A EFETIVIDADE DO MÉTODO PILATES EM PACIENTES HIPERTENSOS: REVISÃO SISTEMÁTICA

THE EFFECTIVENESS OF THE PILATES METHOD IN HYPERTENSIVE PATIENTS: SYSTEMATIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202505212214


Andressa Brito Conduru¹
Andreza da Silva Chaves²
Luciane Marta Neiva de Oliveira³


Resumo

Introdução: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das principais causas de mortalidade no mundo, exigindo estratégias terapêuticas eficazes para seu controle. Dentre as abordagens não farmacológicas, o método Pilates tem ganhado destaque por promover benefícios fisiológicos que contribuem para a redução da pressão arterial. Objetivo: Este estudo teve como objetivo discutir a efetividade do método Pilates na redução da pressão arterial em pacientes hipertensos, por meio de uma revisão sistemática da literatura. Métodos: Foi realizada uma busca nas bases de dados PubMed, PEDro e SciELO, utilizando a estratégia PICO e obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão. Após aplicação dos critérios de elegibilidade, foram selecionados quatro estudos que abordam a pratica do método Pilates em pacientes hipertensos. Resultados: Os resultados demonstram que a prática regular do Pilates, especialmente por períodos superiores a oito semanas, promoveu reduções significativas na pressão arterial sistólica e diastólica, além de melhorias na variabilidade da frequência cardíaca e nos marcadores inflamatórios. Conclusão: Conclui-se que o método Pilates apresenta potencial como estratégia complementar para o controle da pressão arterial em pacientes hipertensos, sendo uma alternativa viável, segura e acessível.

Palavras-chave: Método Pilates. Pressão arterial. Hipertensão

1 INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição crônica de alta prevalência, sendo um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares e mortalidade global. Caracteriza-se pela elevação persistente da pressão arterial, resultante de uma interação complexa entre predisposição genética, estilo de vida inadequado e envelhecimento. No Brasil, dados do Ministério da Saúde indicam que cerca de 38,1% da população adulta é hipertensa, o que reforça a necessidade de estratégias eficazes para seu controle e manejo (Ministério da Saúde, 2021). 

O tratamento envolve o uso de medicamentos e mudanças no estilo de vida, incluindo alimentação balanceada e a prática de atividades físicas. No entanto, métodos alternativos e complementares têm sido explorados para a redução da pressão arterial, destacando-se o método Pilates como uma intervenção eficaz, reduzindo a necessidade de medicamentos e seus efeitos colaterais, além de proporcionar benefícios adicionais à saúde, como melhora da postura, da flexibilidade e do bem-estar geral (Saco-Ledo et al., 2020.

O método Pilates, desenvolvido por Joseph Pilates no início do século XX, baseia-se em princípios como controle, concentração, fluidez, precisão, respiração e ativação do centro corporal. Originalmente utilizado para a reabilitação de soldados feridos na Primeira Guerra Mundial, o método evoluiu e se consolidou como uma prática terapêutica eficaz na reabilitação física e na promoção do bem-estar (Latey, 2001). Nesse contexto, o método Pilates surge como uma alternativa promissora, pois combina fortalecimento muscular, controle respiratório e alongamento, aspectos que podem contribuir para a regulação da pressão arterial (Cavina et al., 2021).

A relação entre atividade física e controle da pressão arterial é amplamente documentada na literatura. O Pilates, por ser um exercício de baixo impacto e acessível a diferentes públicos, tem demonstrado potencial para reduzir a resistência vascular periférica, melhorar a função autonômica e diminuir a resposta ao estresse, contribuindo assim para o controle da hipertensão (Tolves et al., 2024). Além disso, sua prática regular pode ser uma alternativa viável para pacientes que possuem restrições a exercícios aeróbicos de alta intensidade, garantindo benefícios sem riscos adicionais à saúde cardiovascular (Batista et al., 2022).

O presente estudo baseia-se na necessidade de ampliar o conhecimento sobre abordagens não farmacológicas no tratamento da hipertensão, fornecendo subsídios para a prática clínica e para o desenvolvimento de políticas de saúde pública voltadas à promoção da qualidade de vida da população hipertensa. Além disso, ao avaliar os efeitos do Pilates, buscase reforçar a importância da atividade física como parte essencial na abordagem multidisciplinar da hipertensão arterial sistêmica.

Diante desse contexto, a presente pesquisa tem como objetivo geral discutir a efetividade do método Pilates na redução da pressão arterial em pacientes hipertensos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1 Hipertensão e Epidemiologia do Brasil e do Mundo

De acordo com o Ministério da Saúde tem-se dados preocupantes sobre a hipertensão no Brasil, destacando o aumento da taxa de mortalidade associada à doença, especialmente entre os idosos. Em 2021, a taxa de mortalidade por hipertensão arterial no Brasil atingiu 18,7 óbitos por 100 mil habitantes. Esse aumento foi notável a partir de 2020, possivelmente relacionado à pandemia de COVID-19, que impactou o acesso a cuidados médicos e agravou condições pré-existentes. De 2011 a 2019, a taxa era relativamente estável, não ultrapassando 13 óbitos por 100 mil habitantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2023).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta um panorama global sobre a hipertensão, destacando a alta prevalência e o impacto dessa condição na saúde pública, especialmente em países de baixa e média renda. A estimativa é que 1,28 bilhões de adultos entre 30 e 79 anos sofrem de hipertensão demonstra a gravidade da doença em nível global. E, que maior parte dessas pessoas vivem em países de menor desenvolvimento econômico, onde o acesso a cuidados de saúde pode ser limitado, o que agrava o problema. O fato de 46% dos adultos com hipertensão não saberem que têm a condição reflete a falta de diagnósticos adequados (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2023).

Ainda segundo a OMS apenas 42% das pessoas com hipertensão recebem diagnóstico e tratamento. Isso indica deficiências no sistema de saúde, especialmente em termos de acesso, educação e conscientização sobre a importância do controle da pressão arterial. Apenas 21% das pessoas hipertensas têm a doença controlada, o que significa que a maioria dos hipertensos corre o risco de complicações graves, como doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais e insuficiência renal. A hipertensão é destacada como uma das principais causas de morte prematura, reforçando seu papel crítico no desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outras complicações graves de saúde (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2023).

2.2 Hipertensão e Doenças Cardiovasculares

A pressão arterial (PA) é uma variável física que se expressa como a força exercida pelo sangue sobre as paredes dos vasos, medida por unidade de área. Ela depende diretamente do volume de sangue presente nas artérias, ou seja, da relação entre o conteúdo de sangue e o espaço disponível nos vasos. A PA é influenciada por fatores funcionais que, a todo o momento, regulam tanto a quantidade de sangue que entra no sistema arterial, quanto à quantidade de sangue que sai desse sistema (determinada pela resistência periférica, RP). E são divididos em duas categorias principais mecanismos de ação imediata que atuam rapidamente, em questão de segundo ou minutos, sendo responsáveis pelo controle da PA a curto e médio prazos e mecanismos de ação prolongada que atuam de forma mais duradoura e lenta, regulando a PA em longo prazo (Aires, 2008).

O corpo precisa manter a pressão arterial estável para proteger o coração e os vasos sanguíneos. Existem recomendações sobre qual deveria ser a pressão ideal, e elas variam de acordo com o grau de hipertensão e o risco de ter problemas no coração ou nos rins. A variabilidade da pressão arterial, ou seja, as mudanças na pressão ao longo do dia ou entre diferentes momentos, é um fator de risco importante. Isso significa que, mesmo que a pressão média esteja dentro da meta, se ela variar muito, o risco de problemas no coração pode aumentar (Izar; Fonseca, 2022).

Dentre os fatores que influenciam a pressão arterial tem-se o débito cardíaco, e resistência vascular total, onde o débito cardíaco é o volume de sangue bombeado do coração, e a resistência vascular total consiste na resistência oferecida pelos vasos sanguíneos ao fluxo de sangue. A pressão arterial média depende de fatores fisiológicos como o débito cardíaco, volume de sangue, resistência ao fluxo e espessura do sangue, e o aumento de qualquer uma dessas variáveis pode resultar no aumento da pressão arterial. Da mesma forma que se houver diminuição de qualquer variável acarreta em uma queda da pressão arterial (Powers; Howley, 2000).

A hipertensão é um dos principais fatores de risco para várias doenças cardiovasculares, como doença cardíaca coronária, derrame e insuficiência cardíaca. A hipertensão é uma das condições mais comuns e preocupantes relacionadas ao envelhecimento, representando um grande desafio para a saúde pública, com números cada vez maiores. A hipertensão é marcada pela elevação constante da pressão arterial, o que aumenta o risco de problemas no cérebro e coração. A regulação da PA é um processo complexo que envolve a coordenação de vários órgãos e sistemas no corpo. O principal fator que leva à hipertensão é o esforço extra que o coração precisa fazer para lidar com a alta resistência dos vasos sanguíneos (Woramontri et al., 2024).

A pressão alta pode danificar os vasos sanguíneos nos rins, prejudicando sua função e levando à doença renal crônica. O controle da hipertensão é crucial para prevenir essas complicações, e pode ser alcançado por meio de mudanças no estilo de vida, como dieta balanceada e exercícios, e quando necessário medicação (Silva et al., 2024).

Segundo Ghorane et al., (2021), a hipertensão não apenas aumenta o risco de acidentes vasculares cerebrais e infarto do miocárdio, mas também está associada a doenças cardíacas, como estenose. A estenose ocorre quando as válvulas do coração se tornam rígidas ou estreitas, dificultando o fluxo de sangue através delas. A hipertensão causa um aumento contínuo da pressão nas paredes das artérias e do coração, forçando o coração a trabalhar mais para bombear o sangue. Assim, além dos conhecidos impactos no sistema cardiovascular, a hipertensão também prejudica a função cardíaca a longo prazo.

2.3 Tratamentos da Hipertensão

A hipertensão, apesar dos avanços recentes na sua prevenção, detecção e tratamento, continua sendo um desafio significativo para a saúde pública. Ela está ligada a um risco maior de mortalidade e complicações, como derrame, doença cardíaca coronária, insuficiência cardíaca congestiva e insuficiência renal terminal. Além disso, tem um impacto negativo na qualidade de vida (Coelho et al., 2024).

Embora a hipertensão não possa ser erradicada, já que não existe uma vacina para preveni-la, sua incidência pode ser reduzida através do controle de fatores de risco. Esses fatores incluem obesidade, consumo excessivo de gordura e sódio, baixo consumo de potássio, sedentarismo, tabagismo e abuso de álcool (Lopes, 2021).

Quanto ao tratamento o controle da hipertensão torna-se um grande desafio na saúde, causando comorbidade e mortalidade devido às irregularidades ao tratamento como uso de dosagens incorretas de alguns medicamentos associado a hábitos não saudáveis como excesso de sal na comida, uso do tabaco e o etilismo. Além das medidas farmacológicas e não farmacológicos estudos evidenciam que o autoconhecimento do paciente sobre a sua condição pode ser essencial no controle da hipertensão. A hipertensão impacta diretamente o sistema cardiovascular forçando o coração a trabalhar mais para bombear o sangue (Vilafuerte et al., 2020).

O tratamento terapêutico deve englobar mudanças no estilo de vida, controle adequado da pressão arterial de acordo com as metas estabelecidas e manejo eficaz de outros fatores de risco, visando diminuir o risco cardiovascular. A combinação do tratamento da hipertensão com o controle de outros fatores de risco cardiovascular auxilia na redução das doenças cardiovasculares, indo além do simples controle da PA (Oginni, 2024).

A prática regular de exercícios físicos é fundamental para o controle e tratamento da hipertensão, ajudando a melhorar a saúde cardiovascular, reduzir a pressão arterial e aumentar a eficiência do coração. Alguns exercícios eficazes são a caminhada, considerada uma das formas mais acessíveis de exercício, ciclismo e também a natação, dentre outros. É importante ressaltar que a prática desses exercícios dependendo da condição atual, necessita-se de orientações médicas antes de iniciar qualquer atividade física (Gao, 2024).

O tratamento mais conhecido para hipertensão é o uso dos medicamentos, como diuréticos que ajudam a eliminar o excesso de sódio, betabloqueadores que reduzem a frequência cardíaca e vasodilatadores que age no relaxamento dos músculos das paredes dos vasos sanguíneos, permitindo que o sangue flua mais facilmente. O tratamento da hipertensão também envolve mudanças no estilo de vida como, dieta com baixo teor de sal, atividade física regular é uma das medidas mais eficientes para o controle da hipertensão e uma das medidas a serem adotadas também a diminuição do consumo de álcool e parar do tabagismo (Coelho et al., 2024).

Estratégias diferentes do tratamento medicamentoso são necessárias para o manejo dessa condição. Nesse contexto, como citado anteriormente uma intervenção principal no estilo de vida é o exercício físico, embora infelizmente a inatividade física esteja atingindo grandes proporções numéricas. O Método Pilates se encaixa nesse contexto, especialmente como uma intervenção acessível que pode melhorar a aptidão física sem exigir grande intensidade, o que é ideal para populações hipertensas que podem apresentar restrições a exercícios mais vigorosos (Saco-Ledo et al., 2020).

Outra abordagem importante é a prática de exercícios aquáticos que também induz a hipotensão pós-exercício, que é a redução da pressão arterial após a atividade física. Esse efeito é atribuído ao aumento da circulação sanguínea, à diminuição da resistência vascular periférica e ao efeito relaxante da água, resultando em um controle mais eficaz da pressão arterial em repouso. Exercícios aquáticos, como hidroginástica ou natação, são atividades de baixo impacto, por reduzirem a sobrecarga nas articulações são indicados no tratamento da hipertensão (Rocha, et al; 2020).

Ambos os tipos de exercício devem ser considerados como parte de um programa de reabilitação ou prevenção da hipertensão, com a vantagem de serem intervenções não farmacológicas que ajudam no manejo da hipertensão e melhoram a qualidade de vida. A prática regular, supervisionada e adaptada é essencial para garantir os benefícios no longo prazo (Rocha, et al; 2020).

2.4 Método Pilates

Joseph Pilates, nascido na Alemanha, criou no século 20 um método de exercícios voltado para o desenvolvimento da flexibilidade, equilíbrio, consciência corporal e força. Em 1923, ele se mudou para Nova Iorque, onde fundou seu primeiro estúdio. Seus exercícios visavam fortalecer os músculos posturais, que auxiliam na estabilização da coluna, proporcionando suporte. Pilates acredita que, ao controlar o centro do corpo, os movimentos das extremidades se tornam mais coordenados e apresentam menor risco de lesões ou desequilíbrios de força (Junior, 2014).

Originalmente, o método Pilates foi utilizado por seu criador para reabilitar pacientes em campos militares durante a Primeira Guerra Mundial. Após sua mudança para os Estados Unidos, onde fundou seu primeiro estúdio, o método passou a ser praticado principalmente por dançarinos e atletas. Atualmente, o Pilates se popularizou amplamente e é adotado por um número crescente de pessoas em diversas situações, como recuperação de lesões traumáticas, fortalecimento muscular e proprioceptivo, além de realinhamento postural (Nogueira, 2014). 

Contrologia, nome dado originalmente ao método, é a prática que une corpo, mente e espírito de forma coordenada. Pilates defendia que o controle consciente dos movimentos corporais era essencial para alcançar um estado de saúde equilibrado. A ênfase da contrologia está no domínio intencional de cada movimento, com a mente direcionando e coordenando os músculos de maneira precisa (Pilates, 2011).

O método Pilates também pode ser definido como um sistema de exercícios que buscam melhorar a força, flexibilidade e controle corporal por meio de movimentos que integram corpo e mente, ressalta ainda uma respiração controlada, exalta movimentos e alinhamento postural, visando a reabilitação e prevenção de lesões e assim promovendo a saúde física de forma global (Latey, 2001).

O método Pilates se baseia em seis princípios fundamentais. O primeiro é a respiração, que utiliza uma respiração diafragmática, facilitando o fluxo energético e promovendo relaxamento muscular. O segundo princípio é o alongamento axial e o controle de centro, essenciais para a estabilidade corporal e movimentos corretos. O terceiro princípio trata da eficiência do movimento, com foco na organização da cintura escapular e na melhoria da postura. O quarto aborda a organização da coluna vertebral, fundamental para a estabilização central. O quinto princípio se refere ao alinhamento e à descarga de peso nas extremidades, promovendo o ganho de força muscular. E o sexto princípio integra todo o aprendizado motor, prevenindo danos corporais a longo prazo (Latey, 2001).

Segundo Taspinar (2022), o Pilates é usado para ajudar no condicionamento físico e funcional e também na força dos músculos responsáveis pelo sustentamento do corpo. Ainda, o mesmo afirma que o Pilates possui efeitos benéficos na redução da dor e controle da funcionalidade do corpo, mostrando-se também eficaz em outras patologias. E, assim mediante o exposto o Pilates é considerado uma prática de exercícios mentais e corporais seguros e eficazes no controle da dor e patologias associadas.

O Pilates se tornou uma modalidade muito popular nos últimos anos, conhecida por ajudar no fortalecimento muscular e no condicionamento físico de pessoas de todas as idades de lesões. Estudos mostram que o método traz benefícios como o aumento da densidade óssea e mudanças positivas na composição corporal. Outro benefício importante do método é sua contribuição para o controle da hipertensão, uma vez que promove a melhora da circulação sanguínea, redução dos níveis de estresse e fortalecimento cardiovascular, fatores que auxiliam na diminuição da pressão arterial (Engers et al., 2016).

Devido à sua eficácia em diferentes aplicações, tanto preventivas quanto reabilitadoras, o método criado por Joseph Pilates se espalhou pelo mundo e continua a se expandir, alcançando diversas áreas de atuação. A partir de sua prática clínica, surgiu um programa abrangente de exercícios que tem como principal objetivo o controle consciente dos movimentos corporais, ou seja, a plena consciência dos movimentos realizados, promovida pelo condicionamento mental através da repetição dos exercícios (Junior; Nogueira, 2014).

2.5 Método Pilates no Controle da Pressão Arterial

O método Pilates, é mais conhecido por seus benefícios na melhora da flexibilidade, postura e fortalecimento muscular, mas também desempenhar um papel importante no controle da hipertensão arterial. Essa técnica envolve exercícios de baixo impacto que promovem a consciência corporal, respiração controlada e fortalecimento dos músculos estabilizadores, e pode ter efeitos positivos na pressão arterial de várias maneiras, auxiliando na redução do estresse e melhora da função respiratória. Por ser um exercício de baixo impacto, o Pilates pode ser uma opção segura para pacientes hipertensos, principalmente pra pacientes que não podem realizar atividades de maior intensidade (Cavina et al., 2021).

Com o envelhecimento, as artérias tendem a perder elasticidade, o que pode aumentar a pressão arterial. A manutenção da atividade física regular, como o Pilates, pode ajudar a melhorar a saúde cardiovascular e manter a pressão arterial sob controle. O sistema cardiovascular e a pressão arterial estão intimamente ligados, e o controle adequado da pressão arterial é essencial para manter o bom funcionamento do coração e prevenir complicações graves como doenças cardíacas (Predalli et al., 2020).

O Pilates pode ser uma abordagem usada na redução da hipertensão, onde a combinação de exercícios físicos moderados associado a técnicas de respiração e controle postural podem contribuir para a redução da pressão arterial e a saúde cardiovascular. Nessa abordagem terapêutica enfatiza-se uma respiração profunda e controlada auxiliando no controle da pressão arterial regulando o sistema nervoso autonômico e o controle da frequência cardíaca (Almeida et al., 2022).

Embora o Pilates não seja considerado um exercício aeróbico intenso, ele melhora a capacidade cardiovascular ao fortalecer músculos estabilizadores e melhorar a postura, o que pode contribuir para a circulação eficiente do sangue. A prática regular tem sido associada a uma diminuição da resistência vascular periférica, fator importante para o controle da hipertensão (Pilates, 2011).

O Método Pilates tem mostrado ser uma alternativa segura e eficaz para o controle da pressão arterial em pacientes hipertensos. Seus benefícios vão além da melhora muscular e postural, impactando diretamente fatores que influenciam a pressão arterial, como o equilíbrio autonômico, o controle do estresse e a melhora na circulação sanguínea. Assim, o Pilates pode ser considerado uma estratégia valiosa dentro de um programa de tratamento multidisciplinar para a hipertensão, promovendo saúde e bem-estar de forma integrada e adaptada às necessidades individuais dos pacientes (Taspinar, 2023).

De acordo com Marinda et al., (2013), o Pilates não produz melhorias significativas em outras variáveis cardiometabólicas, como glicemia, colesterol ou triglicerídeos. Devido a isso o Pilates pode não ser o substituto ideal para outros exercícios quando o objetivo é alterar favoravelmente parâmetros cardiometabólicos, ao menos entre mulheres idosas. Apesar disso, o Pilates pode trazer benefícios em aspectos como a redução da pressão arterial sistólica e a melhora do bem-estar geral.

O método Pilates mostrou ser eficaz na redução da pressão arterial. Portanto, o Pilates é considerado uma intervenção eficaz para melhorar o controle da PA e a saúde cardiovascular, independentemente de ter hipertensão ou não. Com isso o método pode ser uma estratégia viável para o manejo da hipertensão e o aumento da qualidade de vida. (Batista et al., 2022).

O Pilates reduz a pressão arterial, o que é positivo para o controle da hipertensão. No entanto, o Pilates mostrou-se mais eficaz especificamente na redução da pressão arterial sistólica (PA sistólica) e da pressão arterial média. Isso indica que o Pilates pode ser uma estratégia mais eficiente para o controle da pressão arterial em repouso e durante o dia. Por outro lado, o treinamento aeróbico apresenta um efeito mais significativo na melhoria da capacidade funcional, medida através do teste de caminhada de 6 minutos, o que significa que o aeróbico ajuda a ter melhor desempenho físico em atividades cotidianas. Essa diferença é esperada, já que o aeróbico é tradicionalmente utilizado para aumentar a resistência cardiovascular. No entanto, apesar dessas melhorias na pressão arterial e na capacidade funcional. O Pilates foi melhor na redução da pressão arterial, enquanto o aeróbico se destacou na melhora da capacidade funcional (Tolves et al., 2024).

De acordo com Rocha et al., (2020), uma única sessão de Pilates pode reduzir a pressão arterial em adultos hipertensos, sugerindo que o método seja promissor como alternativa no controle da hipertensão. Ainda assim, o Pilates apresentou um potencial de curto prazo para redução da PA, sendo considerado uma intervenção promissora para o manejo da hipertensão, especialmente em populações com baixos níveis de atividade física. Porém mais pesquisas são necessárias para determinar se as reduções agudas da pressão arterial após sessões de Pilates podem se traduzir em benefícios crônicos para a saúde cardiovascular.

3 METODOLOGIA 

A presente pesquisa trata-se de uma revisão sistemática da literatura, realizada no período de fevereiro a abril de 2025, e registrada no Registro Prospectivo Internacional de Revisões Sistemáticas (PROSPERO) sob o número CRD420250650398. O estudo foi orientado pela seguinte pergunta clínica: “Qual a efetividade do método Pilates na pressão arterial em pacientes hipertensos?”

Inicialmente, elaborou-se uma estratégia de busca nas bases de dados National Library of Medicine (PubMed), Physiotherapy Evidence Database (PEDro) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Utilizaram-se os descritores em inglês ‘Pilates Method’, ‘Hypertension’ e ‘Blood Pressure’, bem como seus correspondentes em português ‘Método Pilates’, ‘Hipertensão’ e ‘Pressão Arterial’, combinados por meio do operador booleano AND. Na sequência, definiram-se os critérios de inclusão, que abrangeram: ensaios clínicos randomizados, pacientes diagnosticados com hipertensão e estudos que utilizem o Método Pilates como proposta de tratamento da hipertensão.  Os critérios de exclusão foram: estudos que não detalhem o protocolo de Pilates dificultando a reprodutibilidade dos resultados, estudos que não avaliem especificamente pacientes diagnosticados com hipertensão e artigos indisponíveis na integra.

A leitura dos títulos e resumos dos artigos foi realizada para a triagem inicial dos estudos, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Os artigos selecionados nessa etapa foram lidos na íntegra para confirmação de sua adequação aos critérios. O processo de identificação, triagem, elegibilidade e inclusão dos estudos está descrito no fluxograma abaixo.

Fluxograma 1. Pesquisa e seleção dos estudos relacionados nos bancos de dados, conforme a plataforma Prisma. Teresina-PI

Fonte: Autoria própria (2025).

Em seguida, foi realizada uma síntese dos resultados por meio de uma tabela composta pelo autor e ano de publicação, amostra, objetivo da pesquisa, desenho metodológico e principais resultados encontrados. Os estudos incluídos foram submetidos à avaliação da qualidade metodológica, conduzida de forma independente por dois revisores, utilizando a escala PEDro (Anexo 1) objetivando assegurar a validade e a confiabilidade dos achados. Por fim, foi realizada a discussão dos resultados encontrados, seguida da apresentação da conclusão do estudo.

4 RESULTADOS E DISCURSSÃO 

O quadro 1 referente à avaliação metodológica dos artigos selecionados por meio da escala de qualidade PEDro organizada em critérios de avaliação, autor e ano de publicação. 

Quadro 1 – Análise da qualidade metodológica dos estudos selecionados por meio da escala PEDro. Teresina-PI, 2025.

Critérios/ ArtigosWoramontri et al., 2024Tolves et al., 2024Almeida et al., 2022Rocha Et al., 2020
1. Os critérios de elegibilidade foram especificadosSIMSIM   SIMSIM
2. Os sujeitos foram aleatoriamente distribuídos por grupos (num estudo cruzado, os sujeitos foram colocados em grupos de forma aleatória de acordo com o tratamento recebido)SIMSIMSIMSIM    
3. A alocação dos sujeitos foi secretaNÃOSIMSIMNÃO
4. Inicialmente, os grupos eram semelhantes no que diz respeito aos indicadores de prognóstico mais importantesSIMSIMSIMSIM
5. Todos os sujeitos participaram de forma cega no estudoNÃONÃONÃONÃO
6. Todos os terapeutas que administraram aterapia fizeram-no de forma cegaNÃONÃO  NÃO  NÃO
7. Todos os avaliadores que mediram pelomenos um resultado-chave, fizeram-no de  forma cegaNÃOSIMSIMNÃO
8. Mensurações de pelo menos um resultado-chave foram obtidas em mais de 85% dos sujeitos inicialmente distribuídospelos gruposSIMSIMSIMNÃO
9. Todos os sujeitos a partir dos quais se apresentaram mensurações de resultados receberam o tratamento ou a condição de controle conforme a alocação ou, quando não foi esse o caso, fez-se a análise dos dados para pelo  menos um dos resultados- chave por “intenção  de tratamento”NÃONÃOSIM  NÃO
10. Os resultados das comparações estatísticas inter-grupos foram descritospara pelo menos um resultado- chaveSIMSIMSIMSIM
11. O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade para pelo menos um resultado-chaveSIMSIMSIMSIM
TOTAL5/107/108/104/10
Fonte: As Autoras (2025)


O quadro 2 descreve as principais características relacionadas aos estudos, separadas por autor, amostra, objetivos, intervenção e resultados, para organizar e comparar as informações dos artigos. 

Quadro 2 – Dados gerais sobre os artigos selecionados para obtenção dos resultados. Teresina-PI, 2025.

AutorAmostraObjetivosIntervençãoResultados
Woramontri et al., 202434 idosos com idade entre 60 e 75 anosAvaliar e determinar os efeitos do treinamento de Pilates no solo na pressão arterial, marcadores inflamatórios e antioxidantes em idosos hipertensos.O estudo durou 12 semanas com dois grupos: o controle (CON), que manteve suas atividades diárias sem treinamento regular, e o grupo de Pilates no solo (MP), que treinou 3 vezes por semana. As sessões do grupo MP incluíam 10 minutos de aquecimento, 40 minutos de Pilates e 10 minutos de resfriamento, após uma semana de familiarização. O treino consistiu em 3 circuitos de 16 exercícios, com 10 a 15 repetições cada.Após 12 semanas de Pilates no solo, o grupo MP apresentou redução significativa da pressão arterial, melhora da função cardiovascular e do balanço autonômico (LF/HF), além de aumento dos marcadores antiinflamatórios e antioxidantes em idosos hipertensos, em comparação ao grupo controle.   .
Tolves et al,. 202424 Sujeitos hipertensos acima de 18 anosComparar os efeitos do Método Pilates com o treinamento aeróbio (TA) sobre a pressão arterial (PA), capacidade funcional e equilíbrio autonômico em hipertensos.Os participantes foram divididos entre o grupo de treinamento aeróbico (GTA) e o grupo de Pilates (GMP). O GTA realizou sessões de 40 minutos na esteira, três vezes por semana, durante 8 semanas, com intensidade entre 60% e 70% da reserva de frequência cardíaca. O GMP realizou sessões de Pilates de uma hora, duas vezes por semana, também por oito semanas, com duas sessões iniciais de familiarização com a respiração e exercícios preparatórios.Após 8 semanas, o grupo Método Pilates (GMP) apresentou redução significativa na pressão arterial sistólica, diastólica e média em 24h, com valor de p igual  a 0,007 para a pressão sistólica, 0,032 para diastólica e 0,016 para pressão média. Comparado ao grupo aeróbico, o Pilates teve uma redução maior na pressão sistólica (p=0,046) e na média (p=0,041)  Não houve mudanças significativas na variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em nenhum dos grupos.
Almeida et al., 202260 mulheres entre 30 e 59 anos Investigar e determinar os efeitos do Pilates solo (MP) versus MP mais exercício aeróbico (AE) em comparação com os efeitos de nenhuma intervenção na pressão arterial (PA) ambulatorial em mulheres hipertensas.Os participantes foram divididos em três grupos: MP (Pilates tradicional), MP+AE (Pilates tradicional com aeróbico adicional) e GC (grupo controle, sem treinamento). Durante 16 semanas, duas vezes por semana, ambos os grupos de Pilates realizaram sessões de 40 a 50 minutos com aquecimento, exercícios e resfriamento. As sessões foram intermitentes, alternando três exercícios de Pilates com períodos de descanso ativo: corrida na esteira para o grupo MP+AE e alongamento de concha para o grupo MP. A principal diferença entre os grupos foi a inclusão do exercício aeróbico no MP+AE.  Houve redução significativa da PA sistólica (PAS), distólica (PAD) e média (PAM) nos  grupos MP+AE. Principalmente no período de vigília e 24 horas, no período do sono, apenas a PAD e PAM reduziram significativamente. Nenhuma mudança  signifiicativa na frequência cardíaca (FC) ou no produto duplo (FC x PAS).
Rocha et al., 20207 mulheres e 6 homens entre 45 e 60 anos  Avaliar o efeito agudo de uma única sessão de Pilates na pressão arterial e no controle autonômico cardíaco em adultos de meia idade com hipertensão.A intervenção envolveu sessões de Pilates e controle. As sessões de Pilates, conduzidas pelo mesmo instrutor, utilizaram equipamentos como Reformer, Barrel, Step Chair, Swiss Ball e Cadillac, com aquecimento (8–10 minutos) e exercícios básicos em circuito (50 minutos). No grupo controle, os participantes permaneceram sentados em repouso por 60 minutos no mesmo ambiente.Após as sessões de Pilates de intensidade moderada (54 minutos), houve redução significativa da pressão arterial sistólica e média, além de aumento da atividade parassimpática da variabilidade da frequência cardíaca (VFC). A queda da pressão arterial correlacionou-se inversamente com SDNN e TP, explicando cerca de 30% da variação observada.
Fonte: As Autoras (2025)


Nesta revisão sistemática, foram utilizados quatro artigos encontrados nas bases de dados (PEDro, PUBMED e SCielo), os quais utilizaram o método Pilates em pessoas hipertensas. Com o propósito de avaliar a efetividade, expor os efeitos do Pilates na hipertensão e analisar o impacto do método na pressão arterial. Todos os artigos estudados utilizaram o método Pilates como intervenção de tratamento.

Houve unanimidade entre os autores no quesito redução da pressão arterial utilizando-se o Método Pilates, mas analisando os artigos observa-se a diferença metodológica entre os autores. Vale salientar que os estudos analisados de Almeida et al., (2022) e Tolves et al., (2024) expõe explicitamente que os participantes estavam fazendo uso de medicação, já o estudo de Rocha et al., (2020) e Woramontri et al., (2024) não ouve menção a utilização de medicamentos, desse modo não se pode afirmar que o método Pilates foi o único responsável pela redução da PA

O estudo de Martins-Meneses et al., (2014) demostrou que a prática do método Pilates solo, realizada duas vezes por semana durante 16 semanas, foi eficiente na redução da pressão arterial sistólica, diastólica e média em mulheres hipertensas, tanto durante o período de vigília quanto ao sono. Esses resultados indicam um efeito positivo do Pilates no controle da pressão arterial em indivíduos com hipertensão arterial sistêmica. 

Corroborando esse resultado, o estudo de Cavina et al., (2021) sugerem que a prática do método Pilates pode promover melhora na modulação autonômica cardíaca, aumentando a atividade parassimpática. Tal resposta é essencial para o equilíbrio do sistema nervoso autônomo, especialmente em indivíduos hipertensos, já que a disfunção autonômica é um dos principais fatores relacionados à progressão da hipertensão.

Quanto ao número de sessões utilizados, observou-se que Woramontri et al., (2024) realizou doze semanas do método. Almeida et al., (2022) realizou dezesseis semanas enquanto Tolves et al., (2024) aplicou o método Pilates por oito semanas. Os três autores observaram resultados positivos na redução arterial com um maior número de sessões. Rocha et al., (2020) realizou uma única sessão de Pilates promovendo redução aguda da pressão arterial após o exercício, mas não altera a pressão arterial basal. Os resultados sugerem que para que o método Pilates obtenha resultados positivos efetivos na pressão arterial é necessário a utilização de protocolos mais prolongados.  

Por outro lado, Woramontri et al., (2024) conduziram uma intervenção de 12 semanas, com três sessões semanais de 60 minutos de Pilates solo em idosos hipertensos. Os resultados mostraram reduções significativas da PA sistêmica e melhoras nos perfis inflamatórios e antioxidantes, com aumento de óxido nítrico (NO) e superóxido dismutase (SOD), além da diminuição do fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α) e do malonaldeído (MDA). Esses dados sugerem que a prática regular do Pilates não apenas reduz a PA, mas também contribui para a melhora do ambiente vascular e do estresse oxidativo.

As diferenças observadas também podem ser justificadas pelo modo como o Pilates atua fisiologicamente no organismo, segundo Engers et al., (2016), a prática do Método Pilates promove benefícios cardiovasculares relevantes ao melhorar a função endotelial, aumentar a atividade antioxidante e reduzir o estresse oxidativo e inflamação sistêmica, esses fatores favorecem o relaxamento vascular e a vasodilatação, contribuindo para a redução da resistência periférica e, consequentemente, da pressão arterial. 

Um aspecto relevante do estudo de Rocha et al., (2020) foi a análise da intensidade e do volume da sessão de Pilates, que, mesmo com esforço percebido moderado e duração média de 54 minutos, foi suficiente para provocar respostas hemodinâmicas significativas, indicando que mesmo uma intervenção pontual pode provocar hipotensão pós-exercício. Entretanto, por se tratar de um estudo de efeito agudo, não é possível afirmar a manutenção desse benefício a longo prazo.

Por outro lado, o estudo de Almeida et al., (2022) comparou os efeitos do Pilates solo associado a exercícios aeróbicos com os do Pilates solo isolado. Por sua vez, Tolves et al., (2024) compararam diretamente os efeitos do Pilates e do treinamento aeróbico como intervenções independentes, observando que ambas foram eficazes, mas com diferenças nos mecanismos fisiológicos envolvidos. No estudo de Almeida et al., (2022) o método Pilates é utilizado associado a medicação, desse modo sugere-se que o MP é efetivo quando associado ao uso de medicação.

Tanto o estudo de Tolves et al., (2024) quanto Almeida et al., (2022) investigaram os efeitos do método Pilates em indivíduos hipertensos, mas adotaram protocolos diferentes em termos de duração, frequência e abordagem metodológica. Enquanto Almeida et al., (2022) aplicaram um protocolo de 16 semanas com sessões três vezes por semana e dividindo os em três grupos diferentes (Pilates, Pilates+aeróbico e controle). Tolves et al., (2024) propuseram uma intervenção mais curta, de 8 semanas e com apenas dois grupos, com sessões de duas vezes por semana no grupo Pilates e três vezes por semana no grupo aeróbico. 

Além disso, o estudo de Almeida et al., (2022) focou exclusivamente em mulheres e ampliou os desfechos para incluir variabilidade da frequência cardíaca, qualidade de vida e aptidão funcional, enquanto Tolves et al., (2024) trabalhou com uma população mista e enfatizou a execução técnica dos exercícios clássicos de Pilates, com atenção especial à respiração e à progressão individualizada. Essa comparação revela diferentes estratégias de aplicação do Pilates, sugerindo que tanto a duração quanto a combinação com exercícios aeróbicos podem influenciar os resultados em hipertensos (Costa et al., 2019).

Há limitações importantes a serem destacadas, no estudo de Almeida et al., (2022) a faixa etária de 30 a 59 anos pode ser considerada uma limitação, pois são mulheres em fases hormonais diferentes, além de que estavam em uso de medicação anti-hipertensiva durante o tratamento, a ausência de resposta mais expressiva pode ser atribuída ao uso regular de medicamentos anti-hipertensivos pelas participantes, o que já controlava previamente os níveis pressóricos. 

Silva et al., (2015) reforçam que o gênero é um determinante importante na forma como a hipertensão se desenvolve e é controlada. Enquanto fatores fisiológicos como menopausa podem aumentar a prevalência em mulheres com a idade, são os fatores psicossociais e comportamentais que mais influenciam as diferenças entre os sexos. Por isso, o estudo recomenda que políticas de saúde e estratégias de cuidado sejam sensíveis às questões de gênero.

Apesar da ausência de diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, os achados de Almeida et al., (2022) sugerem que o método Pilates isoladamente ou combinado ao exercício aeróbico pode exercer efeitos leves na redução da pressão arterial, mesmo em mulheres com hipertensão medicamentosa bem controlada.

Além dos efeitos positivos sobre a pressão arterial, o estudo de Tolves et al., (2024) também chama atenção para a segurança e a adesão dos participantes aos protocolos, ambos os grupos mantiveram elevada taxa de participação (acima de 80%), sem relatos de efeitos adversos, o que reforça a viabilidade dessas intervenções na prática clínica.

Esse aspecto é particularmente relevante no manejo da hipertensão, uma vez que a adesão a programas de exercício é frequentemente limitada por desconforto físico, falta de motivação ou barreiras logísticas. Segundo Cavina et al., (2021) o Pilates por combinar movimentos controlados, respiração consciente e baixo impacto articular, pode representar uma alternativa mais aceitável para populações que apresentam restrições funcionais ou baixa aptidão física inicial. No entanto, a ausência de melhora significativa na variabilidade da frequência cardíaca sugere que o período de intervenção pode ter sido insuficiente para induzir adaptações no controle autonômico.

O estudo de Costa et al., (2019) demonstraram reduções significativas na pressão arterial sistólica e média após um protocolo de 12 semanas de Pilates realizados em solo, corroborando evidências anteriores de que a prática regular dessa modalidade pode gerar importantes benefícios cardiovasculares. Esses achados são semelhantes com os resultados de Engers et al., (2016), que destacaram o Pilates como uma estratégia capaz de promover melhora na função endotelial, reduzir o estresse oxidativo e modular positivamente a resposta inflamatória sistêmica. Tais mecanismos fisiológicos favorecem a vasodilatação e a consequente diminuição da resistência vascular periférica, promovendo reduções clinicamente relevantes na pressão arterial. 

Observou-se que os participantes que obtiveram efeitos positivos com a prática do método Pilates já faziam uso regular de medicamentos anti-hipertensivos. Dessa forma, os resultados não refletem a ação isolada do método sobre a pressão arterial. Nesse contexto, o Pilates é proposto como uma intervenção complementar ao tratamento farmacológico convencional, conforme visto no estudo de Tolves et al., (2024). Além disso, a associação entre ambas as abordagens pode ampliar os efeitos terapêuticos no controle da hipertensão arterial, como observado por Almeida et al., (2022). Portanto, o método configura-se como uma estratégia adjuvante, segura e eficaz.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise dos estudos incluídos na revisão sugere que o método Pilates associado ao uso da medicação ou como tratamento coadjuvante é efetivo na redução da pressão arterial em pacientes hipertensos, especialmente quando praticado regularmente por períodos superiores a oito semanas. A prática do Pilates demonstra ser segura, acessível e com alta taxa de adesão, o que é especialmente relevante no contexto de intervenções de longo prazo para controle da hipertensão.

No entanto pesquisas futuras são necessárias com o uso do MP por mais tempo com pacientes com PA controlada somente com resultado da prática de atividade física, que não precisem do uso de medicamentos, para que se tenha um resultado mais efetivo do efeito método Pilates

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¹Discente do Curso Superior de Bacharelado em Fisioterapia do Centro Universitário Santo Agostinho. E-mail: andressabrito07@yahoo.com.;
²Discente do Curso Superior de Bacharelado em Fisioterapia do Centro Universitário Santo Agostinho. E-mail: chavesandreza54@gmail.com.;
³Docente do Curso Superior de Bacharelado em Fisioterapia do Centro Universitário Santo Agostinho. Mestre em Saúde Pública (UNIVERSIDADE AMERICANA – PARAGUAI). E-mail: lucianemarta@unifsa.com.br.