A EFICÁCIA DO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES COM ALZHEIMER 

THE EFFECTIVENESS OF PHYSICAL THERAPY TREATMENT ON  THE QUALITY OF LIFE OF PATIENTS WITH ALZHEIMER’S DISEASE 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411141610


Ana Clara Martins da Mota1
Gabriela Lopes da Silva2
Adriana Cavalcanti de Macedo Matos3


Resumo 

Este trabalho tem como objetivo analisar a eficácia do tratamento fisioterapêutico na qualidade de vida  de pacientes com Doença de Alzheimer, investigando como as intervenções fisioterapêuticas podem  contribuir para a manutenção das funções motoras, o aumento da independência nas atividades diárias  e o bem-estar geral desses pacientes. Foi realizada uma revisão integrativa, com levantamentos de dados  nas bases Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e National Library of Medicine (PubMed), resultando em  dez estudos relevantes. Os resultados obtidos indicam que as intervenções fisioterapêuticas, incluindo  exercícios de fortalecimento, equilíbrio e atividades aeróbicas, trazem benefícios significativos para a  mobilidade e funcionalidade dos pacientes, além de reduzir o risco de quedas e promover maior  independência nas atividades cotidianas. A prática fisioterapêutica demonstrou potencial para minimizar  o declínio das capacidades físicas e contribuir para o bem-estar emocional dos pacientes, especialmente  quando aplicada de forma contínua e adaptada às necessidades individuais. Conclui-se que, embora não  reverta os déficits progressivos da Doença de Alzheimer, a fisioterapia oferece melhorias significativas  na qualidade de vida, sendo uma estratégia complementar essencial no cuidado e suporte ao paciente  com Alzheimer. 

Palavras-chave: Intervenções Terapêuticas. Doença de Alzheimer. Qualidade de Vida.

Abstract 

This study aims to analyze the effectiveness of physical therapy in improving the quality of life  for patients with Alzheimer’s disease, investigating how physical therapy interventions can contribute to maintaining motor functions, increasing independence in daily activities, and enhancing overall well-being. An integrative review was conducted with data gathered from the Virtual Health Library (BVS) and the National Library of Medicine (PubMed), resulting in ten  relevant studies. The findings indicate that physical therapy interventions, including strengthening exercises, balance training, and aerobic activities, offer significant benefits for patients’  mobility and functionality, while also reducing the risk of falls and promoting greater independence in daily tasks. Physical therapy practices have shown potential to mitigate the decline in  physical capacities and contribute to the emotional well-being of patients, especially when applied continuously and tailored to individual needs. It is concluded that, although it does not  reverse the progressive deficits of Alzheimer’s disease, physical therapy provides substantial  improvements in quality of life, serving as an essential complementary strategy in the care and  support of Alzheimer’s patients. 

Keywords: Therapeutic Interventions, Alzheimer’s Disease, Quality of Life. 

1. INTRODUÇÃO 

Um dos maiores progressos da humanidade foi o aumento da expectativa de vida,  evidenciado pelas estatísticas que mostram o crescimento da população com 60 anos ou mais,  com destaque para a maior prevalência entre as mulheres. Contudo, é fundamental envelhecer  de maneira saudável, promovendo qualidade de vida ao longo desse processo, que é natural e  esperado (VERAS & OLIVEIRA, 2018). 

Conforme Manso et al., (2019), o envelhecimento fisiológico afeta todos os sistemas do  corpo humano. No sistema musculoesquelético, observa-se a perda de massa muscular e das  células responsáveis pela produção dos componentes orgânicos da matriz óssea, o que aumenta  o risco de quedas e fraturas ósseas. No sistema nervoso, a capacidade de processar sinais visuais  e proprioceptivos é reduzida, resultando em dificuldades no equilíbrio corporal e nos reflexos. 

Ademais, compreende-se que a Doença de Alzheimer (DA) é uma condição  neurodegenerativa crônica e progressiva que afeta principalmente idosos, levando à perda  gradual das funções cognitivas, à diminuição da capacidade funcional e à redução significativa  da qualidade de vida. À medida que a população mundial envelhece, o número de casos de  Alzheimer cresce de forma alarmante, representando um dos maiores desafios para a saúde  pública. Embora não exista cura para a doença, diversos tratamentos têm sido explorados com  o objetivo de retardar o avanço dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (DUYCKAERTS et al., 2009). 

Nesse contexto, a fisioterapia surge como uma intervenção complementar essencial,  contribuindo para a manutenção das habilidades motoras, o aumento da mobilidade, e a redução  do risco de quedas, além de oferecer benefícios psicossociais significativos aos pacientes. Além  disso, a fisioterapia é importante na prevenção de complicações decorrentes da diminuição da  atividade física, como a atrofia muscular, rigidez articular e osteoporose, que podem aumentar  o risco de quedas e lesões (FERRETI et al., 2014). 

À vista disso, surgiu a seguinte indagação: Até que ponto o tratamento fisioterapêutico  pode efetivamente melhorar a qualidade de vida de pacientes com Alzheimer, considerando a  complexidade e a irreversibilidade dos déficits causados pela doença? Para tanto, o estudo  consistiu em analisar a eficácia do tratamento fisioterapêutico na melhoria da qualidade de vida  de pacientes com Doença de Alzheimer, investigando como as intervenções fisioterapêuticas  podem contribuir para a manutenção das funções motoras, o aumento da independência nas  atividades diárias e o bem-estar geral dos pacientes. 

O estudo se justifica pela crescente prevalência da DA, uma das condições  neurodegenerativas mais comuns em idosos, que impacta significativamente a qualidade de  vida dos pacientes, suas famílias e cuidadores. Com o aumento da população idosa e a  continuidade do envelhecimento populacional, torna-se cada vez mais relevante a busca por  intervenções terapêuticas que possam atenuar os sintomas da doença e melhorar a  funcionalidade dos pacientes. A fisioterapia, por sua vez, tem se mostrado uma abordagem  terapêutica importante no manejo de diversos sintomas motores e cognitivos associados à Doença de Alzheimer, como a perda de equilíbrio, a dificuldade de mobilidade e a redução da  autonomia para a realização de atividades diárias. 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA  

2.1 A Doença de Alzheimer: Definição e Sintomas 

A Doença de Alzheimer é caracterizada pela perda das funções cognitivas, como  memória, raciocínio e capacidade de aprendizado. Trata-se da forma mais comum de demência,  afetando principalmente pessoas idosas. A doença foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo  psiquiatra alemão Alois Alzheimer, que identificou os primeiros sintomas em uma paciente  com dificuldades de memória e alterações comportamentais. Desde então, o conhecimento  sobre a doença tem evoluído, mas ainda são necessárias muitas pesquisas para compreender  plenamente seus mecanismos (BALLARD et al., 2011). 

Conforme Sereniki & Vital (2008), esta é causada pela morte de células cerebrais, que  resulta na perda de conexões entre os neurônios. O processo é gradual, com os sintomas  começando de forma sutil e se tornando progressivamente mais graves ao longo dos anos. A  principal característica da doença é a formação de placas de proteína beta-amiloide e  emaranhados de proteína tau, que afetam a comunicação entre os neurônios, levando à sua  degeneração. Esse acúmulo de proteínas prejudica a função cerebral e está diretamente  associado aos sintomas clínicos observados nos pacientes. 

Os primeiros sintomas da DA geralmente envolvem lapsos de memória, especialmente  a dificuldade em lembrar eventos recentes. A perda de memória é frequentemente uma das  primeiras queixas tanto dos pacientes quanto de seus familiares. Com o tempo, a capacidade de  recordar informações de longo prazo também é afetada. Além disso, os pacientes podem  começar a ter dificuldade para planejar ou resolver problemas cotidianos, como a realização de  tarefas simples, que antes eram feitas de maneira automática (LAKS et al., 2015). 

À medida que a doença avança, outros sintomas começam a surgir. A desorientação no  tempo e no espaço torna-se mais pronunciada, e o paciente pode se perder em lugares familiares  ou esquecer datas importantes. Mudanças de humor e comportamento também são comuns,  com pacientes frequentemente demonstrando agressividade, ansiedade ou depressão. Em  estágios mais avançados, pode ocorrer perda de habilidades linguísticas, dificultando a  comunicação e causando frustração tanto para o paciente quanto para os cuidadores (LAKS et  al., 2015).

Outro sintoma importante da DA é a perda da capacidade de realizar atividades diárias  de forma independente. Isso inclui dificuldades com o cuidado pessoal, como tomar banho,  vestir-se e alimentar-se. A desorientação e a falta de memória prejudicam a capacidade de os  pacientes tomarem decisões adequadas sobre sua própria saúde e bem-estar. Isso pode levar à  dependência de cuidadores ou familiares para a realização de tarefas básicas do dia a dia (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). 

De acordo com Schilling et al., (2022), no estágio final da doença, a capacidade  cognitiva dos pacientes é severamente comprometida, e eles podem não reconhecer mais seus  familiares ou amigos. A perda de mobilidade e a incapacidade de se comunicar tornam-se cada  vez mais evidentes, o que pode resultar em complicações adicionais, como infecções e  problemas respiratórios. A sobrecarga nos cuidadores e familiares também é uma preocupação  crescente, pois eles precisam lidar com a constante evolução da doença e os desafios diários  que ela impõe. 

Embora ainda não exista cura para a Doença de Alzheimer, o diagnóstico precoce é  fundamental para a implementação de tratamentos que podem retardar o progresso da doença e  melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento envolve o uso de medicamentos que  visam melhorar os sintomas cognitivos, bem como intervenções terapêuticas que ajudem a  manter as funções motoras e a autonomia do paciente por mais tempo. Além disso, a terapia de  apoio psicológico para pacientes e familiares pode ser essencial para lidar com as dificuldades  emocionais e comportamentais associadas à doença. 

2.2 O Envelhecimento e suas Implicações nos Pacientes com Alzheimer 

Para Santos; Andrade & Bueno (2009), o envelhecimento é um processo natural que  traz consigo uma série de mudanças no organismo, tanto a nível biológico quanto funcional.  Com o avanço da idade, as células do corpo humano passam a apresentar uma capacidade  reduzida de regeneração, o que resulta em uma diminuição gradual da eficiência dos sistemas  fisiológicos. Esse processo, que varia de indivíduo para indivíduo, pode ser influenciado por  fatores genéticos, ambientais e estilo de vida. Embora o envelhecimento não seja uma condição patológica, ele está frequentemente associado ao aumento da vulnerabilidade a doenças  crônicas, como a Doença de Alzheimer, que afeta uma parte significativa da população idosa. 

No caso da Doença de Alzheimer, o envelhecimento precoce das células cerebrais, que  ocorre ao longo do tempo, pode acelerar a manifestação de sintomas relacionados à perda de  memória e cognição. Os neurônios, com o passar dos anos, tornam-se menos eficientes na transmissão de sinais, o que impacta diretamente as funções cognitivas. A redução da  plasticidade cerebral, um processo essencial para a adaptação do cérebro às novas informações  e experiências, também contribui para o agravamento dos sintomas. Para muitos pacientes com  Alzheimer, isso resulta em dificuldades não apenas com a memória, mas também na realização  de tarefas cotidianas (SCHILLING et al., 2022). 

Além das alterações cognitivas, o envelhecimento também pode afetar o sistema motor.  Com o passar dos anos, há uma perda progressiva de massa muscular, da força e da  flexibilidade. Isso pode tornar o paciente mais suscetível a quedas e a limitações na mobilidade,  especialmente quando associado à Doença de Alzheimer. A incapacidade de movimentar-se  com facilidade ou a diminuição da coordenação motora são comuns em idosos com Alzheimer,  o que pode gerar um ciclo vicioso, em que a perda de mobilidade interfere nas funções  cognitivas e vice-versa (DUYCKAERTS et al., 2009). 

Outro aspecto do envelhecimento que impacta diretamente os pacientes com Alzheimer  é a alteração no sistema imunológico. Com o passar dos anos, o sistema imunológico se torna  menos eficiente, o que aumenta a vulnerabilidade a infecções e outras complicações de saúde.  Para pacientes com Alzheimer, essa fragilidade pode ser ainda mais pronunciada, visto que o  sistema nervoso central é um dos primeiros a ser afetado. Isso torna o tratamento de doenças  secundárias, como infecções respiratórias ou urinárias, mais complexo e pode acelerar o  declínio cognitivo (LAKS et al., 2015). 

A sobrecarga emocional e física dos cuidadores também é uma implicação importante  do envelhecimento em pacientes com Alzheimer. À medida que o paciente envelhece e os  sintomas se intensificam, o papel dos cuidadores torna-se cada vez mais exigente. Os  cuidadores, que geralmente são familiares, enfrentam a pressão constante de lidar com as  demandas físicas e emocionais associadas ao cuidado de um paciente com Alzheimer. Esse  estresse pode afetar a saúde mental e física do cuidador, prejudicando ainda mais a qualidade  de vida de ambos (SCHILLING et al., 2022). 

Por fim, é importante considerar que o envelhecimento pode afetar a forma como os  pacientes com Alzheimer respondem ao tratamento. As alterações fisiológicas associadas ao  envelhecimento podem influenciar a eficácia de medicamentos e terapias convencionais.  Pacientes idosos, em especial, podem experimentar efeitos adversos mais intensos, o que exige  ajustes nos planos de tratamento. Dessa forma, é fundamental que o cuidado dos pacientes com  Alzheimer seja adaptado às suas necessidades específicas, levando em consideração as  mudanças que ocorrem com o envelhecimento e suas implicações para a saúde física e mental.

2.3 Abordagens Terapêuticas no Tratamento de Alzheimer 

O tratamento da DA é geralmente personalizado, levando em consideração as  características individuais de cada paciente, como estágio da doença, saúde geral e preferências  pessoais. Uma das principais abordagens terapêuticas consiste no uso de medicamentos, que  podem ajudar a controlar os sintomas cognitivos e comportamentais da doença. Embora não  haja cura definitiva, os medicamentos ajudam a melhorar a função cognitiva e a estabilizar as  condições temporariamente, oferecendo aos pacientes mais tempo de independência. 

Além do tratamento farmacológico, as terapias não medicamentosas têm ganhado  destaque no manejo da Doença de Alzheimer. Essas abordagens incluem intervenções  cognitivas e comportamentais que visam melhorar a memória, as funções executivas e o bem estar emocional. Programas de estimulação cognitiva, que envolvem exercícios mentais  estruturados, são comuns em ambientes clínicos e domiciliares. A prática de atividades que  estimulam a memória, como jogos de palavras, quebra-cabeças e outras tarefas cognitivas, têm  demonstrado benefícios em retardar o declínio das funções cognitivas e melhorar a interação  social (SCHILLING et al., 2022). 

Conforme Silva; Nicolau & Oliver (2021) a terapia ocupacional também exerce um  papel fundamental, com o objetivo de ajudar os pacientes a manterem sua independência nas  atividades diárias o maior tempo possível. Por meio de atividades que estimulam a coordenação  motora, a terapia ocupacional permite que o paciente continue realizando tarefas simples, como  se vestir e alimentar-se, além de promover a adaptação do ambiente doméstico para facilitar a  rotina. Outro aspecto importante é o foco na manutenção das habilidades motoras finas e  grossas, que podem ser perdidas à medida que a doença progride. 

Intervenções psicológicas são frequentemente utilizadas para ajudar os pacientes a  lidarem com os aspectos emocionais da doença, como a ansiedade, a depressão e a frustração.  O apoio psicológico proporciona um espaço seguro para que o paciente explore suas emoções  e sentimentos relacionados à perda de suas capacidades cognitivas. Além disso, essas terapias  ajudam a melhorar a comunicação e o relacionamento interpessoal, abordando questões de  comportamento e personalidade que surgem com a progressão da doença. O suporte psicológico  também é essencial para os cuidadores, ajudando-os a lidar com o estresse e a carga emocional  que o cuidado de um paciente com Alzheimer pode gerar (LAKS et al., 2015). 

O exercício físico regular é outra estratégia terapêutica importante. Embora não seja um  tratamento que cure a doença, a prática de atividades físicas tem mostrado benefícios  significativos para a saúde geral, incluindo a melhoria da circulação sanguínea cerebral e a redução dos riscos de complicações associadas à imobilidade. O exercício físico também pode  contribuir para a melhoria do humor, ajudar na regulação do sono e melhorar a função cognitiva  em pacientes com Alzheimer. A prática de atividades simples como caminhadas, alongamentos  e exercícios de equilíbrio pode ser adaptada às capacidades do paciente e deve ser  supervisionada para garantir a segurança. 

A abordagem nutricional também é um aspecto crucial no manejo da Doença de  Alzheimer. A alimentação equilibrada e rica em nutrientes, com ênfase em ácidos graxos  essenciais, antioxidantes e vitaminas, pode ajudar a melhorar o bem-estar geral e fornecer  suporte ao funcionamento cerebral. É sugerido dietas ricas em peixes, frutas e vegetais, como  a dieta mediterrânea, podem ter um efeito positivo sobre a saúde cerebral e até mesmo retardar  o progresso da doença. Além disso, a hidratação adequada e a suplementação vitamínica  também desempenham um papel importante na manutenção das funções cognitivas (ALMEIDA & ZUPI, 2022). 

Por fim, as terapias emergentes, como a estimulação cerebral profunda e a estimulação  transcraniana por corrente contínua (ETCC), têm mostrado promissores resultados em alguns  estudos para pacientes com Alzheimer. Embora essas terapias ainda estejam sendo avaliadas,  elas representam um avanço no tratamento de doenças neurodegenerativas. A estimulação  cerebral profunda envolve a inserção de eletrodos no cérebro, enquanto a ETCC utiliza  correntes elétricas de baixa intensidade para melhorar a atividade neuronal. Ambas as  abordagens têm o potencial de melhorar as funções cognitivas e retardar o declínio da doença,  embora ainda necessitem de mais pesquisas para comprovar sua eficácia (COSTA, et al., 2012). 

3. METODOLOGIA  

O caminho metodológico deste trabalho foi percorrido segundo a abordagem  qualitativa, a qual é descrita como aquela que se preocupa com uma realidade que não pode ser  quantificada, abordando processos e fenômenos como crenças, atitudes, valores, processos,  significados e fenômenos (MINAYO, 2015). 

Conforme Mendes, Silveira e Galvão (2008) a revisão integrativa permite que o leitor  reconheça os profissionais que mais investigam determinado assunto, separar o achado  científico de opiniões e ideias, além de descrever o conhecimento no seu estado atual, promovendo impacto sobre a prática clínica. Este método de pesquisa proporciona aos  profissionais de saúde dados relevantes de um determinado assunto, em diferentes lugares e momentos, mantendo-os atualizados e facilitando as mudanças na prática clínica como  consequência da pesquisa. 

O estudo se deu por meio da estratégia de busca, utilizando os Descritores em Ciências  da Saúde (DeCS): Intervenções Terapêuticas; Doença de Alzheimer e Qualidade de Vida. Para  combinação entre os descritores utilizou-se os operadores booleanos and e or. Os estudos foram  levantados nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e National Library  of Medicine (PubMed). 

Como critérios de inclusão foram incluídos textos completos encontrados na íntegra em  português e inglês, além dos estudos publicados entre janeiro de 2019 a janeiro de 2024, nas  bases de dados já citadas. Já os critérios de exclusão, consideraram-se os estudos duplicados e  incompletos, além dos que se encontram em outros idiomas. 

Inicialmente, foram localizadas 468 pesquisas que aparentemente correspondiam com os  critérios e assim sendo selecionadas para o estudo, após leitura integral, 458 foram excluídas,  resultando em amostra apenas 10 artigos. O fluxograma 1 descreve o percurso realizado para a  identificação, a inclusão e a exclusão dos estudos de acordo com a base de dados consultada. 

Fluxograma 1 – Detalhe sobre percurso da seleção dos estudos nas bases de dados investigadas. 

Os estudos foram coletados com base o auxílio de autoria própria, baseados nos dados  dos demais autores, anos, delineamento da pesquisa e amostra, bem como resultados de estudos  detalhados. Portanto, essas análises e sínteses de dados foram realizadas de forma descritiva em  cada base de dados acima. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES  

Para a análise dos dados, foi elaborado um quadro sinóptico contendo as informações  extraídas dos estudos selecionados. O quadro 1 inclui detalhes como: os autores, a base de  dados utilizada para pesquisa, o ano de publicação dos estudos, objetivo e os principais  resultados encontrados. Essa abordagem sistematizada permitiu uma organização clara e  concisa das informações relevantes para a pesquisa, facilitando a compreensão e interpretação  dos dados obtidos a partir dos estudos revisados. 

Quadro 1. Síntese dos artigos eleitos para a pesquisa (2024).

Autores / anoTipo de estudo Objetivo Resultado
Dias et al., (2020)Estudo qualitativo  realizado em idosos com  DA frequentadores de  um Centro-DiaVerificar o efeito de um  programa de exercícios  fisioterapêuticos sobre  a saúde dos idosos com  DA.O protocolo proposto contribuiu para  melhora na saúde  funcional observadas no aumento do  alcance funcional e da mobilidade das  idosas.
Glisoi;  Silva;  Galduróz,  (2021)Estudo qualitativo composto por 45 idosas  (27 saudáveis e 18 com  Alzheimer fase leve),  residentes em São Paulo  entre 2016 e 2017.Avaliar e descrever  aspectos psicomotores,  cognitivos e quedas,  investigando a relação de  dependência entre essas  variáveis de acordo com a  teoria da retrogênese.Sugere-se relação de dependência  entre funcionalidade e cognição e  equilíbrio e cognição, bem como  correlação entre risco de queda e  desempenho cognitivo nos dois  grupos estudados. As perdas  observadas estão de acordo com o que  a teoria da retrogênese propõe, mas  com diferentes intensidades entre os  grupos. Estudos longitudinais são  necessários, com uso de exames de  imagem para validar a teoria nos  padrões de perda em idosos com e  sem doença de Alzheimer.
González et  al.,  (2021)Estudo de caso, focado  em 72 indivíduos admitidos para viver em  um Centro de Referência  Estadual de Doença de  Alzheimer.Determinar os efeitos de  curto e médio prazo de um  programa de exercícios  físicos multimodais  (MPEP) no estado de  saúde óssea, risco de  queda, equilíbrio e marcha  em pacientes com doença  de AlzheimerEsses resultados mostram que um  programa de exercícios físicos  multimodais reduz o risco de quedas  e produz uma melhora na marcha,  equilíbrio e densidade mineral óssea  em curto e médio prazo em pacientes  institucionalizados com doença de  Alzheimer.
Ley; Putz (2024)Estudo qualitativo  realizado em 205 pacientes com doenças a  que necessitam de intervenção  fisioterapêutica.Analisar a ampla gama de  intervenções adicionais e  técnicas de mudança de  comportamento usadas em fisioterapia, terapia por  exercícios e fisioterapia  para promover a adesão e  resume as evidências de  sua eficácia.O estudo sintetizou várias técnicas  potencialmente eficazes que podem  ser combinadas para uma abordagem  holística e centrada no paciente e podem dar suporte à adaptação de  intervenções complexas às  necessidades e disposições do  paciente. Além disso, identifica várias  lacunas de pesquisa e pede uma  abordagem mais holística para definir  e medir a adesão na fisioterapia.
Papatsimpas et al., (2023)Estudo qualitativo  realizado em 171 pacientes com DA leve.Investigar o efeito de 12  semanas de exercícios  terapêuticos na função  cognitiva e nas atividades  diárias em pacientes com  doença de Alzheimer (DA)  leve.Os testes post hoc corrigidos de  Bonferroni da ANCOVA revelaram  que o grupo aeróbico e de resistência  melhoraram em comparação ao grupo  de controle em todas as escalas de  medição. O grupo de resistência  também mostrou uma melhora em  comparação ao grupo de controle.  Nenhum efeito significativo foi  encontrado entre o grupo aeróbico e  de resistência e o grupo de resistência  em nenhuma das medidas de  resultado.
Quail et al., (2020)Estudo de caso, focado  em uma paciente  específica com  Alzheimer em Pequim.Avaliar a eficácia de um  programa comunitário  multicomponente de  assistência social no  tratamento de pessoas com  Doença de Alzheimer, com  foco em intervenções não  farmacológicas personalizadas,  participação social ativa e  educação comunitária para  melhorar o bem-estar e a  independência dos pacientes.Esse programa permitiu que a paciente  reduzisse seu isolamento social com  uma melhora associada em seu humor  e prevenção do declínio cognitivo.
Trevisan;  Knorst;  Baptista (2022)Estudo qualitativo  realizado em Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia  Ocupacional das regiões  2 (RJ) e 5 (RS) – CREFITOS 2 e 5 -, entre  março e dezembro de  2020Analisar o perfil de  atuação  dos fisioterapeutas do Rio  de Janeiro (RJ) e do Rio  Grande do Sul (RS) no  manejo da pessoa com  doença de Alzheimer (DA)As condutas foram significativamente  diferentes conforme a fase da doença  (p<0,001). Mais de 85% citaram  como benefício que a fisioterapia  “retarda a dependência física”. Este  estudo deixa evidente a necessidade  de mais pesquisas que abordem  especificamente as fases  intermediária e avançada da DA, pois,  até o momento, a literatura se mostra  inconclusiva e com pouca evidência  em relação à fisioterapia no manejo  dessas pessoas, impossibilitando a  criação de manuais e/ou padronização  de condutas específicas a cada estágio  da doença.
Winser et  al., (2020)Estudo qualitativo  realizado em 1462  participantes.Identificar as evidências  existentes avaliando a  relação custo-efetividade  dos tratamentos de  fisioterapia para pessoas  com distúrbios  neurológicosConstatou-se que para pacientes com  Doença de Alzheimer em estágio  leve, a terapia de grupo voltada para o  aumento da atividade física não é  considerada uma abordagem custo efetiva. No entanto, o uso de  fisioterapia convencional, com foco  em exercícios específicos, como  alongamentos, atividades aeróbicas,  fortalecimento muscular e treinamento de equilíbrio tem se  mostrado eficaz em outras condições  neurológicas, mas os resultados  quanto ao custo-benefício para o  Alzheimer ainda são limitados. 
Wittwer;  Winbolt;  Morris (2020)Estudo qualitativo  realizado em  participantes que tinham  DA provável sem outras  condições importantes  que afetassem a  locomoção.Determinar a viabilidade  de um programa de  treinamento de marcha  domiciliar usando pistas  auditivas rítmicas para  indivíduos que vivem com  DA leve a moderadamente  graveUm programa de treinamento de  marcha progressivamente modificado  usando dicas auditivas rítmicas  entregues em casa foi viável, seguro e  agradável. O treinamento de marcha  com dicas musicais pode ajudar a  reduzir a taxa de declínio no  comprimento e na velocidade da  passada em alguns indivíduos que  vivem com DA.
Zhu et al.,  (2019)Estudo qualitativo  realizado com ensaios  clínicos randomizados e  não randomizados com  intervenção.Avaliar a eficácia da  intervenção de fisioterapia  na DA.Os dados disponíveis indicam que a  intervenção fisioterapêutica pode ter  benefícios na DA. Entretanto, os  dados atuais não são definitivos;  estudos observacionais mais  cuidadosamente elaborados e  conduzidos são necessários para  estabelecer definitivamente se a  intervenção fisioterapêutica pode  efetivamente aliviar os sintomas da  DA.

Fonte: autoria própria (2024). 

A fisioterapia tem se revelado uma estratégia essencial para melhorar a qualidade de  vida dos pacientes com Doença de Alzheimer (DA), com foco na manutenção de funções motoras, aumento da independência em atividades diárias e bem-estar geral. Conforme Dias et al. (2020), o protocolo de exercícios específicos contribuiu significativamente para a melhora na  saúde funcional, evidenciada pelo aumento da mobilidade e alcance funcional. Essa melhoria  permite que os pacientes executem tarefas diárias com maior independência, o que impacta  diretamente sua qualidade de vida. Embora o custo-benefício dessas intervenções especificamente para Alzheimer ainda seja limitado, às evidências de Winser et al. (2020) reforçam a  eficácia das abordagens convencionais de fisioterapia em promover mobilidade, estabilidade e  bem-estar geral, mesmo em contextos de doenças neurológicas complexas. 

O estudo de Glisoi, Silva e Galduróz (2021) destaca a relação entre cognição, equilíbrio  e funcionalidade em pacientes com DA, analisando aspectos psicomotores e o risco de quedas.  Segundo os autores, há uma interdependência entre essas variáveis, sugerindo que o declínio  em uma dessas áreas pode agravar a outra. A fisioterapia, ao trabalhar o equilíbrio e a coordenação motora, pode contribuir para reduzir o risco de quedas e, ao mesmo tempo, auxiliar na  manutenção da função cognitiva, oferecendo aos pacientes uma condição mais segura para realizar suas atividades diárias.

González et al. (2021) enfatizam o valor dos exercícios multimodais, que, em curto e  médio prazo, reduziram o risco de quedas e melhoraram a marcha, o equilíbrio e a densidade  mineral óssea em pacientes institucionalizados. Essas intervenções ajudam a retardar a perda  de mobilidade e a prevenir fraturas, fatores importantes na manutenção da qualidade de vida,  visto que quedas e imobilidade tendem a aumentar a dependência dos pacientes. 

Em outra abordagem, Ley e Putz (2024) destacam a importância de um tratamento holístico, integrando técnicas de mudança comportamental e outras estratégias que promovem a  adesão ao tratamento. Os autores indicam que essa adaptação das intervenções às necessidades  específicas de cada paciente pode potencializar a eficácia do tratamento fisioterapêutico, uma  vez que a personalização das terapias contribui para um maior envolvimento dos pacientes,  resultando em benefícios mais duradouros e em uma maior qualidade de vida. 

Quail et al. (2020) examinaram um programa multicomponente que inclui suporte social  e educação comunitária, com foco em reduzir o isolamento dos pacientes com DA. A intervenção permitiu uma melhora no humor e ajudou a prevenir o declínio cognitivo, reforçando a  importância de um suporte fisioterapêutico que integre o aspecto social e psicológico no tratamento, com o objetivo de promover um bem-estar geral e manter os pacientes engajados em  atividades que retardam a progressão dos sintomas. 

A individualização dos tratamentos também se mostra relevante no estudo de Papatsim pas et al. (2023), que investigaram o efeito de 12 semanas de exercícios terapêuticos em pacientes com DA leve. O estudo observou melhorias significativas em função cognitiva e na capacidade para atividades diárias, particularmente em exercícios de resistência. Essas intervenções revelam-se eficazes em promover maior autonomia e funcionalidade dos pacientes, aumentando a probabilidade de uma melhor adaptação à rotina diária. 

Trevisan, Knorst e Baptista (2022) reforçam a necessidade de adequar a fisioterapia às  fases específicas da DA, uma vez que observaram que mais de 85% dos fisioterapeutas relatam  que a fisioterapia retarda a dependência física. No entanto, eles destacam a escassez de protocolos específicos para cada estágio da doença, principalmente nas fases intermediária e avançada, onde a variabilidade dos sintomas é maior. Tal fato ressalta a importância de mais pesquisas para desenvolvimento de guias práticos que possam padronizar as intervenções, assegurando que os benefícios da fisioterapia se estendam a todas as fases da doença. 

No estudo de Wittwer, Winbolt e Morris (2020), um programa de treinamento de marcha  com pistas auditivas rítmicas mostrou-se viável e seguro para pacientes com DA leve a moderada. A utilização de música como estímulo auditivo para o treinamento da marcha pode proporcionar uma melhoria na velocidade e no comprimento da passada, tornando essa técnica uma intervenção promissora para aumentar a mobilidade e a independência dos pacientes, o que, por  sua vez, impacta positivamente a sua qualidade de vida. 

Por fim, a revisão de Zhu et al. (2019) sugere que a fisioterapia apresenta benefícios na  DA, mas ainda há a necessidade de estudos mais controlados para confirmar sua eficácia. Embora os dados indiquem potencial para melhorar a qualidade de vida, principalmente através de  atividades de fortalecimento e treinamento de equilíbrio, os autores alertam para a necessidade  de ensaios clínicos randomizados de longa duração para validar definitivamente esses achados. 

Em síntese, as intervenções fisioterapêuticas demonstram-se eficazes em promover melhorias motoras e cognitivas, contribuir para a manutenção da independência funcional e proporcionar um maior bem-estar geral para os pacientes com DA. No entanto, a adaptação das  técnicas às particularidades de cada paciente e fase da doença é essencial para maximizar os  benefícios da terapia, conforme apontado pelos estudos revisados. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

As considerações finais deste trabalho buscam sintetizar as conclusões e contribuições  da pesquisa sobre a eficácia do tratamento fisioterapêutico na qualidade de vida dos pacientes  com Doença de Alzheimer (DA). A partir da análise dos dados encontrados na literatura, foi  possível verificar que, embora a DA seja uma condição neurodegenerativa progressiva e irreversível, a fisioterapia desempenha um papel relevante na promoção da autonomia funcional,  redução de quedas, e manutenção das capacidades motoras e cognitivas dos pacientes, proporcionando-lhes uma melhora na qualidade de vida. 

Em resposta ao objetivo inicial, conclui-se que as intervenções fisioterapêuticas realmente podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes com DA, especialmente ao focar em  programas de exercícios multimodais, técnicas de fortalecimento e equilíbrio, e treinamentos  específicos que considerem as características de cada estágio da doença. A literatura revisada  confirma a hipótese de que a fisioterapia tem potencial para retardar a perda funcional e aumentar a independência nas atividades cotidianas, fatores essenciais para o bem-estar dos pacientes  e para o alívio da sobrecarga dos cuidadores. 

Entre as principais contribuições deste estudo estão as evidências teóricas e práticas que  reforçam a importância da fisioterapia como parte integrante do cuidado a pacientes com DA,  sendo recomendável sua inclusão sistemática em centros de atendimento e residenciais especializados. Além disso, este trabalho oferece uma visão ampla das estratégias que podem ser  aplicadas e adaptadas conforme a progressão da doença, facilitando a escolha de métodos que  atendam às necessidades individuais dos pacientes.

No entanto, o estudo apresenta limitações, principalmente quanto à ausência de protocolos padronizados para diferentes fases da DA e à carência de ensaios clínicos longitudinais  que validem, com rigor metodológico, os benefícios observados. Sugere-se que futuros estudos  adotem metodologias mais robustas, como ensaios randomizados com grupos de controle, e  explorem o desenvolvimento de guias específicos que definam intervenções fisioterapêuticas  de acordo com a fase da doença e o perfil funcional dos pacientes. 

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1Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Centro universitário Uninovafapi – Afya, e-mail:  anacmota04@gmail.com
2Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Centro universitário Uninovafapi – Afya, e-mail: gabrielalopes706@gmail.com
3Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Centro universitário Uninovafapi – Afya. Mestre em genética e  toxicologia (UBRA -RS BRA).