EFFECTIVENESS OF TREATMENT WITH PROBIOTICS IN ALLERGIC RHINITIS
EFICACIA DEL TRATAMIENTO CON PROBIÓTICOS EN LA RINITIS ALÉRGICA
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10047992
Amanda Magalhães Cardoso1
Andressa Maira Araújo de Souza1
Guilherme Ferreira Sales1
Tábatta Lobo Figueiredo2
RESUMO
Objetivo: Discutir sobre os benefícios dos probióticos no tratamento da rinite alérgica e sua eficácia quanto à diminuição de recorrência da doença. Métodos: Revisão de literatura, levantamento bibliográfico (línguas inglesa e portuguesa), nas bases de dados da SciELO, PubMed e VHL = BVS, mediante descritores rinite alérgica or allergic rhinitis; tratamento or treatment; probióticos or probiotics; e eficácia or efficiency, coletados no período de agosto de 2022 à março de 2023. Resultados: a inflamação alérgica no tecido do nariz e estruturas adjacentes, em consequência da exposição de múltiplos alérgenos ambientais intra e/ou extra-domiciliares, acarreta diversos sintomas, sendo os principais a rinorreia, espirros, congestão nasal e prurido nasal, onde o tratamento da RA ainda é um desafio para médicos e pacientes devido efeitos adversos de medicamentos convencionais que impactam negativamente a qualidade de vida dos pacientes, não diminuindo a recorrência de crises agudas. Conclusão: O uso de bactérias probióticas, Lactobacilos e Bifidobacterias, se mostraram eficientes em modular o sistema imune, promovendo eficácia ao tratamento da RA na população, sendo uma possível indicação clínica. Contudo, é necessário novos estudos para demonstrar, de forma consciente, a consistência de uma associação entre probióticos e alergias.
Palavras-chave: Rinite alérgica, Tratamento, Probióticos, Eficácia.
ABSTRACT
Objective: Discuss the benefits of probiotics in the treatment of allergic rhinitis and their effectiveness in reducing disease recurrence. Methods: Literature review, bibliographical survey (English and Portuguese languages), in SciELO, PubMed and VHL = BVS databases, using descriptors allergic rhinitis or allergic rhinitis; treatment or treatment; probiotics or probiotics; and efficacy or efficiency, collected from August 2022 to March 2023. Results: allergic inflammation in the nose tissue and adjacent structures, as a result of exposure to multiple environmental allergens inside and/or outside the home, causes several symptoms, the main ones being rhinorrhea, sneezing, nasal congestion and nasal itching, where the treatment of AR is still a challenge for doctors and patients due to the adverse effects of conventional medications that negatively impact the quality of life of patients, not decreasing the recurrence of acute crises. Conclusion: The use of probiotic bacteria, Lactobacilli and Bifidobacteria, proved to be efficient in modulating the immune system, promoting efficacy in the treatment of AR in the population, being a possible clinical indication. However, further studies are needed to consciously demonstrate the consistency of an association between probiotics and allergies.
Keywords: Allergic rhinitis, Treatment, Probiotics, Efficiency.
RESUMEN
Objetivo: Discutir los beneficios de los probióticos en el tratamiento de la rinitis alérgica y su eficacia para reducir la recurrencia de la enfermedad. Métodos: Revisión de la literatura, levantamiento bibliográfico (idiomas inglés y portugués), en las bases de datos SciELO, PubMed y BVS = BVS, utilizando los descriptores rinitis alérgica o rinitis alérgica; tratamiento o tratamiento; probióticos o probióticos; y eficacia o eficiencia, recolectados de agosto de 2022 a marzo de 2023. Resultados: la inflamación alérgica en el tejido nasal y estructuras adyacentes, como consecuencia de la exposición a múltiples alérgenos ambientales dentro y/o fuera del hogar, provoca varios síntomas, siendo los principales rinorrea, estornudos, congestión nasal y prurito nasal, donde el tratamiento de la RA sigue siendo un reto para médicos y pacientes debido a los efectos adversos de los medicamentos convencionales que impactan negativamente en la calidad de vida de los pacientes, no disminuyendo la recurrencia de las crisis agudas. Conclusión: El uso de bacterias probióticas, Lactobacilos y Bifidobacterias, demostró ser eficiente en la modulación del sistema inmunológico, promoviendo la eficacia en el tratamiento de la RA en la población, siendo una posible indicación clínica. Sin embargo, se necesitan más estudios para demostrar conscientemente la consistencia de una asociación entre los probióticos y las alergias.
Palabras clave: Rinitis alérgica, Tratamiento, probióticos Eficiencia
INTRODUÇÃO
Alergia é uma reação de hipersensibilidade iniciada por mecanismos imunológicos a substâncias que, na maioria das pessoas, não causam sintomas e se manifesta clinicamente como dermatite atópica, rinite alérgica, conjuntivite ou asma(1). Caracteriza-se como doença multifactorial com diferenciados graus de severidade, com definição pela World Allergy Organization (WAO) como uma reação de hipersensibilidade que se inicia mediante mecanismos imunológicos(2).
Esta reação pode ser mediada por anticorpos ou por células, onde a responsabilidade dos anticorpos é para com a reação alérgica, do isótipo IgE, sendo possível afirmar que a alergia é uma resposta imunológica inadequada(2). E, como um problema associado, de forma exagerada e descontrolada, quando considerada a ação do sistema imunológico, a alergia tem sido um problema de grande impacto para a saúde pública (3).
A prevalência de alergias, nas últimas décadas, tem aumentado significativamente e, mesmo existindo diversos fatores que mostram a existência de indivíduos com alguma predisposição para o seu desenvolvimento, quando considerado os fatores genéticos e hábitos de vida, a explicação para este fato pode ser mediante as variadas teorias, a exemplo, da “Hipótese Higiênica” e outras, defendendo todas elas que o contato com microrganismos em etapas iniciais da vida é fundamental para o desenvolvimento do sistema imunológico(4).
Todavia, importa para este estudo a RA que é considerada a doença crônica mais frequente no mundo, atingindo cerca de 400 milhões de indivíduos em todas as faixas etárias, mas com início predominando em adolescentes e adultos jovens. A inflamação alérgica no tecido do nariz e estruturas adjacentes, em consequência da exposição de múltiplos alérgenos ambientais intra e/ou extra-domiciliares, acarreta os principais sintomas: rinorreia, espirros, congestão nasal e prurido nasal(5). Esse indivíduo pode apresentar desde sintomas leves a sintomas que diminuem a qualidade de vida e a produtividade do mesmo, temporária ou permanentemente, se não houver tratamento adequado(6).
No que tange o tratamento convencional da RA, em 1999, o grupo de trabalho sobre Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma (ARIA), em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS) produziu o seu primeiro relatório, cuja intenção era fornecer a todos os profissionais envolvidos no manejo da RA, uma base de evidências para facilitar o estudo local de informações relevantes para o diagnóstico e o tratamento da doença(7). O doente que sofre de alergias tem por terapêutica uma personalizada combinação de diversas intervenções, das quais englobam farmacoterapia, imunoterapia e educação do próprio doente(8).
Os antihistamínicos H1 (anti-H1) são considerados medicamentos de primeira linha para o tratamento. Por atuarem sobre os receptores H1, interferem na ação da histamina sobre as terminações nervosas sensoriais, na estimulação reflexa parassimpática das secreções glandulares e na vasodilatação e aumento da permeabilidade pós-capilar(9).
Em 2011, o National Center for Complementary and Alternative Medicine (NCCAM) definiu probióticos como microrganismos vivos, na maioria dos casos bactérias, que apresentam benefícios similares aos microrganismos encontrados no intestino humano, e esse conceito persiste até os dias atuais(10).
Mesmo mediante os dois conceitos se aproximarem bastante do conceito de probiótico, somente no ano de 1965 que surgiu, pela primeira vez, o termo Probiótico, com definição de Lilly e Stillwell, fazendo referência a um fator de origem microbiológica que estimulava o crescimento de outros microrganismos. Algumas décadas depois, no ano de 1989, este conceito foi reforçado por Roy Fuller, quando acrescentou a ideia de que os probióticos têm um efeito benéfico para o hospedeiro(11).
Os probióticos atuam no organismo por diversos mecanismos, tendo todos eles como base a competição com bactérias patogênicas e o favorecimento do crescimento de bactérias benéficas ao ser humano. Isto é, todos os mecanismos levam à proteção da saúde do hospedeiro, influenciando o sistema imunológico(6;10).
Para que um probiótico seja satisfatório, as bactérias constituintes devem ser habitantes naturais do trato gastrointestinal, ser resistentes ao suco gástrico e bile, ter identificação taxonômica precisa, colonizar a mucosa intestinal, estar ativas no alimento antes de seu consumo e ser continuamente ingeridos(10).
Os principais probióticos são Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei, Lactobacillus plantarum, Lactobacillus reuteri, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus paracasei, Bifidobacterium bifidum, Bifidobacterium breve, Bifidobacterium infantis, Bifidobacterium lactis, Bifidobacterium longum, Bifidobacterium adolescentis, Saccharomyces bourlardii, Propionibacterium freudenreichii(6;10).
A problemática compreende que como os medicamentos convencionais de alergia para asma ou rinite alérgica podem causar efeitos colaterais que limitam a qualidade de vida dos pacientes, é interessante encontrar outras formas de terapia. Em particular, bactérias probióticas, como as espécies de Lactobacillus, mostraram efeitos antialérgicos em vários estudos com ratos e humanos. Por exemplo, a administração de algumas espécies de Lactobacillus resultou no alívio dos sintomas nasais e oculares e na melhoria da qualidade de vida em crianças e adultos que sofrem de rinite(12).
Efeitos positivos em pacientes, como menos limitações de atividade ou menos episódios de rinite e períodos mais longos sem asma ou rinite, também foram descritos após a administração oral da bactéria Lactobacillus(12-13). No entanto, as evidências atuais permanecem limitadas devido à heterogeneidade do estudo e medidas de resultados variáveis(14).
A justificativa é de que o uso de probióticos no tratamento da RA é uma nova abordagem terapêutica, e, dessa forma, justificada e relevante a discussão, pois que em muitos estudos já vem demonstrando alguma eficácia, na qual a discussão dessa temática é de grande relevância para o meio médico, sendo, também, de grande valia por se tratar de uma droga que poderá revolucionar e modificar a terapia convencional da RA.
No tratamento para alívio da RA, a administração de medicamentos tem sido uma constante na prática médica, visando o tratamento dos sintomas, com o uso de anti-histamínicos, descongestionantes e corticosteroides intranasais, além de evitar a exposição aos alérgenos causadores das reações. Todavia, estes medicamentos, compreendidos como convencionais de alergia para RA, podem causar efeitos colaterais, onde as terapias complementares, a exemplo, do uso de probióticos, é de grande interesse para a clínica médica.
Diversos estudos mostraram a potencialidade de melhoria da qualidade de vida dos indivíduos com RA, dos quais os probióticos têm sido utilizados de forma eficaz em várias condições alérgicas não somente com a RA, mas, também, com a asma e doenças atópicas.
Assim, o objetivo geral desse estudo consiste em discutir sobre os benefícios dos probióticos no tratamento da rinite alérgica e sua eficácia quanto à diminuição de recorrência da doença.
Para tanto, os objetivos específicos compreendem identificar as vantagens do uso de probióticos no tratamento da RA; mostrar como vem sendo avaliada a recorrência de casos de RA após o uso de probióticos como tratamento coadjuvante; e, mostrar, comparativamente, a melhora dos sintomas após a associação de probióticos ao tratamento convencional da RA, sobretudo, quanto aos efeitos colaterais que o probiótico pode causar em crianças e adultos, associado a outros fármacos como, por exemplo, os anti-histamínicos e os corticoides intranasais que já são medicamentos usados em pacientes com RA.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão de literatura integrativa, com levantamento bibliográfico sobre RA, tratamento medicamentoso e com probióticos, verificando a eficácia do seu uso em pacientes com RA, tendo como base estudos já existentes, constituído por artigos científicos bibliográficos, bem como estudos experimentais e não-experimentais, de coorte e outros, combinados com a literatura teórica e empírica, objetivando a compreensão do objeto de estudo(15).
A busca dos materiais, se deu mediante em decorrência do objetivo geral traçado que consiste em discutir sobre os benefícios dos probióticos no tratamento da rinite alérgica e sua eficácia quanto à diminuição de recorrência da doença. Utilizou-se a análise dos buscadores da Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed e Virtual Health Library (VHL = BVS), quando se considerou os seguintes descritores “rinite alérgica” or/and “allergic rhinitis”; “tratamento” or/and “treatment”; “probióticos” or/and “probiotics”; e “eficácia” or/and “efficiency”, coletados no período de agosto de 2022 à março de 2023, com espaço temporal dos últimos 10 (dez) anos, dos artigos selecionados.
Os critérios de inclusão se basearam em artigos enfatizando a RA, os tratamentos dispensados e o uso de probióticos, evidenciado a sua eficácia, em português e inglês, utilizando filtros para a amostra de análise, considerando, também, os ensaios clínicos, por permitirem o estudo da eficácia de intervenções na saúde, nesse caso, a eficácia do uso de probióticos no tratamento da RA. Foram excluídos os estudos com emprego de outro medicamento alternativo que não os probióticos, bem como dissertações, monografias e estudos em outro idioma que não o português e inglês.
Os critérios adotados permitiram, especificamente, identificar as vantagens do uso de probióticos no tratamento da RA; mostrar como vem sendo avaliada a recorrência de casos de RA após o uso de probióticos como tratamento coadjuvante; e, mostrar, comparativamente, a melhora dos sintomas após a associação de probióticos ao tratamento convencional da RA, sobretudo, quanto aos efeitos colaterais que o probiótico pode causar em crianças e adultos, associado a outros fármacos como, por exemplo, os anti-histamínicos e os corticoides intranasais que já são medicamentos usados em pacientes com RA.
Sendo possível responder qual a eficácia do tratamento com probióticos na rinite alérgica, com a finalidade de confirmar, ou refutar, a hipótese de se existe eficácia do tratamento coadjuvante da RA com uso probióticos com os demais medicamentos, então, o tratamento dispensado para a RA combinado com o uso de probióticos previne as recorrências alérgicas, aliviando a severidade dos sintomas e promovendo melhora da qualidade de vida dos pacientes.
RESULTADOS
Para os 12 artigos científicos selecionados nesta revisão, considerando os critérios de inclusão, a leitura do material possibilitou que os dados fossem agrupados em conformidade com o uso dos probióticos nas doenças alérgicas, o impacto deste na RA, os benefícios do tratamento para a RA e sua eficácia. Um instrumento foi elaborado para a coleta e análise dos dados dos estudos incluídos, onde foram registradas as seguintes informações: ano de publicação, periódico, autor(es), título, tipo de estudo, objetivo(s) e principais resultados, aos quais se encontram descritos no Quadro 1, nos resultados, sendo a maioria dos estudos (64%; n=9) publicados em português e a minoria (36%; n=5) em inglês, permitindo a identificação das publicações de natureza teórica com abordagem crítico-reflexiva.
Figura 1 – Fluxograma de critérios de inclusão e exclusão dos artigos para o estudo sobre a eficácia do tratamento com probióticos na Rinite Alérgica
Fonte: Autoria própria (2023).
A base do estudo consistiu na investigação do uso de probióticos no manejo do paciente com rinite alérgica visando um melhor controle dos sintomas e melhoria da qualidade de vida, na prevenção de recorrências alérgicas e promoção de uma melhora na qualidade de vida dos pacientes diagnosticados com rinite alérgica diante da possibilidade do tratamento adjuvante com o uso de probióticos. A finalidade é a busca de outras possibilidades de tratamento para a RA, que tem como interesse: redução de crises, melhoria da qualidade de vida e a diminuição de gastos dos pacientes com vários medicamentos para uso na doença.
A fisiopatologia da RA é complexa, porém sabe-se que o processo é desencadeado pela exposição a alérgenos como pólens, ácaros, epitélio de animais, entre outros, que são reconhecidos por receptores de IgE específicos existentes na superfície de mastócitos e basófilos de indivíduos pré‑sensibilizados. Posteriormente à exposição, os indivíduos sensibilizados ao alérgeno apresentam resposta imune específica(7), conforme Figura 2(4).
Figura 2 – Indivíduo exposto precocemente ao alérgeno
Fonte: Mechanisms. Utrcht Center for Food Alergy(4).
Assim, o Quadro 1, traz o resultado da revisão integrativa das publicações sobre a eficácia do tratamento da RA com probióticos.
Quadro 1 – Revisão integrativa das publicações sobre eficácia do tratamento da RA com probióticos
N | Autores (Ano) | Principais achados |
1 | Nogueira e Gonçalves(6) (2012) | Revisão de literatura. Os autores indicaram que os probióticos, Lactobacillus e Bifidobacterium parecem prevenir a recorrência da alergia, aliviar a gravidade dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com rinite alérgica. |
2 | Yang, Liu e Yang(16) (2013) | Revisão de literatura Os probióticos são um remédio terapêutico útil no tratamento da rinite alérgica, mas seus mecanismos subjacentes ainda precisam ser investigados. |
3 | Zajac, Adams e Turner(14) (2015) | Revisão sistemática Os probióticos podem ser benéficos na melhora dos sintomas e qualidade de vida em pacientes com RA. |
4 | Brożek, Bousquet e Agache et al.(7) (2017) | Revisão de literatura. Foi possível fornecer recomendações específicas para a escolha do tratamento, considerando as especificidades para a escolha do tratamento adequado dispensado aos pacientes. |
5 | Barros(17) (2017) | Revisão de literatura. Os probióticos são seguros e as suas complicações são raras para a maioria da população. |
6 | Solé, Silva e Cocco(18) (2018) | Revisão de literatura. As evidências científicas atuais com base em estudos randômicos avaliando os benefícios da introdução precoce de alérgenos alimentares não suportam a modificação na norma vigente de início da alimentação complementar a partir do sexto mês de vida, sem restrição na introdução dos alimentos potencialmente alergênicos |
7 | Gomes, Andrade e Justino(19) (2019) | Revisão bibliográfica. A microbiota intestinal tem grande interação com o sistema imunológico, sendo capaz de regular respostas alérgicas. |
8 | Yamashita, Matsumoto, Matsumoto, Kobatake e Kabuki(20) (2019) | Pesquisa de campo. LH2171 tem a capacidade de suprimir a produção de anticorpos relacionados à alergia e citocinas Th2, o que pode estar correlacionado com a indução de fatores anti-inflamatórios no sistema imune intestinal. |
9 | Oliveira(21) (2020) | Revisão de literatura Os probióticos são seguros e benéficos a saúde do ser humano, porque propiciam resultados positivos no cuidado da microbiota intestinal. |
10 | Steiner e Lorentz(13) (2021) | Revisão de literatura Efeitos positivos em pacientes como menos limitações de atividade ou menos episódios de rinite e períodos mais longos sem asma ou rinite também foram descritos após a administração oral da bactéria Lactobacillus. |
11 | Luo, Peng, Li X e Liu(22) (2022) | Meta-análise O suplemento probiótico parece ser eficaz na melhoria dos sintomas da rinite alérgica e na qualidade de vida, mas há grande heterogeneidade em alguns resultados após a análise de subgrupo e os médicos devem ser cautelosos ao recomendar probióticos no tratamento da rinite alérgica. |
12 | Ravanhane, Noronha, Aragão e Brandão(23) (2022) | Revisão sistemática. Os probióticos no tratamento de dermatite atópica, agem como imunomoduladores, estimulando linfócitos Th1 e suprimindo ação de linfócitos Th2, dessa forma diminuindo a resposta inflamatória ocasionada na doença. |
Fonte: Arquivos de pesquisa, base de dados SciELO, PubMed (2023).
DISCUSSÃO
Conforme os autores analisados, o mecanismo da alergia não é ainda compreendido em sua totalidade(6-7; 16-19; 21-;23); no entanto, é sabido que, basicamente, ocorre em duas fases: a primeira, considerada a fase de sensibilização e a segunda, a fase alérgica, conforme mostra a Figura 3(4).
Figura 3 – Mecanismo da alergia: fases de sensibilização e alérgica
Fonte: Mechanisms. Utrcht Center for Food Alergy(4).
A histamina, os leucotrienos e as prostaglandinas atuam nos vasos sanguíneos, terminações nervosas sensoriais e glândulas mucosas causando congestão nasal, prurido e rinorreia. Por outro lado, as citocinas, prostaglandinas e leucotrienos perpetuam a resposta inflamatória. Esta fase está associada ao remodeling e aumento do edema dos tecidos, o que leva ao desenvolvimento e manutenção da congestão nasal(24-25).
A ativação das células T helper 2 (Th2) desempenha papel na iniciação e manutenção da doença.Eosinófilos, mastócitos e basófilos, células da resposta imune inata, são consideradas as principais células efetoras da doença. Essas células liberam mediadores inflamatórios, como histamina, prostaglandinas, citocinas, triptase, leucotrienos e proteína catiônica eosinofílica, os quais são responsáveis pela maioria dos processos patológicos que ocorrem na mucosa nasal(24-25).
Alguns autores(6-8;16;18) entendem pela importância do conhecimento pelo doente que quais alergias tem e saiba os alérgenos a que é sensível e os tente evitar, evitando toda a cascata que se inicia após o contato com o alérgenos (Figura 4).
Figura 4 – Mecanismo de ação dos tratamentos utilizados em alergias
Fonte: Pawanka, canônica, Holgate e Lockey(8).
Assim, no que diz respeito à farmacoterapia, os medicamentos mais utilizados para o tratamento da alergia são os anti-histamínicos, glucocorticóides, descongestionantes, antileucotrienos, broncodilatadores e anti-colinérgicos(8).
Observa-se que os antihistamínicos H1 (anti-H1) aliviam de forma eficaz os sintomas da fase imediata da RA, tais como o prurido nasal, os espirros, a rinorreia e os sintomas oculares associados, e parcialmente o bloqueio nasal, característico da fase tardia da doença. Porém, os anti-H1 clássicos, apresentam alta lipofilicidade e consequentemente facilidade de penetração na barreira hematoencefálica, baixa seletividade pelo receptor da histamina, resultando em sedação, além de potenciais efeitos adversos relacionados à sua ligação com outros tipos de receptores(8-9;16;21).
Atualmente, considerando o conceito definido pela World Gastroenterology Organisation, de que probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades apropriadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro, tem-se que devem as bactérias probióticas cumprir alguns critérios de forma a conseguirem exercer os melhores efeitos e a serem consideradas probióticos ideais, conforme mostrada as vantagens no Quadro 2.
Quadro 2 – Características de um probiótico ideal
Características | Vantagens |
Ambiente local intestinal | Resistência ao pH, bílis e enzimas digestivas |
Adesão às células epiteliais | Prevenir a adesão de patógenos ou antígenos alimentares |
Origem humana | Aumento da probabilidade de eficácia biológica |
Atividade antimicrobiana | Toxidade contra bactérias nocivas, vírus, fungos e parasitas |
Segurança | Boa tolerabilidade, importante para utilização clínica |
Fonte: Toh, Anzela, Tang e Licciardi(2).
São considerados também Escherichia, Enterococcus e Bacillus e o fungo Saccaromyces boulardii(6). Esses são capazes de modular a composição do microbiota intestinal, isto é, quando adicionados à dieta, os microrganismos probióticos, que passam a predominar, aderem ao epitélio intestinal e impedem a ligação de bactérias patogênicas, funcionando como uma barreira e prevenindo a invasão pelas bactérias patogênicas(6;14;16;18-20;22-24). Além disso, são capazes de produzir várias substâncias que têm capacidade de inibir o crescimento de bactérias ou de destruí-las, principalmente, patogênicas(13;18;23).
Para a maioria dos autores analisados(2;6;8;13;16-18) nos artigos selecionados estes compostos produzem bacteriocinas, isto é, produzem proteínas bacterianas com atividade inibitória contra outras bactérias, possibilitando a destruição de eventuais bactérias patogênicas presentes no microbiota. Bactérias intestinais como Lactobacilos e Bifidobacterias estão relacionadas à estimulação da resposta imunológica, devido ao aumento da produção de anticorpos, ativação de células T e produção de Intérferons.
Os Lactobacillus também conseguem modular a resposta imunológica através do estímulo de secreção de citocinas. Outra capacidade muito importante que os probióticos têm e que é fundamental para o tratamento da alergia é a de modular o balanço entre Th1/Th2(6;13;16-17;19-23). Os autores analisados no Quadro 1 comungam do entendimento de que a atuação dos probióticos no organismo ocorre por diversos mecanismos, cuja base consiste na competição com bactérias patogênicas e o favorecimento para o ser humano do crescimento de bactérias benéficas. Compreendem que todos os mecanismos levam à proteção da saúde do hospedeiro, na perspectiva de influenciar o sistema imunológico.
A maioria dos autores analisados(6;8;13-14;16;18-20;22-23) compreendem que estes compostos produzem bacteriocinas, isto é, produzem proteínas bacterianas com atividade inibitória contra outras bactérias, possibilitando a destruição de eventuais bactérias patogênicas presentes no microbiota.
Bactérias intestinais como Lactobacilos e Bifidobacterias estão relacionadas à estimulação da resposta imunológica, devido ao aumento da produção de anticorpos, ativação de células T e produção de Intérferons(8-20;22-24). Os Lactobacillus também conseguem modular a resposta imunológica através do estímulo de secreção de citocinas. Outra capacidade muito importante que os probióticos têm e que é fundamental para o tratamento da alergia é a de modular o balanço entre Th1/Th2(8-20;22-24).
Há unanimidade entre os autores analisados no Quadro 1 de que os probióticos são relevantes não somente em relação a sua função imunomodulatória, mas, também, no sistema imune, promovendo o equilíbrio da microbiota intestinal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo exposto, conclui-se que inúmeros são os benefícios dos probióticos, sobretudo, no tratamento da RA, tendo em vista que a utilização de bactérias probióticas nesta patologia pode ser considerada como uma forma que promove efetividade. E, Contudo, mesmo que a maioria dos estudos analisados no Quadro 1 tenham mostrado a eficácia dos propioticos para o tratamento da RA, a par da compreensão de que seu exato mecanismo de ação permanece ainda desconhecido, o tratamento nos consultórios tem sido de larga escala por apresentar segurança no quesito de prevenção e/ou tratamento da mesma. No entanto, estudos clínicos usando probióticos e intervenção dietética deverão ser o foco de futuras investigações, para permitir um uso mais amplo, sendo necessárias o rigor nas avaliações e que sejam efetivadas mais pesquisas para que possa ser demonstrado, de forma consciente, a consistência de uma associação entre probióticos e alergias.
- Nagaraju K. Probiotics and allergic rhinitis. Indian Pediatr. 2013 Feb;50(2):195-6. doi: 10.1007/s13312-013-0051-y. PMID: 23474927.
- Toh Z, Anzela A, Tang M, Licciardi P. Probiotic therapy as a novel approach for allergic disease. Frontiers in pharmacology. 3 (2012) 1-9.
- Stallergenes. Mecanismo de acção da reacção alérgica. Stallergenes,2012. [Acedido em 6 Abril 2014] Disponível na internet:: http://www.stallergenes.pt.
- Mechanisms. Utrcht Center for Food Alergy, 2014. [Acedido em 24 Maio 2014] Disponível na internet: http://ucfa.nl/food-allergy/mechanisms/
- Walker SM, Durham SR, Till SJ,. Roberts G, Corrigan CJ, Leech SC et al. Immunotherapy for allergic rhinitis. Clin. Exp Allergy 2011;41:1177-200.
- Nogueira, Janaina Cândida Rodrigues e Gonçalves, Maria da Conceição Rodrigues. Uso de probióticos na rinite alérgica. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology [online]. 2011, v. 77, n. 1 [Acessado 10 Agosto 2022], pp. 129-134. Disponível em: <https://doi.org/10. 1590/S1 808-86942011000100022>. Epub 02 Fev 2011. ISSN 1808-8686. https://doi.org/10.1590/S1808-86942011000100022.
- Brożek JL, Bousquet J, Agache I, Agarwal A, Bachert C, Bosnic-Anticevich S, Brignardello-Petersen R, Canonica GW, Casale T, Chavannes NH, Correia de Sousa J, Cruz AA, Cuello-Garcia CA, Demoly P, Dykewicz M, Etxeandia-Ikobaltzeta I, Florez ID, Fokkens W, Fonseca J, Hellings PW, Klimek L, Kowalski S, Kuna P, Laisaar KT, Larenas-Linnemann DE, Lødrup Carlsen KC, Manning PJ, Meltzer E, Mullol J, Muraro A, O’Hehir R, Ohta K, Panzner P, Papadopoulos N, Park HS, Passalacqua G, Pawankar R, Price D, Riva JJ, Roldán Y, Ryan D, Sadeghirad B, Samolinski B, Schmid-Grendelmeier P, Sheikh A, Togias A, Valero A, Valiulis A, Valovirta E, Ventresca M, Wallace D, Waserman S, Wickman M, Wiercioch W, Yepes-Nuñez JJ, Zhang L, Zhang Y, Zidarn M, Zuberbier T, Schünemann HJ. Allergic Rhinitis and its Impact on Asthma (ARIA) guidelines-2016 revision. J Allergy Clin Immunol. 2017 Oct;140(4):950-958. doi: 10.1016/j.jaci.2017.03.050. Epub 2017 Jun 8. PMID: 28602936.
- Pawankar R, Canonica G, Holgate S, Lockey R. The white book on Allergy. World Allergy Organisation (2011). ISBN: 10 0615461824, 107-109.
- Sakano E, Sarinho ESC, Cruz AA, Patorino AC, Tamashiro E, Kuschnir FC, Castro FFM, Romano FRR, Wandalsen GF, Chong-Neto HJ, Mello Jr JF, Silva LR, Rizzo MC, Miyake MM, Rosário Filho NA, Rubini NPM, Mion O, Camargos PA, Roithmann R, Godinho RN, Pignatari SN, Sih T, Anselmo-Lima WT, Solé D. IV Consenso Brasileiro sobre Rinites – 2017. Documento conjunto da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial e Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: https://www.sbp.com.br/ fileadmin/user_ upload/ Consenso_Rinite_9_-27-11-2017_Final.pdf
- Ruiz K. Nutracêuticos na Prática: Terapias baseadas em Evidências. 1a ed. p. 153 – 168. Jundiaí: INNEDITA; 2012.
- Organização Mundial de Gastroenterologia. Probióticos e Prebióticos. Guias práticas da OMGE, (2008) 3-5.
- Steiner NC, Lorentz A. Probiotic Potential of Lactobacillus Species in Allergic Rhinitis. Int Arch Allergy Immunol. 2021;182(9):807-818. doi: 10.1159/000515352. Epub 2021 Apr 21. PMID: 33882482.
- Zajac AE, Adams AS, Turner JH. A systematic review and meta-analysis of probiotics for the treatment of allergic rhinitis. Int Forum Allergy Rhinol. 2015 Jun;5(6):524-32. doi: 10.1002/alr.21492. Epub 2015 Apr 20. PMID: 25899251; PMCID: PMC4725706.
- Souza MT, Silva MD, Carvalho R. (2011). Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 102-106, 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1679-45082010RW1134. Acesso em: 15 de nov. 2022.
- Yang G, Liu ZQ, Yang PC. Treatment of allergic rhinitis with probiotics: an alternative approach. N Am J Med Sci. 2013 Aug;5(8):465-8. doi: 10.4103/1947-2714.117299. PMID: 24083221; PMCID: PMC3784923.
- Barros AMFR. Probióticos em Idade Pediátrica: Riscos, Benefícios e Recomendações. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. 2017. 1-32.
- Solé D, Silva LR, Cocco RR, Ferreira CT, Sarni RO, Oliveira LC, Pastorino AC, Weffort V, Morais MB, Barreto BP, Oliveira JC, Castro APM, Franco JK, Chong Neto HJ, Rosário NA, Alonso MLO, Sarinho EC, Yang A, Maranhão H, Toporovski MS, Epifanio M, Wandalsen NF, Rubini NM. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 – Parte 2 – Diagnóstico, tratamento e prevenção. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Arq Asma Alerg Imunol. 2018;2(1):39-82. http://dx.doi.org/10.5935/2526-5393.20180005.
- Gomes MFC, Andrade HM, Justino KCS. Suplementação de Probióticos na Asma: Falácia ou Eficácia? Revista da UnB, abril/2019; 1-29.
- Yamashita M, Matsumoto K, Matsumoto N, Kobatake E, Kabuki T. Anti-allergic effect of Lactobacillus helveticus SBT2171 on pollen allergen-induced allergy model. Functional Foods in Health and Disease 2019; 9(3): 166-179, DOI: 10.31989/ffhd.v9i3.586.
- Oliveira FG. Benefícios de probióticos caseiros Kefir e Kombuchá: uma revisão de literatura. Revista da universidade Santa Cruz do Sul, 2020, 1-30.
- Luo C, Peng S, Li M, Ao X, Liu Z. The Efficacy and Safety of Probiotics for Allergic Rhinitis: A Systematic Review and Meta-Analysis. Front Immunol. 2022 May 19;13:848279. doi: 10.3389/fimmu.2022.848279. PMID: 35663980; PMCID: PMC9161695.
- Ravanhane BL, Noronha ACS, Aragão SC, Brandão BJF. Probióticos podem ser uma alternativa no tratamento da dermatite atópica em adultos?. BWS Journal. 2022 Julho; v.5, e220700322: 1-11.
- Caldeira Leonor Esteves, Silva Maria Inês T., Martins-dos-Santos Gonçalo, Pereira Ana Margarida. Rinite alérgica – Classificação, fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. Rev Port Imunoalergologia [Internet]. 2021 Jun [citado 2022 Ago 19] ; 29(2): 95-106. Disponível em: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-9721202100 02000 95&lng =pt. Epub 28-Jun-2021. https://doi.org/10.32932/rpia.2021.07.057.
- Costa, Tatyana Machado Ramos et al. Rhinophototherapy, an alternative treatment of allergic rhinitis: Systematic review and meta-analysis. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology [online]. 2021, v. 87, n. 06 [Acessado 19 Agosto 2022], pp. 742-752. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2020.12.016>. Epub 06 Dez 2021. ISSN 1808-8686. https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2020.12.016.
1Graduandos em Medicina no Centro Universitário Maurício de Nassau de Barreiras (UNINASSAU)
2Docente em Medicina no Centro Universitário Maurício de Nassau de Barreiras-BA (UNINASSAU)..