A DESNUTRIÇÃO EM PACIENTES GERIÁTRICOS: ANÁLISE SOBRE OS IMPACTOS DA PERDA DE MASSA MAGRA EM IDOSOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202501311646


Francisco Xavier Martins Bessa1


RESUMO 

A má-nutrição apresenta-se como um elo circunstancial aos problemas enfrentados  pelos idosos. Este artigo definiu-se através de uma pesquisa qualitativa em harmonia  com uma revisão bibliográfica de cunho comparativo entre os índices de desnutrição  em pacientes geriátricos em âmbito hospitalar, na vida domiciliar e na vivência em  casas de repouso de curta ou longa permanência. Os fundamentos teóricos reuniram se com o auxílio de pesquisas, artigos e obras de autores pertinentes às vastas  derivações da Nutrição, tais como: Araujo, Cardoso, Wildner, Oliveira e Nink (2020),  Cintra, Nascimento e Souza (2020), Dias e Burgos (2009), Fidelix, Santana e Gomes  (2013), Garcia, Moretto e Guariento (2016), Guerra et. al. (2013), Macedo (2018),  Pereira, Cotta e Franceschini (2006), Praça, Lopes, Vianna e Moraes (2015), Ribeiro,  Carvalho, Galdino, Soares e Pereira (2020), Santos, Machado e Leite (2010), Silva,  Mesquita, Benfica, França e Cardoso (2020), Souza e Guariento (2009), Tavares e  Anjos (1999) e Vieira (2013). Averiguou-se, portanto, o destaque da atuação do  nutricionista para identificar os indícios da desnutrição e direcionar os tratamentos.  Originou-se destes pontos as variáveis que envolvem os idosos desnutridos, onde o  intuito principal está em proporcionar uma qualidade de vida satisfatória.  

Palavras-chave: Desnutrição. Pacientes Geriátricos. Massa Magra. 

1. INTRODUÇÃO 

A desnutrição em idosos trata-se de uma questão de elevada seriedade perante  a atual conjectura visibilizada em escala nacional. É fidedigno que se observe fatores  congruentes para essa problemática em diferentes concepções, de modo que o  processo ocorra de forma gradativa. A avaliação nutricional é imprescindível dentro  deste contexto, ainda mais por proceder, de modo majoritário, antecipadamente logo  nos primeiros sintomas. A propósito, o nutricionista responde com um elo essencial  para a identificação da adversidade e suas possíveis causas para dar início ao  tratamento. 

Uma saúde de qualidade origina-se diretamente dos fatores que envolvem o  indivíduo, neste caso o idoso que geralmente encontra-se em situações que agravam  sua manifestação clínica por conta de doenças crônicas ou até mesmo pelo aumento  da letalidade justamente pelas comorbidades. As alterações no organismo do idoso  são resultantes de uma série de fatores específicos que carecem de um detalhamento  direto em função da notabilidade e na influência em níveis dissemelhantes ao  indivíduo. Os estudos focados neste tema são de suma importância para o campo da  Nutrição, uma vez que associam os riscos da desnutrição ao ser humano e as  gravidades majoritárias desta problemática em idosos.  

Neste sentido, os fatores externos são imprescindíveis em uma concepção  geral. Para tal, questões próprias da enfermidade pela qual o indivíduo está passando  ou até mesmo de transtornos como a depressão ou a solidão pela perda do cônjuge  e demais fatores que incidam precisam ser considerados no momento da análise ou  da triagem nutricional.  

Por este ângulo, evidencia-se pontos como a condição financeira e o estilo de  vida como questões a serem destacadas como interligadas à perda de massa magra  durante a terceira idade. De modo parelho, analisar os riscos de desnutrição em  pacientes próximos dos 60 anos de idade mostra-se como indispensável, sobretudo  com o auxílio de ferramentas próprias para esse diagnóstico precoce. 

A nutrição tem o potencial para estimular os idosos a obter uma alimentação  equilibrada a fim de recuperar a massa magra perdida naturalmente ou por demais  razões. Quando o acompanhamento se inicia logo nos primeiros sintomas da  desnutrição, as chances de reversão do quadro em poucas sessões são animadoras.  Mesmo que o paciente se encontre em condições graves, isso também será possível,  porém com ações mais diretas por parte do nutricionista, evitando assim que o idoso  precise passar por situações que afligem sua saúde e garantindo uma melhor  qualidade de vida. 

O objetivo central deste artigo resume-se a identificar os níveis perigosos da  desnutrição em idosos à medida que a idade avança. Em contraponto, torna-se válido  frisar os objetivos específicos: averiguar os principais agentes causadores da  desnutrição em idosos, comparar como os pacientes desnutridos em fase avançada  são acometidos por internações mais longas em relação aos pacientes tidos como  regulares, colocar em fronte a desnutrição junto às demais variáveis observadas  durante a pesquisa, demonstrar as medidas cabíveis de intervenção, entender como as patologias acometem os idosos desnutridos e analisar como a perda de massa  magra pode maleficiar estes indivíduos ao longo prazo. 

A composição teórica fundamentou-se nas obras de autores relevantes dentro  do campo da Nutrição, bem como: Araujo, Cardoso, Wildner, Oliveira e Nink (2020),  Cintra, Nascimento e Souza (2020), Dias e Burgos (2009), Fidelix, Santana e Gomes  (2013), Garcia, Moretto e Guariento (2016), Guerra et. al. (2013), Macedo (2018),  Pereira, Cotta e Franceschini (2006), Praça, Lopes, Vianna e Moraes (2015), Ribeiro,  Carvalho, Galdino, Soares e Pereira (2020), Santos, Machado e Leite (2010), Silva,  Mesquita, Benfica, França e Cardoso (2020), Souza e Guariento (2009), Tavares e  Anjos (1999) e Vieira (2013).  

Estipulou-se averiguar conteúdos recentes, preferencialmente dos últimos 10  anos, contudo salvaguardou-se questões imprescindíveis a esta temática em obras  clássicas anteriores a este período. Este trabalho consiste em uma pesquisa de  natureza qualitativa com base em uma revisão bibliográfica comparativa entre os  níveis de desnutrição em idosos em hospitais e no âmbito domiciliar, tendo enfoque  direto na atuação do nutricionista desde a averiguação do problema até o tratamento  em larga escala. Decerto, é substancial compreender todas as questões que  envolvem a desnutrição em idosos para que as medidas pertinentes sejam realizadas  com a base científica obtida.  

Justifica-se este estudo por esclarecer de maneira ampla os impactos da  desnutrição em pacientes geriátricos, especificamente com mais de 60 anos,  embasando-se em fatores como as complicações em leitos, no pós-operatório,  tratamento de patologias, quedas e demais aspectos influenciados negativamente  pela fragilidade corpórea.  

Firmou-se, portanto, em analisar artigos contextuais e de caracterização quanto  ao tema central. Ante o exposto, intenciona-se colaborar para com outros projetos,  trabalhos e estudos da área da Nutrição que tratem da desnutrição em idosos, mesmo  que seja de forma secundária. 

Sendo assim, espera-se responder aos seguintes questionamentos: Quais são  os sintomas primordiais da desnutrição em idosos? Como a subnutrição pode resultar  em malefícios ao corpo humano? Em qual localidade do país a desnutrição apresenta-se com maior incidência em idosos? Como identificar a perda de massa magra em  pacientes geriátricos? De que modo o nutricionista pode auxiliar no tratamento  precoce deste transtorno?

O Brasil apresenta cerca de 28 milhões de idosos em sua população geral em  números atuais, o que indica uma necessidade incomparável de cuidados que  influenciam positivamente no equilíbrio nutricional, já que as taxas de nutrição  mostram-se as mesmas durante as últimas décadas. 

As decorrências dos fatores de risco desta conjectura demonstram-se como  negativas ao tempo de internação em casos que poderiam ser solucionados sem as  mesmas chances de complicações quando os idosos são identificados como normais  sob o ponto de vista nutricional, totalizando em gastos elevados pela longevidade da  estadia do mesmo em hospitais em relação ao uso de medicamentos, equipamentos  e leitos. 

Partindo deste ponto, o conceito de idoso permite um estudo amplo e que cada  vez mais mostra-se como fundamental para a nutrição, uma vez que as ações que  permeiam esse grupo culminam em fatores determinantes para o sucesso ou não de  um tratamento, bem como para a diminuição de custos derivados de longas  internações ou cuidados que não são demandados em casos de pacientes regulares.  

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 

2.1. A Desnutrição e o Envelhecimento 

O princípio da desnutrição hospitalar relaciona-se com fatores intrínsecos ao  indivíduo em especial os idosos pela reposição nutricional inadequada ou ainda pelas  decorrências da própria doença, embora a perda de massa seja algo proveniente do  envelhecimento, existem ações eficientes para postergar ou até mesmo combater  estes males. Ribeiro et. al. (2020) destaca que a desnutrição em âmbito hospitalar se  deriva de outras questões que demandam por um maior cuidado dos profissionais da  saúde, bem como “alta rotatividade dos funcionários da equipe de saúde, peso e altura  não identificados na admissão, não observação da ingestão alimentar, dieta zero,  retardo do início da terapia nutricional entre outros” (RIBEIRO et al., p. 6, 2020).  

As patologias, distúrbios e outras doenças são ainda mais preponderantes aos  idosos desnutridos. Esse aspecto fica ainda mais evidente em relação ao que é  verificado em pacientes idosos tidos como críticos, ou seja, em situações severas de  doenças, principalmente em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Logo, apenas o  reconhecimento da doença não é suficiente para que o profissional da saúde possa colocar em prática as medidas adequadas, demandando uma maior atenção quanto  a outros aspectos, bem como a faixa etária, as alterações corpóreas e psicológicas,  e, sobretudo, a condição nutricional (FIDELIX et. al., 2013).  

Quando são os idosos o centro destes questionamentos, o déficit de nutrientes  ocasiona de maneira rápida e contínua. Este aspecto incide em casos mais graves e  na dificuldade de recuperação do mesmo, prolongando o tempo de internação ou de tratamento. Para além disto, vê-se de fato um aumento considerável no custo de até  quatro vezes superior no tratamento de pacientes desnutridos em relação aos com  algum grau de desnutrição (RIBEIRO et al., 2020). A avaliação nutricional, por sua  vez, deve ser efetuada em até 72 horas após a internação, independentemente da  faixa etária para visualizar de forma eficaz se há sinais de desnutrição.  

Os pacientes geriátricos precisam ser avaliados através da chamada MNA (Mini  Avaliação Nutricional) por conta da praticidade do método e pela equivalência  simplória que facilita a análise dos dados obtidos. Na saúde pública, o SUS (Sistema  Único de Saúde) é responsável por arcar com todos os custos derivados desta  avaliação nutricional, tanto em jovens quanto em adultos e, acima de tudo, em  pacientes que se encontram em idade avançada, independentemente da idade ou do  quadro clínico:  

[…] entre os idosos, o aumento da prevalência de enfermidades é fator de risco, sendo necessário o conhecimento das doenças, do estado nutricional, das modificações corporais, psicológicas e sociais desse grupo etário. O processo de envelhecimento interfere diretamente no estado nutricional do indivíduo por alterações que ocorrem no organismo, como por exemplo, a falha na mastigação 16. Para a identificação precoce de pacientes  desnutridos e consequente intervenção, além de prevenção da desnutrição, o ideal seria promover a conscientização dos profissionais de saúde quanto aos aspectos nutricionais, implantando a avaliação nutricional como atividade de rotina nos hospitais, e tornando real a cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) dos custos provenientes de avaliação do estado nutricional, assim como dos materiais e equipamentos necessários à aplicação de terapias oral, enteral e parenteral (FIDELIX et. al., 2013, p. 61).  

De forma direta, dentre as mudanças majoritárias que incidem na situação  nutricional do idoso, encontram-se as seguintes modalidades: econômicas, sociais,  psicológicas e fisiológicas. Tais questões promovem déficits pioram os quadros da má  nutrição, podendo ser negativas tanto na obesidade como principalmente na perda de  massa magra (SOUSA; GUARIENTO, 2009). 

Quanto às modificações fisiológicas do envelhecimento, é verossímil ressaltar: 

As alterações fisiológicas do envelhecimento relacionadas à composição corporal e à ingestão alimentar devem ser consideradas. Os idosos apresentam diminuição progressiva da altura (1 a 2cm/década); aumento do peso e do índice de massa corporal (IMC) até os 65 a 70 anos, com redução progressiva após essa faixa etária; alterações da composição corporal, com redistribuição da gordura corporal (redução em regiões periféricas e aumento no interior do abdômen), e diminuição da massa magra e da água corporal, refletindo em redução da taxa de metabolismo basal, além de alterações no sistema digestivo e na percepção sensorial, que incluem menor palatabilidade e menor sensibilidade à sede. Outros aspectos, somados aos fatores já  citados, contribuem para um maior risco de distúrbios nutricionais em idosos: presença de doenças crônicas e de multimorbidades, polifarmácia, comprometimento da ingestão alimentar (dificuldades de mastigação, digestão, disfagia e xerostomia), depressão, alterações da mobilidade com dependência funcional e comprometimento da capacidade cognitiva, além da interferência de fatores sociais, culturais e econômicos. O estado nutricional, importante elemento entre os determinantes de saúde e doença, pode ser avaliado por métodos objetivos e subjetivos, dentre os quais a antropometria, a bioimpedância, os testes bioquímicos, o exame clínico e a avaliação da ingestão alimentar. O uso e a interpretação desses parâmetros apresentam limitações em idosos, sendo importante realizar a avaliação nutricional por meio da associação de vários indicadores, utilizando-se critérios de  diagnóstico e valores de referência específicos para essa faixa etária, quando existirem (GARCIA et. al., 2017, p. 58). 

Para Santos e Machado (2010), tais alterações “que são, na verdade,  fisiológicas e naturais ao processo de envelhecimento, mas que, sem dúvida, o tornam  mais frágil ao desenvolvimento de distúrbios nutricionais e podem, por fim, agravar  seu estado de saúde e levá-lo à morte” (SANTOS; MACHADO, 2010, p. 170 a 171).  

Ainda de acordo com Garcia et. al. (2017), a aferição dentro dos campos da  saúde tinha como centralidade os aspectos diretos, contudo, “observando-se como os  aspectos subjetivos da saúde influenciavam nos indivíduos, passou-se a valorizar a  percepção subjetiva de saúde e, assim, surgiu o conceito de qualidade de vida, com  suas diferentes definições e utilizações” (GARCIA et. al., 2017, p. 58).  

Assim, sempre quando há um estado nutricional modificado eleva-se a  letalidade enquanto a qualidade de vida é negativa, mesmo que esse processo  ocorra lentamente. Apesar da subnutrição liderar os rankings relacionados a tais  problemáticas, vê-se da mesma forma uma enorme consequência advinda da  obesidade e do sobrepeso em idades avançadas. A fragilidade advém dos dois  extremos diagnosticados em estados nutricionais alterados, embora a desnutrição  incida de maneira mais direta (GARCIA et. al., 2017).  

Em síntese, a desnutrição resume-se a um distúrbio gerado a partir da  desproporção dos nutrientes ingeridos na dieta diária do indivíduo. No caso dos idosos, esse desequilíbrio pode estar relacionado ainda a outros pontos que estejam  implicando nesta absorção ao ponto de prejudicar seu organismo amplificando a  necessidade nutricional e originando uma série de mudanças fisiológicas (SOUSA;  GUARIENTO, 2009). Por serem considerados como um grupo de risco em incontáveis  situações, os idosos demandam por uma atenção superior que combata os maus hábitos  alimentares.  

Durante a averiguação das alterações definidas anteriormente, torna-se  importante segmentar a análise por meio de desígnios primários para prosseguir com  os indicadores compatíveis:  

Na verificação das alterações associadas ao estado nutricional, faz-se necessário proceder a avaliação nutricional, cujos objetivos são os seguintes, entre outros: identificar os indivíduos em risco para desenvolver doenças crônicas não transmissíveis; monitorar a eficácia da intervenção dietoterápica. Vários indicadores têm sido propostos para avaliar o estado nutricional, embora eles sejam questionáveis, pois são influenciados por fatores não relacionados à ingestão de alimentos. Os indicadores utilizados são: dados antropométricos (peso, altura, índice de massa corporal, circunferências do braço, panturrilha e abdominal, pregas cutâneas e composição corporal), exame clínico, exames laboratoriais (hemograma, eletroforese de proteínas, balanço nitrogenado, colesterol sérico) e dietéticos (SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 47 a 48).  

Dentre os indicadores destacados, o IMC (Índice de Massa Corporal)  demonstrações com um dos mais empregados durante a especificação dos riscos em  nível nutricional. A aplicação deste indicador antropométrico é usual pelo baixo custo,  facilidade e, principalmente, por não ser um método invasivo. No entanto, estabelece se demais questões durante a aplicação do IMC em idosos pelas contrariedades  observadas:  

[…] em idosos, porém, seu uso apresenta divergências em função do decréscimo de estatura, acúmulo de tecido adiposo, redução da massa corporal magra e diminuição da quantidade de água no organismo. Assim, vem sendo muito discutido o uso do IMC e dos limites de normalidade  adotados para análise de desnutrição, sobrepeso e obesidade em idosos (ARAUJO et. al., 2020, p. 5). 

Para tanto, a aplicação do método IMC em grupos de idosos deve-se  reconhecer os aspectos secundários, segunda o que indica a Organização Mundial  da Saúde (OMS), quanto a notas de corte superiores em relação ao que é praticado  em jovens e adultos regulares (GARCIA et. al., 2017). 

De acordo com dados de Sousa e Guariento (2009), a desnutrição em âmbito  hospitalar no Brasil manifesta-se de forma mais intensa nos estados das regiões  Nordeste e Norte. Em percentuais gerais, a média em Natal no Rio Grande do Norte  é de 67,6%, enquanto que em Salvador na Bahia é de 76%, tendo uma predominância  ainda superior no estado do Pará, onde a média percentual é de 78,8% e o mesmo é  visualizado quando o direcionamento são os idosos, culminando em uma  comorbidades severas em união com outras problemáticas que essas localidades  enfrentam. Como medida comparativa, as regiões Sul e Sudeste apresentam uma  média aproximada de 38,9% dos pacientes internados com desnutrição, com um  número ainda menor de 34,8% no Distrito Federal (SOUSA; GUARIENTO, 2009).  

Para que um idoso seja considerado como desnutrido, é preciso que os  indicadores utilizados na análise evidencie um dos parâmetros pertinentes, tais quais: 

Perda de peso involuntária de aproximadamente 5% em um mês, 7,5% em três meses e 10% em 6 meses; Peso baixo para a altura, inferior a mais de 20% do peso corporal ideal; Índice de massa corporal (IMC) menor que 22 kg/m2; Albumina sérica abaixo de 3,5 mg/dl; Nível de colesterol sérico total inferior a 160 mg/dl; Mudança do estado funcional: de independente para dependente; Ingestão alimentar inadequada; Circunferência muscular do braço inferior ao percentil; Prega cutânea tricipital menor que o percentil 10 ou maior que o percentil 9524 (SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 47).  

As alterações fisiológicas frequentemente diagnosticadas pelo nutricionista e  médicos em âmbito hospitalar resume-se ao sistema sensorial em função do consumo  de fármacos, o envelhecimento natural, enfermidades, transtornos, má alimentação,  pós-cirurgias, etc. Em complemento, há outros sintomas fisiológicos sentidos neste  quesito: 

As sensações de paladar, odor, visão, audição e tato diminuem em proporções individuais. A disgeusia e a hiposmia têm seu início por volta dos 60 anos e agravam-se com a idade, principalmente após os 70 anos.16 A reduzida habilidade em detectar odores e gostos pode não apenas reduzir o prazer associado à alimentação, como também prejudicar a correta seleção do alimento saudável, aumentando os riscos de envenenamento alimentar, ingestão de alimentos deteriorados por microrganismos ou exposição a substâncias químicas tóxicas do ambiente (PEREIRA et. al.,2006, p. 161). 

Similarmente, estes enfraquecimentos culminam em demais malefícios em  nível metabólico, tais como: produção excessiva de salivas, excreções no pâncreas e  secreções gástricas. Conforme ressalta Pereira et. al. (2006), a saúde oral tem uma incidência direta para com a desnutrição observada em idosos, ao mesmo tempo que  a perda da “audição e visão também podem influenciar no reconhecimento e escolha  alimentares, além de limitar fisicamente o indivíduo que prepara as próprias refeições,  diminuindo a ingestão adequada de nutrientes” (PEREIRA et. al.,2006, p. 161).  

A má saúde bucal, por sua vez, pode ser averiguada como decorrente do  desajuste de próteses dentárias, inflamações periodontais e a ampliação de cáries  dentárias. Os sintomas da boca seca, também chamada e xerostomia , chegam a afetar  cerca de dois terços dos idosos, incidindo diretamente na dificuldade de mastigação.  Esse fator corrobora para que o idoso tenha que evitar diversos alimentos que  apresentem uma menor concentração de água, o que acarreta no desequilíbrio  nutricional (PEREIRA et. al.,2006).  

Da mesma forma, a deglutição mostra-se como uma dificuldade comum em  pacientes geriátricos. Para Fidelix et. al. (2013), “a deglutição é o processo  dependente de estruturas como a cavidade oral, faringe, laringe e esôfago, que leva  o alimento até o estômago em uma consistência apropriada, e uma das doenças  decorrentes da deglutição, é a disfagia, que vem sendo relacionada fortemente a  desnutrição” (FIDELIX et. al., 2013, p. 64). 

A subnutrição tem sido tratada como uma das principais causas da mortalidade  na população acima de 60 anos, até mais do que o sobrepeso por conta dos fatores  de risco associados, assim como a desigualdade social, as adversidades físicas e  mentais, a depressão, a desidratação, e a fragilidade. De modo secundário, os casos  que tornam-se severos podem chegar até a anorexia, problemas relacionados à flora  intestinal e até mesmo ao alcoolismo (PEREIRA et. al., 2006).  

Segundo Pereira et. al. (2006), são as demais problemáticas visualizadas em  idosos com magreza exacerbada: “pequena variedade de alimentos, enfermidades  que elevam as necessidades nutricionais ou interferem na utilização de nutrientes,  falta de exposição à luz solar, acuidade reduzida do paladar, problemas orais (boca  seca, infecção, edentulismo, dentaduras não ajustadas, dificuldades de deglutição) e  uso de fármacos” (PEREIRA et. al., 2006, p. 163). 

Enquanto isso, a predominância do baixo peso é vista nas idades mais  avançadas, sobretudo em mulheres. A preocupação, neste quesito, se dá pela  presença na faixa percentual entre 10 a 19% que indica a condição de pobreza a  partir do que é definido pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A precariedade  incide em outras questões de forma negativa nesta faixa etária, demonstrando a necessidade de uma identificação prévia para que os perigos sejam reduzidos  satisfatoriamente (PEREIRA et. al., 2006).  

Em dados recentes, os transtornos nutricionais durante o envelhecimento são  comuns, da mesma forma, quanto ao sobrepeso. A parte majoritária dos casos é  apontada em regiões dissemelhantes à subnutrição, tendo maior incidência nas  áreas urbanas dos estados da região Sudeste e Sul do país, em especial nos círculos  familiares onde existe uma renda superior, um elevado índice de escolaridade e  moradias próprias. A prevalência também é consequentemente mais comum em  mulheres do que nos homens em uma faixa etária avançada de 65 e 74 anos de idade.  Em especificação, os percentuais são de 50,2% em mulheres e 30,4% para homens  (PEREIRA et. al.,2006).  

Ainda sobre a obesidade em idosos, de forma análoga à desnutrição, faz-se  necessário compreender:  

Os dados são preocupantes, visto que a obesidade influencia adversamente a pressão arterial sistêmica, o metabolismo da glicose e os lipídeos sanguíneos, podendo propiciar o surgimento de enfermidades crônico degenerativas e sua consequente redução da capacidade anátomo-funcional.  Ainda não há dimensão do impacto do sobrepeso e da obesidade na longevidade, embora diversos estudos mostram que o alto IMC atua como fator protetor do risco de mortalidade em indivíduos acima de 70 anos (PEREIRA et. al.,2006, p. 162 a 163).  

Nesta conjuntura, os medicamentos apresentam um papel influente e por esse  motivo faz jus a uma análise mais aprofundada por parte do nutricionista. A utilização  frequente de remédios costuma ser bastante expressiva nesta faixa etária, seja em  homens ou em mulheres, sendo que a maior parte precisa do consumo diário de, pelo  menos, um medicamento, enquanto que o número idosos que precisam de 5 ou mais  fármacos diários já é cerca de um terço dos brasileiros nesta idade. Por conseguinte,  os efeitos secundários devem ser considerados durante a avaliação:  

[…] o uso dos medicamentos varia conforme a idade, o sexo, as condições de saúde e outros fatores de natureza social, econômica ou demográfica. Atualmente, essa prática tem gerado preocupação quanto aos gastos excessivos e aos possíveis efeitos, benéficos ou indesejáveis. O uso de vários tipos de fármacos concomitantemente por idosos aumenta a incidência  de interações medicamentosas, efeitos colaterais e complicações por uso inadequado. Com o envelhecimento, diminui a massa muscular e a água corporal; com isso, o metabolismo hepático, os mecanismos homeostáticos, bem como a capacidade de filtração e de excreção renal, podem ficar comprometidos. As mudanças fisiológicas que acompanham o processo de envelhecimento influenciam as concentrações de medicamentos e seu metabolismo, de forma que a polifarmácia e a interação entre duas ou mais drogas podem influenciar negativamente a capacidade funcional, bem como a habilidade psicomotora e cognitiva dos idosos, aumentando o risco de  acidentes, ferimentos, isolamento e, finalmente, institucionalização. Além disso, os efeitos secundários de fármacos, como xerostomia, sialorréia, alterações do paladar, diminuição da sensibilidade olfativa, acloridria, diarreia, constipação, entre outros, podem causar limitações na ingestão alimentar e provocar alterações no estado nutricional do idoso, que pode já estar agravado por outras intercorrências do processo de envelhecimento. Adicionalmente, o fármaco pode ter sua biodisponibilidade afetada pelos  nutrientes, bem como pode comprometer a absorção destes, agravando o estado de má nutrição (PEREIRA et. al.,2006, p. 162).  

Aliás, os fármacos compreendem efeitos considerados como adversos à  nutrição, bem como a redução da absorção intestinal, a depleção de eletrólitos, a  propensão ao desenvolvimento da gastrite, úlceras, osteoporose, etc. Pereira et. al.  (2006) ressalta que “a múltipla prescrição medicamentosa e as interações entre  medicamentos e nutrientes podem tornar delicado o manejo nutricional no idoso,  contribuindo para o desenvolvimento de quadros de desnutrição” (PEREIRA et.  al.,2006, p. 162). 

As dificuldades encontradas no momento de compreender dados sobre os  perfis dos idosos perante o campo nutricional estão interligadas paralelamente a  diversos métodos que exigem uma ampla averiguação do profissional. Logo, a  avaliação nutricional permanece sendo imprescindível para entender o perfil  nutricional da terceira idade. No Brasil, vê-se a predominância da desnutrição até  mesmo em pesquisas antigas, onde em 2005 a média percentual em idosos era de  15,1%. O número demonstra-se ainda superior quando a fonte de comparação são os  pacientes geriátricos, onde os percentuais verificados foram de até 59,4% em homens  e 42,2% entre as mulheres (SANTOS et. al., 2010). 

A equiparação entre ambos os sexos também representa um índice elevado de  desnutrição em pacientes internados, da mesma maneira que os idosos em alto risco  nutricional, podendo ser acometidos por problemas severos. Em contrapartida, os  idosos septuagenários e octogenários demonstram-se propensos a desnutrição por  diferentes aspectos, dentre eles a falta de apetite (SANTOS et. al., 2010). 

2.2. Caracterização da Desnutrição e as Implicações na Qualidade de Vida do Idoso  

Os idosos que foram identificados com desnutrição geralmente estão sob forte  risco perante as demais faixas etárias, embora esse desequilíbrio nutricional tenha  pontos negativos severos à saúde de crianças, adolescentes e adultos. Caso este  transtorno seja averiguado em idade avançada, por sua vez, estabelece-se medidas  por parte do nutricionista que revertam tal cenário, já que a perda de massa magra  afeta a qualidade de vida do idoso.  

Determinar a situação nutricional do idoso é o primeiro passo, seja em casos  leves ou até mesmo em pacientes que encontram-se em leitos hospitalares. A  intervenção neste âmbito serve para indicar medidas que suplementam o idoso até que  o mesmo atinja um estado nutricional classificado como aceitável. Casos que tenham  chegado até níveis severos, devem manter um contato frequente com um profissional  da nutrição (SOUSA; GUARIENTO, 2009).  

O avanço da idade alcança patamares diferenciados em relação à saúde  nutricional, onde há desde a diminuição da massa muscular, também chamada de  massa magra, até a ampliação das células adiposas. Ademais, a desnutrição está fortemente relacionada com problemas nos batimentos cardíacos que podem culminar  em uma diminuição considerável do fluxo sanguíneo (FIDELIX et. al., 2013). 

A anorexia, quando causada pela diminuição do apetite ou demais questões  similares, acaba influenciando na fragilidade dos ossos e na evolução da sarcopenia  acima do que o organismo já predispõe-se espontaneamente. Este aspecto  amplifica os perigos quanto a quedas causadoras de lesões, fraturas e podendo  chegar até ao óbito (FIDELIX et. al., 2013).  

Em harmonia com PEREIRA et. al. (2006), apesar da atividade pancreática ser  mantida durante o envelhecido, o “fígado pode sofrer várias alterações, como  diminuição do peso e do número de hepatócitos, com aumento do tecido fibroso,  interferência na biotransformação de drogas, na síntese proteica, no metabolismo das  lipoproteínas e na secreção biliar (PEREIRA et. al.,2006, p. 161). 

No demais, os índices de insulina tendem a aumentar com a chegada da  terceira idade, ao passo que a sensibilidade registra uma intensa diminuição. Fidelix et.  al. (2013) aponta a incidência da “redução na degradação da insulina, no número de  receptores na membrana celular dos tecidos-alvo e na velocidade na liberação da insulina” (FIDELIX et. al., 2013, p. 64). 

Em acréscimo, é preciso ressaltar as ações da desnutrição em idosos quanto  ao estômago e intestinos:  

No estômago, o envelhecimento está associado a alterações secretoras e morfológicas, como degenerações, redução na secreção de ácidos, pepsina e atrofia da mucosa; com essas alterações se dá significativa redução na absorção de vitaminas e minerais como B12, ferro, cálcio e zinco 28. Durante  o envelhecimento, o campo de absorção do intestino delgado vai diminuindo com a redução da altura das vilosidades, o que resulta em menor absorção de alguns micronutrientes, como o cálcio e o ferro. Queixas clínicas como  constipação e fecaloma são comuns nesse período, aumentando também a incidência de diverticulose (FIDELIX et. al., 2013, p. 64). 

Sinteticamente, é plausível citar que o envelhecimento apresenta  manifestações naturais comumente confundidas com os sintomas da desnutrição:  

Os sinais e sintomas do processo de envelhecimento são facilmente confundidos com a desnutrição e, dessa forma, as intervenções muitas vezes são inadequadas e menos potentes do que poderiam ser. Através de uma intervenção nutricional individualizada, realizada depois de adequada avaliação do estado nutricional; e, quando necessário, das doenças existentes, será possível reverter, em grande número de casos, um quadro de desnutrição e, consequentemente, contribuir para proporcionar ao paciente idoso o restabelecimento de suas funções orgânicas (SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 49).  

A despeito da intervenção nutricional dentro do campo da Geriatria, existe uma  objetivação quanto ao controle de patologias e transtornos múltiplos derivados de  alterações em níveis psicológicos, físicos e biológicos em derivação ou em harmonia  com as funções do processo de envelhecimento. A pirâmide alimentar demonstra-se  como uma proposta atrativa diante de pacientes de 70 anos ou mais. Neste conjunto  de medidas, apresentam-se as seguintes orientações:  

Ingestão de alimentos ricos em fibras, com baixa concentração de gorduras e açúcares refinados e ingestão das quantidades superiores ao número de frações diárias de cada grupo de alimentos; Consumir diariamente oito copos  de água; Possível necessidade de suplementar à dieta com cálcio e vitamina  D (para reduzir o risco de fraturas ósseas) e vitamina B12; Nos grupos de alimentos, devem-se consumir alimentos integrais, produtos lácteos com  pouca gordura, carnes magras, pescados e aves (SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 48).  

Não obstante, a suplementação de minerais e vitaminas complementar a dieta  no dia a dia de uma pessoa com saúde regular, sobretudo quando a alimentação convencional não consegue suprir os níveis necessários. Porém, abre-se uma  atenção secundária quanto a fórmula destes suplementos, onde a DRI (Ingestão  Dietética Recomendada) não deve exceder as doses indicadas aos alimentos ou ser  a base geral da dieta do paciente geriátrico. A legislação que rege a liberação destes  produtos deve legalizar o consumo de acordo com as análises clínicas da Anvisa  (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Ministério da Saúde (MS), para que o  mesmo seja considerado um suplemento válido à ingestão humana,  independentemente se é classificado como vitaminas ou minerais  associados/isolados (SOUSA; GUARIENTO, 2009, p. 48).  

A suplementação oral, por sua parte, condiz com a demanda dos idosos tanto  por micronutrientes quanto por macro nutrientes. Entretanto, uma alimentação  balanceada se faz essencial em todas as fases da vida, enquanto que as  controvérsias geradas pela desnutrição podem ser reduzidas por esse tipo de  alimentação complementar. Diante do cenário exposto acima, é notório que o  nutricionista esteja presente no acompanhamento nutricional para orientar os níveis  diários que a dieta de cada idoso sugere (SOUSA; GUARIENTO, 2009). 

A dieta oral pode ser pouco aceita em alguns grupos específicos de pacientes  geriátricos ou até mesmo em idosos regulares que encontram-se em casos leves de  desnutrição. A razão desta negação costuma variar, porém os motivos mais comuns  consistem em: problemas gastrointestinais, falta de vontade para se alimentar e má  digestão. Igualmente, os quadros clínicos mais severos demonstram inflamação  sistêmica capaz de gerar outras consequências, bem como: lipólise aguda, ampliação  do catabolismo proteico, hiperglicemia e hipermetabolismo (MACEDO, 2018).  

Estritamente no Brasil, os dados recentes apontam para uma ligeira diminuição  do nível do risco de morte pela subnutrição, o que se deve ao maior acesso a  alimentos saudáveis, porém essa singela alteração ainda não demonstra-se em larga  escala, o que pode ser justificado pelas desigualdades e questões socioeconômicas  em relação ao alimento que chega na mesa das famílias brasileiras. A vulnerabilidade  advém de aspectos adicionais, como é o caso da redução do paladar e a  polimedicação (PRAÇA et. al., 2015).  

A depressão é vista como outro elo decisivo para a condição nutricional de  idosos, derivando da solidão ou outras variáveis e por isso o acompanhamento  psicológico é de grande valia para que surjam melhorias neste quesito. Logo, o trabalho  da nutrição está no amparo deste indivíduos, deste a compreensão dos primeiros sintomas até gerar um auxílio inicial. A nutrição combate estes sintomas secundários  e ajuda a propiciar uma melhor qualidade de vida ao curto e ao longo prazo (PRAÇA  et. al., 2015).  

Os efeitos diretos da desnutrição são frequentemente mais vistos em pacientes  idosos do que em outras faixas de idade, onde também é preciso evidenciar as maiores  incidência das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Lastimavelmente, este  cenário perdurou por décadas e no âmbito hospitalar os números são ainda mais  inadequados (MACEDO, 2018).  

A fragilidade, por sua parte, acarreta em condições similares ao agravamento  da desnutrição, porém está relacionada à demais aspectos, tais como “as condições  socioeconômicas e de saúde desfavoráveis como renda insuficiente, baixo nível  educacional, percepção negativa de saúde, incapacidade funcional,  institucionalização, quedas, presença de comorbidades, doenças agudas e  hospitalização em populações idosas de diversos países e no Brasil” (GUERRA et.  al., 2013, p.1632). 

A desnutrição em casos severos capazes de intensificar a fragilidade corpórea  de idosos pode favorecer a queda com consequências que vão além de lesões leves,  como é o caso da perda da consciência e outros danos diretos ao cérebro. Segundo  a visão de Vieira (2013), “A prevalência nacional do evento queda se assemelha às tendências internacionais” (VIEIRA, 2013, p. 19). 

Partindo deste pressuposto, existem dados fundamentais a esta temática que  evidenciam os problemas da queda em idosos. Primordialmente, prevalece-se as  indicações de que cerca de um terço dos idosos acima dos 65 anos são acometidos  por uma queda ao ano, ficando ainda mais propensos a idosos octogenários. Deste  índice citado, cerca de 40% das quedas resultam em lesões mais graves, como é o  caso de fraturas e entorses. A recorrência das quedas também é um ponto a ser  destacado, uma vez que o idoso fica propenso a pioras em seu quadro. Para além  disto, as razões frequentemente constatadas sucedem através de idosos que  demonstram desnutrição ou obesidade em níveis dissemelhantes (VIEIRA, 2013).  

Constata-se, similarmente, que o desencadeamento da fragilidade pronuncia-se como uma síndrome de natureza biológica, onde há uma insuficiência por parte de  organismo por manter a homeostase, resultando no que é chamado de instabilidade  homeostática. Embora seja resultante de motivos singulares, a queda ainda é  dificilmente trabalhada durante a triagem quanto às características do paciente, sendo de incumbência do nutricionista amplificar tais pontos determinantes. Por outro lado,  os aspectos mais comuns que vão além da desnutrição definem-se como: fadiga, falta  de equilíbrio, inconstância cognitiva e baixa na articulação motora (VIEIRA, 2013).  

Em escala internacional, a desnutrição está entre os problemas que mais  assolam os países latinos, onde aproximadamente 50% dos indivíduos hospitalizados  apresentam algum grau de desnutrição, mesmo que seja de forma singela,  acarretando em outros obstáculos. Todavia, demais estudos em países desenvolvidos  como Suécia e Estados Unidos, evidenciam os mesmos problemas relacionados aos  idosos subnutridos ou com outros transtornos alimentares, porém em uma incidência  próxima aos 30% (DIAS; BURGOS, 2009 

Dentro do campo hospitalar, as medidas indicadas para reduzir a taxa de  mortalidade e demais adversidades posteriores remetem aos cuidados durante o pré operatório. Estas ações tendem a reduzir o tempo de internação dos indivíduos com  déficits nutricionais à medida que são acompanhadas pela terapia nutricional. As  ações precoces, portanto, são inexoráveis aos idosos que se enquadram neste  quesito (DIAS; BURGOS, 2009).  

A complexidade da avaliação nutricional está relacionada com a identificação  de pacientes que possam encarar obstáculos em sua saúde em função da  desnutrição. Neste contexto, abre-se espaço para a aplicação de avaliações  adequadas para cada situação envolvendo idosos, desde uma terapia nutricional leve  até intervenções em casos severos de demanda pela atuação do nutricionista para  a reversão completa. Isto posto, o campo nutrição é abrangente e por isso há três  avaliações substanciais: Avaliação Antropométrica, Avaliação Bioquímica e a  Avaliação Nutricional Subjetiva.  

Sucintamente, tais avaliações promovem a fragmentação das averiguações,  permitindo que o profissional vá além das questões biológicas ou da doença, para  alcançar as práticas pessoais e vícios do indivíduo, desde a prática ou não de  atividades físicas, o acometimento de bebidas alcoólicas, fumo e/ou uma dieta  inadequada. Assim, compõe-se uma avaliação heterogênea vantajosa para a  compreensão deste grupo etário e associando suas condições singulares. 

A Avaliação Antropométrica, trata-se de uma aferição nutricional destinada aos  idosos que se encontram internados em um hospital, independentemente do nível  clínico. Essa metodologia não invasiva é considerada como uma das mais eficientes  pela facilidade da aferição, baixo risco ao paciente e aferição oportuna dos resultados, sendo o IMC o exemplo mais comum. A antropometria serve para denominar o risco  nutricional e nortear as ações cabíveis tanto ao médico encarregado pelo paciente  como também ao próprio nutricionista para o restante do acompanhamento (SANTOS  et. al., 2010).  

Em complemento às complicações observadas em decorrência das  dissemelhanças estruturais corpóreas nos idosos, verifica-se as indicações de corte  para o peso elevado com IMC de 27 ou superior enquanto que o mesmo deve ser  aplicado para os casos de baixo índice de peso onde o IMC fica abaixo de 22  (SANTOS et. al., 2010).  

Nos casos específicos onde os idosos não podem ser avaliados quanto a  condição nutricional por essa modalidade de avaliação, orienta-se ações diretas de  acordo com o indivíduo e suas respectivas características.  

A medida da envergadura do braço no cálculo do IMC tem uma sensibilidade  de 93,5% e especificidade de 82% para o diagnóstico de desnutrição. Para o diagnóstico de obesidade, apresenta sensibilidade de 83% e especificidade de 100%13. A CP é um indicador sensível de alterações musculares no idoso.  Trata-se de um procedimento simples, barato e não invasivo e parece ser  relevante no diagnóstico da condição nutricional, da capacidade funcional e de saúde. Uma CP inferior a 31 cm é considerada atualmente o melhor indicador clínico de sarcopenia e está relacionado à incapacidade funcional e risco de queda. A circunferência muscular do braço e a área muscular do braço são parâmetros que permitem verificar a quantidade de tecido muscular no idoso. A CB vem sendo empregada para avaliação da desnutrição em idosos e apresenta uma sensibilidade de 89,1%, com valor preditivo negativo de 97,9%, sendo um método confiável para o diagnóstico de desnutrição. As pregas cutâneas estimam a gordura corporal total, uma vez que mais de 50%  da gordura do corpo se deposita no tecido subcutâneo. A região do tríceps é o local mais frequentemente utilizado, pois se considera que seja o mais significativo da camada subcutânea de gordura. A CA é usada como um indicador de obesidade e de distribuição de gordura corporal (SANTOS et. al., 2010, p. 171).  

Santo et. al. (2010), reafirma que a “A razão cintura/quadril tem sido usada  como indicador de obesidade abdominal e expressa o risco de morbidade e  mortalidade do indivíduo obeso. Para homens, seu ponto de corte é maior que 1 e,  para mulheres, maior que 0,8517” (SANTOS et. al., 2010, p. 171).  

Em uma natureza similar, apresenta-se a Avaliação Bioquímica como essencial  para analisar a incidência da terapia nutricional perante as adversidades em grau  nutricional. A ponderação dos dados obtidos, por sua vez, precisa ser cautelosa e  ampla, à medida que em casos inoportunos ela será tida como improcedente.  Destarte, a albumina consiste na proteína padrão na avaliação nutricional bioquímica, já que a sua baixa concentração demonstra a existência de alguma modalidade de  contratempos clínicos em nível de comorbidade ou mortalidade (SANTOS et. al.,  2010). Ademais, os princípios da avaliação bioquímica através da albumina  representa limitações durante a aferição da síndrome nefrótica, da hepatopatia e de  demais inflamações análogas.  

Tanto a pré-albumina quanto a transferrina apresentam um papel relevante  dentro da avaliação bioquímica em idosos com sintomas de desnutrição, mesmo em  fases moderadas deste distúrbio: 

A transferrina e a pré-albumina têm meia-vida de 7 a 8 dias e de 2 a 3 dias, respectivamente, e têm baixa sensibilidade e especificidade na avaliação nutricional quando utilizadas isoladamente. Uma limitação no uso da transferrina é que ela pode estar aumentada na anemia ferropriva e nas hepatites agudas e diminuída na anemia hemolítica, hepatopatia crônica, neoplasias, inflamação e infecção. A pré-albumina também pode sofrer alterações e está diminuída na inflamação, infecção, estresse e deficiência de zinco. Em relação aos linfócitos, sua contagem reflete indiretamente o estado nutricional do idoso, pois desequilíbrios na ingestão de nutrientes podem causar imunossupressão. A relação CD3/CD4 inferior a 50 também está associada a quadros de déficits nutricionais e de imunossupressão. Quanto à contagem total de colesterol, seu valor alterado pode traduzir aumento de morbidade e mortalidade. Colesterol total abaixo de 160 mg/dl pode ser indício de redução dos níveis de lipoproteínas e, consequentemente, de proteínas viscerais. Sua redução se manifesta tardiamente no curso da desnutrição, limitando seu uso na avaliação nutricional, sendo, assim, mais  utilizado como método de prognóstico. Outro indicador de seguimento nutricional é a proteína transportadora de retinol. Sua vida média é de 12 horas e, como os demais parâmetros, tem suas limitações, encontrando-se diminuída na doença hepática, infecção e estresse grave. O índice creatinina-altura é um indicador do catabolismo muscular, não tendo valor prognóstico ou para seguimento nutricional quando utilizado isoladamente. Vitaminas e minerais, como selênio, podem ser utilizados na avaliação nutricional de idosos desnutridos, uma vez que eles podem estar reduzidos à desnutrição. Outros parâmetros bioquímicos podem ser utilizados na avaliação nutricional, como hemograma, creatinina e enzimas hepáticas (SANTOS et. al., 2010, p. 171 a 172).  

Ademais, a Avaliação Nutricional Subjetiva ou Avaliação Subjetiva Global  (ASG) fundamenta-se no exame físico do idoso com base em uma método de  avaliação clínica com enfoque nas modificações funcionais ao mesmo tempo que na  composição corporal. Assim como demais as avaliações, essa categoria não é  invasiva e ainda consegue dispor de um baixo custo, enquanto sua dissemelhança  está na possibilidade de aplicação em idosos hospitalizados, em leitos, no pós  operatório ou em demais situações clínicas como também em âmbito domiciliar  (SANTOS et. al., 2010). 

Posto isto, torna-se necessário avaliar os resultados relacionados à esta  modalidade:  

Seus resultados podem diferir daqueles encontrados por outros métodos objetivos, pois combinam informações sobre alterações na ingestão de nutrientes, digestão e absorção como seus efeitos na função e na composição corpórea. A ASG vem sendo considerada como o melhor método  para iniciar a avaliação nutricional do geronte, em virtude da rapidez da sua realização, do fato de ser de fácil aprendizagem e da validade convergente e preditiva da ferramenta 26,28. O diagnóstico de desnutrição, realizado por meio da ASG, em pacientes geriátricos hospitalizados associou-se à maior mortalidade após a alta hospitalar, assim como à recuperação funcional mais lenta e à maior chance de internações em clínicas geriátricas 29. A complementação da ASG com outras técnicas de avaliação nutricional é  sugerida, uma vez que o método não possui sensibilidade adequada para identificar pequenas variações no estado nutricional, não sendo indicado como método de acompanhamento da evolução de paciente em terapia nutricional. A MAN foi criada em 1989 e desde o início foi direcionada aos pacientes idosos. Seu objetivo é avaliar o risco de desnutrição em idosos, assim como identificar aqueles que possam se beneficiar com a intervenção dietoterápica precoce. Pode ser aplicada a idosos em nível ambulatorial,  hospitalizados, institucionalizados e em atendimento domiciliar A MAN compreende quatro categorias: avaliação antropométrica, avaliação geral, avaliação dietética e avaliação subjetiva. Pode ser utilizada tanto para triagem como para apreciação diagnóstica. É um método de avaliação simples e rápido. Quando, por meio da sua aplicação, se obtém uma pontuação que indica desnutrição, esta última deve ser mais bem analisada mediante parâmetros bioquímicos e antropométricos. A ASG e a MAN são avaliações consolidadas na literatura, porém não há um padrão-ouro para o diagnóstico  de desnutrição. Um estudo prospectivo e randomizado evidenciou que tanto a ASG quanto a MAN representam um bom indicador de risco de desenvolvimento de complicações atribuídas à desnutrição (SANTOS et. al.,  2010, p. 172 a 173).  

2.3. O Papel do Nutricionista  

O nutricionista apresenta-se como um profissional imprescindível dentro e fora  do âmbito hospitalar, já que suas ações também são determinantes para precaver os  males causados pela desnutrição neste grupo específico para iniciar um tratamento  de acordo com o agente causador e, por consequência, prevenir o indivíduo de casos  mais graves de patologias ou distúrbios em decorrência ou não da má nutrição.  

Na área hospitalar, especificamente, o nutricionista precisa estar presente na  triagem nutricional: 

É indicado ao nutricionista realizar a triagem nutricional do paciente, porém qualquer membro da equipe multidisciplinar da terapia nutricional ou um profissional da saúde bem treinado pode realizá-la, com base em protocolopre estabelecido, identificando o risco ou a desnutrição, garantindo o registro no prontuário do paciente, devidamente datado e assinado pelo profissional responsável. A avaliação deve ser repetida a cada dez dias, precedendo a indicação da terapia nutricional. A inserção de um método de triagem nutricional para identificação de risco nutricional tem sido recomendada, nacional e internacionalmente, por organizações de especialistas, com o objetivo de avaliar efeitos físicos e fisiológicos adversos de pacientes com  doenças crônicas degenerativas e/ou lesões agudas (FIDELIX et. al., 2013, p. 63). 

Segundo Macedo (2018), é de grande notabilidade “o reconhecimento das  particularidades dos idosos durante o período de internação hospitalar, objetivando a  identificação do estado nutricional com a proposição de formas de atendimento  diferenciadas, com dietas específicas para essa população de pacientes” (MACEDO,  2018, p. 23). 

A partir disto, a qualidade no suporte ao paciente idoso pode ser amplificada  pela possibilidade originada de um diagnóstico precoce em harmonia com a  diminuição efetiva de complicações no quadro clínico que possam agravar-se até  alcançar a morte ou até mesmo sequelas aos pacientes. A propósito, objetiva-se  através destas ações, permitir que a alta hospitalar seja mais rápida ao mesmo tempo  que evite-se novas necessidades de internações, tendo em vista que a desnutrição  está interligada com a complicação de uma série de doenças que são facilmente  tratadas em pacientes regulares (MACEDO, 2018). 

Os pacientes geriátricos com indícios de desnutrição, principalmente com perda  severa de massa magra, dependerão do auxílio do nutricionista de forma inobstante  ao local onde se encontra: 

[…] dependendo do local onde o ancião se encontra (hospital, domicílio ou instituição de longa permanência) e da técnica aplicada para diagnosticar a desnutrição, a prevalência oscila entre 15 % a 60%. Neste sentido o nutricionista desempenha papel primordial diante dessa realidade, pois ele identifica os casos de grande risco e precocemente, podendo intervir na alimentação para prevenir e controlar o quadro de desnutrição, interferindo também na melhora da evolução da enfermidade. A desnutrição é frequente  entre os pacientes internados, sendo alvo de estudos, os quais mostram que a mesma está associada à maior incidência de complicações, mortalidade, tempo de internação e custo hospitalar. Diante deste fato, é importante estabelecer o diagnóstico nutricional do paciente. A literatura internacional mostra várias ferramentas de triagem nutricional validadas. Fatores socioeconômicos e culturais interferem no desempenho dessas ferramentas, e a comparação entre as mesmas é comum, sendo necessário senso crítico sobre o método mais indicado ao ambiente hospitalar. No Brasil ainda não há uma técnica-padrão de triagem nutricional (FIDELIX et. al., 2013, p. 62). 

Ademais, reafirma-se as controvérsias como a alimentação de pacientes em  idade avançada, que se encontram acamados ou hospitalizados, é feita. À vista destas  questões, quando o processo alimentar estiver sendo realizado por parte de  cuidadores, observa-se uma enorme carência de treinamentos especializados, já que  o número escasso de cuidadores geralmente faz com que o mesmo tenha mais  pacientes e, por consequência, ocorra em parte majoritária dos casos a negligência  da devida atenção ao processo de alimentação. O estímulo precisa acontecer para  que o indivíduo sinta-se despertado para essa atividade pelos benefícios do ato e a  ordenação das refeições, por mais que não exista apetite de modo inicial (SILVA et.  al., 2020). 

Ainda neste quesito, deve-se respeitar as predileções alimentares por parte do  paciente, já que este pode sentir repulsa a alguns alimentos por conta de suas  preferências pessoais ou até mesmo em razão do tratamento em que o mesmo  encontra-se (SILVA et. al., 2020). 

Em complemento, a alimentação satisfatória depende da atuação do  nutricionista e suas indicações diretas ao cuidador encarregado de alimentar ou  observar a alimentação, no caso de idosos que conseguem concluir essa etapa  sozinhos. A intervenção nutricional vigora em diferentes ambientações de modo que  o risco de uma alimentação indevida seja evitado nos dois extremos, seja na  subnutrição ou no sobrepeso, à medida que ambas as conjunturas são negativas ao  idoso (SILVA et. al., 2020). 

Por mais que existam resistências ou negações completas quanto ao processo  definido pelo nutricionista, visualiza-se mudanças eficientes quanto às ações diretas  do nutricionista tanto em pacientes saudáveis que buscam uma prevenção quanto em  idosos que já se encontram internados. Logo, a perda de massa magra precisa ser  combatida para não prejudicar outros campos complexos do paciente (SILVA et. al.,  2020).  

Em conformidade com Silva et. al. (2020), é de incumbência do nutricionista e  da “equipe interdisciplinar em saúde para a superação da vulnerabilidade nutricional  dos idosos institucionalizados (SILVA et. al., 2020, p. 12). 

Segundo dados obtidos em uma pesquisa de Silva et. al. (2020) sobre as  Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), contatou-se há alterações  vantajosas na comparação entre as inconstâncias obtidas entre os diferentes níveis das “médias do peso, IMC e %CB, embora sem significância estatística. Porém, a  ausência de associação não refuta a importância das intervenções nutricionais para a  melhora do estado nutricional dos idosos, uma vez que, foi claro a mudança positiva  nas médias e na melhora nutricional gradual dos participantes” (SILVA et. al., 2020,  p. 11). Dentro destes aspectos, verificou-se que a suplementação oral forma-se com  uma efetividade superior onde há uma fórmula rica em vitaminas e proteínas. Ainda  nesta pesquisa, essa composição demonstrou resultados ao curto prazo como a  diminuição em enfermidades como também durante longos períodos, prevenindo  lesões e fraturas decorrentes de quedas ou da fragilidade estrutural óssea. 

Para além disto, a análise de bioimpedância (BIA) precisa ser dominada pelo  profissional da nutrição pode se tratar de:  

[…] um método rápido, não invasivo e relativamente barato para avaliar a composição corporal do idoso. Tem como finalidade estimar a água corporal total e, a partir disso, a massa fica isenta de gordura. A BIA não requer alto grau de habilidade do avaliador, é confortável, não invade a privacidade do indivíduo, pode ser utilizada na avaliação da composição corporal de indivíduos obesos e possui equações específicas a diferentes grupos populacionais. Algumas desvantagens podem ser consideradas: depende de grande colaboração por parte do avaliado; apresenta custo mais elevado que as outras técnicas duplamente indiretas; é altamente influenciada pelo estado de hidratação do avaliado e nem sempre os equipamentos dispõem das equações adequadas aos indivíduos que se pretende avaliar (SANTOS et. al., 2010, p. 173).  

A sarcopenia tem sido evidenciada pelo crescimento na população de idosos  brasileiros, onde pode ser visto um aumento considerável do índice de perda da  massa magra, principalmente por razões naturais do envelhecimento, mas também  em relação aos outros pontos de influência.  

Os demais comprometimentos da perda de massa magra diante da função  muscular estão “associados às doenças agudas ou crônicas, às hospitalizações por  trauma ou por cirurgia e à inatividade, podem acelerar o declínio da força muscular”  (PÍCOLI et. al., 2011, p. 459). 

Sobre as causas científicas da sarcopenia, é válido ressaltar: 

[…] a etiologia da sarcopenia é multifatorial, ou seja, dependente/proveniente de múltiplas causas, provavelmente interligadas, que interferem no seu desenvolvimento e progressão. Dentre elas, destacam-se o próprio  envelhecimento, aspectos genéticos, fatores sociodemográficos, estilo de vida e determinadas condições de saúde. Esse modelo causal complexo, que  associa diversos componentes de forma dinâmica, constitui os determinantes dessa síndrome. Além disso, as divergências técnicas e metodológicas  existentes para o diagnóstico dificultam a avaliação, a comparação entre estudos e a determinação de políticas direcionadas à prevenção e ao tratamento da sarcopenia (CONFORTIN et. al., 2018, p. 3 a 4).  

Os fatores que derivam deste processo representam atividades econômicas,  sociais e comportamentais, além de estar diretamente ligado à esfera da saúde.  Contudo, são poucos os estudos que avaliam a incidência da sarcopenia em idosos  com mais de 60 anos. A perda de massa marca é um aspecto determinante para  demais características do indivíduo, já que esse ponto incide no bem estar do  indivíduo e pode iniciar em qualquer etapa da vida, embora seja na terceira idade onde  os efeitos são mais extensivos (CONFORTIN et. al., 2018).  

Já a sarcopenia do envelhecimento detém características próprias:  

A sarcopenia do envelhecimento está associada ao declínio progressivo da  massa e, consequentemente, da função muscular (força, potência e resistência). Esse déficit pode ser relacionado a uma contração muscular inadequada, seja em função de alterações nas proteínas actina e miosina ou por um estresse oxidativo nas células. O início e a progressão dessa perda muscular estão relacionados à perda de miócitos via apoptose, essa perda é mais pronunciada nas fibras do tipo II (PÍCOLI et. al., 2011, p. 459).  

A sarcopenia é apresentada como uma parte notória dentro da nutrição em  idosos: 

Com a idade, há um aumento na massa de gordura corporal, especialmente com o acúmulo de depósitos de gordura na cavidade abdominal, e uma  diminuição da massa corporal magra. Essa diminuição ocorre basicamente como resultado das perdas da massa muscular esquelética. Essa perda,  relacionada à idade, foi denominada “sarcopenia”. O desenvolvimento da sarcopenia é um processo multifatorial que inclui inatividade física, unidade  motora remodelada, nivelação de hormônio diminuído e diminuição da síntese de proteína. A sarcopenia estabelece seus sintomas principalmente  em indivíduos fisicamente inativos, mas também é vista em sujeitos que  permanecem fisicamente ativos ao longo de suas vidas, com isso corroboram fatores pertinentes à saúde pública. Diversos autores verificaram que o  treinamento de força pode minimizar ou retardar o processo de sarcopenia  para obter significantes respostas neuromusculares (hipertrofia muscular e força muscular), por meio do aumento da capacidade contrátil dos músculos  esqueléticos. Estudos epidemiológicos sugerem que diferentes fatores  contribuem para o desenvolvimento da sarcopenia, incluindo alterações  hormonais, perda de neurônios motores, nutrição inadequada, inatividade física e baixo grau de inflamação crônica. Essas alterações têm sido  apresentadas até mesmo em indivíduos saudáveis, fisicamente ativos,  resultando em perda da massa muscular de, aproximadamente, 1% a 2% por ano, a partir dos 50 anos de idade. A diminuição da força e da potência do músculo pode influenciar na autonomia, no bem-estar e na qualidade de vida dos idosos (9) (PÍCOLI et. al., 2011, p. 456). 

Outrossim, a identificação de sarcopênicos é tão relevante quanto a  averiguação de obesos, uma vez que em ambos os casos a gordura e a massa  corpórea estão associadas a limitações tanto em homens quanto em mulheres  (PÍCOLI et. al., 2011).  

As quedas apresentam-se como uma constante em idosos diagnosticados com  indícios fortes quanto à sarcopenia. Segundo a visão de Pícoli et. al. (2011), “a  sarcopenia ocorre principalmente pela diminuição do peso muscular e diminuição da  área de secção transversal. Consequentemente, o idoso terá menor qualidade em sua  contração muscular, menor força, menor coordenação dos movimentos e,  provavelmente, maior probabilidade de sofrer acidente” (PÍCOLI et. al., 2011, p. 459). 

A redução na força em idosos também é incorporada pela sarcopenia, no  entanto, é visto uma sucessão após os 50 anos e a tendência é representada na  diminuição em uma escala que varia de 8% ate 15% em um período de 10 anos  (PÍCOLI et. al., 2011).  

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

As implicações da perda de massa magra em idosos são devastadoras à  qualidade de vida dos mesmos, seja nas primeiras averiguações próximo aos 60 anos  ou até mesmo quando o paciente geriátrico já é considerado como octogenário. 

À medida que a idade avança, os indivíduos com peso abaixo do indicado como  regular começam a demonstrar maiores propensões a patologias e demais distúrbios.  Isso acontece pela fragilidade obtida em seu tecido e ossos, enquanto quanto maior  for a gravidade, consequentemente mais árdua será a atuação do profissional da  nutrição.  

Notou-se, de modo similar, a relevância da MNA por ser uma ferramenta  extensiva para a triagem nutricional de idosos. No seguimento deste estudo, tal  metodologia mostra-se como a mais apropriada por estar apta a ser aplicada tanto na  comunidade de uma maneira geral como em instituições de regime integral para a  terceira idade e hospitais.  

Contatou-se ainda, que outros métodos são de grande valia para a triagem  nutricional, porém de forma mais específica. Diante disso, cabe ao nutricionista entender o caso específico do paciente geriátrico para enfim determinar a medida  apropriada ao tratamento. Isto é, a avaliação trata-se apenas do primeiro passo tendo  em vista a gravidade de algumas especificidades. 

O tratamento nutricional precoce é outro fator a ser considerado como assertivo  pois facilita o processo e evita casos de longa permanência por parte do idoso quando  este precisar passar por processos hospitalares, trazendo economia de recursos e  reduzindo os riscos de agravamento ao mesmo. Devido ao elevado número de idosos  que precisam passar por operações, evidencia-se a notabilidade de um pós-operatório  mais robusto na atuação do nutricionista. Em contrapartida, o déficit nutricional causa  a desnutrição ao longo prazo, comprovando a carência por medidas ao indivíduo logo  no primeiro sintoma, independentemente se ele é identificado na infância ou já na fase  adulta.  

4. CONCLUSÃO 

Diante dos dados obtidos nesta pesquisa, o crescimento exponencial da  população idosa no Brasil, também resultou na elevação significativa do número de  problemas relacionados à desnutrição.  

Uma das principais causas que resultam na desnutrição de idosos estão  interligadas à má alimentação durante longos períodos. De fato este é um dos  principais problemas observados perante a atuação dos nutricionistas, porém as  dessemelhanças de faixa etária também influem neste parâmetro em congruência  com outros sintomas singulares. Sob o ponto de vista nutricional, é veementemente  válido detalhar cada questão que envolve o idoso desnutrido, desde os seus hábitos  alimentares, costumes, vícios e o meio onde ele está inserido.  

O consumo de alimentos industrializados revolucionou a forma como as  pessoas fazem suas alimentações diárias, contudo há os pontos negativos desta  prática, bem como a diminuição do contato com alimentos frescos e o crescimento  desenfreado da absorção de compostos químicos nocivos ao organismo, sobretudo  de idosos que apresentam algum problema de saúde ou predisposição a doenças de  dissemelhantes segmentos. 

Essa busca tem sido observada por conta de situações domiciliares adversas,  onde os indivíduos estão cada vez menos propensos a preparar suas refeições pela  rotina, recorrendo aos alimentos pré-prontos e processados. Para tanto, estimular os jovens e adultos a ter uma alimentação pertinente às suas necessidades nutricionais  acarretará em benefícios no futuro. Terminantemente, cada um dos objetivos  específicos detalhados na etapa inicial da pesquisa foram alcançados conforme o  esperado. De modo análogo, esse resultado foi concebido pelo auxílio teórico de autores  clássicos da Nutrição como também de pesquisas práticas nacionais. 

A supervisão ao idoso deve estar firmada nas diretrizes da OMS ao mesmo  tempo que precisa cumprir com a legislação brasileira quanto aos direitos do idoso.  Sendo assim, amplificar a qualidade de vida ao idoso parte do acesso a uma  alimentação equilibrada.  

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1Formação acadêmica mais alta com a área: Mestrado em Nutrição – Instituição de formação: Uniasselvi. E-mail: bessa@expressalimentacao.com.br