REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202501311646
Francisco Xavier Martins Bessa1
RESUMO
A má-nutrição apresenta-se como um elo circunstancial aos problemas enfrentados pelos idosos. Este artigo definiu-se através de uma pesquisa qualitativa em harmonia com uma revisão bibliográfica de cunho comparativo entre os índices de desnutrição em pacientes geriátricos em âmbito hospitalar, na vida domiciliar e na vivência em casas de repouso de curta ou longa permanência. Os fundamentos teóricos reuniram se com o auxílio de pesquisas, artigos e obras de autores pertinentes às vastas derivações da Nutrição, tais como: Araujo, Cardoso, Wildner, Oliveira e Nink (2020), Cintra, Nascimento e Souza (2020), Dias e Burgos (2009), Fidelix, Santana e Gomes (2013), Garcia, Moretto e Guariento (2016), Guerra et. al. (2013), Macedo (2018), Pereira, Cotta e Franceschini (2006), Praça, Lopes, Vianna e Moraes (2015), Ribeiro, Carvalho, Galdino, Soares e Pereira (2020), Santos, Machado e Leite (2010), Silva, Mesquita, Benfica, França e Cardoso (2020), Souza e Guariento (2009), Tavares e Anjos (1999) e Vieira (2013). Averiguou-se, portanto, o destaque da atuação do nutricionista para identificar os indícios da desnutrição e direcionar os tratamentos. Originou-se destes pontos as variáveis que envolvem os idosos desnutridos, onde o intuito principal está em proporcionar uma qualidade de vida satisfatória.
Palavras-chave: Desnutrição. Pacientes Geriátricos. Massa Magra.
1. INTRODUÇÃO
A desnutrição em idosos trata-se de uma questão de elevada seriedade perante a atual conjectura visibilizada em escala nacional. É fidedigno que se observe fatores congruentes para essa problemática em diferentes concepções, de modo que o processo ocorra de forma gradativa. A avaliação nutricional é imprescindível dentro deste contexto, ainda mais por proceder, de modo majoritário, antecipadamente logo nos primeiros sintomas. A propósito, o nutricionista responde com um elo essencial para a identificação da adversidade e suas possíveis causas para dar início ao tratamento.
Uma saúde de qualidade origina-se diretamente dos fatores que envolvem o indivíduo, neste caso o idoso que geralmente encontra-se em situações que agravam sua manifestação clínica por conta de doenças crônicas ou até mesmo pelo aumento da letalidade justamente pelas comorbidades. As alterações no organismo do idoso são resultantes de uma série de fatores específicos que carecem de um detalhamento direto em função da notabilidade e na influência em níveis dissemelhantes ao indivíduo. Os estudos focados neste tema são de suma importância para o campo da Nutrição, uma vez que associam os riscos da desnutrição ao ser humano e as gravidades majoritárias desta problemática em idosos.
Neste sentido, os fatores externos são imprescindíveis em uma concepção geral. Para tal, questões próprias da enfermidade pela qual o indivíduo está passando ou até mesmo de transtornos como a depressão ou a solidão pela perda do cônjuge e demais fatores que incidam precisam ser considerados no momento da análise ou da triagem nutricional.
Por este ângulo, evidencia-se pontos como a condição financeira e o estilo de vida como questões a serem destacadas como interligadas à perda de massa magra durante a terceira idade. De modo parelho, analisar os riscos de desnutrição em pacientes próximos dos 60 anos de idade mostra-se como indispensável, sobretudo com o auxílio de ferramentas próprias para esse diagnóstico precoce.
A nutrição tem o potencial para estimular os idosos a obter uma alimentação equilibrada a fim de recuperar a massa magra perdida naturalmente ou por demais razões. Quando o acompanhamento se inicia logo nos primeiros sintomas da desnutrição, as chances de reversão do quadro em poucas sessões são animadoras. Mesmo que o paciente se encontre em condições graves, isso também será possível, porém com ações mais diretas por parte do nutricionista, evitando assim que o idoso precise passar por situações que afligem sua saúde e garantindo uma melhor qualidade de vida.
O objetivo central deste artigo resume-se a identificar os níveis perigosos da desnutrição em idosos à medida que a idade avança. Em contraponto, torna-se válido frisar os objetivos específicos: averiguar os principais agentes causadores da desnutrição em idosos, comparar como os pacientes desnutridos em fase avançada são acometidos por internações mais longas em relação aos pacientes tidos como regulares, colocar em fronte a desnutrição junto às demais variáveis observadas durante a pesquisa, demonstrar as medidas cabíveis de intervenção, entender como as patologias acometem os idosos desnutridos e analisar como a perda de massa magra pode maleficiar estes indivíduos ao longo prazo.
A composição teórica fundamentou-se nas obras de autores relevantes dentro do campo da Nutrição, bem como: Araujo, Cardoso, Wildner, Oliveira e Nink (2020), Cintra, Nascimento e Souza (2020), Dias e Burgos (2009), Fidelix, Santana e Gomes (2013), Garcia, Moretto e Guariento (2016), Guerra et. al. (2013), Macedo (2018), Pereira, Cotta e Franceschini (2006), Praça, Lopes, Vianna e Moraes (2015), Ribeiro, Carvalho, Galdino, Soares e Pereira (2020), Santos, Machado e Leite (2010), Silva, Mesquita, Benfica, França e Cardoso (2020), Souza e Guariento (2009), Tavares e Anjos (1999) e Vieira (2013).
Estipulou-se averiguar conteúdos recentes, preferencialmente dos últimos 10 anos, contudo salvaguardou-se questões imprescindíveis a esta temática em obras clássicas anteriores a este período. Este trabalho consiste em uma pesquisa de natureza qualitativa com base em uma revisão bibliográfica comparativa entre os níveis de desnutrição em idosos em hospitais e no âmbito domiciliar, tendo enfoque direto na atuação do nutricionista desde a averiguação do problema até o tratamento em larga escala. Decerto, é substancial compreender todas as questões que envolvem a desnutrição em idosos para que as medidas pertinentes sejam realizadas com a base científica obtida.
Justifica-se este estudo por esclarecer de maneira ampla os impactos da desnutrição em pacientes geriátricos, especificamente com mais de 60 anos, embasando-se em fatores como as complicações em leitos, no pós-operatório, tratamento de patologias, quedas e demais aspectos influenciados negativamente pela fragilidade corpórea.
Firmou-se, portanto, em analisar artigos contextuais e de caracterização quanto ao tema central. Ante o exposto, intenciona-se colaborar para com outros projetos, trabalhos e estudos da área da Nutrição que tratem da desnutrição em idosos, mesmo que seja de forma secundária.
Sendo assim, espera-se responder aos seguintes questionamentos: Quais são os sintomas primordiais da desnutrição em idosos? Como a subnutrição pode resultar em malefícios ao corpo humano? Em qual localidade do país a desnutrição apresenta-se com maior incidência em idosos? Como identificar a perda de massa magra em pacientes geriátricos? De que modo o nutricionista pode auxiliar no tratamento precoce deste transtorno?
O Brasil apresenta cerca de 28 milhões de idosos em sua população geral em números atuais, o que indica uma necessidade incomparável de cuidados que influenciam positivamente no equilíbrio nutricional, já que as taxas de nutrição mostram-se as mesmas durante as últimas décadas.
As decorrências dos fatores de risco desta conjectura demonstram-se como negativas ao tempo de internação em casos que poderiam ser solucionados sem as mesmas chances de complicações quando os idosos são identificados como normais sob o ponto de vista nutricional, totalizando em gastos elevados pela longevidade da estadia do mesmo em hospitais em relação ao uso de medicamentos, equipamentos e leitos.
Partindo deste ponto, o conceito de idoso permite um estudo amplo e que cada vez mais mostra-se como fundamental para a nutrição, uma vez que as ações que permeiam esse grupo culminam em fatores determinantes para o sucesso ou não de um tratamento, bem como para a diminuição de custos derivados de longas internações ou cuidados que não são demandados em casos de pacientes regulares.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. A Desnutrição e o Envelhecimento
O princípio da desnutrição hospitalar relaciona-se com fatores intrínsecos ao indivíduo em especial os idosos pela reposição nutricional inadequada ou ainda pelas decorrências da própria doença, embora a perda de massa seja algo proveniente do envelhecimento, existem ações eficientes para postergar ou até mesmo combater estes males. Ribeiro et. al. (2020) destaca que a desnutrição em âmbito hospitalar se deriva de outras questões que demandam por um maior cuidado dos profissionais da saúde, bem como “alta rotatividade dos funcionários da equipe de saúde, peso e altura não identificados na admissão, não observação da ingestão alimentar, dieta zero, retardo do início da terapia nutricional entre outros” (RIBEIRO et al., p. 6, 2020).
As patologias, distúrbios e outras doenças são ainda mais preponderantes aos idosos desnutridos. Esse aspecto fica ainda mais evidente em relação ao que é verificado em pacientes idosos tidos como críticos, ou seja, em situações severas de doenças, principalmente em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Logo, apenas o reconhecimento da doença não é suficiente para que o profissional da saúde possa colocar em prática as medidas adequadas, demandando uma maior atenção quanto a outros aspectos, bem como a faixa etária, as alterações corpóreas e psicológicas, e, sobretudo, a condição nutricional (FIDELIX et. al., 2013).
Quando são os idosos o centro destes questionamentos, o déficit de nutrientes ocasiona de maneira rápida e contínua. Este aspecto incide em casos mais graves e na dificuldade de recuperação do mesmo, prolongando o tempo de internação ou de tratamento. Para além disto, vê-se de fato um aumento considerável no custo de até quatro vezes superior no tratamento de pacientes desnutridos em relação aos com algum grau de desnutrição (RIBEIRO et al., 2020). A avaliação nutricional, por sua vez, deve ser efetuada em até 72 horas após a internação, independentemente da faixa etária para visualizar de forma eficaz se há sinais de desnutrição.
Os pacientes geriátricos precisam ser avaliados através da chamada MNA (Mini Avaliação Nutricional) por conta da praticidade do método e pela equivalência simplória que facilita a análise dos dados obtidos. Na saúde pública, o SUS (Sistema Único de Saúde) é responsável por arcar com todos os custos derivados desta avaliação nutricional, tanto em jovens quanto em adultos e, acima de tudo, em pacientes que se encontram em idade avançada, independentemente da idade ou do quadro clínico:
[…] entre os idosos, o aumento da prevalência de enfermidades é fator de risco, sendo necessário o conhecimento das doenças, do estado nutricional, das modificações corporais, psicológicas e sociais desse grupo etário. O processo de envelhecimento interfere diretamente no estado nutricional do indivíduo por alterações que ocorrem no organismo, como por exemplo, a falha na mastigação 16. Para a identificação precoce de pacientes desnutridos e consequente intervenção, além de prevenção da desnutrição, o ideal seria promover a conscientização dos profissionais de saúde quanto aos aspectos nutricionais, implantando a avaliação nutricional como atividade de rotina nos hospitais, e tornando real a cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) dos custos provenientes de avaliação do estado nutricional, assim como dos materiais e equipamentos necessários à aplicação de terapias oral, enteral e parenteral (FIDELIX et. al., 2013, p. 61).
De forma direta, dentre as mudanças majoritárias que incidem na situação nutricional do idoso, encontram-se as seguintes modalidades: econômicas, sociais, psicológicas e fisiológicas. Tais questões promovem déficits pioram os quadros da má nutrição, podendo ser negativas tanto na obesidade como principalmente na perda de massa magra (SOUSA; GUARIENTO, 2009).
Quanto às modificações fisiológicas do envelhecimento, é verossímil ressaltar:
As alterações fisiológicas do envelhecimento relacionadas à composição corporal e à ingestão alimentar devem ser consideradas. Os idosos apresentam diminuição progressiva da altura (1 a 2cm/década); aumento do peso e do índice de massa corporal (IMC) até os 65 a 70 anos, com redução progressiva após essa faixa etária; alterações da composição corporal, com redistribuição da gordura corporal (redução em regiões periféricas e aumento no interior do abdômen), e diminuição da massa magra e da água corporal, refletindo em redução da taxa de metabolismo basal, além de alterações no sistema digestivo e na percepção sensorial, que incluem menor palatabilidade e menor sensibilidade à sede. Outros aspectos, somados aos fatores já citados, contribuem para um maior risco de distúrbios nutricionais em idosos: presença de doenças crônicas e de multimorbidades, polifarmácia, comprometimento da ingestão alimentar (dificuldades de mastigação, digestão, disfagia e xerostomia), depressão, alterações da mobilidade com dependência funcional e comprometimento da capacidade cognitiva, além da interferência de fatores sociais, culturais e econômicos. O estado nutricional, importante elemento entre os determinantes de saúde e doença, pode ser avaliado por métodos objetivos e subjetivos, dentre os quais a antropometria, a bioimpedância, os testes bioquímicos, o exame clínico e a avaliação da ingestão alimentar. O uso e a interpretação desses parâmetros apresentam limitações em idosos, sendo importante realizar a avaliação nutricional por meio da associação de vários indicadores, utilizando-se critérios de diagnóstico e valores de referência específicos para essa faixa etária, quando existirem (GARCIA et. al., 2017, p. 58).
Para Santos e Machado (2010), tais alterações “que são, na verdade, fisiológicas e naturais ao processo de envelhecimento, mas que, sem dúvida, o tornam mais frágil ao desenvolvimento de distúrbios nutricionais e podem, por fim, agravar seu estado de saúde e levá-lo à morte” (SANTOS; MACHADO, 2010, p. 170 a 171).
Ainda de acordo com Garcia et. al. (2017), a aferição dentro dos campos da saúde tinha como centralidade os aspectos diretos, contudo, “observando-se como os aspectos subjetivos da saúde influenciavam nos indivíduos, passou-se a valorizar a percepção subjetiva de saúde e, assim, surgiu o conceito de qualidade de vida, com suas diferentes definições e utilizações” (GARCIA et. al., 2017, p. 58).
Assim, sempre quando há um estado nutricional modificado eleva-se a letalidade enquanto a qualidade de vida é negativa, mesmo que esse processo ocorra lentamente. Apesar da subnutrição liderar os rankings relacionados a tais problemáticas, vê-se da mesma forma uma enorme consequência advinda da obesidade e do sobrepeso em idades avançadas. A fragilidade advém dos dois extremos diagnosticados em estados nutricionais alterados, embora a desnutrição incida de maneira mais direta (GARCIA et. al., 2017).
Em síntese, a desnutrição resume-se a um distúrbio gerado a partir da desproporção dos nutrientes ingeridos na dieta diária do indivíduo. No caso dos idosos, esse desequilíbrio pode estar relacionado ainda a outros pontos que estejam implicando nesta absorção ao ponto de prejudicar seu organismo amplificando a necessidade nutricional e originando uma série de mudanças fisiológicas (SOUSA; GUARIENTO, 2009). Por serem considerados como um grupo de risco em incontáveis situações, os idosos demandam por uma atenção superior que combata os maus hábitos alimentares.
Durante a averiguação das alterações definidas anteriormente, torna-se importante segmentar a análise por meio de desígnios primários para prosseguir com os indicadores compatíveis:
Na verificação das alterações associadas ao estado nutricional, faz-se necessário proceder a avaliação nutricional, cujos objetivos são os seguintes, entre outros: identificar os indivíduos em risco para desenvolver doenças crônicas não transmissíveis; monitorar a eficácia da intervenção dietoterápica. Vários indicadores têm sido propostos para avaliar o estado nutricional, embora eles sejam questionáveis, pois são influenciados por fatores não relacionados à ingestão de alimentos. Os indicadores utilizados são: dados antropométricos (peso, altura, índice de massa corporal, circunferências do braço, panturrilha e abdominal, pregas cutâneas e composição corporal), exame clínico, exames laboratoriais (hemograma, eletroforese de proteínas, balanço nitrogenado, colesterol sérico) e dietéticos (SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 47 a 48).
Dentre os indicadores destacados, o IMC (Índice de Massa Corporal) demonstrações com um dos mais empregados durante a especificação dos riscos em nível nutricional. A aplicação deste indicador antropométrico é usual pelo baixo custo, facilidade e, principalmente, por não ser um método invasivo. No entanto, estabelece se demais questões durante a aplicação do IMC em idosos pelas contrariedades observadas:
[…] em idosos, porém, seu uso apresenta divergências em função do decréscimo de estatura, acúmulo de tecido adiposo, redução da massa corporal magra e diminuição da quantidade de água no organismo. Assim, vem sendo muito discutido o uso do IMC e dos limites de normalidade adotados para análise de desnutrição, sobrepeso e obesidade em idosos (ARAUJO et. al., 2020, p. 5).
Para tanto, a aplicação do método IMC em grupos de idosos deve-se reconhecer os aspectos secundários, segunda o que indica a Organização Mundial da Saúde (OMS), quanto a notas de corte superiores em relação ao que é praticado em jovens e adultos regulares (GARCIA et. al., 2017).
De acordo com dados de Sousa e Guariento (2009), a desnutrição em âmbito hospitalar no Brasil manifesta-se de forma mais intensa nos estados das regiões Nordeste e Norte. Em percentuais gerais, a média em Natal no Rio Grande do Norte é de 67,6%, enquanto que em Salvador na Bahia é de 76%, tendo uma predominância ainda superior no estado do Pará, onde a média percentual é de 78,8% e o mesmo é visualizado quando o direcionamento são os idosos, culminando em uma comorbidades severas em união com outras problemáticas que essas localidades enfrentam. Como medida comparativa, as regiões Sul e Sudeste apresentam uma média aproximada de 38,9% dos pacientes internados com desnutrição, com um número ainda menor de 34,8% no Distrito Federal (SOUSA; GUARIENTO, 2009).
Para que um idoso seja considerado como desnutrido, é preciso que os indicadores utilizados na análise evidencie um dos parâmetros pertinentes, tais quais:
Perda de peso involuntária de aproximadamente 5% em um mês, 7,5% em três meses e 10% em 6 meses; Peso baixo para a altura, inferior a mais de 20% do peso corporal ideal; Índice de massa corporal (IMC) menor que 22 kg/m2; Albumina sérica abaixo de 3,5 mg/dl; Nível de colesterol sérico total inferior a 160 mg/dl; Mudança do estado funcional: de independente para dependente; Ingestão alimentar inadequada; Circunferência muscular do braço inferior ao percentil; Prega cutânea tricipital menor que o percentil 10 ou maior que o percentil 9524 (SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 47).
As alterações fisiológicas frequentemente diagnosticadas pelo nutricionista e médicos em âmbito hospitalar resume-se ao sistema sensorial em função do consumo de fármacos, o envelhecimento natural, enfermidades, transtornos, má alimentação, pós-cirurgias, etc. Em complemento, há outros sintomas fisiológicos sentidos neste quesito:
As sensações de paladar, odor, visão, audição e tato diminuem em proporções individuais. A disgeusia e a hiposmia têm seu início por volta dos 60 anos e agravam-se com a idade, principalmente após os 70 anos.16 A reduzida habilidade em detectar odores e gostos pode não apenas reduzir o prazer associado à alimentação, como também prejudicar a correta seleção do alimento saudável, aumentando os riscos de envenenamento alimentar, ingestão de alimentos deteriorados por microrganismos ou exposição a substâncias químicas tóxicas do ambiente (PEREIRA et. al.,2006, p. 161).
Similarmente, estes enfraquecimentos culminam em demais malefícios em nível metabólico, tais como: produção excessiva de salivas, excreções no pâncreas e secreções gástricas. Conforme ressalta Pereira et. al. (2006), a saúde oral tem uma incidência direta para com a desnutrição observada em idosos, ao mesmo tempo que a perda da “audição e visão também podem influenciar no reconhecimento e escolha alimentares, além de limitar fisicamente o indivíduo que prepara as próprias refeições, diminuindo a ingestão adequada de nutrientes” (PEREIRA et. al.,2006, p. 161).
A má saúde bucal, por sua vez, pode ser averiguada como decorrente do desajuste de próteses dentárias, inflamações periodontais e a ampliação de cáries dentárias. Os sintomas da boca seca, também chamada e xerostomia , chegam a afetar cerca de dois terços dos idosos, incidindo diretamente na dificuldade de mastigação. Esse fator corrobora para que o idoso tenha que evitar diversos alimentos que apresentem uma menor concentração de água, o que acarreta no desequilíbrio nutricional (PEREIRA et. al.,2006).
Da mesma forma, a deglutição mostra-se como uma dificuldade comum em pacientes geriátricos. Para Fidelix et. al. (2013), “a deglutição é o processo dependente de estruturas como a cavidade oral, faringe, laringe e esôfago, que leva o alimento até o estômago em uma consistência apropriada, e uma das doenças decorrentes da deglutição, é a disfagia, que vem sendo relacionada fortemente a desnutrição” (FIDELIX et. al., 2013, p. 64).
A subnutrição tem sido tratada como uma das principais causas da mortalidade na população acima de 60 anos, até mais do que o sobrepeso por conta dos fatores de risco associados, assim como a desigualdade social, as adversidades físicas e mentais, a depressão, a desidratação, e a fragilidade. De modo secundário, os casos que tornam-se severos podem chegar até a anorexia, problemas relacionados à flora intestinal e até mesmo ao alcoolismo (PEREIRA et. al., 2006).
Segundo Pereira et. al. (2006), são as demais problemáticas visualizadas em idosos com magreza exacerbada: “pequena variedade de alimentos, enfermidades que elevam as necessidades nutricionais ou interferem na utilização de nutrientes, falta de exposição à luz solar, acuidade reduzida do paladar, problemas orais (boca seca, infecção, edentulismo, dentaduras não ajustadas, dificuldades de deglutição) e uso de fármacos” (PEREIRA et. al., 2006, p. 163).
Enquanto isso, a predominância do baixo peso é vista nas idades mais avançadas, sobretudo em mulheres. A preocupação, neste quesito, se dá pela presença na faixa percentual entre 10 a 19% que indica a condição de pobreza a partir do que é definido pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A precariedade incide em outras questões de forma negativa nesta faixa etária, demonstrando a necessidade de uma identificação prévia para que os perigos sejam reduzidos satisfatoriamente (PEREIRA et. al., 2006).
Em dados recentes, os transtornos nutricionais durante o envelhecimento são comuns, da mesma forma, quanto ao sobrepeso. A parte majoritária dos casos é apontada em regiões dissemelhantes à subnutrição, tendo maior incidência nas áreas urbanas dos estados da região Sudeste e Sul do país, em especial nos círculos familiares onde existe uma renda superior, um elevado índice de escolaridade e moradias próprias. A prevalência também é consequentemente mais comum em mulheres do que nos homens em uma faixa etária avançada de 65 e 74 anos de idade. Em especificação, os percentuais são de 50,2% em mulheres e 30,4% para homens (PEREIRA et. al.,2006).
Ainda sobre a obesidade em idosos, de forma análoga à desnutrição, faz-se necessário compreender:
Os dados são preocupantes, visto que a obesidade influencia adversamente a pressão arterial sistêmica, o metabolismo da glicose e os lipídeos sanguíneos, podendo propiciar o surgimento de enfermidades crônico degenerativas e sua consequente redução da capacidade anátomo-funcional. Ainda não há dimensão do impacto do sobrepeso e da obesidade na longevidade, embora diversos estudos mostram que o alto IMC atua como fator protetor do risco de mortalidade em indivíduos acima de 70 anos (PEREIRA et. al.,2006, p. 162 a 163).
Nesta conjuntura, os medicamentos apresentam um papel influente e por esse motivo faz jus a uma análise mais aprofundada por parte do nutricionista. A utilização frequente de remédios costuma ser bastante expressiva nesta faixa etária, seja em homens ou em mulheres, sendo que a maior parte precisa do consumo diário de, pelo menos, um medicamento, enquanto que o número idosos que precisam de 5 ou mais fármacos diários já é cerca de um terço dos brasileiros nesta idade. Por conseguinte, os efeitos secundários devem ser considerados durante a avaliação:
[…] o uso dos medicamentos varia conforme a idade, o sexo, as condições de saúde e outros fatores de natureza social, econômica ou demográfica. Atualmente, essa prática tem gerado preocupação quanto aos gastos excessivos e aos possíveis efeitos, benéficos ou indesejáveis. O uso de vários tipos de fármacos concomitantemente por idosos aumenta a incidência de interações medicamentosas, efeitos colaterais e complicações por uso inadequado. Com o envelhecimento, diminui a massa muscular e a água corporal; com isso, o metabolismo hepático, os mecanismos homeostáticos, bem como a capacidade de filtração e de excreção renal, podem ficar comprometidos. As mudanças fisiológicas que acompanham o processo de envelhecimento influenciam as concentrações de medicamentos e seu metabolismo, de forma que a polifarmácia e a interação entre duas ou mais drogas podem influenciar negativamente a capacidade funcional, bem como a habilidade psicomotora e cognitiva dos idosos, aumentando o risco de acidentes, ferimentos, isolamento e, finalmente, institucionalização. Além disso, os efeitos secundários de fármacos, como xerostomia, sialorréia, alterações do paladar, diminuição da sensibilidade olfativa, acloridria, diarreia, constipação, entre outros, podem causar limitações na ingestão alimentar e provocar alterações no estado nutricional do idoso, que pode já estar agravado por outras intercorrências do processo de envelhecimento. Adicionalmente, o fármaco pode ter sua biodisponibilidade afetada pelos nutrientes, bem como pode comprometer a absorção destes, agravando o estado de má nutrição (PEREIRA et. al.,2006, p. 162).
Aliás, os fármacos compreendem efeitos considerados como adversos à nutrição, bem como a redução da absorção intestinal, a depleção de eletrólitos, a propensão ao desenvolvimento da gastrite, úlceras, osteoporose, etc. Pereira et. al. (2006) ressalta que “a múltipla prescrição medicamentosa e as interações entre medicamentos e nutrientes podem tornar delicado o manejo nutricional no idoso, contribuindo para o desenvolvimento de quadros de desnutrição” (PEREIRA et. al.,2006, p. 162).
As dificuldades encontradas no momento de compreender dados sobre os perfis dos idosos perante o campo nutricional estão interligadas paralelamente a diversos métodos que exigem uma ampla averiguação do profissional. Logo, a avaliação nutricional permanece sendo imprescindível para entender o perfil nutricional da terceira idade. No Brasil, vê-se a predominância da desnutrição até mesmo em pesquisas antigas, onde em 2005 a média percentual em idosos era de 15,1%. O número demonstra-se ainda superior quando a fonte de comparação são os pacientes geriátricos, onde os percentuais verificados foram de até 59,4% em homens e 42,2% entre as mulheres (SANTOS et. al., 2010).
A equiparação entre ambos os sexos também representa um índice elevado de desnutrição em pacientes internados, da mesma maneira que os idosos em alto risco nutricional, podendo ser acometidos por problemas severos. Em contrapartida, os idosos septuagenários e octogenários demonstram-se propensos a desnutrição por diferentes aspectos, dentre eles a falta de apetite (SANTOS et. al., 2010).
2.2. Caracterização da Desnutrição e as Implicações na Qualidade de Vida do Idoso
Os idosos que foram identificados com desnutrição geralmente estão sob forte risco perante as demais faixas etárias, embora esse desequilíbrio nutricional tenha pontos negativos severos à saúde de crianças, adolescentes e adultos. Caso este transtorno seja averiguado em idade avançada, por sua vez, estabelece-se medidas por parte do nutricionista que revertam tal cenário, já que a perda de massa magra afeta a qualidade de vida do idoso.
Determinar a situação nutricional do idoso é o primeiro passo, seja em casos leves ou até mesmo em pacientes que encontram-se em leitos hospitalares. A intervenção neste âmbito serve para indicar medidas que suplementam o idoso até que o mesmo atinja um estado nutricional classificado como aceitável. Casos que tenham chegado até níveis severos, devem manter um contato frequente com um profissional da nutrição (SOUSA; GUARIENTO, 2009).
O avanço da idade alcança patamares diferenciados em relação à saúde nutricional, onde há desde a diminuição da massa muscular, também chamada de massa magra, até a ampliação das células adiposas. Ademais, a desnutrição está fortemente relacionada com problemas nos batimentos cardíacos que podem culminar em uma diminuição considerável do fluxo sanguíneo (FIDELIX et. al., 2013).
A anorexia, quando causada pela diminuição do apetite ou demais questões similares, acaba influenciando na fragilidade dos ossos e na evolução da sarcopenia acima do que o organismo já predispõe-se espontaneamente. Este aspecto amplifica os perigos quanto a quedas causadoras de lesões, fraturas e podendo chegar até ao óbito (FIDELIX et. al., 2013).
Em harmonia com PEREIRA et. al. (2006), apesar da atividade pancreática ser mantida durante o envelhecido, o “fígado pode sofrer várias alterações, como diminuição do peso e do número de hepatócitos, com aumento do tecido fibroso, interferência na biotransformação de drogas, na síntese proteica, no metabolismo das lipoproteínas e na secreção biliar (PEREIRA et. al.,2006, p. 161).
No demais, os índices de insulina tendem a aumentar com a chegada da terceira idade, ao passo que a sensibilidade registra uma intensa diminuição. Fidelix et. al. (2013) aponta a incidência da “redução na degradação da insulina, no número de receptores na membrana celular dos tecidos-alvo e na velocidade na liberação da insulina” (FIDELIX et. al., 2013, p. 64).
Em acréscimo, é preciso ressaltar as ações da desnutrição em idosos quanto ao estômago e intestinos:
No estômago, o envelhecimento está associado a alterações secretoras e morfológicas, como degenerações, redução na secreção de ácidos, pepsina e atrofia da mucosa; com essas alterações se dá significativa redução na absorção de vitaminas e minerais como B12, ferro, cálcio e zinco 28. Durante o envelhecimento, o campo de absorção do intestino delgado vai diminuindo com a redução da altura das vilosidades, o que resulta em menor absorção de alguns micronutrientes, como o cálcio e o ferro. Queixas clínicas como constipação e fecaloma são comuns nesse período, aumentando também a incidência de diverticulose (FIDELIX et. al., 2013, p. 64).
Sinteticamente, é plausível citar que o envelhecimento apresenta manifestações naturais comumente confundidas com os sintomas da desnutrição:
Os sinais e sintomas do processo de envelhecimento são facilmente confundidos com a desnutrição e, dessa forma, as intervenções muitas vezes são inadequadas e menos potentes do que poderiam ser. Através de uma intervenção nutricional individualizada, realizada depois de adequada avaliação do estado nutricional; e, quando necessário, das doenças existentes, será possível reverter, em grande número de casos, um quadro de desnutrição e, consequentemente, contribuir para proporcionar ao paciente idoso o restabelecimento de suas funções orgânicas (SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 49).
A despeito da intervenção nutricional dentro do campo da Geriatria, existe uma objetivação quanto ao controle de patologias e transtornos múltiplos derivados de alterações em níveis psicológicos, físicos e biológicos em derivação ou em harmonia com as funções do processo de envelhecimento. A pirâmide alimentar demonstra-se como uma proposta atrativa diante de pacientes de 70 anos ou mais. Neste conjunto de medidas, apresentam-se as seguintes orientações:
Ingestão de alimentos ricos em fibras, com baixa concentração de gorduras e açúcares refinados e ingestão das quantidades superiores ao número de frações diárias de cada grupo de alimentos; Consumir diariamente oito copos de água; Possível necessidade de suplementar à dieta com cálcio e vitamina D (para reduzir o risco de fraturas ósseas) e vitamina B12; Nos grupos de alimentos, devem-se consumir alimentos integrais, produtos lácteos com pouca gordura, carnes magras, pescados e aves (SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 48).
Não obstante, a suplementação de minerais e vitaminas complementar a dieta no dia a dia de uma pessoa com saúde regular, sobretudo quando a alimentação convencional não consegue suprir os níveis necessários. Porém, abre-se uma atenção secundária quanto a fórmula destes suplementos, onde a DRI (Ingestão Dietética Recomendada) não deve exceder as doses indicadas aos alimentos ou ser a base geral da dieta do paciente geriátrico. A legislação que rege a liberação destes produtos deve legalizar o consumo de acordo com as análises clínicas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Ministério da Saúde (MS), para que o mesmo seja considerado um suplemento válido à ingestão humana, independentemente se é classificado como vitaminas ou minerais associados/isolados (SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 48).
A suplementação oral, por sua parte, condiz com a demanda dos idosos tanto por micronutrientes quanto por macro nutrientes. Entretanto, uma alimentação balanceada se faz essencial em todas as fases da vida, enquanto que as controvérsias geradas pela desnutrição podem ser reduzidas por esse tipo de alimentação complementar. Diante do cenário exposto acima, é notório que o nutricionista esteja presente no acompanhamento nutricional para orientar os níveis diários que a dieta de cada idoso sugere (SOUSA; GUARIENTO, 2009).
A dieta oral pode ser pouco aceita em alguns grupos específicos de pacientes geriátricos ou até mesmo em idosos regulares que encontram-se em casos leves de desnutrição. A razão desta negação costuma variar, porém os motivos mais comuns consistem em: problemas gastrointestinais, falta de vontade para se alimentar e má digestão. Igualmente, os quadros clínicos mais severos demonstram inflamação sistêmica capaz de gerar outras consequências, bem como: lipólise aguda, ampliação do catabolismo proteico, hiperglicemia e hipermetabolismo (MACEDO, 2018).
Estritamente no Brasil, os dados recentes apontam para uma ligeira diminuição do nível do risco de morte pela subnutrição, o que se deve ao maior acesso a alimentos saudáveis, porém essa singela alteração ainda não demonstra-se em larga escala, o que pode ser justificado pelas desigualdades e questões socioeconômicas em relação ao alimento que chega na mesa das famílias brasileiras. A vulnerabilidade advém de aspectos adicionais, como é o caso da redução do paladar e a polimedicação (PRAÇA et. al., 2015).
A depressão é vista como outro elo decisivo para a condição nutricional de idosos, derivando da solidão ou outras variáveis e por isso o acompanhamento psicológico é de grande valia para que surjam melhorias neste quesito. Logo, o trabalho da nutrição está no amparo deste indivíduos, deste a compreensão dos primeiros sintomas até gerar um auxílio inicial. A nutrição combate estes sintomas secundários e ajuda a propiciar uma melhor qualidade de vida ao curto e ao longo prazo (PRAÇA et. al., 2015).
Os efeitos diretos da desnutrição são frequentemente mais vistos em pacientes idosos do que em outras faixas de idade, onde também é preciso evidenciar as maiores incidência das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Lastimavelmente, este cenário perdurou por décadas e no âmbito hospitalar os números são ainda mais inadequados (MACEDO, 2018).
A fragilidade, por sua parte, acarreta em condições similares ao agravamento da desnutrição, porém está relacionada à demais aspectos, tais como “as condições socioeconômicas e de saúde desfavoráveis como renda insuficiente, baixo nível educacional, percepção negativa de saúde, incapacidade funcional, institucionalização, quedas, presença de comorbidades, doenças agudas e hospitalização em populações idosas de diversos países e no Brasil” (GUERRA et. al., 2013, p.1632).
A desnutrição em casos severos capazes de intensificar a fragilidade corpórea de idosos pode favorecer a queda com consequências que vão além de lesões leves, como é o caso da perda da consciência e outros danos diretos ao cérebro. Segundo a visão de Vieira (2013), “A prevalência nacional do evento queda se assemelha às tendências internacionais” (VIEIRA, 2013, p. 19).
Partindo deste pressuposto, existem dados fundamentais a esta temática que evidenciam os problemas da queda em idosos. Primordialmente, prevalece-se as indicações de que cerca de um terço dos idosos acima dos 65 anos são acometidos por uma queda ao ano, ficando ainda mais propensos a idosos octogenários. Deste índice citado, cerca de 40% das quedas resultam em lesões mais graves, como é o caso de fraturas e entorses. A recorrência das quedas também é um ponto a ser destacado, uma vez que o idoso fica propenso a pioras em seu quadro. Para além disto, as razões frequentemente constatadas sucedem através de idosos que demonstram desnutrição ou obesidade em níveis dissemelhantes (VIEIRA, 2013).
Constata-se, similarmente, que o desencadeamento da fragilidade pronuncia-se como uma síndrome de natureza biológica, onde há uma insuficiência por parte de organismo por manter a homeostase, resultando no que é chamado de instabilidade homeostática. Embora seja resultante de motivos singulares, a queda ainda é dificilmente trabalhada durante a triagem quanto às características do paciente, sendo de incumbência do nutricionista amplificar tais pontos determinantes. Por outro lado, os aspectos mais comuns que vão além da desnutrição definem-se como: fadiga, falta de equilíbrio, inconstância cognitiva e baixa na articulação motora (VIEIRA, 2013).
Em escala internacional, a desnutrição está entre os problemas que mais assolam os países latinos, onde aproximadamente 50% dos indivíduos hospitalizados apresentam algum grau de desnutrição, mesmo que seja de forma singela, acarretando em outros obstáculos. Todavia, demais estudos em países desenvolvidos como Suécia e Estados Unidos, evidenciam os mesmos problemas relacionados aos idosos subnutridos ou com outros transtornos alimentares, porém em uma incidência próxima aos 30% (DIAS; BURGOS, 2009
Dentro do campo hospitalar, as medidas indicadas para reduzir a taxa de mortalidade e demais adversidades posteriores remetem aos cuidados durante o pré operatório. Estas ações tendem a reduzir o tempo de internação dos indivíduos com déficits nutricionais à medida que são acompanhadas pela terapia nutricional. As ações precoces, portanto, são inexoráveis aos idosos que se enquadram neste quesito (DIAS; BURGOS, 2009).
A complexidade da avaliação nutricional está relacionada com a identificação de pacientes que possam encarar obstáculos em sua saúde em função da desnutrição. Neste contexto, abre-se espaço para a aplicação de avaliações adequadas para cada situação envolvendo idosos, desde uma terapia nutricional leve até intervenções em casos severos de demanda pela atuação do nutricionista para a reversão completa. Isto posto, o campo nutrição é abrangente e por isso há três avaliações substanciais: Avaliação Antropométrica, Avaliação Bioquímica e a Avaliação Nutricional Subjetiva.
Sucintamente, tais avaliações promovem a fragmentação das averiguações, permitindo que o profissional vá além das questões biológicas ou da doença, para alcançar as práticas pessoais e vícios do indivíduo, desde a prática ou não de atividades físicas, o acometimento de bebidas alcoólicas, fumo e/ou uma dieta inadequada. Assim, compõe-se uma avaliação heterogênea vantajosa para a compreensão deste grupo etário e associando suas condições singulares.
A Avaliação Antropométrica, trata-se de uma aferição nutricional destinada aos idosos que se encontram internados em um hospital, independentemente do nível clínico. Essa metodologia não invasiva é considerada como uma das mais eficientes pela facilidade da aferição, baixo risco ao paciente e aferição oportuna dos resultados, sendo o IMC o exemplo mais comum. A antropometria serve para denominar o risco nutricional e nortear as ações cabíveis tanto ao médico encarregado pelo paciente como também ao próprio nutricionista para o restante do acompanhamento (SANTOS et. al., 2010).
Em complemento às complicações observadas em decorrência das dissemelhanças estruturais corpóreas nos idosos, verifica-se as indicações de corte para o peso elevado com IMC de 27 ou superior enquanto que o mesmo deve ser aplicado para os casos de baixo índice de peso onde o IMC fica abaixo de 22 (SANTOS et. al., 2010).
Nos casos específicos onde os idosos não podem ser avaliados quanto a condição nutricional por essa modalidade de avaliação, orienta-se ações diretas de acordo com o indivíduo e suas respectivas características.
A medida da envergadura do braço no cálculo do IMC tem uma sensibilidade de 93,5% e especificidade de 82% para o diagnóstico de desnutrição. Para o diagnóstico de obesidade, apresenta sensibilidade de 83% e especificidade de 100%13. A CP é um indicador sensível de alterações musculares no idoso. Trata-se de um procedimento simples, barato e não invasivo e parece ser relevante no diagnóstico da condição nutricional, da capacidade funcional e de saúde. Uma CP inferior a 31 cm é considerada atualmente o melhor indicador clínico de sarcopenia e está relacionado à incapacidade funcional e risco de queda. A circunferência muscular do braço e a área muscular do braço são parâmetros que permitem verificar a quantidade de tecido muscular no idoso. A CB vem sendo empregada para avaliação da desnutrição em idosos e apresenta uma sensibilidade de 89,1%, com valor preditivo negativo de 97,9%, sendo um método confiável para o diagnóstico de desnutrição. As pregas cutâneas estimam a gordura corporal total, uma vez que mais de 50% da gordura do corpo se deposita no tecido subcutâneo. A região do tríceps é o local mais frequentemente utilizado, pois se considera que seja o mais significativo da camada subcutânea de gordura. A CA é usada como um indicador de obesidade e de distribuição de gordura corporal (SANTOS et. al., 2010, p. 171).
Santo et. al. (2010), reafirma que a “A razão cintura/quadril tem sido usada como indicador de obesidade abdominal e expressa o risco de morbidade e mortalidade do indivíduo obeso. Para homens, seu ponto de corte é maior que 1 e, para mulheres, maior que 0,8517” (SANTOS et. al., 2010, p. 171).
Em uma natureza similar, apresenta-se a Avaliação Bioquímica como essencial para analisar a incidência da terapia nutricional perante as adversidades em grau nutricional. A ponderação dos dados obtidos, por sua vez, precisa ser cautelosa e ampla, à medida que em casos inoportunos ela será tida como improcedente. Destarte, a albumina consiste na proteína padrão na avaliação nutricional bioquímica, já que a sua baixa concentração demonstra a existência de alguma modalidade de contratempos clínicos em nível de comorbidade ou mortalidade (SANTOS et. al., 2010). Ademais, os princípios da avaliação bioquímica através da albumina representa limitações durante a aferição da síndrome nefrótica, da hepatopatia e de demais inflamações análogas.
Tanto a pré-albumina quanto a transferrina apresentam um papel relevante dentro da avaliação bioquímica em idosos com sintomas de desnutrição, mesmo em fases moderadas deste distúrbio:
A transferrina e a pré-albumina têm meia-vida de 7 a 8 dias e de 2 a 3 dias, respectivamente, e têm baixa sensibilidade e especificidade na avaliação nutricional quando utilizadas isoladamente. Uma limitação no uso da transferrina é que ela pode estar aumentada na anemia ferropriva e nas hepatites agudas e diminuída na anemia hemolítica, hepatopatia crônica, neoplasias, inflamação e infecção. A pré-albumina também pode sofrer alterações e está diminuída na inflamação, infecção, estresse e deficiência de zinco. Em relação aos linfócitos, sua contagem reflete indiretamente o estado nutricional do idoso, pois desequilíbrios na ingestão de nutrientes podem causar imunossupressão. A relação CD3/CD4 inferior a 50 também está associada a quadros de déficits nutricionais e de imunossupressão. Quanto à contagem total de colesterol, seu valor alterado pode traduzir aumento de morbidade e mortalidade. Colesterol total abaixo de 160 mg/dl pode ser indício de redução dos níveis de lipoproteínas e, consequentemente, de proteínas viscerais. Sua redução se manifesta tardiamente no curso da desnutrição, limitando seu uso na avaliação nutricional, sendo, assim, mais utilizado como método de prognóstico. Outro indicador de seguimento nutricional é a proteína transportadora de retinol. Sua vida média é de 12 horas e, como os demais parâmetros, tem suas limitações, encontrando-se diminuída na doença hepática, infecção e estresse grave. O índice creatinina-altura é um indicador do catabolismo muscular, não tendo valor prognóstico ou para seguimento nutricional quando utilizado isoladamente. Vitaminas e minerais, como selênio, podem ser utilizados na avaliação nutricional de idosos desnutridos, uma vez que eles podem estar reduzidos à desnutrição. Outros parâmetros bioquímicos podem ser utilizados na avaliação nutricional, como hemograma, creatinina e enzimas hepáticas (SANTOS et. al., 2010, p. 171 a 172).
Ademais, a Avaliação Nutricional Subjetiva ou Avaliação Subjetiva Global (ASG) fundamenta-se no exame físico do idoso com base em uma método de avaliação clínica com enfoque nas modificações funcionais ao mesmo tempo que na composição corporal. Assim como demais as avaliações, essa categoria não é invasiva e ainda consegue dispor de um baixo custo, enquanto sua dissemelhança está na possibilidade de aplicação em idosos hospitalizados, em leitos, no pós operatório ou em demais situações clínicas como também em âmbito domiciliar (SANTOS et. al., 2010).
Posto isto, torna-se necessário avaliar os resultados relacionados à esta modalidade:
Seus resultados podem diferir daqueles encontrados por outros métodos objetivos, pois combinam informações sobre alterações na ingestão de nutrientes, digestão e absorção como seus efeitos na função e na composição corpórea. A ASG vem sendo considerada como o melhor método para iniciar a avaliação nutricional do geronte, em virtude da rapidez da sua realização, do fato de ser de fácil aprendizagem e da validade convergente e preditiva da ferramenta 26,28. O diagnóstico de desnutrição, realizado por meio da ASG, em pacientes geriátricos hospitalizados associou-se à maior mortalidade após a alta hospitalar, assim como à recuperação funcional mais lenta e à maior chance de internações em clínicas geriátricas 29. A complementação da ASG com outras técnicas de avaliação nutricional é sugerida, uma vez que o método não possui sensibilidade adequada para identificar pequenas variações no estado nutricional, não sendo indicado como método de acompanhamento da evolução de paciente em terapia nutricional. A MAN foi criada em 1989 e desde o início foi direcionada aos pacientes idosos. Seu objetivo é avaliar o risco de desnutrição em idosos, assim como identificar aqueles que possam se beneficiar com a intervenção dietoterápica precoce. Pode ser aplicada a idosos em nível ambulatorial, hospitalizados, institucionalizados e em atendimento domiciliar A MAN compreende quatro categorias: avaliação antropométrica, avaliação geral, avaliação dietética e avaliação subjetiva. Pode ser utilizada tanto para triagem como para apreciação diagnóstica. É um método de avaliação simples e rápido. Quando, por meio da sua aplicação, se obtém uma pontuação que indica desnutrição, esta última deve ser mais bem analisada mediante parâmetros bioquímicos e antropométricos. A ASG e a MAN são avaliações consolidadas na literatura, porém não há um padrão-ouro para o diagnóstico de desnutrição. Um estudo prospectivo e randomizado evidenciou que tanto a ASG quanto a MAN representam um bom indicador de risco de desenvolvimento de complicações atribuídas à desnutrição (SANTOS et. al., 2010, p. 172 a 173).
2.3. O Papel do Nutricionista
O nutricionista apresenta-se como um profissional imprescindível dentro e fora do âmbito hospitalar, já que suas ações também são determinantes para precaver os males causados pela desnutrição neste grupo específico para iniciar um tratamento de acordo com o agente causador e, por consequência, prevenir o indivíduo de casos mais graves de patologias ou distúrbios em decorrência ou não da má nutrição.
Na área hospitalar, especificamente, o nutricionista precisa estar presente na triagem nutricional:
É indicado ao nutricionista realizar a triagem nutricional do paciente, porém qualquer membro da equipe multidisciplinar da terapia nutricional ou um profissional da saúde bem treinado pode realizá-la, com base em protocolopre estabelecido, identificando o risco ou a desnutrição, garantindo o registro no prontuário do paciente, devidamente datado e assinado pelo profissional responsável. A avaliação deve ser repetida a cada dez dias, precedendo a indicação da terapia nutricional. A inserção de um método de triagem nutricional para identificação de risco nutricional tem sido recomendada, nacional e internacionalmente, por organizações de especialistas, com o objetivo de avaliar efeitos físicos e fisiológicos adversos de pacientes com doenças crônicas degenerativas e/ou lesões agudas (FIDELIX et. al., 2013, p. 63).
Segundo Macedo (2018), é de grande notabilidade “o reconhecimento das particularidades dos idosos durante o período de internação hospitalar, objetivando a identificação do estado nutricional com a proposição de formas de atendimento diferenciadas, com dietas específicas para essa população de pacientes” (MACEDO, 2018, p. 23).
A partir disto, a qualidade no suporte ao paciente idoso pode ser amplificada pela possibilidade originada de um diagnóstico precoce em harmonia com a diminuição efetiva de complicações no quadro clínico que possam agravar-se até alcançar a morte ou até mesmo sequelas aos pacientes. A propósito, objetiva-se através destas ações, permitir que a alta hospitalar seja mais rápida ao mesmo tempo que evite-se novas necessidades de internações, tendo em vista que a desnutrição está interligada com a complicação de uma série de doenças que são facilmente tratadas em pacientes regulares (MACEDO, 2018).
Os pacientes geriátricos com indícios de desnutrição, principalmente com perda severa de massa magra, dependerão do auxílio do nutricionista de forma inobstante ao local onde se encontra:
[…] dependendo do local onde o ancião se encontra (hospital, domicílio ou instituição de longa permanência) e da técnica aplicada para diagnosticar a desnutrição, a prevalência oscila entre 15 % a 60%. Neste sentido o nutricionista desempenha papel primordial diante dessa realidade, pois ele identifica os casos de grande risco e precocemente, podendo intervir na alimentação para prevenir e controlar o quadro de desnutrição, interferindo também na melhora da evolução da enfermidade. A desnutrição é frequente entre os pacientes internados, sendo alvo de estudos, os quais mostram que a mesma está associada à maior incidência de complicações, mortalidade, tempo de internação e custo hospitalar. Diante deste fato, é importante estabelecer o diagnóstico nutricional do paciente. A literatura internacional mostra várias ferramentas de triagem nutricional validadas. Fatores socioeconômicos e culturais interferem no desempenho dessas ferramentas, e a comparação entre as mesmas é comum, sendo necessário senso crítico sobre o método mais indicado ao ambiente hospitalar. No Brasil ainda não há uma técnica-padrão de triagem nutricional (FIDELIX et. al., 2013, p. 62).
Ademais, reafirma-se as controvérsias como a alimentação de pacientes em idade avançada, que se encontram acamados ou hospitalizados, é feita. À vista destas questões, quando o processo alimentar estiver sendo realizado por parte de cuidadores, observa-se uma enorme carência de treinamentos especializados, já que o número escasso de cuidadores geralmente faz com que o mesmo tenha mais pacientes e, por consequência, ocorra em parte majoritária dos casos a negligência da devida atenção ao processo de alimentação. O estímulo precisa acontecer para que o indivíduo sinta-se despertado para essa atividade pelos benefícios do ato e a ordenação das refeições, por mais que não exista apetite de modo inicial (SILVA et. al., 2020).
Ainda neste quesito, deve-se respeitar as predileções alimentares por parte do paciente, já que este pode sentir repulsa a alguns alimentos por conta de suas preferências pessoais ou até mesmo em razão do tratamento em que o mesmo encontra-se (SILVA et. al., 2020).
Em complemento, a alimentação satisfatória depende da atuação do nutricionista e suas indicações diretas ao cuidador encarregado de alimentar ou observar a alimentação, no caso de idosos que conseguem concluir essa etapa sozinhos. A intervenção nutricional vigora em diferentes ambientações de modo que o risco de uma alimentação indevida seja evitado nos dois extremos, seja na subnutrição ou no sobrepeso, à medida que ambas as conjunturas são negativas ao idoso (SILVA et. al., 2020).
Por mais que existam resistências ou negações completas quanto ao processo definido pelo nutricionista, visualiza-se mudanças eficientes quanto às ações diretas do nutricionista tanto em pacientes saudáveis que buscam uma prevenção quanto em idosos que já se encontram internados. Logo, a perda de massa magra precisa ser combatida para não prejudicar outros campos complexos do paciente (SILVA et. al., 2020).
Em conformidade com Silva et. al. (2020), é de incumbência do nutricionista e da “equipe interdisciplinar em saúde para a superação da vulnerabilidade nutricional dos idosos institucionalizados (SILVA et. al., 2020, p. 12).
Segundo dados obtidos em uma pesquisa de Silva et. al. (2020) sobre as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), contatou-se há alterações vantajosas na comparação entre as inconstâncias obtidas entre os diferentes níveis das “médias do peso, IMC e %CB, embora sem significância estatística. Porém, a ausência de associação não refuta a importância das intervenções nutricionais para a melhora do estado nutricional dos idosos, uma vez que, foi claro a mudança positiva nas médias e na melhora nutricional gradual dos participantes” (SILVA et. al., 2020, p. 11). Dentro destes aspectos, verificou-se que a suplementação oral forma-se com uma efetividade superior onde há uma fórmula rica em vitaminas e proteínas. Ainda nesta pesquisa, essa composição demonstrou resultados ao curto prazo como a diminuição em enfermidades como também durante longos períodos, prevenindo lesões e fraturas decorrentes de quedas ou da fragilidade estrutural óssea.
Para além disto, a análise de bioimpedância (BIA) precisa ser dominada pelo profissional da nutrição pode se tratar de:
[…] um método rápido, não invasivo e relativamente barato para avaliar a composição corporal do idoso. Tem como finalidade estimar a água corporal total e, a partir disso, a massa fica isenta de gordura. A BIA não requer alto grau de habilidade do avaliador, é confortável, não invade a privacidade do indivíduo, pode ser utilizada na avaliação da composição corporal de indivíduos obesos e possui equações específicas a diferentes grupos populacionais. Algumas desvantagens podem ser consideradas: depende de grande colaboração por parte do avaliado; apresenta custo mais elevado que as outras técnicas duplamente indiretas; é altamente influenciada pelo estado de hidratação do avaliado e nem sempre os equipamentos dispõem das equações adequadas aos indivíduos que se pretende avaliar (SANTOS et. al., 2010, p. 173).
A sarcopenia tem sido evidenciada pelo crescimento na população de idosos brasileiros, onde pode ser visto um aumento considerável do índice de perda da massa magra, principalmente por razões naturais do envelhecimento, mas também em relação aos outros pontos de influência.
Os demais comprometimentos da perda de massa magra diante da função muscular estão “associados às doenças agudas ou crônicas, às hospitalizações por trauma ou por cirurgia e à inatividade, podem acelerar o declínio da força muscular” (PÍCOLI et. al., 2011, p. 459).
Sobre as causas científicas da sarcopenia, é válido ressaltar:
[…] a etiologia da sarcopenia é multifatorial, ou seja, dependente/proveniente de múltiplas causas, provavelmente interligadas, que interferem no seu desenvolvimento e progressão. Dentre elas, destacam-se o próprio envelhecimento, aspectos genéticos, fatores sociodemográficos, estilo de vida e determinadas condições de saúde. Esse modelo causal complexo, que associa diversos componentes de forma dinâmica, constitui os determinantes dessa síndrome. Além disso, as divergências técnicas e metodológicas existentes para o diagnóstico dificultam a avaliação, a comparação entre estudos e a determinação de políticas direcionadas à prevenção e ao tratamento da sarcopenia (CONFORTIN et. al., 2018, p. 3 a 4).
Os fatores que derivam deste processo representam atividades econômicas, sociais e comportamentais, além de estar diretamente ligado à esfera da saúde. Contudo, são poucos os estudos que avaliam a incidência da sarcopenia em idosos com mais de 60 anos. A perda de massa marca é um aspecto determinante para demais características do indivíduo, já que esse ponto incide no bem estar do indivíduo e pode iniciar em qualquer etapa da vida, embora seja na terceira idade onde os efeitos são mais extensivos (CONFORTIN et. al., 2018).
Já a sarcopenia do envelhecimento detém características próprias:
A sarcopenia do envelhecimento está associada ao declínio progressivo da massa e, consequentemente, da função muscular (força, potência e resistência). Esse déficit pode ser relacionado a uma contração muscular inadequada, seja em função de alterações nas proteínas actina e miosina ou por um estresse oxidativo nas células. O início e a progressão dessa perda muscular estão relacionados à perda de miócitos via apoptose, essa perda é mais pronunciada nas fibras do tipo II (PÍCOLI et. al., 2011, p. 459).
A sarcopenia é apresentada como uma parte notória dentro da nutrição em idosos:
Com a idade, há um aumento na massa de gordura corporal, especialmente com o acúmulo de depósitos de gordura na cavidade abdominal, e uma diminuição da massa corporal magra. Essa diminuição ocorre basicamente como resultado das perdas da massa muscular esquelética. Essa perda, relacionada à idade, foi denominada “sarcopenia”. O desenvolvimento da sarcopenia é um processo multifatorial que inclui inatividade física, unidade motora remodelada, nivelação de hormônio diminuído e diminuição da síntese de proteína. A sarcopenia estabelece seus sintomas principalmente em indivíduos fisicamente inativos, mas também é vista em sujeitos que permanecem fisicamente ativos ao longo de suas vidas, com isso corroboram fatores pertinentes à saúde pública. Diversos autores verificaram que o treinamento de força pode minimizar ou retardar o processo de sarcopenia para obter significantes respostas neuromusculares (hipertrofia muscular e força muscular), por meio do aumento da capacidade contrátil dos músculos esqueléticos. Estudos epidemiológicos sugerem que diferentes fatores contribuem para o desenvolvimento da sarcopenia, incluindo alterações hormonais, perda de neurônios motores, nutrição inadequada, inatividade física e baixo grau de inflamação crônica. Essas alterações têm sido apresentadas até mesmo em indivíduos saudáveis, fisicamente ativos, resultando em perda da massa muscular de, aproximadamente, 1% a 2% por ano, a partir dos 50 anos de idade. A diminuição da força e da potência do músculo pode influenciar na autonomia, no bem-estar e na qualidade de vida dos idosos (9) (PÍCOLI et. al., 2011, p. 456).
Outrossim, a identificação de sarcopênicos é tão relevante quanto a averiguação de obesos, uma vez que em ambos os casos a gordura e a massa corpórea estão associadas a limitações tanto em homens quanto em mulheres (PÍCOLI et. al., 2011).
As quedas apresentam-se como uma constante em idosos diagnosticados com indícios fortes quanto à sarcopenia. Segundo a visão de Pícoli et. al. (2011), “a sarcopenia ocorre principalmente pela diminuição do peso muscular e diminuição da área de secção transversal. Consequentemente, o idoso terá menor qualidade em sua contração muscular, menor força, menor coordenação dos movimentos e, provavelmente, maior probabilidade de sofrer acidente” (PÍCOLI et. al., 2011, p. 459).
A redução na força em idosos também é incorporada pela sarcopenia, no entanto, é visto uma sucessão após os 50 anos e a tendência é representada na diminuição em uma escala que varia de 8% ate 15% em um período de 10 anos (PÍCOLI et. al., 2011).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As implicações da perda de massa magra em idosos são devastadoras à qualidade de vida dos mesmos, seja nas primeiras averiguações próximo aos 60 anos ou até mesmo quando o paciente geriátrico já é considerado como octogenário.
À medida que a idade avança, os indivíduos com peso abaixo do indicado como regular começam a demonstrar maiores propensões a patologias e demais distúrbios. Isso acontece pela fragilidade obtida em seu tecido e ossos, enquanto quanto maior for a gravidade, consequentemente mais árdua será a atuação do profissional da nutrição.
Notou-se, de modo similar, a relevância da MNA por ser uma ferramenta extensiva para a triagem nutricional de idosos. No seguimento deste estudo, tal metodologia mostra-se como a mais apropriada por estar apta a ser aplicada tanto na comunidade de uma maneira geral como em instituições de regime integral para a terceira idade e hospitais.
Contatou-se ainda, que outros métodos são de grande valia para a triagem nutricional, porém de forma mais específica. Diante disso, cabe ao nutricionista entender o caso específico do paciente geriátrico para enfim determinar a medida apropriada ao tratamento. Isto é, a avaliação trata-se apenas do primeiro passo tendo em vista a gravidade de algumas especificidades.
O tratamento nutricional precoce é outro fator a ser considerado como assertivo pois facilita o processo e evita casos de longa permanência por parte do idoso quando este precisar passar por processos hospitalares, trazendo economia de recursos e reduzindo os riscos de agravamento ao mesmo. Devido ao elevado número de idosos que precisam passar por operações, evidencia-se a notabilidade de um pós-operatório mais robusto na atuação do nutricionista. Em contrapartida, o déficit nutricional causa a desnutrição ao longo prazo, comprovando a carência por medidas ao indivíduo logo no primeiro sintoma, independentemente se ele é identificado na infância ou já na fase adulta.
4. CONCLUSÃO
Diante dos dados obtidos nesta pesquisa, o crescimento exponencial da população idosa no Brasil, também resultou na elevação significativa do número de problemas relacionados à desnutrição.
Uma das principais causas que resultam na desnutrição de idosos estão interligadas à má alimentação durante longos períodos. De fato este é um dos principais problemas observados perante a atuação dos nutricionistas, porém as dessemelhanças de faixa etária também influem neste parâmetro em congruência com outros sintomas singulares. Sob o ponto de vista nutricional, é veementemente válido detalhar cada questão que envolve o idoso desnutrido, desde os seus hábitos alimentares, costumes, vícios e o meio onde ele está inserido.
O consumo de alimentos industrializados revolucionou a forma como as pessoas fazem suas alimentações diárias, contudo há os pontos negativos desta prática, bem como a diminuição do contato com alimentos frescos e o crescimento desenfreado da absorção de compostos químicos nocivos ao organismo, sobretudo de idosos que apresentam algum problema de saúde ou predisposição a doenças de dissemelhantes segmentos.
Essa busca tem sido observada por conta de situações domiciliares adversas, onde os indivíduos estão cada vez menos propensos a preparar suas refeições pela rotina, recorrendo aos alimentos pré-prontos e processados. Para tanto, estimular os jovens e adultos a ter uma alimentação pertinente às suas necessidades nutricionais acarretará em benefícios no futuro. Terminantemente, cada um dos objetivos específicos detalhados na etapa inicial da pesquisa foram alcançados conforme o esperado. De modo análogo, esse resultado foi concebido pelo auxílio teórico de autores clássicos da Nutrição como também de pesquisas práticas nacionais.
A supervisão ao idoso deve estar firmada nas diretrizes da OMS ao mesmo tempo que precisa cumprir com a legislação brasileira quanto aos direitos do idoso. Sendo assim, amplificar a qualidade de vida ao idoso parte do acesso a uma alimentação equilibrada.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, A. S.; CARDOSO, A.; WILDNER, D. P. da S. OLIVEIRA, O. D. de; NINK, F. R. de O. Risco de Desnutrição em Idosos de Um Município da Região Norte do Brasil. Vol.32, n.3, pp.19-25. 2020. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/. Acesso em: 14 jan. 2025.
CINTRA, K. L.; NASCIMENTO, C. R. B. SOUZA, I. F. de. Fatores que afetam o consumo alimentar e nutrição do idoso – Revisão integrativa. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 12, Vol. 02, pp. 129-143. 2020. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/. Acesso em: 27 jan. 2025.
CONFORTIN, S. C.; ONO, L. M.; BARBOSA, A. R.; D’ORSI, E. Sarcopenia e sua associação com mudanças nos fatores socioeconômicos, comportamentais e de saúde: Estudo EpiFloripa. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil. Cad. Saúde Pública, 2018. Disponível em: http://cadernos.ensp.fiocruz.br/. Acesso em: 18 jan. 2025.
DIAS, C. de A.; BURGOS, M. G. P. de A. Diagnóstico Nutricional de Pacientes Cirúrgicos. ABCD Arq. Bras Cir. Dig. 2009;22(1):2-6. Disponível em: https://www.scielo.br/. Acesso em: 05 jan. 2025.
FIDELIX, M. S. P.; SANTANA, A. F. de F.; GOMES, J. R. Prevalência de desnutrição hospitalar em idosos. RASBRAN – Revista da Associação Brasileira de Nutrição. São Paulo, SP, Ano 5, n. 1, p. 60-68, Jan-Jun. 2013. Disponível em: https://www.rasbran.com.br/. Acesso em: 09 jan. 2025.
GARCIA, C. A.; MORETTO, M. C.; GUARIENTO, M. E. Estado nutricional e qualidade de vida em idosos. Universidade Estadual de Campinas, Campinas/SP, Brasil. Rev. Soc. Bras Clín. Med. 2016 jan-mar;14(1):52-6. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/. Acesso em: 20 jan. 2025.
GUERRA, R. O., et. al. Prevalência de fragilidade e fatores associados em idosos comunitários de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil: dados do Estudo FIBRA. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 29(8):1631-1643, ago, 2013. Disponível em: https://scielosp.org/. Acesso em: 12 jan. 2025.
MACEDO, A. F. de. Prevalência de Desnutrição entre Pacientes Críticos Idosos e Não Idosos. Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá/MT, 2018. Disponível em: https://bdm.ufmt.br/. 03 jan. 2025.
PEREIRA, E. R. J. C; COTTA, R. M. M. FRANCESCHINI, S. do C. C. Fatores Associados ao Estado Nutricional no Envelhecimento. Rev. Med. Minas Gerais 2006; 16(3): 160-4. Disponível em: http://rmmg.org/. Acesso em: 09 jan. 2025.
PÍCOLI, T. S.; FIGUEIREDO, L. L. de; PATRIZZI, L. J. Sarcopenia e Envelhecimento. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 24, n. 3, p. 455-462, jul./set. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/. Acesso em: 15 jan. 2025.
PRAÇA, I. R.; LOPES, B. S.; VIANNA, L. G.; MORAES, C. F. A idade é fator de risco de desnutrição em idosos institucionalizados? Revista Kairós Gerontologia, pp. 353-360. 2015. São Paulo/SP, Brasil. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/i. Acesso em: 18 jan. 2025.
RIBEIRO, R. R. A.; CARVALHO, V. L. de; GALDINO, S. L. da S.; SOARES, A. R. A. P.; PEREIRA, F. R. A. Desnutrição em Pacientes Idosos Hospitalizados. 2020. Disponível em: https://editorarealize.com.br/. Acesso em: 04 jan. 2025.
SANTOS, A. C. O. dos; MACHADO, M. M. de O.; LEITE, E. M. Envelhecimento e alterações do estado nutricional. Geriatria & Gerontologia. 2010;4(3):168-175. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/. Acesso em: 13 jan. 2025.
SILVA, G. C. da; MESQUITA, B. R. M.; BENFICA, M. E.; FRANÇA, V. F.; CARDOSO, L. G. V. Desnutrição e intervenção nutricional em idosos de uma instituição de longa permanência. Acta Elit Salutis, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 14, 2020. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/. Acesso em: 24 jan. 2025.
SOUSA, C. de; GUARIENTO M. E. Avaliação do idoso desnutrido. Universidade de Campinas (UNICAMP), Campinas/SP. Rev. Bras Clín. Med., 2009; 7:46-49. Disponível em: http://files.bvs.br/. Acesso em: 16 jan. 2025.
TAVARES, E. L.; ANJOS, L. A. Perfil antropométrico da população idosa brasileira. Resultados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 15(4):759-768, out-dez, 1999. Disponível em: https://www.scielo.br/. Acesso em: 28 jan. 2025. .
VIEIRA, R. A. Fragilidade, quedas e autoeficácia em idosos brasileiros: dados da Rede Fibra. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/. Acesso em: 11 jan. 2025.
1Formação acadêmica mais alta com a área: Mestrado em Nutrição – Instituição de formação: Uniasselvi. E-mail: bessa@expressalimentacao.com.br