THE EFFECTIVENESS OF EDUCATIONAL ACTION WITH WOMEN FROM SUPPORT HOUSES IN THE MUNICIPALITY OF IMPERATRIZ DO MARANHÃO ON THE HPV VIRUS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11582613
Kaike da Costa Rodrigues [1]
Maylla Rodrigues Lucena [2]
Rodrigo Mariano Costa Silva[3]
Geniely Fontenele Jacinto[4]
Meiriane Teixeira Silva Nascimento[5]
Eveny Silva de Macêdo[6]
Vitoria Nogueira Silva Batista Westemaier[7]
Danilo Lopes Pereira[8]
Iane dos Reis Barros Lima[9]
Ana Clara Barros Chaves[10]
Resumo
Justificativa: O humano papiloma vírus impacta diretamente na mortalidade das mulheres quando associado ao câncer de colo uterino. Objetivos: Objetivou-se analisar o impacto de ação educativa realizada com mulheres do Instituto Renascer Feminino, em Imperatriz -MA, o qual acolhe mulheres em situação de drogas e vulneráveis com o objetivo de ajudar e reabilitar. Métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, experimental e comparativo inferencial do tipo “antes e depois” conduzido com totalidade das mulheres. A análise estatística utilizou questionários com perguntas binárias de “sim” ou “não” sobre o conhecimento do HPV e outros temas relacionados à doença, sendo significativos aqueles que apontaram baixo índice para “sim”. Resultados: Houve um implemento significativo no conhecimento dessas mulheres, principalmente em relação ao acesso à informações importantes sobre o tema, tais como transmissão pelo beijo, sexo oral e compartilhamento de roupas íntimas, cura espontânea, existência de cura. Além da relação desse vírus com verrugas genitais, e outras doenças associadas. Conclusão: Percebe-se claramente que ações educativas são formas eficientes de informação e que instrumentalizam as mulheres na tomada de decisão, sendo primordiais na redução das vulnerabilidades e potencializando a melhoria de sua qualidade de vida.
Palavras-chave: Conhecimento; HPV; Saúde da Mulher.
1 INTRODUÇÃO
Quase 70 anos se passaram entre a descoberta da natureza infecciosa dos papilomas humanos até o estabelecimento dos papilomavírus como um grupo heterogêneo. A aquisição de informações detalhadas foi dificultada pela falta de um sistema in vitro adequado para propagar papilomavírus humanos. Até o momento, tipos diferentes de papilomavírus humanos (HPVs) foram isolados e caracterizados com a ajuda de sistemas de clonagem em bactérias. Embora vários dos chamados HPVs genitais tenham sido posteriormente descritos em tumores do trato respiratório e trato digestivo, a maioria das lesões malignas neste área permanecem até agora negativas para a presença de DNA de HPV de tipos definidos (DE VILLIERS, 1989).
A evolução clínica das novas estratégias de controle baseadas em testes do HPV reduz a taxa de mortalidade por câncer cervicouterino, já que existem mais de 40 genótipos diferentes de HPV que causam infecções cervicais persistentes, e o risco de progressão difere notavelmente dependendo do genótipo do HPV. Mas a maioria dos vírus é rara e nem todos são incluídos na maioria dos testes. O teste do HPV oferece alta sensibilidade para a detecção, mas a especificidade é limitada porque a maioria das infecções são transitórias e apenas uma baixa proporção de infecções persiste e progride para lesões intraepiteliais escamosas de alto grau. Devido à alta prevalência de infecções em mulheres menores de 30 anos, o teste não é recomendado atualmente para a detecção de mulheres menores de 30 anos (VARGAS-HERNÁNDEZ; VARGAS-AGUILAR; TOVAR-RODRÍGUEZ, 2015).
Embora ainda pouco conhecido pela maioria da população brasileira, o Papilomavirus Humano (HPV) é um vírus da família Papillomavirida altamente transmissível, que mais se tem destacado entre as doenças sexualmente transmissíveis (DST) no mundo. Este vírus faz parte de um grupo com mais de 100 tipos de vírus já identificados que acometem ambos os sexos (masculino e feminino), tendo a sua prevalência pelo sexo feminino (1 em cada 5 mulheres sexualmente ativas com idades entre 15 e 49 anos está infectada). Estima-se que a infecção pelo HPV seja detectada em aproximadamente 10% a 20% da população sexualmente ativa no mundo, sendo registrados anualmente, no Brasil, 137 mil novos casos de contaminação pelo HPV, dos quais 90% resultam no desenvolvimento do câncer de colo de útero (SANCHES, 2010).
Em 1999, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou o total de 340 milhões de casos novos por ano de doenças sexualmente transmissíveis (DST) curáveis em todo o mundo, entre indivíduos com idade de 15 a 49 anos, 10 a 12 milhões desses casos no Brasil. Outros tantos milhões de DST não curáveis (virais), incluindo o herpes genital, infecções pelo papilomavírus humano, hepatite B e infecção pelo HIV ocorrem anualmente (BELDA JUNIOR; SHIRATSU; PINTO, 2009).
Embora os pacientes infectados com Papilomavírus apresentem maior prevalência na progressão das lesões, não há diferenças entre grupos com teste de positivos e negativos, nem na tabela de progressão nem na regressão das lesões entre pacientes infectados ou não com HPV (VARGAS-HERNÁNDEZ; VARGAS-AGUILAR; TOVAR-RODRÍGUEZ, 2015).
Entre os principais fatores que dificultam as práticas preventivas, destacam-se o desconhecimento e representações sobre a doença e sobre o Papanicolaou; a acessibilidade e a qualidade dos serviços de saúde; as práticas de cuidado da saúde sexual; as atitudes dos parceiros, e o medo da dor e os pudores relacionados à exposição do corpo, entre outros. O Ministério da Saúde preconiza que toda mulher entre 25 e 64 anos de idade, que já iniciou sua vida sexual, deve se submeter ao exame preventivo, com periodicidade anual, inicialmente. Após dois exames consecutivos com resultados negativos para displasia ou neoplasia do colo do útero, este adquire periodicidade trianual. Após resultado negativo, o risco cumulativo de desenvolver a referida patologia é bastante reduzido, mantendo tal redução nos cinco anos subsequente (SOUZA; COSTA, 2015).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
O perfil das 17 mulheres em estado de reabilitação em estudo reflete as descrições já apontadas em outras pesquisas, ou seja, mulheres jovens (idade variou de 20 e 59 anos. O conhecimento prévio em relação ao vírus do HPV e suas ações sobre a saúde foi apontado por 47% das reeducandas, relacionado a conversas com familiares e atividades informativas da mídia, porém o conhecimento estava associado apenas a sua relação com o câncer de colo de útero e a necessidade de coleta do exame preventivo, sem maiores informações sobre os demais aspectos que envolvem o ciclo de transmissão, tratamento e demais formas de prevenção.
Em estudo de Osis, Duarte e Sousa16 destaca que mesmo a população tendo amplo acesso a informações sobre saúde através da mídia, essas informações são transmitidas de maneira inadequada e/ou superficial acabando por não incentivar a procura aos serviços de saúde para a prevenção e promoção da saúde. or sua vez, as ações e orientações prestadas por profissionais da saúde ultrapassam essa superficialidade, pois o aspecto de maior relevância no ambiente do Instituto se torna o conhecimento e entendimento das mulheres que ali se encontram sobre as questões de saúde.
É possível observar o histórico sobre a identificação de situações importantes relacionadas ao conhecimento sobre o HPV. Em relação à história pessoal, as mulheres que relataram ter ido ao ginecologista para exame ou coletado CCO em algum momento da vida foi predominante (17,6%).As ações educativas são os meios de informações primordiais para que a população assemelhe e entenda os riscos relacionados à saúde principalmente ao comportamento sexual, pois a educação em saúde tem por objetivo disseminar a informação e assim instrumentalizar a população para que esteja atenta às ações de promoção e proteção da saúde18.
Nesse contexto, o vínculo profissional da saúde-paciente torna-se a chave principal para o desenvolvimento de atividade educativa. Esta relação entre o profissional da saúde-paciente deverá estar permeada por um movimento contínuo de diálogo e troca de experiências, procurando assim meios de reduzir os tabus, mitos e preconceitos, mostrando para a população que saúde e educação não são desassociadas e sim vinculadas uma a outra.
O educador tem o papel de estimular a população a conhecer as questões de saúde para que assim a mesma possa ser ativa no processo de autocuidado. O baixo nível de escolaridade descrito entre as reeducandas da cadeia pública feminina corrobora com estudo de Osis; Duarte; Sousa16 que descreveu que a média escolar da população não atinge os oitos primeiros anos da alfabetização, corroborando com outras reflexões que acrescentam que o baixo nível escolar podem refletir diretamente nos hábitos de vida, na procura dos serviços de saúde e na procura de informações sobre questões de saúde.
Neste sentido, o Instituto de Reabilitação Renascer se torna um local de maior acessibilidade para transmitir essas informações através de ações educativas, pois o ambiente e as várias atividades a serem realizadas no cotidiano reintegrativo proporcionam maior atenção desse público para os problema relacionados à saúde, atraindo a atenção para questões já vivenciadas por elas ou por pessoas próximas.
A necessidade de ações educativas em ambientes penitenciários também foi destaque em estudo realizado no Ceará. Nesse estudo, o autor aponta que existe superficialidade nos conhecimentos básicos para a prevenção da saúde nos respectivos ambientes. Essa realidade vivida em vários lugares do Brasil mostra que existe a necessidade de implementação de ações educativas no cárcere.
O estudo de Sousa et al.21 destacou que 56,3% de reeducando de Goiânia também apresentaram fragilidade em relação ao conhecimento das formas de infecção de doenças transmissíveis, já que metade dessa população aprisionada desconhecia que a contaminação da hepatite B poderia ocorrer pelo contato com o sangue contaminado e pela via sexual. O desconhecimento sobre as diferentes vias de transmissão das IST está presente de modo uniforme na população em geral, possivelmente em consequência do destaque dado pela mídia para a transmissão sexual e em especial a via vaginal3. O conhecimento sobre as formas de transmissão do HPV aqui descritos enfatizam ainda mais a necessidade de ações educativas nesse ambiente e a importância de levar esse conhecimento às mulheres reclusas ou em reabilitação.
A transmissão do vírus do HPV pode ocorrer pelo contato direto com a pele infectada ou com a secreção que contenha o vírus ativo, sendo através do contato oro-genital, podendo ocorrer através do sexo oral ou transmissão vertical da mãe para o filho no momento do parto normal, relação genital-genital (anus, pênis e vagina), manual-genital podendo incluir a autoinoculação ou manuseios das mãos nos órgãos do parceiro, beijo se houver lesões ou presença de verrugas na mucosa oral.
Fômites também são descritos, porém é uma das maneiras mais raras e inclui o partilhamento de toalhas usadas e roupas íntimas sem higienização adequada1.Para Ayres et al.22, a fragilidade que acerca o conhecimento em relação à prevenção das ISTs, principalmente relacionado ao vírus do HPV, mostra a importância de levarmos a informação às mulheres, pois disseminação do conhecimento que aborde a prevenção, com ênfase as ações efetivas na redução do risco de infecção poderá minimizar a disseminação do vírus podendo assim haver maior controle da transmissão pelo comportamento sexual seguro e informado. Condiloma acuminado são erupções na pele causadas pelos tipos de baixo risco oncológicos 6 e 11, geralmente, aparecem na região genital e próximo ao ânus em homens e mulheres, nos casos menos frequente na vagina, ânus ou colo do útero e em lugares mais raros como palmas das mãos, dedos, lábios e mucosa oral por meio do contato manual-genital1.
Sabe-se que o HPV causa as Lesões Precursoras do Câncer Cérvico uterino (LPCCU) que são divididas em dois grupos, sendo lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) que corresponde a NIC I e a lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) corresponde as NIC II e III, os cânceres de colo uterino invasor podem evoluir a partir de uma NIC, porém nem toda NIC evoluirá para uma doença invasora, mas toda neoplasia intraepitelial cervical deverá ser acompanhada e tratada.
O vírus do HPV é o principal fator de desenvolvimento da doença, entretanto, não é o único, pois existem fatores como socioeconômico e ambiental, hábitos de vida, multiparidade, multiplicidade de parceiros sexuais, uso prolongado de contraceptivo, tabagismo e hábitos inadequados de higiene que podem favorecer o desenvolvimento de câncer de colo uterino23. Anjos et al.20 apresentam a importância de levar informações sobre os fatores de risco à essa população, pois elas desconhecem as diversas formas que potencializam o vírus do HPV para o desenvolvimento do câncer cervical entre outras consequências que a infecção pode causar.
O homossexualismo e o bissexualismo também são fatores de risco importantes, pois a grande maioria das mulheres acreditam que não há transmissão de IST entre gêneros. Uma das doenças abordadas nessa ação educativa foi a papilomatose respiratória recorrente (PRR), doença rara, porém pode levar a criança a óbito. Trata-se de um tumor benigno epitelial que afeta de forma mais frequente a laringe, podendo atingir todo o trato respiratório ocluindo a passagem de ar para os pulmões, a PRR é transmitida por meio do parto normal se a mãe estiver infectada pelo vírus ativo do HPV.
A estimativa na população pediátrica é de 4,3 por 100.000 crianças com PRR, os tipos 6 e 11 são os responsáveis pelo desenvolvimento do PRR, sendo que o tipo 11 é o mais grave podendo levar a criança a necessitar de traqueotomia, já os tipos 16 e 18 são responsáveis pela transformação maligna do PRR24.O câncer oral também deve ser destacado ao se falar de consequências do HPV, pois corresponde a 4% de todos os tipos de cânceres, e população feminina ocupa o décimo lugar com 2% dessas neoplasias malignas. Potencialmente em lesões orais malignas foi identificado o vírus do HPV, entretanto o uso do tabaco pode potencializar as ações de oncogênese do HPV ou imunossuprimir deixando o tecido susceptível ao vírus25. Já o câncer na região retal é decorrente da carga viral elevada do vírus do HPV, sendo o tipo 16 mais comumente encontrado nessa neoplasia anal de baixo risco e os tipos 6 e 11 nos casos de alto risco, a transmissão do vírus do HPV ocorre pela relação anus-genital tendo maior incidência por meio da relação de homossexualismo.
A disseminação de doenças das mulheres para os homens devem ser considerada, uma vez que associação do HPV com o câncer de pênis é realidade, representando esse tipo de câncer 2% de todos os casos de câncer masculino, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste.
Silva Jr. et al.26 detectaram que em homens brasileiros 15,7% das infecções genitais por HPV-6 e HPV-11 evoluíram para o condiloma e aproximadamente 1% das infecções por HPV-16 progrediu para neoplasia intraepitelial peniana com um tempo médio de progressão de 25 meses. A não alteração sobre o conhecimento das reclusas correlacionando o vírus do HPV com o câncer de colo uterino e verrugas gênitas, ocorreu pelo aprimoramento prévio de informações, possivelmente disseminados pela mídia.
Osis, Duarte e Sousa apontam a mídia como principal fonte de informação sobre as vacinas do HPV, e sua ação na redução das verrugas gênitas (condiloma acuminado) e o câncer do colo uterino, a prevenção é potencializada quando se tem acesso aos conteúdos informativos trazidos pela mídia, quando em sua grande maioria as matérias veiculadas pelos meios de comunicação em relação ao câncer está relacionada com a vacina do HPV e seus benefícios.
A realização de ações educativas nas cadeias ou em reabilitação tem por objetivo a melhoria da qualidade de vida dessas mulheres sobre tudo ampliar o conhecimento referentes a questões de saúde, tornando-se assim possível a reflexão e promoção do autocuidado a partir das informações que lhes foram passadas diminuindo os fatores de risco para possíveis futuros desenvolvimento do câncer cervical ou outras consequências causadas pelo vírus HPV, além da garantia do acesso à saúde.
O Ministério da Saúde destaca que não há evidências sobre existência de tratamento, disponíveis que elimine ou altere o curso natural da infecção pelo vírus do HPV, a única forma comprovada segundo estudos é somente por meio da eliminação espontânea do sistema imunológico do hospedeiro, já suas possíveis complicações possuem tratamento químico, cirúrgico e pelo uso de estimuladores da imunidade, essas ações têm o objetivo de reduzir, remover ou destruir as lesões, verrugas ou cânceres proporcionadas pelo HPV.
A ausência de alteração do conhecimento sobre tratamento das complicações causadas pelo HPV entre as reclusas pode decorrer da sua história pessoal, ou seja, o predomínio de experiências das mulheres com a coleta do CCO em algum momento da vida, pode ter possibilitado acesso às informações de forma individual nas consultas médica e de enfermagem ou ainda a partir de experiências, vivências e observações do cotidiano.
A alteração do conhecimento sobre a existência de cura e cura espontânea para HPV após a ação educativa pode estar relacionado com o desconhecimento prévio dessa temática, já que a grande maioria das mulheres não acredita na possibilidade da cura do vírus e entende que o controle da doença dar-se-á por meio do exame Papanicolau. Os mesmos autores destacaram que a maior prevalência de HPV se deu em mulheres solteiras, que consomem bebida alcoólica e possuem histórico de grande número de parceiros sexuais ao longo da vida, sendo importante identificar a prevalência de HPV de alto risco oncogênico para auxiliar na identificação de mulheres sob maior risco de evolução para lesão preneoplásica.
Segundo Nicolau et al.17, o uso de preservativos no sistema carcerário tornou-se algo substancial. No Brasil, a prática de relação sexual desprotegida é um fator de risco para transmissão de IST mais significativo. No mesmo estudo percebeu que quando questionadas sobre a principal finalidade do preservativo masculino apenas 2% das mulheres não sabiam, porém quando questionadas em relação ao preservativo feminino o número se mostrou dez vezes maior do que o anterior, porém mesmo sabendo sua finalidade 29% das mulheres afirmam não utilizá-lo em relações homossexuais.
Nogueira et al. apontaram que apenas 32,5% de usuários de um centro de testagem e aconselhamento utilizam preservativo com parceiros fixos, demonstrando a baixa adesão em relacionamentos estáveis. As ações educativas sobre prevenção levarão conhecimento não somente em relação à prevenção contra o vírus do HPV, mas de todas as outras possíveis IST, sendo então um instrumento essencial de promoção da saúde19.
As medidas preventivas mais importantes são o uso de preservativo, seja masculino ou feminino, além de evitar múltiplos parceiros sexuais, realizar a higiene pessoal e imunização1. Diante do exposto é notória a necessidade de intervenções de cunho educativo nos cárceres para promover saúde e prevenir doenças, por meio da adoção de medidas de redução dos fatores de risco que predispõem os sujeitos à infecção por HPV, o que pode reduzir a vulnerabilidade desses indivíduos.
3 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal, o qual envolve a observação da variável dependente em um período de tempo, decorrente à administração de um questionario. A pesquisa foi realizada em uma casa de apoio feminino com a população de 17 mulheres reeducandas, privadas de liberdade, no município de Imperatriz, localizado na região Oeste do Estado do Maranhão, a 635 km da capital, São Luiz.
Foram incluídas no estudo 17 reeducandas, que representam parte do universo populacional de mulheres em reclusão feminina do município polo do médio Oeste do Maranhão, presentes no período da coleta de dados em Março de 2024.
Os critérios de inclusão foram as mulheres que se encontravam reclusas na casa de acolhimento feminino Renascer dessa localidade, Os critérios de exclusão foram aplicados para aquelas que verbalizaram a desistência da participação no estudo ou cansaço físico\mental.
A coleta de dados foi realizada em Março de 2024 e composta por dois momentos distindos, primeiramente foi explicado às mulheres sobre o teor da pesquisa; aplicado um questionário acompanhado pelos pesquisadores, assim as mulheres o responderam individualmente, expressando seus conhecimentos prévios sobre o vírus HPV. Em seguida, foi realizada uma ação educativa sobre o tema com duração de 60 minutos, o método de troca de conhecimentos se deu por atividade expositiva, utilizando cartazes com imagens relacionado ao HPV, modo de transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção, sendo então possibilitado o momento reflexivo com as discussões e respostas aos questionamentos feitos pelas reeducandas. Visando reduzir o viés de coleta foram discutidos diferentes aspectos do tema e não apenas as resposta do questionário.
Os dados foram digitalizados, estes então foram importados tabelados e construiram o banco de dados. Para as análises estatísticas foram pareados os questionários com 06 (seis) perguntas objetivas, sendo elas: Você sabe o que é câncer do colo de útero? Você sabe o que é HPV? Você sabia que existe vacina contra HPV? Você sabia que o cancer de colo do útero tem 95% de chance de ser evitado? Você faz o exame (PAPANICOLAU) todos os anos? Vai ao ginecologista com frequência?
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade de Imperatriz.Todas as mulheres que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consenti- mento Livre e Esclarecido (TCLE), tal como recomenda a resolução 466/2012; a assinatura do TCLE foi realizada no dia da ação, em entrevistas individuais.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
O perfil das 17 mulheres em situação de reabilitação que participaram do estudo possui, em sua maioria, jovens com idade que varia de 20 e 59 anos. Observou-se que uma parcela significativa delas tinha conhecimento sobre o câncer do colo do útero (52,9%), porém, houve uma redução notável no índice daquelas que sabiam o que era HPV (47%) e daquelas que estavam cientes da existência da vacina contra o HPV (47%).
Outro aspecto preocupante é que uma parte das reeducandas expressou hesitação em realizar o exame de Papanicolau anualmente (41,1%), o que se torna ainda mais alarmante ao observar que apenas uma pequena proporção frequenta regularmente o ginecologista (17,6%). Estas mulheres expressaram a necessidade de ter acesso a informações sobre como melhorar sua saúde, e em relação ao conhecimento sobre o HPV, já que apenas 47% tiveram acesso a algum tipo de informação fornecida por profissional de saúde anterior à reabilitação e nenhum contato com informação sobre saúde após a reintegração mencionada. Os locais que mais colaboraram com o conhecimento das reeducandas sobre o HPV, antes da ação educativa realizada neste estudo, foram a escola e a comunicação em mídia e redes sociais, no entanto, a ação educativa realizada no Instituto Renascer foi uma importante fonte de acesso ao conhecimento em saúde.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implementação do conhecimento foi significativa pelas mulheres da casa de apoio do município de Imperatriz sobre o HPV após a intervenção desta proposta, principalmente em relação ao acesso da informação na transmissão pelo beijo, sexo oral e compartilhamento de roupas íntimas, além do conhecimento referente à relação do HPV com as verrugas, existências de outras doenças além do câncer de colo do útero, cura espontânea e existência de cura.
Portanto Podemos perceber de uma maneira bem clara o quanto as ações educativas são formas eficientes de informação que instrumentalizam as mulheres na tomada de decisão quanto à melhoria de sua qualidade de vida, seja por ações preventivas, sejam por reflexões que posteriormente possam ser difundidas para as pessoas com quem convivem. Em se tratando de mulheres em situação de vulnerabilidade, estas informações são primordiais para redução das incidências a que estão expostas, devendo assim ser estimuladas e inseridas nos cotidianos das casas de apoios brasileiras. Entende-se como fragilidade do estudo a forma de condução pontual, sendo necessária a realização de novas abordagens similares que ampliem as possibilidades de discutir as ações educativas em saúde nos ambientes de apoios.
REFERÊNCIAS
BELDA JUNIOR, W.; SHIRATSU, R.; PINTO, V. Abordagem nas doenças sexualmente transmissíveis. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 84, n. 2, p. 151–159, abr. 2009.
DE VILLIERS, E. M. Heterogeneity of the human papillomavirus group. Journal of Virology, v. 63, n. 11, p. 4898–4903, nov. 1989.
FRANCO, E. et al. De Las Cárceles Health Care of Women in Prison. 2011.
SANCHES, E. B. Prevenção Do Hpv : a Utilização Da Vacina Nos Serviços Hpv Prevention : the Use of Vaccine in the Healthcare. Revista Saúde e Pesquisa, v. 3, n. 2, p. 255–261, 2010.
SOUZA, A. F.; COSTA, L. H. R. Conhecimento de Mulheres sobre HPV e Câncer do Colo do Útero após Consulta de Enfermagem Conocimiento de las Mujeres sobre HPV y Cáncer Uterino después de la Consulta de Enfermería. Cancerologia, v. 61, n. 4, p. 343–350, 2015.
VARGAS-HERNÁNDEZ, V. M.; VARGAS-AGUILAR, V. M.; TOVAR-RODRÍGUEZ, J. M. Detección primaria del cáncer cervicouterino. Cirugía y Cirujanos, v. 83, n. 5, p. 448–453, set. 2015.
[1] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz e-mail: kaikecosta333@gmail.com
[2] Docente dos Cursos Superiores de Farmacia e Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz Doutora em Ciencias da Saúde UNIFESP.
[3] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz
[4] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz
[5] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz
[6] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz
[7] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz
[8] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz
[9] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz
[10] Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade de Imperatriz Campus Imperatriz