REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8050928
Estevão Barbosa da Conceição Pire;
Matheus Henrique Soares Ferreira;
Orientadora: Profª. Kelly Leticia Boscato.
RESUMO
A cervicalgia é caracterizada pela dor situada na região cervical de etiologia variada, onde tem grande prevalência na população mundial podendo afetar cerca de 14% da população economicamente ativa todos os anos e tem como alternativa de recurso não farmacológico a técnica da quiropraxia, que consiste em ser uma técnica manipulativa para tratamento de distúrbios músculo esqueléticas e dores na coluna, e vem ganhando força pelo mundo. Este estudo de revisão de literatura tem como objetivo mostrar a eficiência da utilização das técnicas da quiropraxia no tratamento da cervicalgia, onde utilizou como base artigos publicados entre os anos de 2022 a 2023 em inglês na plataforma de pesquisa do google acadêmico, usando as palavras chaves “neck pain” e “chiropraxia”, resultando em sete artigos selecionados, contado com seis artigos de relato de caso e uma revisão sistemática. Conforme os artigos apresentados, as técnicas da quiropraxia não só conseguiram tratar a dor cervical, como tiveram um resultado na melhora da restrição de movimento cervical e de cefaléia. A quiropraxia se mostrou uma técnica eficaz no tratamento da cervicalgia, porém devido às restrições inerentes desse trabalho, resultou em ter poucos artigos avaliados evocando a necessidade de novas pesquisas sobre o mesmo tema, a fim de melhorar a evidência científica acerca da técnica.
Palavras-Chave: Quiropraxia; Cervicalgia; Restrição Cervical.
ABSTRACT
Neck pain is characterized by localized pain in the cervical region of variable etiology, where it has a high prevalence in the world population and can reach about 14% of the economically active population every year and has the chiropractic technique as an alternative non-pharmacological resource, which consists of be a manipulative technique for the treatment of musculoskeletal disorders and back pain, and it has been gaining strength around the world. This literature review study aims to show the efficiency of using chiropractic techniques in the treatment of neck pain, based on articles published between 2022 and 2023 in English on the Google Scholar search platform, using the keywords “neck pain” and “chiropractic”, resulted in seven selected articles, including six case report articles and a systematic review. According to the articles presented, chiropractic techniques not only managed to treat neck pain, but also resulted in an improvement in neck movement restriction and headache. Chiropractic proved to be an effective technique in the treatment of neck pain, but due to the restrictions inherent to this work, it evolved into having few articles evaluated, evoking the need for further research on the same topic, in order to improve the scientific evidence about the technique.
Keywords: Chiropractic; Neck Pain; Cervical Restriction.
INTRODUÇÃO
A cervicalgia é uma doença que se manifesta como dor na região da coluna cervical e é identificada no CID (Classificação Internacional de Doenças) como M542 (1). Ela pode ter diversas causas, como alterações mecânicas-posturais, artroses, hérnias e protusões discais, artrites, espondilites ou espasmos musculares, causando repercussões ortopédicas, reumatológicas ou até neurológicas (2).
Anualmente, a cervicalgia afeta entre 30% e 50% da população geral e 15% experimentará cervicalgia crônica (>3 meses) em algum momento de suas vidas. Além disso, entre 11% e 14% da população economicamente ativa experimentará limitação devido à cervicalgia todos os anos (3). E, 50% a 90% dos adultos são propensos a experimentar um episódio de cervicalgia pelo menos uma vez na vida (4).
Globalmente, em 2017, as taxas padronizadas por idade para prevalência de cervicalgia a cada 100 mil habitantes foram de 3.551 (95% intervalo de incerteza de 3139.5 a 3977.9), com uma incidência de 806 por 100 mil habitantes e de 352 por 100 mil habitantes para cervicalgia crônica. Essas estatísticas não apresentaram mudanças significativas entre os anos de 1990 e 2017 (5).
Como tratamento não medicamentoso temos a quiropraxia, que é nos Estados Unidos a técnica mais utilizada para resolução de distúrbios músculo esqueléticas e dores na coluna, com uma estimativa de 100 milhões de visitas anualmente e cresce em expansão pelo mundo.(6)
Assim, a quiropraxia é uma terapia manipulativa da coluna muito usada no tratamento da cervicalgia. Pode ser dividida em duas categorias de técnica, a manipulação por thrust/impulso e a manipulação sem thrust(7), permitindo assim o restabelecimento os movimentos artrocinemáticos e micro movimentos normais da coluna vertebral, reduzindo a compressão neural responsável pelos sintomas dolorosos naquela área específica do dermátomo (8).
Existem também, o recurso da Terapia Instrumental Quiroprática (TIQ) que utiliza um instrumento que produz impulso suave (vibração ou micro impulso) com o objetivo de enviar informações ao sistema nervoso e desencadear um processo de reequilíbrio. Com isso, é restaurada a amplitude normal e indolor das articulações e, consequentemente, ocorre o relaxamento de todos os músculos associados. (9)
Nesse sentido, este estudo tem como objetivo avaliar a eficácia da quiropraxia como uma terapia não medicamentosa para o tratamento da cervicalgia, tendo em vista a grande incidência dessa doença na saúde pública e a expansão da técnica da quiropraxia no mundo com a sua ampla variedade de recursos e seus bons resultados.
METODOLOGIA
A metodologia deste trabalho foi de pesquisa bibliográfica, com a revisão de artigos científicos e publicações na área da saúde, como fisioterapia e quiropraxia. Dessa forma, foram utilizadas bases virtuais de dados, como o Google Acadêmico, para consultar publicações de 2022 até o ano de 2023; bem como os seguintes descritores: “Neck pain” e “Chiropractic”. Ademais, os critérios de inclusão adotados foram: (1) publicações do período de 2022 a 2023, (2) presença das palavras-chave: Neck pain, Chiropractic, (3) artigos disponibilizados na íntegra, (4) publicação em inglês e (5) utilização de técnicas de quiropraxia como intervenção para cervicalgia.
Desta forma, na primeira busca na base de dados, foram encontrados 2.320 artigos científicos. No entanto, após uma avaliação inicial, foram selecionados apenas 9 artigos que atendiam aos critérios de inclusão 1, 2, 3 e 4. Outrossim, após a leitura dos resumos de todo o material, foram excluídos 2 artigos que não satisfaziam o 5º critério de inclusão, chegando a um total de 7 artigos selecionados para o estudo, como mostrado no fluxograma 1.
E por fim, a apresentação dos artigos revisados e incluídos no estudo contém:
o título do artigo, autor, ano, tipo de artigo, tipo de alteração, resultados e conclusões de cada estudo Tabela 1.
Fluxograma 1
Tabela 1
| Título do artigo | Autor e Ano | Tipo de artigo | Tipos de Alteração | Resultados | Conclusão |
| 1 -Chiropractic Management of Neck Pain Complicated by Symptomatic Vertebral Artery Stenosis and Dizziness | Eric Chun-Pu Chu, Robert J. Trager, Cliff Tao e Linda Yin-King Lee (2022) | Relato de Caso | Espondilose cervical, estenose da Artéria vertebral e insuficiência vertebrobasilar. | No acompanhamento de 1 ano, o Inventário de Handicap de Tontura (DHI) do paciente foi de 52% a 0% e seu escore de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (WHO-QOL) foi de 76% a 96%. Sua amplitude de movimento ativa da coluna cervical continuou a melhorar ligeiramente ( rotação de 70° bilateralmente). No seguimento de 2 anos, o DHI havia se recuperado ligeiramente, sendo relatado em 8%, enquanto o escore do WHO-QOL permaneceu em 96%. Embora o paciente tenha reaparecimento ocasional de sintomas de dor no pescoço e tontura, eles geralmente se resolvem rapidamente com os tratamentos descritos acima (ou seja, manipulação da coluna torácica, manipulação de tecidos moles). Ele observou que o estresse ainda pode exacerbar seus sintomas; no entanto, não interrompeu mais suas atividades diárias. | Este caso destaca um paciente com dor no pescoço e insuficiência Vertebrobasilar (VBI) concomitante, com VBI confirmado em imagem relacionada à estenose da artéria vertebral que respondeu positivamente à terapia manipulativa da coluna torácica (SMT) e manipulação de tecidos moles. Quatro casos foram relatados na literatura em que os quiropráticos evitaram completamente o SMT cervical manual ou o modificaram para reduzir ou evitar a rotação cervical como precaução de segurança ao tratar a dor no pescoço entre pacientes com VBI, produzindo um resultado positivo. No entanto, como não há evidências suficientes de que o SMT cervical seja seguro para pacientes com VBI, essa terapia deve ser evitada nesses pacientes. Conforme ilustrado no presente caso e apoiado por pesquisas recentes, SMT torácica ou manipulação de tecidos moles pode fornecer meios alternativos de aliviar a dor no pescoço naqueles com VBI. Os profissionais que consideram esses tratamentos devem fazê-lo em colaboração com especialistas médicos e caso a caso. |
| 2 -Improvement of Chronic Neck Pain After Posterior Atlantoaxial Surgical Fusion via Multimodal Chiropractic Care: A Case Report | Eric Chun-Pu Chu, Robert J. Trager e Cliff Tao (2023) | Relato de caso | Fusão cirúrgica de vértebras cervicais | Mais pesquisas são necessárias para examinar a eficácia e a segurança das terapias manuais em pacientes com cirurgia anterior da coluna cervical. Considerando que essas apresentações de pacientes podem ser incomuns, essa pesquisa pode ser mais viável de ser conduzida por meio de relatórios ou séries de casos adicionais ou estudos de revisão de gráficos. É possível que esses estudos possam elucidar quais pacientes responderam melhor às terapias manuais e que tipo de terapias manuais são mais apropriadas. Também encorajamos os médicos a publicar quaisquer casos de eventos adversos relacionados a terapias manuais em tais pacientes, o que também pode ser informativo. | Este caso apresenta uma mulher idosa com dor no pescoço e dor de cabeça com piora progressiva crônica e uma história de fusão cirúrgica posterior de C1/2 que melhorou com terapias quiropráticas multimodais, incluindo SMT. Os médicos devem ser cautelosos ao usar terapias manuais em pacientes com fusão cervical, mas podem fazê-lo caso a caso, após considerar as características clínicas do paciente e o tipo e local da cirurgia. Para ter mais evidências mais seguras do tratamento da quiropraxia para essa doença, é necessário ter uma quantidade maior de pesquisa, e quais pacientes podem responder melhor. |
| 3 -Neck pain and Headache Complicated by Persistent Syringomyelia After Foramen Magnum Decompression for Chiari I Malformation: Improvement with Multimodal Chiropractic Therapies | Eric Chun-Pu Chu, Robert J. Trager, Gabriel Siu Nam Ng e John Sing Fai Shum (2022) | Relato de caso | Espondilose cervical e siringomielia | Nos 6 meses de tratamento, o paciente estava sem dor no pescoço ou dores de cabeça. Sua pontuação na escala de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100) foi de 50% a 80%. A medição da força de preensão mostrou melhorias para 5,8 kg (mão esquerda) e 10,0 kg (mão direita) e, após inspeção visual, a postura anterior da cabeça melhorou. A paciente ainda apresentava lentidão residual na marcha e limitações de força e, embora pudesse comer com mais facilidade, ainda tinha dificuldade para cozinhar devido à incapacidade de segurar panelas e frigideiras. Devido a essas medidas subjetivas e objetivas de melhora, o paciente optou por permanecer no tratamento quiroprático com consultas mensais. | Apesar do sucesso neste caso, ainda existe um nível limitado e baixo de evidências que apoiam as terapias usadas para pacientes com dor no pescoço, dor de cabeça ou outros sintomas e siringomielia após descompressão do forame magno descompressão do forame magno para Malformação de Arnold-Chiari I. Esses tratamentos não devem ser amplamente aplicados a outros pacientes semelhantes e devem ser abordados com cautela caso a caso. Mais pesquisas devem examinar a segurança e eficácia de tais terapias nesta população de pacientes. |
| 4 -Concurrent Bell’s Palsy and Facial Pain Improving with Multimodal Chiropractic Therapy: A Case Report and Literature Review | Eric Chun-Pu Chu, Robert J. Trager e Alan Te-Chang Chen (2022) | Relato de Caso | Paralisia de bell e neuropatia do trigêmeo | Após a primeira semana de atendimento, a paciente relatou uma redução em sua dor facial e cervical de 4/10 para 2/10 na escala de classificação numérica e relatou ser capaz de falar sem aumento da dor na mandíbula. Na visita de acompanhamento de 1 mês após a apresentação inicial, sua pontuação na escala de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100) melhorou para 98%. Seu único sintoma residual era leve queda da pálpebra esquerda ao fazer outras expressões faciais. No entanto, seus outros movimentos faciais foram restaurados. Sua dor no rosto, dor no pescoço e outros sintomas também desapareceram completamente. Não houve resultados adversos relacionados a nenhum dos tratamentos, incluindo manipulação da coluna vertebral e outras terapias. | O caso atual, bem como os publicados anteriormente, sugerem que esses pacientes podem responder à terapia multimodal quiroprática, incluindo manipulação da coluna vertebral, possivelmente devido ao efeito dessas terapias nos aferentes da via trigeminal e sintomas acompanhantes, como dor no pescoço. Embora casos individuais mostram a promessa de tratamento quiroprático para esses pacientes, estudos mais rigorosamente projetados são necessários para avaliar a utilidade dessa terapia na paralisia de Bell com ou sem neuropatia trigeminal concomitante. |
| 5 -REMISSION OF HEADACHE AND NECK PAIN FOLLOWING CHIROPRACTIC MANIPULATIVE TREATMENT IN A PATIENT WITH NEUROFIBROM ATOSIS | Eric Chun-Pu Chu, Valerie Kok Yan Chu, Alan Te-Chang Chen e Benjamin Kah Chun Cheong (2022) | Relato de Caso | Dor cervical crônica, dor crânio e neurofibromatose | Nos primeiros 6 dias de tratamento intermitente foi alcançado uma redução no escore de dor da dor de cabeça de 8/10 para 5/10 na escala numérica de dor (NRS). Nas próximas 4 semanas foram feitas 3 sessões por semana onde o paciente descreveu uma diminuição da frequência e duração de sua dor de cabeça, melhora da qualidade do sono e redução da dependência de analgésicos. A segunda fase do tratamento foi realizada duas vezes por semana por mais 8 semanas. Após a sessão de tratamento de 13 semanas, o paciente relatou alívio da dor no pescoço e melhorou a força e a mobilidade do pescoço. A pontuação Neck Disability Index (NDI) chegou a 8%. O paciente foi tratado mensalmente após as primeiras 13 semanas de terapia, onde se manteve assintomático por 12 meses, após tentativas de finalizar o tratamento sem sucesso devido a volta dos quadros dolorosos o paciente opta por permanecer com um atendimento por mês e consegue permanecer assintomático. Nesse período a lordose cervical recuperou a angulação que inicialmente estava em 3° para após 5 anos ficar 20°. | Este relato de caso detalha a recuperação a longo prazo de um paciente com Neurofibromatose de fortes dores de cabeça e dor no pescoço após o tratamento quiroprático. |
| 6 -Effect of Instrumental Chiropractic Manipulation on The Neck: A Systematic Review | Tosi ML, Melo-Oliveira MES, Baumgarth e Edgar Idogava (2023) | Revisão Sistemátic a | Dor cervical crônica | Os resultados sugerem que a manipulação instrumental quiroprática é uma intervenção segura e eficaz. Todos os 3 randomizados ensaios tiveram um total de 196 participantes com 18 anos ou mais. Todos os estudos compararam a manipulação instrumental com a manipulação manual. Os resultados confirmaram a eficácia deste tratamento sem causar efeitos adversos. | Esta revisão sistemática de 3 ensaios clínicos envolvendo o uso do instrumento TIQ encontrou benefícios relatados para pacientes com dores na coluna cervical. |
| 7 -Neck Pain and Headache After Pinealectomy: Improvement with Multimodal Chiropractic Therapies | Eric Chun-Pu Chu e Robert J. Trager (2022) | Relato de Caso | síndrome da faceta cervical e fibrose induzida por radiação | A dor diminuiu a partir da segunda semana, atingindo um nível leve a ausente em 4 semanas. No entanto, sua rigidez no pescoço estava melhorando lentamente. As sessões de tratamento continuaram com uma frequência de 3 visitas por semana durante 3 meses, pois o paciente experimentou benefícios das terapias fornecidas, mas ainda estava limitado pela rigidez do pescoço e recorrências de dor. No final do terceiro mês, ele relatou consistentemente que sua dor no pescoço permaneceu ausente após o atendimento, e sua pontuação no WHOQOL melhorou para 96%. Nesse momento, a amplitude de movimento do pescoço havia melhorado para 20° de extensão passiva e 50° de rotação passiva bilateralmente. Aos 5 anos de acompanhamento, sua amplitude de movimento cervical continuou a melhorar para 30° de extensão passiva e 50° de rotação passiva bilateralmente, nenhum dos quais provocou dor. | Este relato de caso descreve a eficácia dos tratamentos quiropráticos multimodais no alívio da dor crônica no pescoço, rigidez e dores de cabeça em um paciente com sintomas crônicos após pinealectomia, quimioterapia, radioterapia e colocação de derivação ventrículo-peritoneal. Mais pesquisas são necessárias para melhor caracterizar os sintomas a longo prazo e as opções de tratamento para pacientes com dor no pescoço e dores de cabeça após o tratamento de tumores pineais. Apesar do aparente sucesso no caso atual, os achados devem ser interpretados com cautela, e pacientes com sintomas semelhantes devem discutir a adequação de tais terapias multimodais com seus provedores caso a caso. |
Discussão
Conforme pode-se verificar nos estudos apresentados na Tabela 1, 6 dos 7 artigos são relatos de casos publicados pelo mesmo autor (Eric Chun-Pu), com exceção do sexto artigo da Tabela 1, que é uma revisão sistemática publicada por Tosi ML. Nessas descrições de caso, são utilizadas intervenções como manipulação por thrust, ultrassom térmico e liberação de tecidos moles.
No primeiro estudo descrito na Tabela 1, foi relatado o caso de um paciente idoso de 63 anos com insuficiência vertebrobasilar, e um histórico de cervicalgia de 13 anos, além de tontura e dores de cabeça. Após 1 mês de atendimento quiroprático, o paciente apresentou uma melhora significativa na tontura e na cervicalgia, relatando resolução quase completa, com pouca rigidez e limitações de movimento. (10)
Em seguida, temos um relato de caso de uma paciente idosa de 66 anos com queixa de dor de cabeça em occipital e cervicalgia ao realizar movimentos. Essa paciente já havia passado por uma fusão cirúrgica em C1 e C2, mas existe a possibilidade de que as dores não tenham sido geradas a partir da cirurgia original, mas sim devido à degeneração das vértebras C1 a C6. Após o tratamento quiroprático, houve uma diminuição quase completa das dores na cervical e uma resolução completa das dores de cabeça. (11)
(12) Da mesma forma, foi relatado um caso de uma paciente idosa de 62 anos com siringomielia, que procurou tratamento quiroprático devido à cervicalgia, cefaléia occipital e dormência. A siringomielia é um distúrbio crônico caracterizado pela formação de uma cavidade dentro da medula espinhal, que pode causar compressão nervosa (13), resultando muitas vezes em dor cervical crônica. Após 6 meses de tratamento quiroprático, a paciente apresentou melhora das dores na cervical e das dores de cabeça.
O próximo estudo de caso foi de um paciente com paralisia de Bell e neuropatia trigeminal, que apresentava queixas de cervicalgia e dores faciais, o tratamento quiroprático resultou na resolução completa do quadro álgico, mostrando que as técnicas quiropráticas podem ser uma opção válida para o tratamento dos sintomas relacionados à paralisia de Bell e neuropatia trigeminal, conforme o artigo “Concurrent Bell’s Palsy and Facial Pain Improving with Multimodal Chiropractic Therapy: A Case Report and Literature Review”.(14)
No quinto artigo descrito na tabela 1, trata-se de um paciente com neurofibromatose do tipo 1 que apresentava queixa de dor cervical e dor de cabeça por seis meses, além de restrição de amplitude de movimento cervical. O paciente foi submetido ao tratamento quiroprático com acompanhamento de 5 anos. Foi alcançada uma resolução do quadro álgico e das restrições cervicais. No entanto, verificou-se que era necessário continuar o tratamento com sessões de manutenção mensais, pois os sintomas reaparecem quando o paciente ficava mais de um mês sem a terapia.(15)
Também, estudado o caso de um paciente com cervicalgia, cefaléia e restrição dos movimentos do pescoço devido à síndrome da faceta cervical e fibrose induzida por radiação. Esse paciente havia passado por um tratamento anterior de quimioterapia para tratar um tumor da glândula pineal. O estudo acompanhou o paciente por 5 anos de tratamento quiroprático e demonstrou benefícios a partir da segunda semana, com melhora significativa da dor cervical e cefaléia, além de uma melhora considerável na mobilidade cervical global. A partir do terceiro mês, o paciente relatou resolução completa da dor. Foi observado que era necessário continuar o tratamento, sendo relatadas visitas esporádicas nos momentos de remissão dos sintomas.(16)
Tosi ML e Melo-Oliveira (2022) concluíram que a utilização da manipulação instrumental ou Terapia Instrumental Quiroprática (TIQ) em pacientes com cervicalgia, em comparação com a manipulação manual, é eficaz e não causa efeitos adversos.(9)
Conforme apresentado, a série de estudos de caso prova uma maleabilidade e ampla diversificação das técnicas realizadas pela quiropratica na resolução de disfunções complexas estudadas por Eric Chun-Pu, podendo destacar patologias como a insuficiência vertebrobasilar (10), pois trata se de uma condição que muitos quiropraxistas experientes evitam a utilização de thrust cervical devido a poucos trabalhos comprovando sua eficácia no tratamento da cervicalgia relacionado a essa doença(7).
Conclusão
Diante do exposto, pode-se verificar que a quiropraxia apresenta resultados positivos no tratamento da cervicalgia, que é uma condição com grande incidência na população mundial e com uma variedade de etiologias, e mostrou resultado também na melhora da mobilidade cervical e em cefaléia.
Desta maneira, este estudo mostrou algumas doenças raras relacionadas à cervicalgia com a finalidade de apontar a eficácia do uso da técnica de quiropraxia como forma de tratamento seguro dessa condição e para a sua manutenção, conforme descritos nos estudos apresentados, que conseguiram atingir o resultado desejado mesmo em situação crônica.
No entanto, devido a presença majoritária de relatos de caso de um mesmo autor no trabalho, somada a escassez de artigos de ensaio clínico randomizado, foi constatada a necessidade de mais estudos que possam servir como base para comprovar de forma mais segura a efetividade dessa técnica na resolução da cervicalgia.
Além do mais, o número reduzido de artigos encontrados neste estudo pode se dar devido aos limites intrínsecos do artigo, visto que foram procurados artigos no período do ano de 2022 – 2023, limitado ao idioma inglês e a uma plataforma de pesquisa.
Desta forma, existe a necessidade de um novo estudo mais robusto que tenha uma maior abrangência, tanto em seu intervalo de pesquisa, quanto em relação aos idiomas dos artigos e a utilização das outras plataformas de pesquisa, para que assim, ofereça uma melhor base para esse tema.
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