para pesquisas futuras, através dos dados deste material. 

Nesse sentido, com todo crescimento populacional, deve-se adotar um sistema de produção de energia que seja totalmente ou parcialmente limpo, que represente soluções para a crescente demanda energética mundial, objetivando amenizar os impactos negativos sobre o meio ambiente (DA SILVA TOMADON et al., 2019).

Este artigo é composto de uma descrição da evolução do setor Solar a partir de 2015 no Brasil, após a assinatura do acordo de Paris. A escolha de tal período se deve ao marco que foi a assinatura do acordo em 2015 para investimentos em energias renováveis com foco em reduzir a emissão de gases de efeito estufa e ajudar a manter o aquecimento global abaixo de 2°C. 

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão abordadas as seções com as revisões bibliográficas mais relevantes sobre o respectivo tema.

2.1 ENERGIAS RENOVÁVEIS

Mudanças significativas ocorreram no sistema de geração de energia nos últimos anos. Devido ao aumento do aquecimento global, nas tecnologias de geração de energia foram desenvolvidas e implementadas ao redor do mundo com o objetivo de gerar energia mais limpa e diminuir o impacto na emissão de gases de efeito estufa. Após a assinatura do tratado de Paris em 2015, o limite fixado para o aquecimento global é abaixo de 2°C. Para isso, cada país possui metas de CND (Contribuição Nacionalmente Determinada) e, para o Brasil, conforme pesquisado, temos as principais metas para reduzir as emissões de CO2 no país, conforme o acordo de Paris celebrado em 2015, a participação para 18% da bioenergia na matriz energética do Brasil, fortalecimento do cumprimento das leis florestais, restauração de 12 milhões de hectares de florestas, atingir o desmatamento ilegal zero na Amazônia brasileira, atingir 45% de participação das energias renováveis, ganhos de 10% de eficiência do setor elétrico brasileiro, promover o uso de tecnologias sustentáveis no setor industrial, medidas para estímulo de eficiência e infraestrutura em transporte público e áreas urbanas.

Como foco de análise e pesquisa, verificou-se que a CND brasileira para as energias renováveis brasileiras é aumentar em cerca de 18% até 2030, a bioenergia sustentável na matriz energética brasileira e expandir o consumo de biocombustíveis, atingir uma participação estimada de 45% das energias renováveis até 2030, o uso de energia renovável na matriz será ampliado para cerca de 28% a 33% até 2030, expansão do uso de energia não fóssil e incremento da participação de energia renovável no fornecimento de energia para 23% até 2030, focando no aumento da energia eólica, biomassa e solar.

Diante disso, entende-se que as empresas estão se preparando para esta nova realidade e o apoio do poder público irá permitir a integração entre as empresas ofertantes, meio ambiente e sociedade. Os países são feitos de governantes, empresas e pessoas. Dessa forma, o sucesso de cada um desses objetivos depende da ação de todos os envolvidos.

2.1 ENERGIA ELÉTRICA E MEIO AMBIENTE

Pode-se dizer que utilizamos a energia em todos os segmentos, seja residencial, comercial ou industrial. Os recursos naturais são fonte para criação de serviços ou produtos para benefícios da sociedade. 

É importante considerar que o tema já tem relevância desde o início da década de 2010 com o início de discussões, fóruns e elaboração de artigos sobre o tema e, posteriormente, se consolidando através do tratado de Paris em 2015.

Segundo Júnior (2021), o objetivo principal do acordo de Paris é fortalecer a resposta mundial a ameaças das mudanças climáticas, garantindo que o aumento da temperatura média global seja inferior a 2ºC, acima dos níveis pré-industriais e prosseguir os esforços para limitar o aumento da temperatura a até 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. 

Dessa forma, o Brasil comprometeu-se a reduzir a emissão de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos índices de 2005, em 2025, sendo que já existe o compromisso para uma redução desses gases em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030 (JÚNIOR, 2021).

É necessário ressaltar a necessidade de mudança de paradigmas quanto à oferta e demanda de energia. Segundo Rodrigues, Wodihy e Gonçalves (2017):

[…] “além da própria geração da energia elétrica, outro aspecto importante a ser analisado é o destino, ou consumo, dessa energia. No Brasil, a maior parcela da energia consumida destina-se às indústrias, representando pouco mais de 34% do consumo. Os consumidores residenciais vêm logo na sequência, e representam mais de 20% do total. As fatias que merece maior destaque é o fato das perdas estimadas foram de 93,6 TWh, o que representa 15,3% da energia elétrica consumida no país. Dessa forma, fontes renováveis como eólica ou fotovoltaica possuem outras particularidades que devem ser cuidadosamente analisadas, principalmente no que tange a sua variabilidade no tempo. Assim, ao mesmo tempo em que se tem uma série de benefícios ambientais, há um aumento na sensibilidade a questões climáticas como dias nublados ou sem vento, em que a geração dessas fontes é menor”. (RODRIGUES, WODIHY, GONÇALVES, 2017, p. 167-168).

2.2 MATRIZ ENERGÉTICA NO BRASIL E NO MUNDO

Em 2016, o mundo possuía uma matriz energética composta, principalmente, por fontes não renováveis, como o carvão, petróleo e gás natural. A Figura 1 ilustra a Matriz Elétrica Mundial 2018.

Figura 1: Matriz Elétrica Mundial 2018.

Fonte: EPE, 2018.

Conforme demonstrado nas pesquisas, as fontes de energias renováveis solares, eólicas e geotérmicas representam 2% da matriz energética mundial (EPE, 2018), no levantamento do ano anterior, correspondia a 1,60%. A energia hidráulica e biomassa perfazem 14% e não houve alteração em comparação ao levantamento anterior (EPE, 2018).

O perfil da matriz energética brasileira se diferencia da matriz mundial principalmente porque as tecnologias são desenvolvidas primeiramente nos países de primeiro mundo. A predominância de geração de fontes não renováveis se dá devido ao desenvolvimento de tecnologias não renováveis há mais tempo e historicamente priorização de implantação de usinas não renováveis seja devido ao custo ou tecnologia disponível à época. A Figura 2 ilustra as demais fontes que representam a maior parte da matriz.

Figura 2: Matriz Elétrica Brasileira 2020

Fonte: EPE, 2021.

Ao realizar uma avaliação do cenário das energias renováveis, entende-se que as disposições do consumo dessas energias entre o Brasil e o mundo é originada no Brasil, porém, encontra-se apenas um consumo de 14% no cenário mundial agregado. A Figura 3 ilustra a comparação entre consumo de energia proveniente de fontes renováveis e não renováveis no Brasil e no mundo.

Figura 3: Comparação entre o consumo de energias renováveis no Brasil e no mundo.

Fonte: EPE, 2021.

Não obstante, a priorização e foco no crescimento e evolução das energias renováveis mostra a importância do acordo de Paris para mercados emergentes e a contribuição para preservação do meio ambiente, evitando emissão de gases com efeito estufa.

Por fim, o desafio para os países com matriz energética não renovável está presente em sua predominância, para se adequarem à nova realidade mundial, no entanto isso levará tempo, altos investimentos e cooperação com as metas do acordo de Paris que veio colaborar ainda mais com o crescimento e desenvolvimento de renováveis, principalmente, a matriz brasileira (EPE, 2021).

2.3 ENERGIA SOLAR NO BRASIL E NO MUNDO

De acordo com Rella (2017), no início dos anos 1990, o Japão foi o país pioneiro a introduzir em seu mercado a integração da sua energia através de telhados fotovoltaicos, junto a isso foi implementado a sociedade uma política de subsídio governamental. Era destinado com essa política um valor inicial de 70% do custo desse sistema fotovoltaico, assim o Japão teve um desenvolvimento que o tornou o maior produtor solar do mundo por um grande período.

Atualmente, a energia solar no Brasil é utilizada por diversos brasileiros em residências, estabelecimentos comerciais de pequeno, médio e grande porte, indústrias, propriedades rurais e em serviços públicos, como iluminação de praças, escolas e outros (TRINA SOLAR, 2021). Conforme pesquisado, a energia solar fotovoltaica está sendo disseminada em todo Brasil, seja através de parques solares ou geração privada com kits de comércio varejista. A energia solar no Brasil é vista como um segmento que irá auxiliar na redução de custos da conta de energia e apoiar as concessionárias a reduzir a sobrecarga na rede de distribuição devido à falta de estrutura, bem como, redução de impactos ambientais.

Conforme ilustra o Quadro 1, foram divulgados, mensalmente, os principais estados que utilizam usinas de geração de energia como fonte renovável de energia fotovoltaica, geração e sua potência instalada.

Quadro 1: Geração e Potência Instalada por Estado

Fonte: ONS (2020).

Existem grandes projetos de construção de usinas em andamento na Bahia e Minas Gerais, sendo assim, a tendência é que estes estados apareçam entre os maiores geradores de energia Solar a partir de 2021 (ONS, 2020).

Conforma já visto, a energia Solar no Brasil, atualmente, representa apenas 2,2% da matriz energética. Nessa perspectiva, Casarin (2020) prevê uma evolução da capacidade instalada para a energia solar de 2,9% até 2025. 

3 METODOLOGIA

A metodologia se trata de uma pesquisa caracterizada como descritiva e o tipo de estudo é o qualitativo, ou seja, um levantamento das características do momento histórico de evolução da energia Solar no Brasil e influências socioambientais. Para tanto, o procedimento empregado foi realizar uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, cujas fontes são livros, órgão competentes e artigos acadêmicos de bases de dados, de forma a garantir que sejam fontes confiáveis. Foram escolhidas as obras/artigos mais relevantes para o tema. 

O período estudado é o de 2015 a 2020. A escolha do período se deve pela evolução e crescimento da energia Solar após a assinatura do tratado de Paris. Assim, entende-se que essa pesquisa é uma revisão bibliográfica em que os dados já estão organizados, sendo necessário apenas analisá-los de acordo com o objetivo de pesquisa proposto.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Quando se fala em energia renovável, tem-se em mente uma energia sustentável e limpa. Não obstante, a energia solar ou energia fotovoltaica acompanha este perfil. O mundo está, constantemente em desenvolvimento, sendo assim, é de suma importância destacar a energia solar e sua sustentabilidade na contribuição para a manutenção do equilíbrio socioambiental e utilização dos recursos naturais de forma equilibrada.

Neste contexto, mesmo a energia solar sendo uma fonte de energia renovável, o meio ambiente recebe impactos de poluição, desequilíbrio social e desmatamento. Dessa forma, o conceito de energia solar e sua sustentabilidade visa manter o equilíbrio e engajamento quanto aos impactos à sociedade e natureza. Por fim, vamos discutir como podemos contribuir para manter este engajamento e equilíbrio socioambiental.

Conforme podemos ver no tratado de Paris, a sustentabilidade e sua importância atualmente refletem em um objetivo comum e global. De acordo com o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS (2018), além de a energia solar possuir tecnologia economicamente razoável e fonte renovável, também estabelece uma contribuição para um país com políticas sustentáveis e equilíbrio socioambiental. 

Não obstante, a Contribuição Nacionalmente Determinada – NDC Brasileira para o tratado de Paris estabelece uma meta de 18% de fontes de energias renováveis na matriz energética até 2030 (CEBDS, 2018). Neste cenário, a energia solar e a sustentabilidade proporcionam muitos benefícios para a sociedade e meio ambiente. Podemos citar a diminuição da poluição por diversas fontes não sustentáveis e contaminadoras como o carvão ocasionando a emissão de gases do efeito estufa, redução de desmatamento, desenvolvimento de locais remotos como áreas rurais proporcionando aumento de renda e, por fim, utilização equilibrada e sustentável dos recursos naturais por muitos anos.

Para se entender mais e aprofundar quanto à contribuição da energia solar para o cenário socioambiental brasileiro, precisamos enaltecer a importância do tratado de Paris conforme apontado na fundamentação teórica.

Não obstante, a participação do Brasil naquele tratado, acelerou e consolidou o caminho das energias renováveis nas políticas públicas brasileiras. É certo que, se não fosse a participação neste tratado, o Brasil não teria se desenvolvido e acelerado o crescimento das energias renováveis haja vista que tecnologia de ponta deste segmento pertence a países sócios ambientalmente responsáveis há mais de décadas, tendo o Brasil, iniciado sua verdadeira evolução em energias renováveis há 1 década, o que é muito pouco e torna o país um iniciante em desenvolvimento deste tipo de tecnologia. Neste contexto, a energia solar, dentre as energias renováveis, é mais recente ainda, podendo-se dizer que seu início relevante se deu a partir de 2018 (ONS, 2018), conforme período analisado de janeiro/2018 a julho/2020 pelo autor em 2020 e ilustrado nas Figuras 4, 5, 6 e 7.

Figura 4: Evolução da Geração e Potência Instalada em 2018.

Fonte: ONS, 2018.

Figura 5: Potência Instalada em 2018.

Fonte: ONS, 2018.

Figura 6: Evolução da geração e potência instalada em 2019.

Fonte: ONS, 2019.

Figura 7: Potência instalada em 2019.

Fonte: ONS, 2019.

Como pode-se ver, um crescimento de 551% da potência instalada em um período de 2,5 anos. De acordo com a Ideal Energia Solar (2019), a fonte solar está na 7ª posição na matriz elétrica brasileira. O Brasil possui hoje, usinas solares fotovoltaicas de grande porte operando em 9 estados nas regiões Nordeste, Sudeste e Norte do País, com destaque para Bahia, Minas Gerais e Piauí (IDEAL ENERGIA SOLAR, 2019).

Ao aprofundar-se no mercado e na futura demanda, pode-se considerar que a energia solar é obtida através de duas formas: direta por meio de painéis e coletores (distribuída) e indireta por meio de usinas (centralizada).

Uma pergunta é relevante para a discussão: Em relação ao mercado de energia e as projeções para os próximos anos, como será o impacto e quais as mudanças que devem acontecer com a regulação do setor?

Primeiramente, deve-se falar da meta de aumentar a participação de energias sustentáveis na matriz energética brasileira para 18% até 2030 conforme CND brasileira, o que representa um aumento de 11% até 2030 uma vez que atualmente a representatividade é de 7% na matriz brasileira (IPEA, 2019).

Posteriormente, é relevante ressaltar a popularização dos kits de geração distribuída com o melhor desempenho de geração possível para a sociedade rural, principalmente proporcionando inclusão e responsabilidade socioambiental. Já existem diversos programas de incentivo socioambientais como o Selo Casa Azul que são os projetos habitacionais financiados pela Caixa Econômica Federal para promover o uso racional dos recursos naturais.

Por fim, e tão importante quanto, estabelecer a expansão da matriz elétrica brasileira com foco em solar e geração centralizada possibilitando equilíbrio e desenvolvimento sustentável.

Como podemos ver nos dados abaixo da expansão da matriz elétrica brasileira, referência março/2020, divulgado pela ANEEL (2021), do total a ser expandido, 44,67% representam as usinas solares que ainda não iniciaram a construção e 8,37% estão em fase de construção. Neste cenário fica clara a priorização e foco na energia solar para os próximos anos.

Vale ressaltar ainda a representatividade das usinas solares que estão em operação: 1,55% da capacidade total instalada da matriz elétrica brasileira. A Figura 8 ilustra a expansão da matriz elétrica brasileira no ano de 2020.

Figura 8: Expansão da matriz elétrica brasileira em 2020.

Fonte: ANEEL, 2021.

Ao fazer um comparativo com a expansão da matriz de março/2021 com a de março/2020, podemos confirmar nos dados abaixo, divulgados pela ANEEL, do total a ser expandido, 52,83% representam as usinas solares que ainda não iniciaram a construção e 10,92% estão em fase de construção. Neste cenário fica clara a aceleração do crescimento da capacidade instalada da energia solar em relação à matriz sustentável para os próximos anos.

Vale ressaltar ainda a representatividade das usinas solares que estão em operação: 1,87% da capacidade total instalada da matriz elétrica brasileira. A Figura 9 ilustra a expansão da matriz elétrica brasileira em 2021. 

Figura 9: Expansão da matriz elétrica brasileira em 2021.

Fonte: ANEEL, 2021.

A comparação estabelecida mostra que o crescimento esta diretamente associada ao tratado de Paris e suas metas estabelecidas, considerando a evolução da potência instalada desde setembro de 2015 a março de 2021. 

A representatividade das usinas solares aumentou de forma considerável após um ano em operação: acréscimo de 0,33%, com construção iniciada: 8,16% e em construção: acréscimo de 2,55% conforme a capacidade total instalada da matriz elétrica brasileira.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os cenários, impactos socioambientais e os benefícios que a energia solar proporciona na preservação da natureza são altamente relevantes se comparadas às demais fontes da matriz elétrica brasileira e mundial.

Ao avaliar de forma globalizada, é factível preservar o meio ambiente através da energia solar, haja vista que a retenção e poluição de rios, os desmatamentos e as agressões à natureza não fazem parte da realidade do segmento. Sendo assim, a utilização responsável de recursos limpos e renováveis é de grande importância para a manutenção e desenvolvimento sustentável do mundo em que vivemos e para as futuras gerações.

Resumindo, a contribuição socioambiental da fonte de energia solar representa um benefício à natureza, uma vez que o mesmo fornece um recurso natural, a luz do sol, para a transformação em eletricidade limpa e sustentável. Neste contexto, qualquer pessoa está apta a estabelecer uma fonte de geração de energia elétrica em sua propriedade ou imóvel sem que isso impacte no meio ambiente e se beneficiando socialmente de tecnologias e políticas de financiamentos vantajosas.

Após todas as discussões, análise de dados e apresentação dos cenários, torna-se relevante destacar que a energia elétrica mais utilizada atualmente não tem como origem a fonte renovável. Não obstante, é provável que seus respectivos e fontes de recursos se esgotem e ocorram graves crises de recursos e danos ambientais.

Para evitar aquele tipo de cenário devastador, é preciso focar na energia limpa e sustentável, principalmente na energia solar porque permite a produção e geração de energia elétrica através da luz solar, fonte altamente renovável. Ademais, diferentemente dos combustíveis fósseis, este tipo de energia não emite gases poluentes consideráveis impactantes ao meio ambiente como os óxidos de nitrogênio (NOx), os dióxidos de carbono (CO2) e os dióxidos de enxofre (SO2), todos estes, altamente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Por isso, o tratado de Paris estabeleceu a meta aos seus participantes de investimentos em energias renováveis com foco em reduzir a emissão de gases de efeito estufa e ajudar a manter o aquecimento global abaixo de 2°C.

Por fim, vale esclarecer que neste artigo procura-se estabelecer a importância socioambiental das fontes de energias renováveis para as gerações futuras e a contribuição do tratado de Paris para consolidar o crescimento da energia solar brasileira e garantir o desenvolvimento sustentável e responsável com os recursos naturais. 

REFERÊNCIAS

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ANEEL (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA): Expansão da Matriz Elétrica Brasileira, abril/2021. Disponível em: https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-160/topico-168/Anu%C3%A1rio_2021.pdf. Acesso em 7 de Jun. 2022.

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Professor do Centro Educacional de Ensino Fundamental e Médio Jair Meneguelli – SESI da Rede Estadual de Educação – SEED/SE. Mestre e doutor em educação1