A EFICÁCIA DA MANIPULAÇÃO VISCERAL OSTEOPÁTICA COMO ABORDAGEM TERAPÊUTICA PARA ALÍVIO DA DOR EM DISFUNÇÃO DA COLUNA CÉRVICO LOMBAR INESPECÍFICA: REVISÃO DE LITERATURA

THE EFFECTIVENESS OF OSTEOPATHIC VISCERAL MANIPULATION AS A THERAPEUTIC APPROACH FOR PAIN RELIEF IN NON-SPECIFIC CERVICO LUMBAR SPINE DYSFUNCTION: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10112882


Maria Flora Carvalho Ferreira1
Diana Maryer Ramos Martins1
Thaiana Bezerra Duarte2


RESUMO  

Introdução: Dores na coluna são uma das problemáticas que mais acometem a  população adulta, influenciando diretamente a vida e bem estar do indivíduo.  Integram-se a essas dores a cervicalgia e lombalgia, e dentre as inúmeras  abordagens fisioterapêuticas, tem-se o tratamento Osteopático, utilizando a técnica  visceral. Objetivo: Avaliar a eficácia da Manipulação Visceral Osteopática como  abordagem terapêutica para alívio da dor em disfunção da coluna cérvico-lombar.  Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão de literatura, utilizando as bases de  dados eletrônicas: PubMed, Lilacs e Google Acadêmico. Os critérios de inclusão  foram os artigos publicados entre 2014 a 2023 em inglês e português, artigos  originais do tipo ensaio clínico; ensaio clínico duplo-cego, randomizado e controlado;  estudo quase experimental; estudo piloto; estudo placebo, controlado, randomizado  e cego; cuja amostra compreendia a indivíduos a partir de 18 anos, de ambos os  sexos. Resultados: Foram selecionados 6 artigos para composição desta revisão de  literatura, totalizando 132 pacientes. Identificou-se a aplicação do método visceral  osteopático principalmente em vísceras abdominais, como: fígado, ceco e cólon  sigmoide. Após análise das técnicas e período de tratamento, observou-se que a  manipulação visceral osteopática para alívio da dor em disfunção  musculoesquelética inespecífica da coluna vertebral, apresenta melhora a curto  prazo. Conclusão: A sintomatologia da dor, disfunção estrutural e má postura  corporal, são reduzidas após a manipulação visceral osteopática.  

Palavras-chave: Osteopatia. Manipulação visceral. Mobilização visceral. Dor.  Cervicalgia inespecífica. Dor lombar inespecífica. Disfunção visceral. Eficácia.  

ABSTRACT  

Introduction: Back pain is one of the problems that most affect the adult population,  directly influencing the individual’s life and well-being. These pains include neck pain  and low back pain, and among the countless physiotherapeutic approaches, there is  osteopathic treatment, using the visceral technique. Objective: To evaluate the  effectiveness of Osteopathic Visceral Manipulation as a therapeutic approach for  pain relief in cervical-lumbar spine dysfunction. Methodology: This is a literature  review study, using electronic databases: PubMed, Lilacs, and Google Scholar. The  inclusion criteria were articles published between 2014 and 2023 in English and  Portuguese, original articles of the clinical trial type; double-blind, randomized, and  controlled clinical trial; quasi-experimental study; pilot study; placebo, controlled,  randomized, and blind study; whose sample comprised individuals aged 18 and over,  of both sexes. Results: 6 articles were selected for this literature review, totaling 132  patients. The application of the osteopathic visceral method was identified mainly in  abdominal viscera, such as the liver, cecum, and sigmoid colon. After analyzing the  techniques and treatment period, it was observed that osteopathic visceral  manipulation for pain relief in non-specific musculoskeletal dysfunction of the spine  presents short-term improvement. Conclusion: Pain symptoms, structural  dysfunction, and poor body posture are reduced after osteopathic visceral  manipulation.  

Keywords: Osteopathy. Visceral manipulation. Visceral mobilization. Pain.  Nonspecific neck pain. Nonspecific low back pain. Visceral dysfunction. Efficiency.  

1. INTRODUÇÃO  

Dores na coluna são uma das problemáticas que mais acometem a faixa etária  adulta, resultando em incapacidade, diminuição da funcionalidade e absenteísmo.  Integram-se à essas dores a cervicalgia e lombalgia, correspondendo a grande  demanda de pacientes em busca de serviços de saúde (Malta et al., 2022). Ambas  são descritas como dor e desconforto, onde a cervicalgia atinge o espaço entre a  parte inferior do crânio e a superior do tronco no nível dos ombros (Rocha et al.,  2019); e a lombalgia compreende a região abaixo do rebordo costal e acima da linha  glútea superior, podendo repercutir nos membros inferiores (Almeida, 2017).  

De forma moderada a intensa, as dores lombar e cervical são multifatoriais,  ocorridas por maus hábitos posturais, conflitos musculares e viscerais, obesidade,  estresse, laboral, movimentos repetitivos e sobrecarga diária (Sakamoto et al., 2020;  Altrão; Brito; Boiago, 2021). Também à dor cervical, associam-se traumas  repetitivos, e/ou ser uma sintomatologia devido a alterações do forame  intervertebral, do canal vertebral ou artérias vertebrais (Bracht, 2019). 

Para atenuar o quadro álgico, o corpo adota posição antálgica, com contração  reflexa da musculatura em busca de alívio (Sousa et al., 2020). Este e outros fatores  convergem para a formação da cadeia lesional, onde uma sequência de  perturbações somadas resultam em sintomas, de modo que quando tecidos sofrem  modificações, uma área de tensão mecânica é criada e repercute efeito prejudicial  em todas as estruturas adjacentes, afetando eixos de movimentos dos órgãos, como  também as direções das linhas de força corporal (Barral, 2015).  

Grande parcela dos pacientes com queixas de lombalgia e cervicalgia, passam  por um tratamento conservador, acompanhado por um fisioterapeuta; com o  propósito de redução do quadro álgico, melhora da mobilidade e fortalecimento  muscular, beneficiando a qualidade de vida (Almeida, 2022; Borges et al., 2013).  Dentre as inúmeras abordagens terapêuticas disponíveis, têm-se a Osteopatia,  ciência criada pelo médico Andrew Taylor Still em 1874, que reconhece a  permanente relação entre estrutura corporal e seu funcionamento, onde através do  contato manual aborda disfunções somáticas e orgânicas, destacando a integridade  estrutural e funcional corporal e sua tendência natural a autocura (Moraes; Motta;  Silva, 2019). Este método é classificado em três divisões: Estrutural, Craniana e  Visceral; sendo esta última aperfeiçoada pelo Dr. Jean Pierre Barral, destacando a  importância do bom funcionamento da motilidade e mobilidade visceral (Altrão; Brito;  Boiago, 2021).  

O fluxo de informações entre coluna vertebral e órgãos é uma via de mão  dupla, sendo a coluna lombar ligada às vísceras abdominais por meio dos  mesentérios abdominais, mesocólon e fáscia de Toldt. Formado por tecido  conjuntivo, os mesentérios são camadas refletoras do peritônio; e via de transporte  de artérias e veias, vasos linfáticos e fibras nervosas autônomas aferente e eferente  (Burch, 2003; Santos et al., 2019). Para Barral (2015) a dor lombar aguda por vezes  pode ser causada por outros fatores além de problemas mecânicos, sendo  eventualmente espelho de uma patologia visceral.  

Silva (2016), destaca que possível hipomobilidade de uma víscera abdominal  pode influenciar movimentos musculares diafragmáticos, gerando estímulos ao  nervo frênico, que por sua vez inerva sensitivamente o peritônio subdiafragmático,  ligamentos coronários, falciforme e cápsula do fígado. Como exemplo, mobilidade  tecidual restrita, pode gerar aferência nociceptiva a nível cervical, provocando facilitação medular ao nível da emergência radicular ao nível de C3 a C5,  corroborando para uma cervicalgia devido desarranjo da mobilidade visceral. Na perspectiva biomecânica, a fáscia associa-se ao suporte de carga tensional  sobre tendões e ligamentos; fornecendo contínua ligação estrutural e funcional entre  tecidos moles e rígidos do corpo, com efetiva função na passagem de forças  mecânicas entre as estruturas (Silva, et al., 2020). Para Giusti (2017), a disfunção  visceral é mobilidade ou motilidade do sistema visceral alterados ou prejudicados,  relacionado a elementos fasciais, neurológicos, circulatórios e esqueléticos. Neste  contexto o método visa reestabelecer a função visceral mecânica, vascular e  neurológica (Santos, 2019).  

Tais disfunções musculoesqueléticas acometem grande parte da população  economicamente ativa, mediante problemática é evidente a escassez de estudos  clínicos publicados que abordem a osteopatia visceral como tratamento. Propõe-se  um novo aspecto a ser avaliado ao deparar-se a um paciente apresentando  alteração cérvico-lombar, e ter a perspectiva que estruturas corporais  aparentemente distantes, estão vinculadas de forma anátomo-fisiológica.  

Desse modo, o objetivo é avaliar a eficácia da Manipulação Visceral  Osteopática como abordagem terapêutica para alívio da dor em disfunção da coluna  cérvico-lombar, bem como enfatizar as relações anatômicas, destacando a  repercussão da técnica manipulativa no âmbito fisiológico.  

2. METODOLOGIA  

Trata-se de um estudo de revisão de literatura, utilizando as bases de dados  eletrônicas: PubMed, Lilacs e Google Acadêmico. A busca nas bases de dados foi  feita com os termos osteopatia, manipulação visceral, mobilização visceral, dor,  cervicalgia inespecífica, dor lombar inespecífica, disfunção visceral e eficácia;  atribuindo operador boleano AND, em setembro de 2023.  

Os critérios de inclusão foram os artigos publicados entre 2014 a 2023 em  inglês e português, artigos originais do tipo ensaio clínico; ensaio clínico duplo-cego,  randomizado e controlado; estudo quase experimental; estudo piloto; estudo  placebo, controlado, randomizado e cego; cuja amostra integrava indivíduos a partir  dos 18 anos de idade, de ambos os sexos. Os critérios de exclusão foram artigos  duplicados, artigos que não estavam disponíveis na íntegra, e os que não apresentaram resultados para alívio da dor em disfunções cérvico-lombar  inespecífica por meio da manipulação visceral osteopática.  

3. RESULTADOS  

Nas bases de dados PubMed, Lilacs e Google Acadêmico, foram identificados  73 registros, dentre eles 13 documentos foram removidos por serem duplicados. Foi  realizada leitura dos títulos e resumos de 60 artigos, com exclusão de 38 artigos por  não abordarem disfunção cérvico-lombar e não utilizarem o método osteopático  como forma de tratamento. Após leitura dos 22 artigos restantes, 16 artigos foram  excluídos pelos critérios: não estar disponível na íntegra, serem do tipo revisão, não  utilizar a manipulação visceral osteopática como intervenção, não descreverem as  técnicas osteopáticas aplicadas, por abrangerem outra comorbidade além de  disfunção cérvico-lombar inespecífica com tratamento visceral osteopático.  Resultando em 6 artigos para composição desta revisão de literatura. 

Figura 1 – Fluxograma de identificação, seleção e inclusão dos estudos

Os 6 artigos selecionados foram tabulados segundo Quadro 1, classificada por  autor e ano de publicação em cronologia decrescente, seguido dos objetivos dos  referentes estudos, metodologia, intervenções e resultados alcançados.

Quadro 1 – Síntese dos artigos incluídos na revisão.

Altrão, Brito e Boiago (2021) e Santos et al. (2019), incluíram em seus estudos,  adultos acima de 40 anos de ambos os sexos, com queixa de dor lombar,  abordaram diversas estruturas viscerais, dentre elas em similaridade, mobilizaram o  intestino delgado, o intestino grosso (ceco e cólon sigmóide) e fígado. Ambos  obtiveram resultados positivos para redução álgica lombar, com protocolo de  tratamento visceral osteopático por em média 4 semanas, realizando atendimento  semanalmente.  

Assim como Sochodolack (2021), realizou um ensaio clínico composto por 6  mulheres com a média de idade 40 anos, apresentando dor lombar. Realizou um  total de 8 atendimentos, 2 vezes na semana com duração de 5 minutos; mobilizou o  intestino delgado, o intestino grosso, precisamente o ceco e o cólon sigmoide. Sua  abordagem resultou em diminuição do quadro álgico para lombalgia. Em  comparação aos estudos anteriores, a relação entre número de atendimentos e  variação obtida na Escala Visual Analógica, deu-se em menor proporção a  mensuração de resultados.  

Alves (2023) abrangeu em seu estudo 64 participantes de ambos os sexos,  com idades entre 18 a 83 anos. Realizou um único atendimento de liberação  diafragmática em prol do quadro álgico lombar, obtendo eficaz resultado.  Igualmente Yangdol e Gandi (2021), que também realizaram uma única sessão de  mobilização visceral osteopática, mobilizando a cúpula pleural e ligamentos  pericárdicos, tiveram eficiente resultado em seus 5 pacientes de ambos os sexos  com idade a partir dos 40 anos, apresentando cervicalgia inespecífica.  

No entanto Silva (2016) ao realizar um único atendimento de mobilização  visceral osteopática para cervicalgia inespecífica, com 30 participantes de ambos os  sexos entre 20 a 30 anos, evidenciou que promover somente a melhora na  mobilidade subdiafragmática (mobilização indireta de fígado e estômago) não surtiu  efeito nos pacientes com dor cervical. Destaca que as técnicas foram utilizadas sem  prévia avaliação de mobilidade das estruturas, não havendo o parâmetro de possível  hipomobilidade. 

4. DISCUSSÃO  

Mediante o exposto, o tratamento visceral osteopático para alívio da dor em  disfunção musculoesquelética inespecífica da coluna vertebral, segundo resultados  obtidos, apresenta melhora a curto prazo.  

Em síntese, Alves (2023) mobilizou a musculatura diafragmática para redução  álgica na região lombar, visto que anatomicamente o diafragma divide-se em  porções costal, lombar e esternal, originando-se nas costelas inferiores e na coluna  lombar, inserindo-se no tendão central. Destaca que a liberação diafragmática  promove redução de tensões teciduais envolvidas e restituição biomecânica; como  também, proporciona benefícios no sistema respiratório, ressaltando que indivíduos  com lombalgia possuem grande probabilidade à fadiga diafragmática.  

Por conseguinte, Altrão, Brito e Boiago (2021) analisaram em seu estudo a  efetividade das técnicas de mobilização visceral no tratamento de lombalgia  inespecífica, através de entendimento dos movimentos de motilidade, no qual é  inerente às vísceras; e mobilidade, sendo a capacidade de deslizamento em  direções e eixos, permitida pelo peritônio. Estes movimentos fisiológicos quando se  encontram em desequilíbrio, podem resultar em aderências teciduais, repercutindo  em outros sistemas corporais, como exemplo o sistema musculoesquelético. Em seu  protocolo reestabeleceram a motilidade e mobilidade visceral, constatando nos  participantes do estudo melhora significativa dos sintomas de lombalgia aguda  inespecífica, como redução da intensidade da dor, e aspectos físicos e estado geral  de saúde.  

Em consonância, Sochodolack (2021) enfatiza que os órgãos possuem  mobilidade e ligações entre si e com outras estruturas, as quais acontecem através  de tecidos conjuntivos, inervações e/ou circulação sanguínea e linfática. Desse  modo, a dor pode surgir devido desequilíbrio sistemático, levando o indivíduo a um  estado de incapacidade funcional. Em seu estudo, avaliou os efeitos da técnica de  manipulação visceral no intestino delgado e grosso, para diminuição do quadro  álgico e a melhora da mobilidade em pessoas com dor lombar inespecífica; obtendo  resultado positivo para os sintomas de dor e ganho de mobilidade na coluna lombar.  

Em seu estudo piloto, Yangdol e Gandi (2021) realizaram mobilização da  cúpula pleural e ligamentos pericárdicos para tratar cervicalgia inespecífica, onde  conforme disposição anatômica, os ligamentos inseridos na cúpula pleural têm em sua maioria origem na região cervical aos níveis C5 a C7 e primeira costela; e o  ligamento vértebro pericárdico tem inserção nas vértebras torácicas superiores e  cervicais inferiores com maior incidência de fibras em direção a T4, ligamento frênico  pericárdico é inserido no diafragma, ligamento esterno-pericárdico relaciona-se ao  pericárdio a partir do manúbrio e processo xifoide. Os autores destacaram que a  manipulação visceral osteopática promove aumento da comunicação proprioceptiva,  através da mecânica corporal, aliviando assim os sintomas de dor.  

Já Santos et al. (2019) buscaram os efeitos da manipulação visceral  osteopática associada à fisioterapia convencional em pessoas com dor lombar  crônica, seguindo a linha de raciocínio onde a mobilidade fascial visceral pode  influenciar a mobilidade do tecido somático adjacente ao órgão ou tecido somático  com uma inervação espinhal correspondente às visceras disfuncionais. Em seu  estudo conjugaram as técnicas de fisioterapia convencial e as técnicas de  mobilização visceral; alcançando diminuição da percepção da dor e melhora do  movimento do tecido conjuntivo ao utilizar o método osteopático.  

Silva (2016) em seu ensaio clínico, seguiu o viés da sensibilização central,  como exemplo, um estímulo nocioceptivo do Nervo Frênico a partir do diafragma ou  peritônio diafragmático, promove facilitação neural a nível medular na coluna  cervical; como uma das hipóteses de seu estudo, considerou que uma restrição  visceral pode ser a causa de uma dor cervical. No entanto, demonstram que ao  realizar a aplicação do método em uma única abordagem de manipulação visceral  do estômago e fígado, não foram suficientes para alterar o limiar de dor e mobilidade  cervical, avaliados os parâmetros tanto no pré e pós tratamento imediato, como após  uma semana; salientando que um fator limitante para o estudo foi a ausência de  uma avaliação prévia específica de mobilidade visceral.  

Sustentando as ideias e os resultados obtidos pelos artigos supracitados,  Fernandes (2018) realizou um ensaio clínico placebo-controlado aleatorizado, com  um grupo de 38 pessoas entre 18 a 65 anos de ambos os sexos. Teve como objetivo  através da mobilização visceral osteopática tratar pacientes com constipação  funcional e consequentemente diminuir dor lombar inespecífica. O tratamento teve  duração de 6 semanas, com um encontro a cada semana por 15 minutos, realizando  liberação fascial superficial e profunda na região abdominal, e mobilização do  intestino delgado e grosso. Como dados da Escala Visual Analógica verificaram 7,23 para primeira avaliação antecedente ao tratamento, e após as 6 semanas, obtiveram  4,22 para intensidade álgica lombar.  

O mesmo estudo avaliou a influência das técnicas aplicadas e sua repercussão  ao nível vertebral T12 a L1 da musculatura paravertebral, verificando correlação  desse nível somático com o intestino. A partir de seus resultados positivos, havendo  alteração do limiar de dor nos níveis vertebrais que tinham relação anatômica com a  inervação da víscera manipulada, expressam que o método visceral osteopático  desempenha um estímulo através da via simpática visceral (Fernandes, 2018).  

Conforme apresentação das técnicas e estruturas escolhidas, cabe dizer que a  participação do sistema nervoso é inerente à repercussão das manipulações no  corpo, visto que à medida que um órgão e tecidos adjacentes passam por este  processo, mensagens sensoriais são transmitidas através da inervação sensorial;  atuando como receptores de tensão, pressão e volume (Barral, 2015).  

A inervação autônoma das vísceras consiste em plexos nervosos formados  pelo sistema nervoso simpático, parassimpático e fibras aferentes viscerais (Moore,  2014). Se tratando de inervação eferente parassimpática, os impulsos são  conduzidos por meio de fibras provenientes dos nervos vagos; e a via simpática é  oriunda do tronco simpático, por meio de gânglios pré-vertebrais. Ambas as origens  enviam pequenas fibras nervosas que se unem às paredes arteriais, para se  destinar às vísceras (Machado, 2022). A comunicação aferente conduz sensações  reflexas e de dor, que seguem em direção retrógrada às fibras parassimpáticas e  simpáticas, respectivamente, para serem levadas ao sistema nervoso central. Por  acompanhar as fibras simpáticas, a aferência da dor é geralmente referida em  estruturas que compartilham o mesmo gânglio vertebral, que conduzem impulsos  através das mesmas raízes posteriores para alcançar a medula espinhal (Moore,  2014).  

Diante conformidade anátomo-fisiológica, fica evidente a união entre estruturas  viscerais e musculoesquelética, e como alterações de ambos os sistemas fasciais,  neurológicos, circulatórios e esqueléticos colaboram para perturbação da  homeostase corporal.  

Neste cenário, constata-se que o método de manipulação visceral se agrega à  fisioterapia como tratamento para minimizar os desequilíbrios funcionais e  fisiológicos, apresentando aos fisioterapeutas um conjunto de técnicas eficientes  com resultados positivos para disfunções musculoesqueléticas (Silva; Freitas, 2022). 

À vista disso, é imprescindível uma abordagem terapêutica minuciosa com a  realização de uma boa escuta e avaliação do paciente, buscando compreensão do  quadro do indivíduo em diversos aspectos, dentre processos fisiológicos e  associação com fatores externos; para assim proporcionar ao paciente um  tratamento ímpar e eficaz.  

5. CONCLUSÃO  

A sintomatologia da dor, disfunção estrutural e má postura corporal, são  reduzidas após a manipulação visceral osteopática, tendo em vista o corpo humano  e suas relações mecânicas. Com ênfase nas disfunções da coluna cérvico-lombar  inespecífica, observou-se resultados positivos após aplicação desse método de  tratamento manual visceral por meio da Osteopatia, destacando-a como mais uma  forma de abordagem a um paciente com queixa de dores musculoesqueléticas.  

Considerando a escassez de artigos publicados relacionados ao tema  proposto, identificou-se a necessidade de novos estudos que colaborem através de  seus achados clínicos, com a capacitação dos profissionais da área para que  adotem práticas terapêuticas mais eficazes com seus pacientes, proporcionando  assim melhor qualidade de vida aos mesmos. 

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Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE1

Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e  Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya  Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara2