A EFICÁCIA DA AÇÃO EDUCATIVA COM MULHERES DE CASA DE APOIO DO MUNICIPIO DE IMPERATRIZ DO MARANHÃO SOBRE O VÍRUS HPV

THE EFFECTIVENESS OF EDUCATIONAL ACTION WITH WOMEN FROM SUPPORT HOUSES IN THE MUNICIPALITY OF IMPERATRIZ DO MARANHÃO ON THE HPV VIRUS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11582613


Kaike da Costa Rodrigues [1]
Maylla Rodrigues Lucena [2]
Rodrigo Mariano Costa Silva[3]
Geniely Fontenele Jacinto[4]
Meiriane Teixeira Silva Nascimento[5]
Eveny Silva de Macêdo[6]
Vitoria Nogueira Silva Batista Westemaier[7]
Danilo Lopes Pereira[8]
Iane dos Reis Barros Lima[9]
Ana Clara Barros Chaves[10]


Resumo

Justificativa: O humano papiloma vírus impacta diretamente na mortalidade das mulheres quando associado ao câncer de colo uterino. Objetivos: Objetivou-se analisar o impacto de ação educativa realizada com mulheres do Instituto Renascer Feminino, em Imperatriz -MA, o qual acolhe mulheres em situação de drogas e vulneráveis com o objetivo de ajudar e reabilitar. Métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, experimental e comparativo inferencial do tipo “antes e depois” conduzido com totalidade das mulheres. A análise estatística utilizou questionários com perguntas binárias de “sim” ou “não” sobre o conhecimento do HPV e outros temas relacionados à doença, sendo significativos aqueles que apontaram baixo índice para “sim”. Resultados: Houve um implemento significativo no conhecimento dessas mulheres, principalmente em relação ao acesso à informações importantes sobre o tema, tais como transmissão pelo beijo, sexo oral e compartilhamento de roupas íntimas, cura espontânea, existência de cura. Além da relação desse vírus com verrugas genitais, e outras doenças associadas. Conclusão: Percebe-se claramente que ações educativas são formas eficientes de informação e que instrumentalizam as mulheres na tomada de decisão, sendo primordiais na redução das vulnerabilidades e potencializando a melhoria de sua qualidade de vida.

Palavras-chave: Conhecimento; HPV; Saúde da Mulher.

1        INTRODUÇÃO

Quase 70 anos se passaram entre a descoberta da natureza infecciosa dos papilomas humanos até o estabelecimento dos papilomavírus como um grupo heterogêneo. A aquisição de informações detalhadas foi dificultada pela falta de um sistema in vitro adequado para propagar papilomavírus humanos. Até o momento, tipos diferentes de papilomavírus humanos (HPVs) foram isolados e caracterizados com a ajuda de sistemas de clonagem em bactérias. Embora vários dos chamados HPVs genitais tenham sido posteriormente descritos em tumores do trato respiratório e trato digestivo, a maioria das lesões malignas neste área permanecem até agora negativas para a presença de DNA de HPV de tipos definidos (DE VILLIERS, 1989).

A evolução clínica das novas estratégias de controle baseadas em testes do HPV reduz a taxa de mortalidade por câncer cervicouterino, já que existem mais de 40 genótipos diferentes de HPV que causam infecções cervicais persistentes, e o risco de progressão difere notavelmente dependendo do genótipo do HPV. Mas a maioria dos vírus é rara e nem todos são incluídos na maioria dos testes. O teste do HPV oferece alta sensibilidade para a detecção, mas a especificidade é limitada porque a maioria das infecções são transitórias e apenas uma baixa proporção de infecções persiste e progride para lesões intraepiteliais escamosas de alto grau. Devido à alta prevalência de infecções em mulheres menores de 30 anos, o teste não é recomendado atualmente para a detecção de mulheres menores de 30 anos (VARGAS-HERNÁNDEZ; VARGAS-AGUILAR; TOVAR-RODRÍGUEZ, 2015).

Embora ainda pouco conhecido pela maioria da população brasileira, o Papilomavirus Humano (HPV) é um vírus da família Papillomavirida altamente transmissível, que mais se tem destacado entre as doenças sexualmente transmissíveis (DST) no mundo. Este vírus faz parte de um grupo com mais de 100 tipos de vírus já identificados que acometem ambos os sexos (masculino e feminino), tendo a sua prevalência pelo sexo feminino (1 em cada 5 mulheres sexualmente ativas com idades entre 15 e 49 anos está infectada). Estima-se que a infecção pelo HPV seja detectada em aproximadamente 10% a 20% da população sexualmente ativa no mundo, sendo registrados anualmente, no Brasil, 137 mil novos casos de contaminação pelo HPV, dos quais 90% resultam no desenvolvimento do câncer de colo de útero (SANCHES, 2010).

Em 1999, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou o total de 340 milhões de casos novos por ano de doenças sexualmente transmissíveis (DST) curáveis em todo o mundo, entre indivíduos com idade de 15 a 49 anos, 10 a 12 milhões desses casos no Brasil. Outros tantos milhões de DST não curáveis (virais), incluindo o herpes genital, infecções pelo papilomavírus humano, hepatite B e infecção pelo HIV ocorrem anualmente (BELDA JUNIOR; SHIRATSU; PINTO, 2009).

Embora os pacientes infectados com Papilomavírus apresentem maior prevalência na progressão das lesões, não há diferenças entre grupos com teste de positivos e negativos, nem na tabela de progressão nem na regressão das lesões entre pacientes infectados ou não com HPV (VARGAS-HERNÁNDEZ; VARGAS-AGUILAR; TOVAR-RODRÍGUEZ, 2015).

Entre os principais fatores que dificultam as práticas preventivas, destacam-se o desconhecimento e representações sobre a doença e sobre o Papanicolaou; a acessibilidade e a qualidade dos serviços de saúde; as práticas de cuidado da saúde sexual; as atitudes dos parceiros, e o medo da dor e os pudores relacionados à exposição do corpo, entre outros. O Ministério da Saúde preconiza que toda mulher entre 25 e 64 anos de idade, que já iniciou sua vida sexual, deve se submeter ao exame preventivo, com periodicidade anual, inicialmente. Após dois exames consecutivos com resultados negativos para displasia ou neoplasia do colo do útero, este adquire periodicidade trianual. Após resultado negativo, o risco cumulativo de desenvolver a referida patologia é bastante reduzido, mantendo tal redução nos cinco anos subsequente (SOUZA; COSTA, 2015).

2         FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

O perfil das 17 mulheres em estado de reabilitação em estudo reflete as descrições já apontadas em outras pesquisas, ou seja, mulheres jovens (idade variou de 20 e 59 anos. O  conhecimento  prévio  em  relação  ao  vírus  do  HPV e suas ações sobre a saúde foi apontado por 47% das reeducandas, relacionado a conversas com familiares e atividades informativas da mídia, porém o conhecimento estava associado apenas a sua relação com o câncer de colo de útero e a necessidade de coleta do exame preventivo, sem maiores informações sobre os demais aspectos que  envolvem  o  ciclo  de  transmissão,  tratamento  e  demais formas de prevenção.

 Em  estudo  de  Osis,  Duarte  e  Sousa16  destaca  que  mesmo  a  população  tendo  amplo  acesso  a  informações sobre saúde através da mídia, essas informações são transmitidas de maneira inadequada e/ou superficial acabando  por  não  incentivar  a  procura  aos  serviços  de  saúde  para  a  prevenção  e  promoção  da  saúde.  or  sua  vez, as ações e orientações prestadas por profissionais da saúde ultrapassam essa superficialidade, pois o aspecto de  maior  relevância  no  ambiente  do  Instituto  se torna  o  conhecimento  e  entendimento  das  mulheres  que  ali  se  encontram sobre as questões de saúde.

 É possível observar o histórico sobre a identificação  de  situações  importantes  relacionadas  ao  conhecimento sobre o HPV. Em relação à história pessoal, as mulheres  que  relataram  ter ido ao ginecologista para exame ou  coletado  CCO  em  algum  momento da vida foi predominante (17,6%).As ações educativas são os meios de informações primordiais  para  que  a  população  assemelhe  e  entenda  os  riscos  relacionados  à  saúde  principalmente  ao  comportamento  sexual,  pois  a  educação  em  saúde  tem  por  objetivo disseminar a informação e assim instrumentalizar  a  população  para  que  esteja  atenta  às  ações  de  promoção e proteção da saúde18.

 Nesse contexto, o vínculo profissional da saúde-paciente  torna-se  a  chave  principal  para  o  desenvolvimento  de  atividade  educativa. Esta  relação  entre  o  profissional da saúde-paciente  deverá  estar  permeada  por  um  movimento contínuo de diálogo e troca de experiências, procurando  assim  meios  de  reduzir  os  tabus,  mitos  e  preconceitos,  mostrando  para  a  população  que  saúde  e  educação não são desassociadas e sim vinculadas uma a outra.

O educador tem o papel de estimular a população a conhecer as questões de saúde para que assim a mesma possa ser ativa no processo de autocuidado. O  baixo  nível  de  escolaridade  descrito  entre  as  reeducandas  da  cadeia  pública  feminina  corrobora  com  estudo  de  Osis;  Duarte;  Sousa16  que  descreveu  que  a  média  escolar  da  população  não  atinge  os  oitos  primeiros  anos  da  alfabetização,  corroborando  com  outras  reflexões que acrescentam que o baixo nível escolar podem refletir diretamente nos hábitos de vida, na procura dos serviços  de  saúde  e  na  procura  de  informações  sobre  questões  de  saúde.

  Neste  sentido,  o Instituto de Reabilitação Renascer se torna  um  local  de  maior  acessibilidade  para  transmitir essas informações através de ações educativas, pois o ambiente  e  as  várias  atividades  a  serem  realizadas  no  cotidiano  reintegrativo  proporcionam  maior  atenção  desse  público para os problema relacionados à saúde, atraindo a  atenção  para  questões  já  vivenciadas  por  elas  ou  por  pessoas próximas.

A necessidade de ações educativas em ambientes penitenciários também foi destaque em estudo realizado no Ceará. Nesse estudo, o autor aponta que existe superficialidade nos conhecimentos básicos para a prevenção da saúde nos respectivos ambientes. Essa realidade vivida em vários lugares do Brasil mostra que existe a necessidade de implementação de ações educativas no cárcere.

O  estudo  de  Sousa et  al.21  destacou  que  56,3%  de  reeducando  de  Goiânia  também  apresentaram  fragilidade  em  relação  ao  conhecimento  das  formas  de  infecção  de  doenças  transmissíveis,  já  que  metade  dessa  população aprisionada desconhecia que a contaminação da hepatite B poderia ocorrer pelo contato com o sangue contaminado e pela via sexual. O desconhecimento sobre as  diferentes  vias  de  transmissão  das  IST  está  presente  de modo uniforme na população em geral, possivelmente em consequência do destaque dado pela mídia para a transmissão sexual e em especial a via vaginal3. O conhecimento sobre as formas de transmissão do HPV aqui descritos  enfatizam  ainda  mais  a  necessidade  de  ações  educativas nesse ambiente e a importância de levar esse conhecimento às mulheres reclusas ou em reabilitação.

A  transmissão  do  vírus  do  HPV  pode  ocorrer  pelo contato direto com a pele infectada ou com a secreção que contenha o vírus ativo, sendo através do contato oro-genital, podendo ocorrer através do sexo oral ou transmissão vertical da mãe para o filho no momento do parto  normal,  relação  genital-genital  (anus,  pênis  e  vagina),  manual-genital  podendo  incluir  a  autoinoculação  ou manuseios das mãos nos órgãos do parceiro, beijo se houver  lesões  ou  presença  de  verrugas  na  mucosa  oral. 

Fômites também são descritos, porém é uma das maneiras mais raras e inclui o partilhamento de toalhas usadas e roupas íntimas sem higienização adequada1.Para  Ayres  et  al.22,  a  fragilidade  que  acerca  o  conhecimento  em  relação  à  prevenção  das  ISTs,  principalmente relacionado ao vírus do HPV, mostra a importância de levarmos a informação às mulheres, pois disseminação do conhecimento que aborde a prevenção, com ênfase as ações efetivas na redução do risco de infecção poderá  minimizar  a  disseminação  do  vírus  podendo  assim haver maior controle da transmissão pelo comportamento sexual seguro e informado. Condiloma  acuminado  são  erupções  na  pele  causadas pelos tipos de baixo risco oncológicos 6 e 11, geralmente, aparecem na região genital e próximo ao ânus em homens e mulheres, nos casos menos frequente na vagina, ânus ou colo do útero e em lugares mais raros como palmas das mãos, dedos, lábios e mucosa oral por meio do contato manual-genital1.

Sabe-se  que  o  HPV  causa  as  Lesões  Precursoras  do Câncer Cérvico uterino (LPCCU) que são divididas em dois grupos, sendo lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) que corresponde a NIC I e a lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) corresponde as NIC II e III, os cânceres de colo uterino invasor podem evoluir a partir de uma NIC, porém nem toda NIC evoluirá para uma  doença  invasora,  mas  toda  neoplasia  intraepitelial  cervical deverá ser acompanhada e tratada.

O vírus do HPV é o principal fator de desenvolvimento da doença, entretanto, não é o único, pois existem fatores  como  socioeconômico  e  ambiental,  hábitos  de  vida, multiparidade, multiplicidade de parceiros sexuais, uso  prolongado  de  contraceptivo,  tabagismo  e  hábitos  inadequados  de  higiene  que  podem  favorecer  o  desenvolvimento de câncer de colo uterino23. Anjos et al.20 apresentam a importância de levar informações sobre os fatores de risco à essa população, pois elas desconhecem as diversas formas que potencializam o vírus do HPV para o desenvolvimento do câncer cervical entre outras consequências que a infecção pode causar. 

O  homossexualismo  e  o  bissexualismo  também  são  fatores  de  risco  importantes,  pois  a  grande  maioria  das  mulheres  acreditam  que  não  há  transmissão  de  IST  entre gêneros. Uma  das  doenças  abordadas  nessa  ação  educativa foi a papilomatose respiratória recorrente (PRR), doença rara, porém pode levar a criança a óbito. Trata-se de um tumor benigno epitelial que afeta de forma mais frequente a laringe, podendo atingir todo o trato respiratório ocluindo a passagem de ar para os pulmões, a PRR é transmitida por meio do parto normal se a mãe estiver infectada pelo vírus ativo do HPV.

A estimativa na população pediátrica é de 4,3 por 100.000 crianças com PRR, os tipos 6 e 11 são os responsáveis pelo desenvolvimento do PRR, sendo que o tipo 11 é o mais grave podendo levar a criança a necessitar de traqueotomia, já os tipos 16 e 18 são responsáveis pela transformação maligna do PRR24.O câncer oral também deve ser destacado ao se falar  de  consequências  do  HPV,  pois  corresponde  a  4%  de todos os tipos de cânceres, e população feminina ocupa  o  décimo  lugar  com  2%  dessas  neoplasias  malignas.  Potencialmente em lesões orais malignas foi identificado o vírus do HPV, entretanto o uso do tabaco pode potencializar as ações de oncogênese do HPV ou imunossuprimir deixando o tecido susceptível ao vírus25. Já o câncer na região retal é decorrente da carga viral elevada do vírus do HPV, sendo o tipo 16 mais comumente encontrado nessa neoplasia anal de baixo risco e  os  tipos  6  e  11  nos  casos  de  alto  risco,  a  transmissão  do vírus do HPV ocorre pela relação anus-genital tendo maior incidência por meio da relação de homossexualismo.

A disseminação de doenças das mulheres para os homens devem ser considerada, uma vez que associação do HPV com o câncer de pênis é realidade, representando  esse  tipo  de  câncer  2%  de  todos  os  casos  de  câncer  masculino,  sendo  mais  frequente  nas  regiões  Norte  e  Nordeste. 

Silva  Jr.  et  al.26  detectaram  que  em  homens  brasileiros 15,7% das infecções genitais por HPV-6 e HPV-11  evoluíram  para  o  condiloma  e  aproximadamente  1%  das  infecções  por  HPV-16  progrediu  para  neoplasia  intraepitelial peniana com um tempo médio de progressão de 25 meses. A não alteração sobre o conhecimento das reclusas correlacionando o vírus do HPV com o câncer de colo uterino e verrugas gênitas, ocorreu pelo aprimoramento prévio de informações, possivelmente disseminados pela mídia.

 Osis,  Duarte  e  Sousa  apontam  a  mídia  como  principal  fonte  de  informação  sobre  as  vacinas  do  HPV,  e  sua  ação  na  redução  das  verrugas  gênitas  (condiloma  acuminado)  e  o  câncer  do  colo  uterino,  a  prevenção  é  potencializada  quando  se  tem  acesso  aos  conteúdos  informativos  trazidos  pela  mídia,  quando  em  sua  grande  maioria as matérias veiculadas pelos meios de comunicação em relação ao câncer está relacionada com a vacina do HPV e seus benefícios.

A  realização  de  ações  educativas  nas  cadeias  ou  em reabilitação tem por objetivo a melhoria da qualidade de  vida  dessas  mulheres  sobre  tudo  ampliar  o  conhecimento referentes a questões de saúde, tornando-se assim possível a reflexão e promoção do autocuidado a partir das informações que lhes foram passadas diminuindo os fatores  de  risco  para  possíveis  futuros  desenvolvimento  do  câncer  cervical  ou  outras  consequências  causadas  pelo vírus HPV, além da garantia do acesso à saúde.

O  Ministério  da  Saúde  destaca  que  não  há  evidências sobre existência de tratamento, disponíveis que elimine ou altere o curso natural da infecção pelo vírus do  HPV,  a  única  forma  comprovada  segundo  estudos  é  somente por meio da eliminação espontânea do sistema imunológico do hospedeiro, já suas possíveis complicações possuem tratamento químico, cirúrgico e pelo uso de estimuladores da imunidade, essas ações têm o objetivo de reduzir, remover ou destruir as lesões, verrugas ou cânceres proporcionadas pelo HPV.

A ausência de alteração do conhecimento sobre tratamento das complicações causadas pelo HPV entre as reclusas pode decorrer da sua história pessoal, ou seja, o  predomínio  de  experiências  das  mulheres  com  a  coleta do CCO em algum momento da vida, pode ter possibilitado acesso às informações de forma individual nas consultas médica e de enfermagem ou ainda a partir de experiências, vivências e observações do cotidiano.

A alteração do conhecimento sobre a existência de cura e cura espontânea para HPV após a ação educativa pode estar relacionado com o desconhecimento prévio dessa temática, já que a grande maioria das mulheres não acredita na possibilidade da cura do vírus e entende que o controle da doença dar-se-á por meio do exame Papanicolau. Os mesmos autores destacaram que a maior prevalência  de  HPV  se  deu  em  mulheres  solteiras,  que  consomem bebida alcoólica e possuem histórico de grande número de parceiros sexuais ao longo da vida, sendo importante identificar a prevalência de HPV de alto risco oncogênico para auxiliar na identificação de mulheres sob maior risco de evolução para lesão preneoplásica.

Segundo Nicolau et al.17, o uso de preservativos no sistema carcerário tornou-se algo substancial. No Brasil,  a  prática  de  relação  sexual  desprotegida  é  um  fator  de risco para transmissão de IST mais significativo. No mesmo estudo percebeu que quando questionadas sobre a principal finalidade do preservativo masculino apenas 2% das mulheres não sabiam, porém quando questionadas  em  relação  ao  preservativo  feminino  o  número  se  mostrou dez vezes maior do que o anterior, porém mesmo sabendo sua finalidade 29% das mulheres afirmam não utilizá-lo em relações homossexuais.

Nogueira et al. apontaram que apenas 32,5% de usuários de um centro de testagem e aconselhamento utilizam preservativo com parceiros fixos, demonstrando a baixa adesão em relacionamentos estáveis. As ações educativas sobre prevenção levarão conhecimento  não  somente  em  relação  à prevenção  contra o vírus do HPV, mas de todas as outras possíveis IST, sendo então um instrumento essencial de promoção da saúde19.

 As  medidas  preventivas  mais  importantes  são  o uso  de  preservativo,  seja  masculino  ou  feminino,  além  de  evitar  múltiplos  parceiros  sexuais,  realizar  a  higiene  pessoal e imunização1. Diante do exposto é notória a necessidade de intervenções de cunho educativo nos cárceres para promover saúde e prevenir doenças, por meio da adoção de medidas de redução dos fatores de risco que predispõem os sujeitos à infecção por HPV, o que pode reduzir a vulnerabilidade desses indivíduos.

3        METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal, o qual envolve a observação da variável dependente em um período de tempo, decorrente à administração de um questionario. A pesquisa foi realizada em uma casa de apoio feminino com a população de 17 mulheres reeducandas, privadas de liberdade, no município de Imperatriz, localizado na região Oeste do Estado do Maranhão, a 635 km da capital, São Luiz.

Foram incluídas no estudo 17 reeducandas, que representam parte do universo populacional de mulheres em reclusão feminina do município polo do médio Oeste do Maranhão, presentes no período da coleta de dados em Março de 2024.

Os critérios de inclusão foram as mulheres que se encontravam reclusas na casa de acolhimento feminino Renascer dessa localidade, Os critérios de exclusão foram aplicados para aquelas que verbalizaram a desistência da participação no estudo ou cansaço físico\mental.

A coleta de dados foi realizada em Março de 2024 e composta por dois momentos distindos, primeiramente foi explicado às mulheres sobre o teor da pesquisa; aplicado um questionário acompanhado pelos pesquisadores, assim as mulheres o responderam individualmente, expressando seus conhecimentos prévios sobre o vírus HPV. Em seguida, foi realizada uma ação educativa sobre o tema com duração de 60 minutos, o método de troca de conhecimentos se deu por atividade expositiva, utilizando cartazes com imagens relacionado ao HPV, modo de transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção, sendo então possibilitado o momento reflexivo com as discussões e respostas aos questionamentos feitos pelas reeducandas. Visando reduzir o viés de coleta foram discutidos diferentes aspectos do tema e não apenas as resposta do questionário.

Os dados foram digitalizados, estes então foram importados tabelados e construiram o banco de dados. Para as análises estatísticas foram pareados os questionários com 06 (seis) perguntas objetivas, sendo elas: Você sabe o que é câncer do colo de útero? Você sabe o que é HPV? Você sabia que existe vacina contra HPV? Você sabia que o cancer de colo do útero tem 95% de chance de ser evitado? Você faz o exame (PAPANICOLAU) todos os anos? Vai ao ginecologista com frequência?

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade de Imperatriz.Todas as mulheres que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consenti- mento Livre e Esclarecido (TCLE), tal como recomenda a resolução 466/2012; a assinatura do TCLE foi realizada no dia da ação, em entrevistas individuais.

4        RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

O perfil das 17 mulheres em situação de reabilitação que participaram do estudo possui, em sua maioria, jovens com idade que varia de 20 e 59 anos. Observou-se que uma parcela significativa delas tinha conhecimento sobre o câncer do colo do útero (52,9%), porém, houve uma redução notável no índice daquelas que sabiam o que era HPV (47%) e daquelas que estavam cientes da existência da vacina contra o HPV (47%).

 Outro aspecto preocupante é que uma parte das reeducandas expressou hesitação em realizar o exame de Papanicolau anualmente (41,1%), o que se torna ainda mais alarmante ao observar que apenas uma pequena proporção frequenta regularmente o ginecologista (17,6%). Estas mulheres expressaram a necessidade de ter acesso a informações sobre como melhorar sua saúde, e em relação ao conhecimento sobre o HPV, já que apenas 47% tiveram acesso a algum tipo de informação fornecida por profissional de saúde anterior à reabilitação e nenhum contato com informação sobre saúde após a reintegração mencionada. Os locais que mais colaboraram com o conhecimento das reeducandas sobre o HPV, antes da ação educativa realizada neste estudo, foram a escola e a comunicação em mídia e redes sociais, no entanto, a ação educativa realizada no Instituto Renascer foi uma importante fonte de acesso ao conhecimento em saúde.

5        CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implementação do conhecimento foi significativa pelas mulheres da casa de apoio do município de Imperatriz sobre o HPV após a intervenção desta proposta, principalmente em relação ao acesso da informação na transmissão pelo beijo, sexo oral e compartilhamento de roupas íntimas, além do conhecimento referente à relação do HPV com as verrugas, existências de outras doenças além do câncer de colo do útero, cura espontânea e existência de cura.

Portanto Podemos perceber de uma maneira bem clara o quanto as ações educativas são formas eficientes de informação que instrumentalizam as mulheres na tomada de decisão quanto à melhoria de sua qualidade de vida, seja por ações preventivas, sejam por reflexões que posteriormente possam ser difundidas para as pessoas com quem convivem. Em se tratando de mulheres em situação de vulnerabilidade, estas informações são primordiais para redução das incidências a que estão expostas, devendo assim ser estimuladas e inseridas nos cotidianos das casas de apoios brasileiras. Entende-se como fragilidade do estudo a forma de condução pontual, sendo necessária a realização de novas abordagens similares que ampliem as possibilidades de discutir as ações educativas em saúde nos ambientes de apoios.

REFERÊNCIAS

BELDA JUNIOR, W.; SHIRATSU, R.; PINTO, V. Abordagem nas doenças sexualmente transmissíveis. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 84, n. 2, p. 151–159, abr. 2009.

DE VILLIERS, E. M. Heterogeneity of the human papillomavirus group. Journal of Virology, v. 63, n. 11, p. 4898–4903, nov. 1989.

FRANCO, E. et al. De Las Cárceles Health Care of Women in Prison. 2011.

SANCHES, E. B. Prevenção Do Hpv : a Utilização Da Vacina Nos Serviços Hpv Prevention : the Use of Vaccine in the Healthcare. Revista Saúde e Pesquisa, v. 3, n. 2, p. 255–261, 2010.

SOUZA, A. F.; COSTA, L. H. R. Conhecimento de Mulheres sobre HPV e Câncer do Colo do Útero após Consulta de Enfermagem Conocimiento de las Mujeres sobre HPV y Cáncer Uterino después de la Consulta de Enfermería. Cancerologia, v. 61, n. 4, p. 343–350, 2015.

VARGAS-HERNÁNDEZ, V. M.; VARGAS-AGUILAR, V. M.; TOVAR-RODRÍGUEZ, J. M. Detección primaria del cáncer cervicouterino. Cirugía y Cirujanos, v. 83, n. 5, p. 448–453, set. 2015.


[1] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz e-mail: kaikecosta333@gmail.com

[2] Docente dos Cursos Superiores de Farmacia e Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz Doutora em Ciencias da Saúde UNIFESP.

[3] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz

[4] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz

[5] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz

[6] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz

[7] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz

[8] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz

[9] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz

[10] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz