A DUALIDADE DO TRATAMENTO COM CANABIDIOL: PERSPECTIVAS POSITIVAS E NEGATIVAS NO DESENVOLVIMENTO DE INDIVÍDUOS COM AUTISMO

THE DUALITY OF CANNABIDIOL TREATMENT: POSITIVE AND NEGATIVE  PERSPECTIVES ON THE DEVELOPMENT OF INDIVIDUALS WITH AUTISM 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202409071545


Maria Eduarda Teixeira Oliveira
Camilly Gouveia Pupio
Maria Fernanda de Almeida Theodoro
Orientadora: Sandra Cristina Catelan-Mainardes


RESUMO 

A presente revisão objetiva compreender as perspectivas positivas e negativas do tratamento  com canabidiol no desenvolvimento de indivíduos com autismo. A fim de alcançar o objetivo  geral proposto _ Investigar a eficácia e os mecanismos de ação do canabidiol (CBD) no  tratamento do transtorno do espectro do autismo (TEA), o estudo de cunho bibliográfico  apresentado deu-se na forma de revisão integrativa de literatura, partindo das referências dos  anos de 2019 a 2024, buscadas nas bases de dados PubMed e SciELO, a partir dos critérios de  verificação do método PRISMA. O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno do  neurodesenvolvimento caracterizado por déficits persistentes na comunicação social e na  interação social, associados à presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento,  interesses ou atividades. Os achados indicaram que os produtos de cannabis reduziram  sintomas como hiperatividade, automutilação, problemas de sono, ansiedade, agitação,  irritabilidade, agressividade e depressão, além de melhorar a cognição, sensibilidade  sensorial, atenção, interação social e linguagem. Os efeitos adversos mais comuns foram  distúrbios do sono, inquietação, nervosismo e alteração do apetite. Apesar desses resultados  positivos, a revisão conclui que não há evidências suficientes para sustentar a eficácia do  canabidiol como tratamento para o TEA, haja vista que a maioria dos estudos disponíveis é  observacional com amostras pequenas e critérios pouco definidos, tornando o canabidiol uma  intervenção experimental e hipotética para o autismo no momento.  

Palavras-chave: Canabinóides. Transtorno do Neurodesenvolvimento. Benefícios e Riscos. 

ABSTRACT 

This review aims to understand the positive and negative perspectives of cannabidiol treatment  on the development of individuals with autism. In order to achieve the proposed general  objective _ Investigate the effectiveness and mechanisms of action of cannabidiol (CBD) in  the treatment of autism spectrum disorder (ASD), the bibliographic study presented took the  form of an integrative literature review, based on references from the years 2019 to 2024, searched in the PubMed and SciELO databases, based on the verification criteria of the  PRISMA method. Autism spectrum disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder  characterized by persistent deficits in social communication and social interaction, associated  with the presence of restricted and repetitive patterns of behavior, interests or activities.  Findings indicated that cannabis products reduced symptoms such as hyperactivity, self-harm,  sleep problems, anxiety, agitation, irritability, aggression and depression, as well as improving  cognition, sensory sensitivity, attention, social interaction and language. The most common  adverse effects were sleep disturbances, restlessness, nervousness and changes in appetite.  Despite these positive results, the review concludes that there is not enough evidence to  support the effectiveness of cannabidiol as a treatment for ASD, given that most of the  available studies are observational with small samples and poorly defined criteria, making  cannabidiol an experimental intervention and hypothesis for autism at the moment. 

Keywords: Cannabinoids. Neurodevelopmental Disorder. Benefits and Risks.

1. INTRODUÇÃO  

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica complexa que  afeta o desenvolvimento infantil e persiste ao longo da vida, caracterizada por déficits na  comunicação, interação social e padrões repetitivos de comportamento. Embora as  intervenções comportamentais e farmacológicas convencionais tenham sido amplamente  utilizadas para gerenciar os sintomas do TEA, muitos indivíduos continuam a enfrentar  desafios significativos e não respondem adequadamente aos tratamentos disponíveis. 

Nesse contexto, uma área emergente de pesquisa e interesse clínico tem se  concentrado na potencialidade terapêutica da cannabis, especificamente de seus componentes  ativos, os canabinoides, para o tratamento do TEA. A cannabis tem sido historicamente  utilizada por suas propriedades medicinais em várias culturas e, mais recentemente, tem  havido um interesse renovado na investigação de seus possíveis benefícios para uma  variedade de condições de saúde, incluindo distúrbios neuropsiquiátricos como o TEA. 

O foco deste trabalho é explorar a relação entre a cannabis e a melhora dos sintomas  do TEA, com um destaque particular no canabidiol (CBD), um dos principais canabinoides  encontrados na planta de cannabis. O CBD tem ganhado atenção significativa devido às suas  propriedades terapêuticas potenciais e à sua relativa ausência de efeitos psicoativos, em  contraste com o tetraidrocanabinol (THC), outro canabinoide comumente encontrado na  cannabis. 

Embora ainda existam controvérsias e lacunas no conhecimento sobre o uso de  cannabis, incluindo o CBD, no tratamento do TEA, evidências preliminares sugerem que  essas substâncias podem oferecer benefícios significativos para os indivíduos afetados.  Relatos de pais e cuidadores, bem como alguns estudos clínicos e pré-clínicos, destacam a  melhoria de sintomas como agressão, ansiedade, hiperatividade e padrões repetitivos de  comportamento após o uso de cannabis ou CBD. 

No entanto, é fundamental abordar essa questão com cautela e rigor científico,  considerando aspectos como eficácia, segurança, mecanismos de ação e potenciais efeitos  adversos associados ao uso de cannabis, especialmente em uma população vulnerável como a  de indivíduos com TEA.

Portanto, este trabalho busca fornecer uma revisão de dez artigos acerca da literatura  atual sobre o uso de cannabis, particularmente o CBD, no tratamento do TEA, examinando as  evidências disponíveis. Ao fazer isso, visa-se contribuir para uma compreensão mais  aprofundada dos potenciais benefícios e limitações da cannabis como uma opção terapêutica  para indivíduos com TEA e suas famílias. 

O objetivo do trabalho é investigar a eficácia e os mecanismos de ação do canabidiol  (CBD) no tratamento do transtorno do espectro do autismo (TEA), fornecendo uma análise de  algumas evidências disponíveis, contribuindo para uma compreensão mais profunda dos  benefícios terapêuticos e implicações clínicas do CBD para indivíduos com TEA. E os  objetivos específicos foram analisar estudos clínicos e pré-clínicos que investigaram o uso de CBD  no tratamento do transtorno autista, incluindo suas metodologias, resultados e conclusões.  Avaliar a eficácia do CBD nos sintomas do TEA na redução de sintomas específicos  associados ao transtorno autista, como ansiedade, agressividade, hiperatividade, problemas de  sono e comunicação social. Identificar efeitos adversos e segurança associados ao uso de  CBD no tratamento do transtorno autista. 

A justificativa para o estudo do tema em análise é multifacetada e baseada em várias  considerações: 

Necessidade de Alternativas Terapêuticas: 

Evidências e Precedentes de Pesquisa: Há uma quantidade crescente de relatos de  pais e cuidadores sobre os efeitos positivos da cannabis no controle de sintomas associados ao  autismo, como ansiedade, agressão e problemas de sono. Além disso, estudos pré-clínicos e  clínicos emergentes sugerem que certos compostos presentes na cannabis podem ter  propriedades terapêuticas relevantes para o TEA. 

Necessidade de Pesquisa Adicional e Esclarecimento: Embora haja evidências  preliminares sugerindo benefícios potenciais da cannabis para o TEA, ainda há muitas  perguntas sem resposta e áreas que necessitam de mais investigação. Dessa forma, estudos  dedicados a essa questão podem ajudar a consolidar o estado atual do conhecimento, além de  fornecer orientações para estudos futuros. 

Prevalência e Impacto Social: A crescente prevalência do transtorno do espectro  autista coloca uma pressão significativa sobre as famílias, sistemas de saúde e a sociedade  como um todo. Identificar tratamentos eficazes pode aliviar essa carga, proporcionando  melhor suporte e intervenções para os indivíduos afetados e seus cuidadores.

Segurança e Eficácia: Avaliar a segurança e a eficácia do canabidiol é crucial,  especialmente considerando os potenciais efeitos adversos e a necessidade de dosagens  apropriadas. Uma análise rigorosa pode ajudar a estabelecer protocolos de uso seguros e  eficazes, beneficiando os pacientes com TEA. 

Contribuição Científica: A pesquisa sobre o canabidiol no tratamento do autismo  pode contribuir significativamente para a ciência médica e a neurociência. Compreender os  efeitos e o potencial terapêutico do canabidiol pode abrir novos caminhos para o tratamento  de outros transtornos do neurodesenvolvimento. 

Mediante o exposto e com a justificativa de compreender as perspectivas positivas e  negativas do tratamento com canabidiol no desenvolvimento de indivíduos com autismo, o  presente trabalho visa, através de uma revisão de literatura, fornecer subsídios para que os  profissionais possam avaliar de maneira mais precisa os sinais comportamentais, cognitivos e  motores que as crianças com TEA apresentam com o uso do canabidiol, de tal forma a  aprimorar o diagnóstico e a intervenção precoce na prática médica, contribuindo para  melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.  

Doenças neurológicas e psiquiátricas são condições médicas complexas e  multifatoriais que afetam milhões de pessoas, prevalecendo dentre as causas incapacitantes  mais comuns. Após a publicação, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de  propostas para a regulamentação do cultivo e produção de medicamentos à base de cannabis  no Brasil, o debate em torno do tema se acirrou. 

De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o autismo infantil  é considerado um Transtorno Global do Desenvolvimento (CID 10 – F84.0) que, por sua vez,  é caracterizado por um conjunto de condições que geram dificuldades de comunicação,  prejudicando a interação social das pessoas acometidas (BRASIL, 2022). Segundo a OMS,  em todo o mundo, estima-se que 1 em cada 160 crianças apresenta TEA .1 

O autismo é um diagnóstico comportamental cuja causa exata é desconhecida e  atualmente não foram identificados biomarcadores. Vários fatores, incluindo ambientais,  biológicos e genéticos, desempenham um papel na patogênese do TEA. Aproximadamente  15–20% dos casos de TEA foram associados a mutações genéticas . O retardo mental do X 2 frágil 1 (FMR1) é a mutação genética única mais comum identificada em indivíduos autistas 3 . Outras mutações genéticas únicas que demonstraram estar associadas ao TEA incluem 4 5 6 7 esclerose tuberosa, neurofibromatose, síndrome de Angelman e síndrome de Rett . A 8 disfunção imunológica e a inflamação, bem como a exposição fetal a drogas antiepilépticas  contribuem para a patogênese do autismo. 9 10 11 12 13 14 15 

O canabidiol (CBD) é um composto encontrado na planta da cannabis. É um dos  muitos canabinóides encontrados na cannabis, mas é o único que não tem efeitos psicoativos.  O CBD tem sido estudado como uma terapia potencial para uma variedade de condições, incluindo o TEA. Há alguma evidência de que o CBD pode ser eficaz no tratamento de alguns  sintomas do TEA. No entanto, pesquisas são necessárias para determinar a eficácia e a  segurança do CBD para o tratamento do TEA.  

O CBD é um dos canabinoides mais abundantes presentes nas plantas do gênero  cannabis. Atua como antagonista dos receptores CB1 e CB2 e inibidor da recaptação e  metabolismo da anandamida. O Canabidiol 200 mg/mL possui apenas autorização sanitária da  ANVISA permitindo sua comercialização, uma vez que os testes clínicos necessários para o  registro definitivo ainda estão em andamento. 16 17 

2. MATERIAIS E MÉTODOS 

Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, do tipo revisão de literatura integrativa,  que reuniu artigos coletados das seguintes fontes bibliográficas: Index SciELO (Scientific  Electronic Library Online) e PubMed (United States National Library of Medicine). Optou-se  por utilizar os dados referentes aos anos 2019 a 2024. Para cruzamento de dados e obtenção  do maior número de amostras possível, as autoras utilizaram denominadores booleanos AND  e OR, e os buscadores “Transtorno do Espectro Autista” e “Canadibiol”. O delineamento da  pesquisa bibliográfica, organização e tratamento das informações foram realizados através de  técnicas de leitura exploratória, interpretativa e seletiva. Como critério de elegibilidade, foram  utilizados apenas artigos científicos completos e gratuitos, estudos de casos, estudos de  coorte, estudos retrospectivos observacionais, revisões sistemáticas, meta-análises, estudos  experimentais e quase experimentais, em língua inglesa e portuguesa. O escore Preferred  Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA) e PRISMA 2020 flow  diagram serviram como ferramentas de verificação e pontuação de credibilidade das fontes  utilizadas. As duplicatas e os artigos que não responderam à pergunta norteadora foram  excluídos. Em última etapa, após organização e análise de dados, os artigos foram analisados por ambas as autoras e as informações necessárias para a realização da revisão foram  extraídas. 

3. APRESENTAÇÃO DOS DADOS (RESULTADOS) 

A estratégia de busca resultou em um total de 45 artigos: PubMed (n = 34), SciELO  (11), publicados entre os anos de 2019 e 2024. A comunidade biomédica latino-americana tem  a PubMed e a SciELO como as melhores bases de dados para pesquisa de artigos científicos.  Deve-se esclarecer que, no total, foram 96 artigos estudados, cuja maioria não se encaixava  nos critérios estabelecidos pelas autoras. Após análise inicial e triagem por título e palavras chave, 51 artigos foram descartados por não responderem a pergunta norteadora da presente  revisão ou por outros motivos, os quais foram elencados no fluxograma abaixo. Destaca-se  que também foram descartados vários estudos por enfocar mais a epilepsia do que o  autismo. Em segunda análise, os 45 artigos elegíveis até então, foram triados a partir do  resumo, e selecionados apenas os 10 que responderam satisfatoriamente a pergunta  norteadora. Durante ambas as pesquisas, não foram encontradas duplicatas ou qualquer outro  problema que tornasse os registros inelegíveis para revisão, que não o motivo já mencionado  previamente sobre a pergunta norteadora. Dentre os estudos elegidos para revisão, 09 deles  foram redigidos na língua inglesa, 1 em língua portuguesa e nenhum em língua espanhola. Na  figura abaixo, o fluxograma PRISMA demonstra a ordem de seleção e os motivos de exclusão  das publicações avaliadas para elegibilidade na revisão.

Figura 1. Fluxograma de Itens de Relatório Preferenciais para revisões Sistemáticas e Meta-análises (PRISMA)  mostrando a identificação, triagem e trabalhos incluídos no artigo.
Fonte: As autoras (2023) 

Quadro 1: Relação de artigos científicos levantados e analisados na pesquisa de revisão.  

AUTORESDEFINIÇÃO
Adi Aran , Hanoch Cassuto , Asael  Lubotzky , Nadia Wattad , Ester  Hazan (2019)Breve relatório: cannabis rica em canabidiol em crianças com  transtorno do espectro do autismo e problemas  comportamentais graves – um estudo retrospectivo de  viabilidade
Lihi Bar-Lev Schleider , Rafael  Mechoulam , Naama Saban , Gal  Meiri , Victor Novack (2019)Experiência da vida real de tratamento com cannabis medicinal  no autismo: análise de segurança e eficácia
Ana Maria Costa da Silva Lopes  (2019)O autismo e suas conexões: qual medicação para o autista?
Mojdeh Mostafavi , John Gaitanis (2020)Transtorno do espectro do autismo e cannabis medicinal:  revisão e experiência clínica
Adi Aran , Moria Harel , Hanoch  Cassuto , Lola Polyansky , Aviad  Schnapp , Nadia Wattad , Dorit  Shmueli , Daphna Golan , F.  Xavier Castellanos (2021)Tratamento com canabinóides para o autismo: um ensaio  randomizado de prova de conceito
Estácio Amaro da Silva  Junior, Wandersonia Moreira Brito  Medeiros, Nelson Torro , João  Marçal Medeiros de Sousa , Igor  Bronzeado Cahino Moura de  Almeida , Filipe Barbosa da  Costa , Katiúscia Moreira  Pontes, Eliane Lima Guerra  Nunes, Marine Diniz da  Rosa , Katy Lísias Gondim Dias de  Albuquerque (2022)Uso de cannabis e canabinóides no transtorno do espectro do  autismo: uma revisão sistemática
Abhinaya ganesh, safiullah shareef  (2022)Segurança e eficácia da cannabis no transtorno do espectro do  autismo
Mariana Babayeva , Haregewein  Assefa , Paramita Basu , Zvi  Loewy (2022)Autismo e distúrbios associados: cannabis como terapia  potencial
Adi Aran , Moria  Harel , Aminadav Ovadia ,  Shulamit Shalgy e Dalit Cayam Rand (2023)Mediadores da resposta do placebo ao tratamento com  canabinoides em crianças com transtorno do espectro do autismo
Estácio Amaro da Silva Júnior,  Wandersônia Moreira Brito  Medeiros, João Paulo Mendes dos  Santos, João Marçal Medeiros de  Sousa, Filipe Barbosa da Costa,  Katiúscia Moreira Pontes, Thaís  Cavalcanti Borges, Carlos  Espínola Neto Segundo, Ana  Hermínia Andrade e Silva, Eliane  Lima Guerra Nunes, Nelson Torro  Alves, Marina Diniz da Rosa, Katy  Lísias Gondim Dias de  Albuquerque (2024)Avaliação da eficácia e segurança do extrato de cannabis rico em  canabidiol em crianças com transtorno do espectro do autismo:  ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo

1 Estácio Amaro da Silva Junior , Wandersonia Moreira Brito Medeiros , Nelson Torro , João  Marçal Medeiros de Sousa , Igor Bronzeado Cahino Moura de Almeida , Filipe Barbosa da  Costa , Katiúscia Moreira Pontes , Eliane Lima Guerra Nunes , Marine Diniz da Rosa , Katy  Lísias Gondim Dias de Albuquerque . Uso de cannabis e canabinóides no transtorno do  espectro do autismo: uma revisão sistemática. 

Métodos: revisão sistemática de estudos que investigaram os efeitos clínicos do uso  de cannabis e canabinoides no TEA, de acordo com o Preferred Reporting Items for  Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA checklist). A busca foi realizada em quatro  bases de dados: MEDLINE/PubMed, Scientific Electronic Library Online (SciELO), Scopus e  Web of Science. Não foram estabelecidos limites de idioma durante o processo seletivo. Nove  estudos foram selecionados e analisados. 

Resultados: alguns estudos mostraram que os produtos de cannabis reduziram o  número e/ou intensidade de diferentes sintomas, incluindo hiperatividade, ataques de  automutilação e raiva, problemas de sono, ansiedade, inquietação, agitação psicomotora,  irritabilidade, agressividade, perseverança e depressão. Além disso, encontraram melhora na  cognição, sensibilidade sensorial, atenção, interação social e linguagem. Os efeitos adversos  mais comuns foram distúrbios do sono, inquietação, nervosismo e alteração do apetite. 

Conclusão: a cannabis e os canabinóides podem ter efeitos promissores no tratamento  dos sintomas relacionados ao TEA, podendo ser utilizados como alternativa terapêutica no  alívio desses sintomas. No entanto, ensaios clínicos randomizados, cegos e controlados por placebo são necessários para esclarecer os resultados sobre os efeitos da cannabis e dos seus  canabinóides em indivíduos com TEA. 

2 Ganesh, Abhinaya, Shareef Safiullah. Segurança e eficácia da cannabis no transtorno do  espectro do autismo.

Métodos: Investigadores do Centro Médico da Universidade Soroka, da Universidade  Hebraica de Jerusalém e da Tikun Olam Ltd. em Israel estudaram a segurança e a eficácia do  tratamento com cannabis medicinal em 188 pacientes durante seis meses. A segurança do  CBD foi examinada através da avaliação dos efeitos secundários fisiológicos e cognitivos. O  maior fornecedor nacional de cannabis medicinal em Israel empregou vários dos autores e  patrocinou este estudo.  

Resultados: os resultados dos pacientes e os efeitos colaterais foram registrados  apenas nos meses um e seis; a seleção deste período de acompanhamento específico não é  claramente explicada. A segurança a longo prazo do CBD para pacientes do espectro do TEA  não é clara. O autorrelato subjetivo dos pais dos pacientes foi utilizado como base deste  estudo. As expectativas dos pais provavelmente influenciaram os seus relatórios. 

Conclusão: A avaliação das percepções e expectativas dos pais em relação à  segurança e eficácia no início do estudo poderia ter elucidado esses fatores potencialmente  confundidores. Além disso, este estudo foi patrocinado por um grande fabricante local de  CBD e a população do estudo estava utilizando o produto. São necessários ensaios clínicos  prospectivos, independentes e controlados por placebo para determinar a eficácia a longo  prazo e as diretrizes de dosagem mais precisas para o CBD no TEA. 

3 Mojdeh Mostafavi, John Gaitanis. Transtorno do espectro do autismo e cannabis  medicinal: revisão e experiência clínica  

Métodos: Esta revisão relata os dados pré-clínicos e clínicos disponíveis sobre o uso  de cannabis e canabidiol no tratamento de sintomas principais, sintomas não essenciais e  comorbidades associadas ao TEA. Além disso, os autores descrevem sua experiência clínica  trabalhando com crianças e adultos jovens com TEA que usaram cannabis ou canabidiol.  

Resultados: A descoberta dos canabinoides exógenos levou à subsequente descoberta  do sistema endocanabinoide, responsável pela modulação de muitos sistemas orgânicos,  incluindo o sistema nervoso central e periférico, o sistema endócrino, o sistema  cardiovascular, o sistema imunológico, o trato gastrointestinal e o sistema reprodutivo. Dentro  do sistema endocanabinóide, existem 2 tipos primários de receptores canabinóides, canabinóide tipo 1 (CB1) e canabinóide tipo 2 (CB2), cada um com distribuição tecidual  única. Os CB1 pós-sinápticos parecem regular a excitabilidade e a plasticidade sináptica via  modulação de canais de K+ e inibição da adenilciclase [com ativação da mitogen activated  protein kinase (MAPK) e inibição da PKA]. Os CB2 são expressos, sobretudo, no sistema  imunológico. Já foi descrita a presença de CB2 em algumas áreas do SNC, especialmente na  microglia e em localização pós-sináptica. Verificou-se aumento da expressão de CB2 em  determinados estados patológicos do SNC, nomeadamente dor crônica. 

Conclusão: Atualmente, os dados pré-clínicos e clínicos sugerem um potencial  benefício terapêutico entre algumas pessoas com PEA e que é globalmente bem  tolerado. Mais pesquisas são necessárias para melhor identificar os pacientes que podem se  beneficiar do tratamento sem efeitos adversos. 

4. Adi Aran , Moria Harel , Aminadav Ovadia , Shulamit Shalgy, Dalit Cayam-Rand. Mediadores da resposta do placebo ao tratamento com canabinóides em crianças com  transtorno do espectro do autismo 

Métodos: Este estudo retrospectivo investigou possíveis mediadores da resposta ao  placebo entre participantes de um ensaio controlado por placebo de tratamento com  canabinóides para problemas comportamentais em crianças com TEA (ensaio CBA, idades  entre 5 e 21 anos). Usou-se um questionário especificamente elaborado para explorar  possíveis mediadores da resposta ao placebo em 88 participantes do estudo CBA que  receberam placebo e tiveram resultados válidos. Os pais de 67 participantes responderam ao  questionário. A resposta placebo foi positivamente associada à compreensão da criança sobre  o objetivo do tratamento. Houve também uma tendência para os participantes que tiveram um  agravamento relativo dos sintomas antes do início do tratamento melhorarem após o  tratamento com placebo. Nenhum outro domínio, incluindo expectativas dos pais, experiência  positiva anterior com tratamentos semelhantes (condicionamento comportamental), locus de  controle dos pais, qualidade das relações médico-paciente e adesão aos medicamentos do  estudo foram associados à resposta ao placebo. 

Resultados: A resposta placebo foi positivamente associada à compreensão da criança  sobre o objetivo do tratamento. Houve também uma tendência para os participantes que  tiveram um agravamento relativo dos sintomas antes do início do tratamento melhorarem após  o tratamento com placebo. Nenhum outro domínio, incluindo expectativas dos pais,  experiência positiva anterior com tratamentos semelhantes (condicionamento comportamental), locus de controle dos pais, qualidade das relações médico-paciente e adesão  aos medicamentos do estudo foram associados à resposta ao placebo. 

Conclusão: Apesar da importância da resposta ao placebo em ambientes clínicos e de  investigação, os estudos que investigam os mediadores da resposta ao placebo em crianças  com deficiência são escassos. Em adultos com funcionamento cognitivo normal, a expectativa  de tratamento é um dos principais mediadores da resposta ao placebo. Contudo, em crianças  com deficiência, a associação entre a capacidade da criança de compreender o propósito do  tratamento e a resposta ao placebo não foi explorada anteriormente. Numa coorte de crianças  e adolescentes com TEA, descobriu-se que a resposta ao placebo estava principalmente  associada à compreensão da criança sobre o propósito do tratamento, e não às expectativas  dos pais. Estas conclusões enfatizam a importância de explicar o propósito do tratamento às  crianças com deficiência de uma forma que elas possam compreender. Esta estratégia pode  melhorar o resultado do tratamento na prática clínica e diminuir as diferenças na resposta ao  placebo entre os participantes, o que potencialmente leva ao fracasso do estudo em ensaios  clínicos. 

5 Babayeva , Mariana, Haregewein Assefa , Paramita Basu , Zvi Loewy. Autismo e  distúrbios associados: cannabis como terapia potencial 

Métodos: O artigo apresenta uma revisão abrangente sobre: (i) Mudanças no sistema  endocanabinoide no autismo (ii) Efeito da cannabis no autismo (iii) Efeito da cannabis nos  transtornos associados ao autismo e apresenta vários estudos científicos sobre o efeito da  cannabis nos indivíduos com autismo.  

Resultados: com base nos dados disponíveis, a cannabis foi considerada uma escolha  segura e eficaz para aliviar os sinais de TEA, porém a cannabis não produz apenas efeitos  terapêuticos, mas também cria complicações perigosas para a saúde. Uma grande  preocupação é o impacto da cannabis no cérebro, pois prejudica o seu desenvolvimento  normal e pode resultar em alterações neurocognitivas potencialmente não reversíveis. Foi  demonstrado que o uso de cannabis prejudica funções cognitivas básicas, como coordenação  motora, até funções executivas mais complexas. Também foi associada a problemas  cognitivos como dependência, percepções distorcidas, dificuldade de pensamento e resolução  de problemas, déficits de memória de trabalho e comportamento social anormal. Além disso,  descobriu-se que os indivíduos com deficiências relacionadas com a cannabis têm  dificuldades para uma recuperação bem sucedida, colocando-os em maior risco de recaída no consumo de cannabis. Além disso, o término do uso de cannabis não restaurou totalmente o  funcionamento neuropsicológico entre os usuários com início na adolescência, além de agir  como agravante ou mascarador de sintomas psiquiátricos, especialmente em jovens.  

Conclusão: Embora os estudos clínicos tenham mostrado resultados promissores do  tratamento com cannabis no TEA e distúrbios associados, existem dados limitados que  apoiam o efeito claro da cannabis/canabinóides em diferentes fenótipos de TEA. Mais  investigações clínicas são necessárias para descobrir a eficácia, segurança e dosagem da  terapia. Isto seria um avanço significativo no tratamento do autismo e poderia levar a uma  melhoria do funcionamento e da qualidade de vida dos pacientes e suas famílias. 

6 Ana Maria Costa da Silva Lopes. O autismo e suas conexões: qual medicação para o  autista?  

Métodos: Empregou-se como metodologia a revisão narrativa neste trabalho que  enfoca a conexão entre psicanálise e psiquiatria, com base na questão: qual medicação para o  autista? Embora não tenha, como objetivo principal, enfocar a eficácia, ou não, da cannabis  no tratamento do autismo, o artigo analisa o uso de canabinoides para o manejo de sintomas  de TEA. 

Resultados: As evidências científicas demonstram que não há uma medicação  específica para o autismo, mas sintomas específicos que perturbem a funcionalidade da vida  diária, tais como insônia, agressividade, agitação, entre outros, podem ser medicados. A  psiquiatria e seu arsenal terapêutico, por meio do ato de medicar, entram no lugar de parceiro  do analista, possibilitando que o sujeito não seja reduzido a ser um simples objeto de  diagnóstico, em nome de uma suposta “normalidade”. A medicação pode contribuir de forma  pontual, descontínua ou, por vezes, contínua, possibilitando o percurso do tratamento  analítico. 

Conclusão: Estudos em modelos animais sugerem uma possível desregulação do  sistema endocanabinoide no TEA (Bar-Lev Schleider, Mechoulam, Saban, Meiri, & Novack,  2019). O sistema endocanabinoide está envolvido na regulação de neurotransmissores  excitatórios e inibitórios, sistemas esses comprometidos em indivíduos com TEA. Esse  sistema também está envolvido na modulação da liberação de ocitocina e vasopressina, que,  por sua vez, atuam modulando comportamentos sociais. Até o presente momento, o uso de  canabinoides para o manejo de sintomas de TEA se baseia em relatos de casos ou ensaios  clínicos abertos, não controlados, e com número restrito de participantes. Nesses casos, o canabinoide de escolha tem sido o dronabinol, formulação sintética do tetraidrocanabinol  (THC), já em uso entre adultos, para o controle da náusea associada à quimioterapia, redução  da hipertonia e da dor neuropática em pacientes com esclerose múltipla (Koppel et al., 2014). 

7 Adi Aran , Moria Harel , Hanoch Cassuto , Lola Polyansky , Aviad Schnapp , Nadia  Wattad , Dorit Shmueli , Daphna Golan , F. Xavier Castellanos. Tratamento com  canabinóides para o autismo: um ensaio randomizado de prova de conceito 

Métodos: o estudo testou um extrato de planta inteira de cannabis contendo canabidiol  e Δ9-tetrahidrocanabinol na proporção de 20:1 e canabidiol e Δ9- tetrahidrocanabinol na  mesma proporção, porém purificados. Os participantes (N = 150) receberam placebo ou  canabinóides por 12 semanas (teste de eficácia), seguido por um washout de 4 semanas e um  cruzamento predeterminado por mais 12 semanas para avaliar melhor a tolerabilidade. As  mudanças nos escores totais do HSQ-ASD (desfecho primário) e APSI (desfecho secundário)  não diferiram entre os grupos. O comportamento disruptivo no CGI-I (resultado co-primário)  foi melhorado ou muito melhorado em 49% no extrato de planta inteira (n = 45) versus 21%  no placebo (n = 47). A pontuação total SRS mediana (resultado secundário) melhorou em 14,9  no extrato de planta inteira (n = 34) versus 3,6 pontos após placebo (n = 36)). Não houve  eventos adversos graves relacionados ao tratamento. Os eventos adversos comuns incluíram  sonolência e diminuição do apetite, relatados para 28% e 25% no extrato de planta inteira,  respectivamente (n = 95); 23% e 21% em canabinóides puros (n = 93), e 8% e 15% em  placebo (n = 94). 

Resultados: As alterações nas pontuações totais do HSQ-ASD (desfecho primário) e  APSI (desfecho secundário) não diferiram entre os grupos. O comportamento disruptivo no  CGI-I (resultado coprimário) melhorou muito ou muito em 49% no extrato de planta inteira (n  = 45) versus 21% no placebo (n = 47; p = 0,005). A pontuação total mediana do SRS  (desfecho secundário) melhorou em 14,9 no extrato de planta inteira (n = 34) versus 3,6  pontos após o placebo (n = 36); p = 0,009). Não houve eventos adversos graves relacionados  ao tratamento. Os eventos adversos comuns incluíram sonolência e diminuição do apetite,  relatados em 28% e 25% no extrato de planta inteira, respectivamente (n = 95); 23% e 21%  em canabinóides puros (n = 93) e 8% e 15% em placebo (n = 94). Limitações A falta de dados  farmacocinéticos e uma ampla variedade de idades e níveis funcionais entre os participantes  justificam cautela na interpretação dos resultados.

Conclusão: Este estudo intervencionista fornece evidências de que BOL-DP-O-01-W  e BOL-DP-O-01, administrados por 3 meses, são bem tolerados. As evidências da eficácia  destas intervenções são confusas e insuficientes. Recomenda-se mais testes de canabinóides  no TEA. 

8 Lihi Bar-Lev Schleider , Rafael Mechoulam , Naama Saban , Gal Meiri , Victor Novack .  Experiência da vida real de tratamento com cannabis medicinal no autismo: análise de  segurança e eficácia  

Métodos: Os dados prospectivamente coletados como parte do programa de  tratamento de pacientes com TEA tratados com cannabis medicinal foram coletados entre  2015 e 2017. O tratamento na maioria dos pacientes foi baseado no óleo de cannabis contendo  30% de CBD e 1,5% de THC. O inventário de sintomas, a avaliação global do paciente e os  efeitos colaterais aos 6 meses foram desfechos de interesse e foram avaliados por  questionários estruturados. 

Resultados: Depois de seis meses de tratamento, dos 188 pacientes que iniciaram o  procedimento, 82,4% (155) estavam em tratamento ativo e 60,0% (93) foram avaliados; 28  pacientes (30,1%) relataram melhora significativa, 50 (53,7%) moderada, 6 (6,4%), discreta e  8 (8,6%), nenhuma mudança em sua condição. Vinte e três pacientes (25,2%) apresentaram  pelo menos um efeito colateral; a mais comum foi a inquietação (6,6%). Cannabis em  pacientes com TEA parece ser bem tolerada, segura e uma opção eficaz para aliviar os  sintomas associados ao TEA. 

Conclusão: Recentemente, a cannabis enriquecida com CBD demonstrou ser benéfica  para crianças com autismo. Nesta retrospectiva, um estudo em 60 crianças mostrou que surtos  comportamentais foram melhorados em 61% dos pacientes, problemas de comunicação em  47%, ansiedade em 39%, estresse em 33% e comportamento disruptivo em 33% dos  pacientes. A justificativa para isso: O tratamento baseia-se nas observações anteriores e na  teoria de que os efeitos do canabidiol podem incluir o alívio: psicose, ansiedade, facilitação  do sono REM e supressão da atividade convulsiva. Um estudo de caso único com Dronabinol  (um fármaco à base de THC) mostrou melhorias significativas na hiperatividade, letargia,  irritabilidade, estereotipia e fala inadequada aos 6 meses de seguimento. Além disso, acerca  do tratamento com Dronabinol, verificou-se que, de 10 adolescentes pacientes com  deficiência intelectual resultaram em 8 pacientes apresentando melhora no manejo de  comportamento auto-lesivo resistente ao tratamento.

9 Estácio Amaro da Silva Júnior, Wandersônia Moreira Brito Medeiros, João Paulo Mendes  dos Santos, João Marçal Medeiros de Sousa, Filipe Barbosa da Costa, Katiúscia Moreira  Pontes, Thaís Cavalcanti Borges, Carlos Espínola Neto Segundo, Ana Hermínia Andrade e  Silva, Eliane Lima Guerra Nunes, Nelson Torro Alves, Marina Diniz da Rosa, Katy Lísias  Gondim Dias de Albuquerque. Avaliação da eficácia e segurança do extrato de cannabis rico  em canabidiol em crianças com transtorno do espectro do autismo: ensaio clínico randomizado,  duplo-cego e controlado por placebo. 

Métodos: Neste ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, 60  crianças, com idades entre 5 e 11 anos, foram selecionadas e divididas em dois grupos: o  grupo de tratamento, que recebeu o extrato de cannabis rico em CBD, e o grupo controle, que  recebeu o placebo. Ambos usaram seus respectivos produtos por um período de 12 semanas. A  análise estatística foi feita por análise de variância mista de dois fatores (ANOVA two-way).  Foram incluídas crianças de 5 a 11 anos residentes no estado da Paraíba, Brasil, ou em estados  vizinhos (Pernambuco e Rio Grande do Norte), que tivessem diagnóstico médico de TEA,  independentemente de terem quadro leve, moderado, ou níveis graves de comprometimento.  Essa faixa etária foi selecionada porque crianças de 5 a 11 anos apresentam maior  similaridade no desenvolvimento cerebral, tornando o grupo mais homogêneo para análise  dos resultados. Além disso, crianças com mais de 5 anos teriam maior probabilidade de  desenvolver linguagem verbal e seriam mais capazes de responder durante testes  neuropsicológicos. Foram excluídas crianças que apresentavam comorbidades como diabetes  mellitus, hipertensão, doenças autoimunes ou epilepsia refratária ou que usaram produto de  cannabis nos últimos dois meses antes do início do estudo. 

Resultados: Resultados significativos foram encontrados para interação social (F 1.116 =  14,13, p = 0,0002), ansiedade (F 1.116 = 5,99, p = 0,016), agitação psicomotora (F 1.116 = 9,22,  p = 0,003), número de refeições por dia (F 1,116 = 4,11, p = 0,04) e concentração (F 1,48 = 6,75,  p = 0,01), sendo esta última significativa apenas nos casos de TEA leve. Em relação à  segurança, constatou-se que apenas três crianças do grupo de tratamento (9,7%) apresentaram  efeitos adversos, nomeadamente tonturas, insónia, cólicas e aumento de peso. 

Conclusão: Descobriu-se que o extrato de cannabis rico em CBD melhora um dos  critérios diagnósticos para TEA (interação social), bem como características que muitas vezes  coexistem com TEA, e tem poucos efeitos adversos graves. Indivíduos com TEA que usaram  o extrato de cannabis rico em CBD apresentaram melhora nos seguintes sintomas: automutilação e crises de raiva, hiperatividade, problemas de sono, ansiedade, inquietação,  agitação psicomotora, irritabilidade, agressividade, sensibilidade sensorial, cognição, atenção,  social interação, linguagem, perseverança e depressão. Quanto aos benefícios da intervenção  com cannabis, o sintoma inquietação apresentou maior melhora (91%) em relação aos demais  sintomas estudados. Portanto, os resultados mostraram a eficácia na hiperatividade,  inquietação e agitação psicomotora; na ansiedade; na cognição, atenção e concentração; na  facilitação da aprendizagem; em nutrição e na interação social em crianças no espectro do  autismo. 

10 Adi Aran , Hanoch Cassuto , Asael Lubotzky , Nadia Wattad , Ester Hazan.

Breve relatório: cannabis rica em canabidiol em crianças com transtorno do espectro do autismo e  problemas comportamentais graves – um estudo retrospectivo de viabilidade 

Métodos: Este estudo retrospectivo avaliou a tolerabilidade e a eficácia da cannabis  rica em canabidiol, em 60 crianças com TEA e problemas comportamentais graves (idade =  11,8 ± 3,5, faixa 5,0-17,5; 77% de baixo funcionamento; 83% meninos). A eficácia foi  avaliada utilizando a escala de Impressão Global de Mudança do Cuidador. 

Resultados: Os eventos adversos incluíram distúrbios do sono (14%), irritabilidade  (9%) e perda de apetite (9%). Uma menina que usava tetrahidrocanabinol mais elevado teve  um evento psicótico grave e transitório que exigiu tratamento com um antipsicótico.  

Conclusão: Após o tratamento com cannabis, os surtos comportamentais melhoraram  muito em 61% dos pacientes. Este estudo preliminar apoia a viabilidade de ensaios de  cannabis baseados em CBD em crianças com TEA. 

3.1 ELEMENTOS DE APOIO PARA ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A partir dos estudos realizados para elaborar o presente artigo, obteve-se uma pesquisa  respaldada em artigos científicos que promovam uma reflexão sobre o uso do canabidiol a  fim de auxiliar no desenvolvimento de pessoas com autismo, contudo, há na literatura alguns  poucos estudos observacionais (séries de caso) com tamanho amostral pequeno, critérios de  inclusão e medidas de desfecho pouco definidos que observaram alguma melhora no  comportamento, o que fortalece a hipótese de seu benefício. No entanto, além das séries de  caso, não há evidência que sustente o benefício da medicação em foco, tornando-a, no momento, tão somente uma hipótese e uma intervenção experimental para a condição em  pauta.  

De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Epilepsia (2018), até  o presente momento, o FDA (Food and Drug Administration), órgão dos Estados Unidos da  América (EUA) responsável pelo registro de medicamentos, aprovou o uso do CBD apenas  para o controle de crises epilépticas na síndrome de Lennox-Gastaut e na epilepsia mioclônica  da infância grave. O fato de que a epilepsia é uma comorbidade comum com o TEA  proporcionou a observação de que pacientes com essa condição que usavam canabidiol para o  tratamento das crises epilépticas apresentavam melhora comportamental.  

Foi levantada a hipótese de que esse fármaco pudesse ter ação no controle  comportamental de crianças com autismo sem epilepsia. No entanto, em busca realizada no  banco de dados Pubmed por meio das palavras-chave (cannabidiol) AND (autism) não se  encontraram ensaios clínicos que tenham avaliado essa hipótese.  

Ainda, é primordial salientar que não há evidência de que seja superior aos  tratamentos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), entre eles a risperidona,18 recomendada no protocolo do Ministério da Saúde. Ainda que não fosse suficiente essa  ausência de conhecimento sobre a eficácia, a segurança, especialmente em longo prazo, não  foi comprovada. Essa questão é importante uma vez que há evidência sobre o impacto  negativo em longo prazo do consumo de derivados da Cannabis no sistema nervoso,  especialmente por crianças e adolescentes.  

No TEA, o tratamento não farmacológico, que inclui a educação dos pais em conjunto  com a abordagem multidisciplinar de especialistas, é o método de escolha mais indicado. No  entanto, muitos pacientes necessitam de fármacos a fim de controlar sinais e sintomas como  agressividade, irritabilidade, comportamento restritivo, repetitivo, ansiedade e transtornos do  sono. Até o momento, para o TEA, as evidências científicas para tratamento farmacológico  convergem para o manejo da irritabilidade com a risperidona e o aripiprazol; e o uso de metilfenidato, atomoxetina, guanfacina para o transtorno do déficit de atenção e  hiperatividade e a melatonina para os distúrbios do sono. 19 20 

Entretanto, muitos casos de TEA são refratários, independentemente das terapias e do  uso de fármacos. Os fitocanabinoides parecem ocupar um lugar de destaque, segundo algumas  pesquisas, mas ainda são necessários estudos mais robustos a fim de comprovar sua real  eficácia. A afirmativa se sustenta pelo fato da grande maioria dos pesquisadores analisados  fazer uso do verbo parecer em suas conclusões, ou seja, afirmam que “parece que a  intervenção com canabidiol é eficaz”. 

Há vários trabalhos observacionais sobre o uso dos canabinoides no TEA. No entanto,  identificou-se que a pesquisa mais estudada para tratar do assunto em pauta, foi a  desenvolvida em Israel , cujos resultados foram publicados na revista Nature, a qual avaliou 21 188 crianças, com idade média de 13 anos, com tempo de seguimento de seis meses. Foi  utilizado produto à base de óleo de cannabis, contendo alto teor de canabidiol, 30% de CBD e  1,5% THC, ou seja, proporção de 20 CBD: 1 THC, além de outros canabinoides em baixas  concentrações, terpenos e flavonoides. Constatou-se 80% de melhora global e na qualidade de  vida, existência de poucos efeitos colaterais, sendo o mais comum à sonolência e boa adesão  terapêutica, haja vista que 60% dos pacientes optaram por manter o tratamento, mesmo após o  término do estudo. Igualmente, um estudo duplo-cego e randomizado com uso do extrato de 22 cannabis no TEA observou melhora no comportamento disruptivo, boa tolerabilidade e  poucos efeitos colaterais, como sonolência, náuseas e transtornos alimentares. 

Os estudos mostram que a questão está longe de ser encerrada e ensaios clínicos  randomizados e controlados com acompanhamento em longo prazo precisam ser feitos para  ter a certeza do benefício e da segurança da intervenção. 

4. CONCLUSÃO 

Esse trabalho pretendeu compreender as perspectivas positivas e negativas do  tratamento com canadibiol no desenvolvimento de indivíduos com autismo para explorar  novas abordagens terapêuticas, incluindo o potencial uso da cannabis, a fim de buscar  alternativas cujo fito é melhorar a qualidade de vida das pessoas com TEA. A partir disso, a  fim de alcançar os objetivos propostos, o estudo de cunho bibliográfico apresentado, se deu na  forma de revisão integrativa de literatura, partindo das referências dos anos de 2019 a 2024,  buscadas nas bases de dados PubMed e SciELO. Perante os achados, as evidências científicas  foram organizadas e previamente selecionadas, a partir dos critérios de verificação do método  PRISMA, e, desta forma, os textos foram analisados para que fossem reunidos os elementos  confluentes para a escrita da revisão.  

Para se atingir uma compreensão da questão, o objetivo geral buscou investigar a  eficácia e os mecanismos de ação do canabidiol (CBD) no tratamento do transtorno do  espectro do autismo (TEA), fornecendo uma análise de algumas evidências disponíveis,  contribuindo para uma compreensão mais profunda dos benefícios terapêuticos e implicações  clínicas do CBD para indivíduos com TEA. Dessa forma, definiu-se três objetivos  específicos. O primeiro objetivo foi revisar e analisar estudos clínicos que investigaram o uso  de CBD no tratamento do transtorno autista, incluindo suas metodologias, resultados e  conclusões. O segundo objetivo específico foi investigar a eficácia do CBD na redução de  sintomas específicos associados ao transtorno autista, como ansiedade, agressividade,  hiperatividade, problemas de sono e comunicação social. Finalmente, o terceiro objetivo  específico focou em identificar e relatar possíveis efeitos adversos associados ao uso de CBD  no tratamento do transtorno autista.  

A análise permitiu concluir que há, na literatura, alguns poucos estudos observacionais  (séries de caso) com tamanho amostral pequeno, critérios de inclusão e medidas de desfecho  pouco definidos que observaram alguma melhora no comportamento, o que fortalece a  hipótese de seu benefício. No entanto, além das séries de caso, não há evidência que sustente  o benefício da medicação em foco, tornando-a, no momento, tão somente uma hipótese e uma  intervenção experimental para a condição em pauta. 

A pesquisa sobre a influência da cannabis em pacientes com autismo é um campo  emergente e promissor, mas ainda requer mais estudos para compreender plenamente seus efeitos, benefícios e riscos. Nesse viés, tornam-se necessárias algumas sugestões para  pesquisas futuras, como: 

Estudos Longitudinais: Investigar os efeitos em longo prazo do uso de cannabis em  pacientes com autismo, acompanhando os indivíduos ao longo de vários anos para avaliar a  eficácia e possíveis efeitos adversos crônicos. 

Efeitos em Diferentes Faixas Etárias: Explorar como a cannabis afeta pacientes com  autismo em diferentes idades, desde crianças até adultos, para determinar se há variações  significativas nos resultados e se a idade do paciente influencia a resposta ao tratamento. 

Dosagem e Formulações: Examinar quais dosagens e quais formas de administração  (óleo, cápsulas, inalação, etc.) são mais eficazes e seguras para pacientes com autismo.  Estudos comparativos entre diferentes canabinoides, como CBD e THC, também são  essenciais para entender suas contribuições individuais, assim como seus mecanismos de ação. 

Interações com Outros Tratamentos: Investigar como a cannabis interage com outros  tratamentos convencionais para autismo, como terapias comportamentais e medicamentos  psiquiátricos, para entender se há sinergias ou contraindicações. 

Efeitos Psicológicos e Comportamentais: Realizar estudos que avaliem o impacto da  cannabis nos comportamentos específicos do autismo, como a comunicação, a socialização e  os comportamentos repetitivos, usando metodologias quantitativas e qualitativas. 

Percepções dos Cuidadores e Profissionais de Saúde: Pesquisar as percepções e  experiências de pais, cuidadores e profissionais de saúde com relação ao uso de cannabis em  pacientes com autismo, para entender melhor as barreiras, os facilitadores e as necessidades  de informação e suporte. 

Comparação com Placebo: Conduzir ensaios clínicos controlados por placebo para  estabelecer a eficácia da cannabis em comparação com tratamentos não ativos, assegurando  rigor científico e minimizando o viés. 

Estudos de Segurança: Focar em estudos que avaliem a segurança do uso de cannabis,  monitorando efeitos colaterais imediatos e tardios, e determinando perfis de risco para  diferentes subgrupos dentro da população autista. 

Essas direções de pesquisa podem fornecer uma compreensão mais abrangente e  aprofundada sobre o uso da cannabis no tratamento de pacientes com autismo, ajudando a  criar diretrizes clínicas baseadas em evidências.


1Bar-Lev Schleider L, Mechoulam R, Saban N, Meiri G, Novack V. Experiência da vida real no tratamento da cannabis medicinal no autismo: análise de segurança e eficácia. Representante Científico 2019,  janeiro; 9 (1):200. doi: 10.1038/s41598-018-37570-y.  
2Associação Psiquiátrica Americana. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5. Washington (DC): Editora; 2013.
3Agarwal R, Burke SL, Maddux M. Estado atual das evidências da utilização de cannabis para tratamento de transtornos do espectro do autismo. Psiquiatria BMC. outubro de 2019; 19 (1):328. doi: 10.1186/ s12888-019-2259-4.  
4Wei D, Dinh D, Lee D, Li D, Anguren A, Moreno-Sanz G, et al. O aprimoramento da sinalização endocanabinoide mediada pela anandamida corrige o comprometimento social relacionado ao  autismo. Cannabis Cannabinóide Res. Fevereiro de 2016; 1 (1):81–9. doi: 10.1089/can.2015.0008.  
5Barchel D, Stolar O, De-Haan T, Ziv-Baran T, Saban N, Fuchs DO, et al. Uso oral de canabidiol em crianças com transtorno do espectro do autismo para tratar sintomas e comorbidades relacionados. Frente  Farmacol. Janeiro de 2019; 9 :1521. doi: 10.3389/fphar.2018.01521.  
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11Belmonte MK, Bourgeron T. Síndrome do X Frágil e autismo na intersecção de redes genéticas e neurais. Neurociência da Natureza. 2006; 9: 1221–1225. 
12Z o g h b i H Y, B e a r M F. D i s f u n ç ã o S i n á p t i c a e m D e f i c i ê n c i a s I n t e l e c t u a i s d o Neurodesenvolvimento. Perspectivas de Cold Spring Harbor em Biologia. 2012; 4: 1–22. 
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