A EFICÁCIA DA MANIPULAÇÃO CERVICAL DE ALTA VELOCIDADE E BAIXA AMPLITUDE NA CERVICALGIA AGUDA: UMA REVISÃO DE LITERATURA

THE EFFECTIVENESS OF HIGH-SPEED, LOW-AMPLITUDE CERVICAL MANIPULATION IN ACUTE CERVICALGIA: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7386148


Aline de Miranda Fernandes1
Luiz Felipe Rauny de Araújo Ribas1
Elder da Silva Paz1
Laura Gabrielle do Nascimento Ferreira
Luan Beltrão de Carvalho1
Orientador(a): Profa. Esp. Natália Gonçalves2


Resumo

Introdução: A dor no pescoço ou dor cervical é um fenômeno comum e uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo. Objetivo: Avaliar a eficácia da manipulação cervical de alta velocidade e baixa amplitude no tratamento da cervicalgia aguda, seu mecanismo de ação, os aspectos positivos e negativos, e ainda, descrever os critérios de avaliação diagnóstica. Materiais e método: Trata-se de uma revisão de literatura qualitativa descritiva com estudos referentes A Eficácia da Manipulação de Alta Velocidade e Baixa Amplitude na Cervicalgia Aguda, abordando aspectos mecânicos e fisiológicos relacionados a prática da técnica aplicada a patologia mencionada. Para seleção dos artigos, foram selecionados 6 estudos potencialmente elegíveis para continuidade da revisão, entre eles, revisões sistemáticas e meta-análise, ensaios clínicos randomizados e diretriz de prática clínica. Resultados: Foi evidenciado através dos estudos realizados que a utilização da técnica de manipulação vertebral de alta velocidade e baixa amplitude se comparada a outros métodos terapêuticos é apontada com maior segurança e eficácia no quadro álgico, e quando comparado às técnicas isoladas, é preferível a combinação da manipulação vertebral com os exercícios fisioterapêuticos. Conclusão: A manipulação cervical, evidencia-se como uma das formas que o profissional da fisioterapia, pode agregar em seu leque terapêutico, não anulando os demais recursos. Apesar da concordância entre a eficácia das manipulações cervicais, foi identificado a escassez de estudos que contribuam aos critérios para a utilização da técnica, pois embora seja um método que contribua com vários benefícios, há necessidade de novos estudos relacionados à prática.

Palavras-chave: “Manipulação”. “Dor cervical”. “Quiropraxia”. “Osteopatia”.

Abstract

Background: Neck pain or cervical pain is a common phenomenon and one of the main causes of disability worldwide. Pourpose: To evaluate the effectiveness of high-speed, low-amplitude cervical manipulation in the treatment of acute neck pain, its mechanism of action, positive and negative aspects, and also describe the diagnostic evaluation criteria. Methods: This is a descriptive qualitative literature review with studies referring to The Efficacy of High Speed ​​and Low Amplitude Manipulation in Acute Neck Pain, addressing mechanical and physiological aspects related to the practice of the technique applied to the mentioned pathology. For the selection of articles, 6 studies potentially eligible for continuation of the review were selected, including systematic reviews and meta-analysis, randomized clinical trials and clinical practice guidelines. Results: Studies have shown that the use of a high-speed, low-amplitude spinal manipulation technique, compared to other therapeutic methods, is safer and more effective in pain, and when compared to isolated techniques, the combination is preferable. of spinal manipulation with physiotherapeutic exercises. Conclusion: Cervical manipulation is evident as one of the ways that the physiotherapy professional can add to their therapeutic range, not nullifying the other resources. Despite the agreement between the effectiveness of cervical manipulations, a scarcity of studies that contribute to the criteria for the use of the technique was identified, because although it is a method that contributes with several benefits, there is a need for further studies related to the practice.

Keywords: “Manipulation”. “Neck pain”. “Chiropractic”. “Osteopathy”.

1 INTRODUÇÃO

A cervicalgia ou dor cervical aguda foi definida como uma dor na região posterior do pescoço, superior das escápulas ou na zona dorsal alta com duração em média de até 6 semanas como queixa principal (OVERBECK, 2015). Vários fatores de risco predispõem ao desenvolvimento de dor cervical, incluindo psicopatologia, genética, problemas de sono, tabagismo, obesidade, sedentarismo, dor cervical anterior, trauma, dor nas costas e problemas de saúde geral (BLANPIED, 2017).  Estas podem ser multifatoriais de origem local (disfunções vertebrais, discais, ligamentares, musculares, traumáticas ou degenerativas) ou referida (KIM et al, 2018). 

A dor no pescoço é um fenômeno comum e uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo (COHEN et al, 2013). A literatura mostra que a dor pode comprometer a rotina de vida diária dos indivíduos com incapacidade temporariamente ou permanentemente, (FERREIRA et al., 2012; SANTOS, 2014) sendo notável que,  na maioria dos pacientes, está associada com as limitações nas atividades diárias, redução da produtividade no trabalho e diminuição da qualidade de vida. A prevalência de cervicalgia aumenta em países industrializados e em áreas urbanas, geralmente acomete o sexo feminino e na meia-idade. Cerca de 80% da população adulta geral sofre de dor no pescoço durante a vida, e 30-50% têm dor no pescoço anualmente (PAOLUCCI, 2020). 

A manipulação de alta velocidade e baixa amplitude tem demonstrado vários efeitos mecânicos, neurofisiológicos e analgésicos, além de ser uma técnica comum para o tratamento da dor cervical (LOHMAMN et al, 2018). A ação do ajuste quiroprático ou correção osteopática, se dá através de um movimento de alta velocidade, baixa amplitude e precisão, onde o segmento articular é levado ao limite de seu arco de movimento articular, respeitando sua barreira anatômica, sendo capaz de alterar as vias reflexas, além de diminuir o espasmo muscular e induzir a produção de agentes anti-inflamatórios de forma endógenas (BAUMGARTH et al, 2014). Há uma variedade de fenômenos observados e propostos que podem explicar os mecanismos para as respostas psicológicas, mecânicas ou neurofisiológicas de uma manipulação vertebral associado a alterações no processamento da dor nos sistemas simpático e motor (LÉNÁRD et al, 2017). Destes três mecanismos, o mecanismo neurofisiológico que desencadeia uma cascata de alterações nos sistemas nervoso periférico e autônomo e no sistema endócrino é o mais amplamente aceito (KOVANUR et al, 2017). No entanto, uma única sessão de mobilização ou manipulação da coluna produz efeitos neurofisiológicos significativos, mas de curta duração, geralmente com duração de 5 minutos ou menos (CORONADO et al, 2012). Mais recentemente, houve evidências moderadas apoiando uma modulação de mecanismos bioquímicos também, sugerindo que um estímulo mecânico fornecido pela manipulação vertebral pode desencadear alterações nos marcadores séricos analgésicos e anti-inflamatórios (KOVANUR et al, 2017).

Dentre as mais variadas especialidades ou técnicas que contemplam a fisioterapia manipulativa ou a terapia manual, evidenciam-se a osteopatia e a quiropraxia, como as especialidades que mais se utilizam da High Velocity and Low Amplitudy ou manipulações de alta velocidade e baixa amplitude, na prevenção e tratamento de desordens ou disfunções vertebrais (BAUMGARTH et al, 2014). Com origem no final do século XVIII, tais ciências baseiam-se na corrente filosófica do Vitalismo, onde é empregado o conceito do holismo, ou seja, a visão integral ou global do indivíduo/organismo (BOYD, 1994). Neste conceito, os desequilíbrios somáticos, são avaliados e tratados levando em consideração todas as cadeias teciduais ou fisiológicas (neuro-musculoesquelético, viscerais e psicossomáticos). Porém, ganhando notoriedade no Brasil e no mundo, somente em meados dos anos 90 e 00 (CASTRO, 2008), são caracterizadas pela utilização da terapia manual, baixo custo aos pacientes quando comparado ao tratamento alopático convencional, e manipulações indolores. 

Tendo como principal manejo a coluna vertebral, por se tratar anatomicamente de uma extensão do próprio encéfalo, via medula espinhal e meninges, esta é uma das principais vias de avaliação e tratamento, osteopático e quiroprático (CASTRO, 2008). A coluna vertebral constituída de 33 segmentos vertebrais, sendo cervical (C1-C7), torácica (T1-T12), lombar (L1-L5), sacro (S1-S5), cóccix (CO1-CO4). Todos os segmentos exercem funções similares: movimento (flexibilidade ou mobilidade articular), equilíbrio corporal, proteção de órgão internos, medula espinhal e suas raízes nervosas (CASTRO, 2008). 

Sobretudo, de todos os segmentos vertebrais, a coluna cervical por sua anatomia aparentemente frágil, comparada as outras estruturas vertebrais, se mostra uma região onde muitos profissionais ainda por falta de conhecimento teórico e prático, demonstram dificuldades no manejo de técnicas manipulativas aplicada a coluna cervical por ser a parte da coluna que apresenta um alto grau de mobilidade e pouca estabilidade, sendo assim mais susceptível a lesões. Dessa forma, a disfunção nessa região é uma condição comum que afeta boa parte da população, representada por um conjunto de sinais e sintomas que envolvem dor, limitação da amplitude dos movimentos fisiológicos, alteração da sensibilidade e/ou dor à palpação dos músculos cervicais (FERREIRA, MARTINI, PIRES, 2013).

O presente estudo tem como objetivo, avaliar a eficácia da manipulação cervical de alta velocidade e baixa amplitude no tratamento da cervicalgia aguda, assim como explorar o mecanismo de ação de tais manipulações, analisar os aspectos positivos e negativos da manipulação cervical, e por fim, descrever os critérios de avaliação diagnóstica para a indicação ou restrição de manipulação cervical em casos de dores no pescoço. 

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma revisão de literatura, visando a pesquisa qualitativa descritiva, que tem como objetivo primordial a descrição de determinada população ou fenômeno, sendo os fatos observados, registrados e analisados, sem que os pesquisadores interfiram neles. Para seleção dos artigos, foram consultados revisões sistemáticas e meta-análise, ensaios clínicos randomizados e diretriz de  prática clínica nas bases de dados PEDro (Physiotherapy Evidence Database), LILACS  (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde)  e MEDLINE/PubMed (Medical Literature Analysis and Retrievel System Online), sendo delimitado o período de busca de agosto a setembro de 2022, utilizando os descritores nas seguintes combinações: “acute neck pain and chiropratic”, “acute neck pain and osteopathy”, acute neck pain and physiotherapy”, acute neck pain manipulation”. 

Os estudos que cumpriram os critérios de inclusão foram avaliados quanto à qualidade metodológica e publicados originalmente em inglês, sendo estes, com data de publicação entre 2012 a 2022 e que relatam pacientes com cervicalgia aguda, isto é, com sintomatologia característica de até de 6 semanas cujo tratamento escolhido foi a manipulação de alta velocidade e baixa amplitude da coluna vertebral. Foram excluídos artigos duplicados e artigos que não estão relacionados integralmente com o tema.

3 RESULTADOS 

Após a triagem dos 184 estudos potenciais identificados durante a busca original, um total de 16 estudos foram considerados relevantes após a triagem de título e resumo, as citações duplicadas foram removidas e os artigos restantes foram recuperados em formato eletrônico para análise detalhada, restando 6 estudos potencialmente elegíveis para continuidade da revisão, conforme fluxograma do estudo (Figura 1).

Figura 1 – Fluxograma do estudo

As características dos estudos incluídos foi a metodologia de texto completo e relevância; triagem de ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas; e triagem final de texto completo para conteúdo clínico-científico relevante, conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Estudos incluídos (continua)

AUTOR/ANOTIPO DE ESTUDOOBJETIVOMETODOLOGIARESULTADOS
Bryans et al /2013Diretriz de Prática-clínica Desenvolver recomendações de tratamento para dor cervical inespecífica (mecânica) em adultos.Revisão sistemática de literatura de ensaios clínicos controlados. O estudo dessa diretriz comparou vários tratamentos para dor cervical com a prática de quiropraxia.Os resultados indicam que a prática de quiropraxia são recomendadas para o tratamento da cervicalgia inespecífica assim como outras técnicas, massagem e exercícios também são indicados.
Smith, J; Phty, M; e Bolton, P. S. /2013Revisão Sistemática de Ensaios Clínicos RandomizadosIdentificar quais os critérios diagnósticos são utilizados para definir qual paciente com cervicalgia precisa de manipulação da coluna vertebral cervical.A revisão foi limitada a ensaios clínicos randomizados de manipulação da coluna vertebral para dor cervical, pois eles representam o mais alto grau de evidência em relação aos estudos.Foi identificado a ausência de critérios avaliativos confiáveis para determinar a necessidade de manipulação da coluna vertebral em pessoas que apresentam dor cervical não grave, sendo limitada a critérios empíricos.
Ni Ni Win et al / 2015Ensaio Clínico Randomizado controlado e cruzadoExaminar as respostas do sistema nervoso autônomo usando análise de variabilidade da frequência cardíaca e escala numérica de dor, nos segmentos cervicais.Foram selecionados dez voluntários, normotensos. Os participantes, foram aleatoriamente designados para receber manipulações cervicais superior ou cervicais inferior.A resposta parassimpática foi predominante após a aplicação da manipulação cervical superior e houve predomínio da resposta simpática após a manipulação da cervical inferior. Quando ambas manipuladas prepondera a resposta parassimpática associada à diminuição da pressão arterial sistólica e da escala numérica de dor.
Hidalgo et al / 2017Revisão sistemática Revisar e atualizar as diferentes formas de terapia manual (manipulação articular) e exercícios para pacientes com diferentes estágios de dor cervical inespecífica.Apenas estudos randomizados controlados foram usados, incluindo a diferenciação de acordo com os estágios (aguda – subaguda ou crônica), bem como a subclassificação baseada no tipo de intervenção combinada da terapia manual usada. Dentre as formas de intervenções (manipulação articular, exercícios, termoterapia, eletroterapia, liberação miofascial, kinesio tape) foi evidenciado que a associação de terapia manual e exercício, mostrou-se mais eficaz, do que a utilização de terapia manual ou exercício de forma isolada.
EB Lohman et al, /2018Ensaio clínico randomizadoExaminar os efeitos imediatos da manipulação da coluna cervical na concentração sérica de marcadores bioquímicos (oxitocina, neurotensina, orexina A e cortisol). Vinte e oito indivíduos do sexo feminino com dor cervical mecânica inespecífica foram aleatoriamente designados para uma das duas intervenções: manipulação da coluna cervical versus manipulação da coluna cervical simulado. Houve aumentos significativos na ocitocina, neurotensina e orexina A média pré versus pós manipulação. E não houve mudança significativa na média de cortisol para o grupo intervenção ou para o grupo simulado.
Chaibi, A.; Stavem, K.; Russel, MB. / 2021Revisão Sistemática e Meta-Análise de Ensaios Controlados RandomizadosDeterminar o efeito da terapia manipulativa espinhal na dor cervical aguda com menos de 6 semanas de duração.Foram incluídos seis estudos apenas ensaios clínicos randomizados. A qualidade e a evidência foram avaliadas usando a ferramenta Cochrane. O tamanho geral do efeito agrupado para dor no pescoço foi significativamente favorecedor aos tratamentos com a terapia manipulativa espinhal. O mesmo grupo teve índice de incapacidade, função e qualidade de vida em estudos de intervenção cervical melhorada. 
Fonte: Luan Beltrão (2022).

4 DISCUSSÃO

Ao analisar os resultados desta revisão, foi identificado por meio dos estudos que para avaliar a eficácia da manipulação cervical de alta velocidade e baixa amplitude no tratamento da cervicalgia aguda, foi necessário comparar com outros recursos terapêuticos. No estudo feito por Hidalgo et al (2017), verificou-se as diferentes formas de terapia manual, exercícios e outros recursos terapêuticos para pacientes com diferentes estágios de dor cervical inespecífica. Dentre as várias formas de intervenções (manipulação articular, exercícios, termoterapia, eletroterapia, liberação miofascial, kinesio tape) foi evidenciado que a associação de terapia manipulação e exercícios, mostrou-se mais eficaz, do que a utilização de terapia manual ou exercícios de forma isolada. 

Para Bryans et a. (2013), a técnica manual de quiropraxia é uma das melhores entre as outras para o tratamento de cervicalgia aguda, pois ela trata não só a cervicalgia em si como em toda a parte estrutural do paciente, além de corroborar os benefícios do tratamento com terapia manipulativa como seguro e eficaz, e com poucos efeitos adversos,  sendo descritos como leves e transitórios, enquanto os efeitos adversos graves são muito raros. Assim como no estudo mais recente de Chaibi (2021), mostrou-se que para dor aguda cervical várias sessões de terapia manipulativa cervical foram mais eficazes na redução da dor e melhora da função no acompanhamento imediato e de longo prazo.

Em 2015, Ni Ni Win examinou as respostas do sistema nervoso autônomo usando análise de variabilidade da frequência cardíaca, parâmetros hemodinâmicos e escala numérica de dor, nos segmentos cervicais superiores (C1 e C2) ou inferiores (C6 e C7), os resultados deste estudo demonstram que a resposta parassimpática foi predominante após a aplicação da manipulação cervical superior. Além disso, uma resposta simpática foi predominante após a manipulação de um segmento cervical inferior. Neste caso, fica evidenciado a eficácia da atuação da manipulação cervical não somente no tratamento das algias relacionada as disfunções neuro-musculoesqueléticas, mas também sobre uma resposta hemodinâmica como na redução da pressão arterial após manipulação. Da mesma forma, EB Lohman et al (2019), evidenciou modificações consideráveis nos estímulos mecânicos fornecidos por meio de uma manipulação cervical que podem modificar a expressão de neuropeptídeos, acrescentando rapidamente a concentração sérica de neurotensina, ocitocina e orexina-A.

No entanto, segundo Smith et al (2013) há uma escassez de critérios avaliativos confiáveis para determinar a necessidade de aplicação da manipulação vertebral nos pacientes que apresentam dores cervicais. Geralmente, os critérios de avaliação diagnóstica envolvem a exclusão de condições graves, exame manual para sensibilidade à palpação e/ou movimento vertebral alterado no pescoço ou na região torácica superior, pois segundo os autores, a partir das literaturas revisadas, fica exposto que o critério avaliado se dá de forma empírica. 

5 CONCLUSÃO

A utilização da técnica de manipulação vertebral de alta velocidade e baixa amplitude é utilizada no tratamento de disfunções neuro-musculoesquelética, agindo sobre os proprioceptores musculares como fuso muscular, o órgão tendinoso de Golgi, atuando sobre a excitabilidade do motoneurônio alfa (responsável pela contração muscular) e de outros neurônios corticomotores, diminuindo espasmo muscular e liberando agentes anti-inflamatórios.

Quando comparada com outros recursos terapêuticos há maior segurança e eficácia do quadro álgico na aplicação da manipulação vertebral e quando comparado às técnicas isoladas, é preferível a combinação da manipulação vertebral com os exercícios fisioterapêuticos. Desta forma a manipulação cervical de alta velocidade e baixa amplitude, evidencia-se como uma das formas que o profissional da fisioterapia, pode agregar em seu leque terapêutico, e não anulando os demais métodos ou recursos.

No entanto, apesar da concordância entre a eficácia correlacionada com o mecanismo de ação da técnica de manipulação de alta velocidade e baixa amplitude nos artigos selecionados para esta revisão, identificamos a necessidade de novos estudos que contribuam aos critérios para a utilização da técnica, haja vista, que embora seja um método que contribua em vários benefícios, fica evidente a escassez de critérios de diagnósticos avaliativos confiáveis.

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1Artigo Científico apresentado como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Fisioterapia pelo curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE. 
2Orientador (a): Profa. Esp. Natália Gonçalves.